Duna: Parte 2

Crítica – Duna: Parte 2

Sinopse (imdb): Diante da difícil escolha entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido, Paul Atreides, agora ao lado de Chani e dos Fremen, dará tudo de si para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

Estreou a aguardada continuação de Duna, de 2021. Heu tinha um receio sobre o final do filme, mas achei satisfatório – mais tarde volto a esse assunto.

Mais uma vez dirigido por Dennis Villeneuve, Duna: Parte 2 é um filmão, com tudo de superlativo que isso carrega. Elenco recheado de estrelas, cenários fantásticos, figurinos caprichados, trilha sonora excelente, tudo aqui é grandioso.

Não li os livros, tudo o que conheço do universo de Duna aprendi no filme de 2021 e no filme de 1984 dirigido por David Lynch. Um amigo que leu comentou que tem coisa diferente, mas faz parte do conceito de “adaptação”.

A história já começa de onde o primeiro filme acabousim, precisa ver ou rever o filme de 2021, senão você pode ficar um pouco perdido. Agora Paul Atreides está com o povo Fremen e precisa lutar contra os Harkonnen, enquanto rola um questionamento religioso se ele seria o novo messias.

Nem sei por onde começar a falar. Acho que posso começar com o visual do filme. Não tenho ideia do quanto foi filmado em locações e quanto foi filmado em estúdio. Mas podemos afirmar que absolutamente nada parece artificial. Se existe tela verde e cgi (e deve ter de monte), não aparece na tela. Cenários, figurinos, props, efeitos especiais, efeitos sonoros, tudo é tecnicamente perfeito.

Vi o filme no Imax. Não só a imagem é ótima, como o som estava muito alto (em algumas cenas, as poltronas do cinema tremiam!) Todo o som do filme é impressionante, tanto a trilha sonora de Hans Zimmer quanto os efeitos sonoros – o efeito usado nas vozes imperativas é assustador.

Vou copiar um parágrafo que escrevi no texto do primeiro filme, porque repito o mesmo comentário: “De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!

Uma coisa que heu não me lembrava era toda a pegada religiosa. Paul Atreides vira quase um líder de uma seita extremista. E o personagem do Javier Bardem está ótimo como o cara que alimenta todo o fanatismo em volta desse messias.

O elenco é excelente. Timothée Chalamet está muito bem como o protagonista, e, apesar de ser magrelo, convence quando precisa assumir o papel de liderança. Mas quem rouba a cena é Austin Butler (o Elvis!) como Feyd-Rautha, papel que foi do Sting na versão de 84. Butler está assustador! Muito mais do que Dave Bautista que tem porte físico para colocar medo nos adversários.

(Uma curiosidade: Villeneuve disse que pensou no personagem como uma mistura entre o Mick Jagger, um assassino psicopata, um espadachim olímpico e uma cobra. Mick Jagger foi cotado para viver o mesmo personagem na versão de Alejandro Jodorowsky que nunca foi terminada.)

Ainda no elenco, vou contra a maré. Achei que a Zendaya foi o ponto fraco. A personagem dela gosta do Paul, mas resolve não apoiar o lado messiânico, e na minha humilde opinião ela não conseguiu trabalhar bem essa dualidade. Não estraga o filme, mas todo o resto está melhor.

Também no elenco, Rebecca Ferguson, Josh Brolin, Florence Pugh, Christopher Walken, Léa Seydoux, Stellan Skarsgård e Charlotte Rampling, além do já citado Javier Bardem. E uma curiosidade: Anya Taylor-Joy está no filme mas só aparece em uma cena! Piscou, perdeu!

É um filme longo, duas horas e quarenta e seis minutos. Vai ter gente dizendo que é um filme chato. Mas heu consegui “entrar” no filme e em nenhum momento me cansou.

Por fim, gostaria de falar sobre o final do filme. Heu tinha um pé atrás porque o imdb já falava sobre um terceiro filme, e fiquei traumatizado com o Aranhaverso 2, filme que não tem fim. Mas, a boa notícia é que Duna Parte 2 faz o correto: encerra a história que estamos vivendo, e deixa pontas soltas para serem resolvidas num possível terceiro filme. Mas, se não tiver esse terceiro filme, ok, temos um encerramento.

Filmão. Grandes chances de top 10 do ano.

Crimes do Futuro

Crítica – Crimes do Futuro

Sinopse (imdb): Os humanos se adaptam a um ambiente sintético, com novas transformações e mutações. Com a ajuda de Caprice, Saul Tenser, artista performático, mostra publicamente a metamorfose de seus órgãos em atuações de vanguarda.

Sempre falo aqui que a gente tem que olhar o diretor do filme. Crimes do Futuro (Crimes of the Future, no original) é o novo filme de David Cronenberg. Bora falar um pouco sobre o diretor antes de entrar no filme.

