Playmobil – O Filme

Crítica – Playmobil – O Filme

Sinopse (imdb): Longa-metragem de animação inspirada nos brinquedos da marca Playmobil.

O cinema evolui. De vez em quando aparecem filmes que mudam os paradigmas. O cinema de ação mudou com o Jason Bourne, e depois mudou de novo com o John Wick. Os filmes da Marvel elevaram a barra no subgênero “filmes de super heróis”; os filmes da Pixar fizeram o mesmo com os longas de animação.

Depois dos filmes da Lego, fica difícil ver um filme tão bobinho quanto Playmobil – O Filme (Playmobil: The Movie, no original). Playmobil não é exatamente ruim, mas é tão insosso que até a sinopse do imdb é sem graça.

Playmobil tem alguns bons momentos, e talvez agrade os menores. Mas só. Na dúvida, reveja Uma Aventura Lego.

Vidro

Crítica – Vidro

Sinopse (imdb): O segurança David Dunn usa suas habilidades sobrenaturais para rastrear Kevin Wendell Crumb, um homem perturbado que tem vinte e quatro personalidades.

Já falei aqui sobre a carreira do M. Night Shyamalan. Depois de um início sensacional, foi ladeira abaixo até A Visita (seu nono filme) começar uma curva ascendente, que culminou no bom Fragmentado – que terminou com uma cena que o ligava a Corpo Fechado, segundo filme do diretor. Agora é o momento de ver como ficou essa conexão entre os dois filmes aparentemente independentes entre si.

(Todos se perguntam se Shyamalan teve a ideia de fazer uma trilogia lá atrás, quando fez Corpo Fechado. Heu acredito que não, que a ideia só deve ter surgido junto com Fragmentado – quando fez Dama na Água ele tinha moral para um grande orçamento, era melhor ter feito àquela época, quando o Bruce Willis estava mais novo).

O melhor de Vidro (Glass, no original) é como foi feita a união desses dois filmes. Não me lembro de outro caso assim, onde um filme é revisitado quase vinte anos depois, e é ligado a outro filme que não teria nada a ver – com o detalhe de manter o diretor e roteirista, além de todo o elenco (não só temos o trio principal Bruce Willis, Samuel L. Jackson e James McAvoy, como Spencer Treat Clark repete o papel de filho do Bruce Willis e Charlayne Woodard volta como a mãe do Samuel L. Jackson, papeis que eles fizeram em Corpo Fechado). E, vendo Vidro, a gente realmente acredita que os três filmes são uma coisa só. Palmas para o Shyamalan.

Se por um lado a junção dos dois filmes ficou boa, por outro lado Shyamalan perdeu a mão no ritmo do filme. Sim, ele continua sabendo conduzir sua câmera, e a boa trilha sonora ajuda. Mas em alguns momentos Vidro fica chato, com muita enrolação, principalmente na parte do hospital. Talvez pudesse ser um filme mais curto – são duas horas e nove minutos!

Outra coisa que não funcionou é que este era pra ser o filme do Mr. Glass (já que o primeiro foi do David Dunn e o segundo, do Kevin). Ele inclusive ganha o nome do filme. Mas sua participação é discreta, ele passa mais da metade do filme olhando pro nada. (Além disso, fiquei me perguntando por que a personagem da Sarah Paulson o colocou junto com os outros dois, inteligência não é exatamente um super poder).

Sobre o elenco, James McAvoy novamente dá um show. Sim, é a repetição do papel que ele já tinha feito em Fragmentado, mas aqui ele vai além, e conhecemos outras das suas personalidades. E McAvoy realmente convence quando muda de “personagem” – em uma das cenas, a câmera está dando voltas num quarto, enquanto personalidades entram e saem. Impressionante! Por outro lado, Anya Taylor-Joy não acrescenta nada com a volta do seu papel.

Vidro não vai agradar a todos, principalmente quem for ao cinema pra ver um filme de super heróis. Mas os fãs do diretor vão curtir.

p.s.: Vidro funciona muito melhor se você se lembra do que acontece em Corpo Fechado e Fragmentado. Não há explicações, quem não viu ou não se lembra talvez se sinta perdido em algumas situações.

Thoroughbreds

Crítica – Thoroughbreds

Sinopse (imdb): Duas adolescentes de classe alta no subúrbio de Connecticut reavivam sua improvável amizade depois de anos de distanciamento. Juntas, elas arquitetam um plano para resolver os problemas de ambas – não importando o custo.

Me recomendaram este Thoroughbreds. O trailer prometia. E o elenco era bom. Vamulá então.

Thoroughbreds (sem título em português) foi escrito e dirigido pelo estreante Cory Finley. Seu filme não é perfeito, mas ele mostra que sabe usar os silêncios para construir um bom clima e extrair um bom trabalho do elenco.

Gostei muito das duas protagonistas. Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado) e Olivia Cooke (Jogador Nº 1) estão ótimas em suas personagens esquisitas. Arrisco a dizer que elas são o suficiente para o filme valer a pena. Mas ainda tem um bônus: é o último filme do Anton Yelchin.