Cronenberg sempre foi um cara ligado ao body horror. Lembro de uma matéria sobre ele numa revista Set ou Cinemin que o nome era “Cronenbleargh”. Ele ficou conhecido no fim dos anos 70 e início dos 80 com filmes como Shivers, Enraivecida na Fúria do Sexo, Scanners e Videodrome, e em 1986 lançou talvez seu filme mais famoso, A Mosca (pelo menos aqui no Brasil fez um grande sucesso). Além de imagens fortes e muito gore, Cronenberg também usava temas pesados, muitas vezes ligadas ao sexo, como em Crash Estranhos Prazeres, que trazia pessoas que se excitavam em acidentes de carro. Nos anos 2000, Cronenberg mudou um pouco o estilo e foi pro drama, com filmes como Marcas da Violência, Senhores do Crime, Um Método Perigoso e Mapas para as Estrelas. Heu prefiro os filmes anteriores, mas, ele agora estava tendo filmes elogiados pela crítica e concorrendo a Oscars (Marcas da Violência concorreu a melhor roteiro adaptado e ator coadjuvante; Senhores do Crime, a melhor ator), achei que era uma espécie de “amadurecimento”…

(Pelo imdb, vi que Cronenberg dirigiu um filme homônimo em 1970, Crimes of the Future, justamente o seu primeiro longa. Nunca tinha ouvido falar deste filme de 1970, li no imdb que apesar dos títulos iguais, a trama é diferente.)

Agora, oito anos depois de seu último longa, Cronenberg lança um novo filme, e de volta ao body horror. Crimes do Futuro tem bastante gore, traz uma certa semelhança com Crash pela perversão sexual, e algo de Exiztenz pela mistura de tecnologia com partes humanas.

O clima do filme é bem legal, a gente começa vendo um menino que come plástico e depois a gente descobre que é uma sociedade onde ninguém mais sente dor, e as cirurgias viram eventos artísticos. Com diz uma personagem, “cirurgias são o novo sexo”. E uma coisa legal é que Cronenberg não explica nada. O espectador que se vire pra entender.

Gostei bastante dessa premissa e de toda a ambientação, mas a história parece que não se desenvolve direito. Algumas subtramas não levam nada. E senti falta de um melhor desenvolvimento de alguns personagens, como a Timlin da Kristen Stewart, que parece que vai chegar em algum lugar mas some do nada. E até agora estou tentando entender qual era a função na trama do policial / detetive que aparece de vez em quando.

Pra piorar, o ritmo é bem lento. Ou seja, o filme tem menos de duas horas, falta coisa pra contar, e mesmo assim é cansativo.

Claro que tem gore. Vemos algumas cenas com corpos sendo cortados e órgãos à mostra. Mas, comparado com outros filmes do diretor, não foi tanta coisa assim.

Sobre as atuações, gostei do Viggo Mortensen e da Kristen Stewart e seus personagens esquisitões, mas eles estão tão esquisitos que acredito que muita gente não vai gostar. Léa Seydoux faz um papel mais dentro da normalidade.

Por fim, queria falar que não entendo este filme estar classificado como terror. Crimes do Futuro não é nada assustador, não tem um vilão / monstro / entidade, o único desconforto que o filme causa é pelo body horror. Será que foi a classificação certa? Fico mais entre ficção científica e drama.

Crimes do Futuro não vai agradar a todos. Arrisco dizer que vai agradar a poucos. Mas, como apreciador da obra do Cronenberg, posso dizer que gostei do resultado.

 

007 Sem Tempo Para Morrer

Crítica – 007 Sem Tempo Para Morrer

Sinopse (imdb): Aposentado, Bond está desfrutando de uma vida tranquila na Jamaica. Sua paz dura pouco quando seu velho amigo Felix Leiter, da CIA, aparece pedindo ajuda. A missão de resgatar um cientista sequestrado acaba sendo muito mais traiçoeira do que o esperado, levando Bond na trilha de um vilão misterioso armado com uma nova tecnologia perigosa.

Daniel Craig já tinha declarado que não queria mais fazer filmes como James Bond, tanto que seu personagem se aposenta no filme anterior. Mas, mesmo aposentado, ele está de volta, para um filme de despedida.

Reconheço que não sou um grande entendedor de James Bond. Vi dezenas de filmes, sempre são filmes de boa qualidade, mas não acompanho de perto a cronologia do personagem. Pelo que me lembro, os Bonds dos outros atores tinham filmes independentes entre si, mas isso mudou com o Bond de Craig, que começou a história em 2006 com Cassino Royale. Os seus filmes seguem a mesma história, que é concluída aqui. Aliás, é bom falar: pela primeira vez um James Bond tem um filme de despedida. E aparentemente sua despedida é definitiva.