O clima é legal, o elenco está bem. Mas o ritmo não é bom, parece que o filme não engata. E não gostei do final. Mesmo assim, ainda vale ser visto.

O Segredo de Marrowbone

MarrowboneCrítica – O Segredo de Marrowbone

Sinopse (imdb): Um jovem e seus três irmãos mais novos, que mantiveram em segredo a morte de sua amada mãe para permanecerem juntos, são atormentados por uma presença sinistra na enorme mansão em que vivem.

Terror espanhol é sempre bem-vindo aqui no heuvi!

O Segredo de Marrowbone (El secreto de Marrowbone, em espanhol; Marrowbone, em inglês) é a estreia na direção de Sergio G. Sánchez, roteirista de O Orfanato e O Impossível, ambos dirigidos por J.A. Bayona. Se por um lado pode ter gente reclamando da semelhança entre Marrowbone e O Orfanato, por outro lado Sánchez demonstra boa mão para construir cenas de tensão. E quem me conhece sabe que aceito ideias repetidas, desde que bem filmadas. Ou seja: gostei do filme!

O Segredo de Marrowbone mantém um bom clima tenso ao longo do filme. A história é cheia de mistérios revelados aos poucos. E vou falar que o plot twist me pegou desprevenido!

Outra coisa bem legal aqui é o elenco. Temos quatro novos nomes hollywoodianos conduzindo o filme: Anya Taylor-Joy (A Bruxa, Fragmentado), Mia Goth (A Cura, Ninfomaníaca), George MacKay (Capitão Fantástico) e Charlie Heaton (Stranger Things). Além deles, O Segredo de Marrowbone conta com Matthew Stagg, Nicola Harrison e Kyle Soller Kyle Soller. Sim, a produção é espanhola. mas o filme é falado em inglês.

O Segredo de Marrowbone não é um filme essencial, mas está bem acima da média.

Fragmentado

fragmentadoCrítica – Fragmentado

Três adolescentes são sequestradas por um homem diagnosticado com 23 diferentes personalidades. Elas precisam escapar antes do surgimento de uma assustadora vigésima quarta.

Um filme novo do M. Night Shyamalan já começa com dois problemas. Primeiro, a comparação com o excelente O Sexto Sentido. Depois, a lembrança das bombas que ele dirigiu depois (Dama na Água, Fim dos Tempos, O Último Mestre do Ar e Depois da Terra). A carreira do cara vai do clássico obrigatório até o fundo do poço. Ou seja, pode vir qualquer coisa.

Seu último filme, A Visita, foi bom – nenhuma obra prima, mas muito melhor que os quatro antecessores. Mas o melhor de tudo era sentir que a carreira de Shyamalan estava voltando aos bons momentos.

Fragmentado (Split, no original) não é um novo Sexto Sentido. Mas confirma a boa fase apontada pelo último filme. Um filme bem conduzido, com bons momentos de tensão e uma câmera sempre bem posicionada. E algo essencial para esta proposta: um ator inspiradíssimo.

James McAvoy (o professor Xavier do reboot de X-Men) tem aqui o melhor papel da sua carreira. O cara conseguiu criar personagens muito diferentes, e só no olhar a gente já sabe quem é quem. Este tipo de filme não costuma gerar prêmios de atuação, mas não será surpresa ver McAvoy indicado ao Oscar ano que vem. O outro destaque no elenco é Anya Taylor-Joy, de A Bruxa – o resto do elenco tem nomes pouco conhecidos.

Ah, uma coisa importante: quando li na sinopse que seriam 23 personalidades, achei que não ia funcionar – não tem como desenvolver tantos personagens em um filme de apenas duas horas. Felizmente a narrativa principal foca em apenas 3 ou 4 personalidades. Funcionou muito bem.

Achei a parte final um pouco exagerada. Mas a cena final justifica o exagero. Será que teremos continuação?

A Bruxa

A BruxaCrítica – A Bruxa

2016 já tem o seu “melhor filme de terror de todos os tempos da última semana”!

Nova Inglaterra, 1630. Uma família enfrenta forças de feitiçaria, magia negra e possessão.

A Bruxa (The Witch, no original) é o impressionante filme de estreia do diretor e roteirista Robert Eggers. Um filme sério, desconfortável e tenso – um pouco diferente do terror que estamos acostumados a ver no circuito.

Eggers se baseou em relatos reais da época pra construir uma história repleta de fanatismo religioso. Ajudado por uma boa fotografia, cenários assustadores, e um elenco com ótimos e desconhecidos atores, o diretor / roteirista consegue criar um excelente clima de tensão que cresce ao longo do filme – o final é incômodo como poucas vezes visto no cinema recente.

No elenco, o destaque fica com os jovens Anya Taylor-Joy e Harvey Scrimshaw – este tem uma cena impressionante que é quase um monólogo. Também no elenco, Ralph Ineson, Kate Dickie, Ellie Grainger e Lucas Dawson.

Acredito que muitos não vão gostar de A Bruxa, principalmente pelo hype que está rolando na internet. Quem curte terror-pop-engraçadinho, talvez ache chato – não existe um alívio cômico aqui. Mas, na minha humilde opinião, é um dos melhores lançamentos de terror dos últimos tempos.