Sem Tempo Para Morrer (No Time To Die, no original) é mais um daqueles títulos que teve a estreia atrapalhada pela pandemia. Ouço falar dele há mais de um ano, finalmente lançaram.

A direção seria de Danny Boyle, que se desligou do projeto por divergências criativas. Pena, gosto do estilo do Boyle, seria legal ver um filme do 007 dirigido por ele. Para o seu lugar, foi chamado o quase desconhecido Cary Joji Fukunaga, que acerta em algumas coisas, mas erra mais do que acerta. Vamos por partes.

Vamos primeiro ao que funciona. O filme começa muito bem. Tem uma sequência muito boa usando o clássico Aston Martin – não sei se é um Aston Martin igual ao dos filmes antigos, mas, pelo meu olhar leigo, pareceu igual.

Ainda nas sequências de ação, a minha favorita é a curta participação da Ana de Armas. Bonita, charmosa, carismática, e sai na porrada como se fosse uma veterana de filmes de ação. Estamos numa onda de filmes de ação Girl Power, né? Quero um com ela no papel principal!

Ainda tem uma ou outra sequência bem filmada, como a perseguição de carros na floresta (que às vezes parece uma propaganda de carros). Mas um filme do 007 não é feito apenas de sequências de ação…

Vou enumerar algumas coisas que, pelo menos pra mim, não funcionaram.

– Os créditos iniciais são um ícone da franquia. A lista completa tem muitas músicas excelentes, como Live and Let Die, do Paul McCartney; A View To A Kill, do Duran Duran; The Living Daylights, do A-Ha; ou mesmo Skyfall, com Adelle. Essa nova, com a Billie Eilish, é tão sem graça…

– O filme é looongo demais. Duas horas e quarenta e três minutos, e tem cenas intermináveis. O terço final do filme é chato.

– Os vilões são péssimos. O vilão principal, vivido pelo Rami Malek, é bem ruim. Não sabemos a motivação dele, não sabemos como ele tem tanto poder. Além do fato do ator ser novo demais, a cronologia dentro do filme pedia um ator com cara de mais velho. Além disso, Christoph Waltz está completamente desperdiçado. E nem vou falar do vilão caricato sem um olho.

– Gostei de como apresentaram a nova agente 007, mas a atriz tem zero carisma. Como James Bond se aposentou, outro agente assumiu o cargo de 007, e no caso foi uma mulher. IMHO, nada contra ser uma mulher, mas, a Lashana Lynch é muito sem graça. Se fosse a Ana de Armas acho que ia ter menos gente reclamando pela internet.

Sobre o elenco: Daniel Craig está bem, e consegue mostrar que foi um bom James Bond (a gente tem que lembrar que quando ele foi anunciado, um monte de gente criticou, dizendo que ele não tinha o perfil do personagem). Ana de Armas, como falei antes, está ótima, minha única crítica é pela participação pequena. Rami Malek é um vilão ruim; Christoph Waltz está despediçado; Lashana Lynch não tem carisma. Também no elenco, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ben Whishaw, Naomie Harris, Jeffrey Wright e Billy Magnussen.

Tem um monte de teorias por aí sobre qual será o futuro da série. Não vou chutar nada, porque, pra mim, parece que colocaram uma mulher para o lugar do 007 como um teste, e vão ver a repercussão disso. Acredito que só saberemos informações sobre o futuro da franquia depois que o estúdio computar os números da bilheteria deste Sem Tempo Para Morrer. Acredito até na possibilidade de um reboot do zero.

A única coisa que parece certa é a despedida de Daniel Craig. Mas, que, na minha humilde opinião, poderia ter sido num filme melhor.

007 Contra Spectre

007 Spectre - posterCrítica – 007 Contra Spectre

Novo filme do James Bond!

Uma mensagem enigmática do passado de Bond dá uma pista para descobrir uma organização sinistra. Enquanto M batalha contra forças políticas para manter o serviço secreto vivo, Bond desmascara as fraudes para revelar a terrível verdade por trás de Spectre.

Preciso confessar que tenho um sentimento dúbio quando o assunto é 007. Vejo todos os filmes, porque é uma franquia muito competente, e quase todos os filmes do James Bond são bons. Mas não consigo ser fã do agente secreto, acho todos os filmes meio iguais…

Mais uma vez dirigido por Sam Mendes (que dirigiu o último, 007 Operação Skyfall), 007 Contra Spectre (Spectre, no original) é um eficiente filme de ação, que traz aquilo que os fãs do James Bond querem ver: boas cenas de ação, perseguições de carro (e de outros veículos também), belas bond girls, um vilão megalomaníaco, e alguns gadgets tecnológicos (desta vez não foram muitos). Como falei, os realizadores são muito eficientes, o filme não vai decepcionar ninguém.

(Aliás, o marketing em torno deste novo 007 está enorme! Tem até “cerveja Spectre”!)

A trama faz menção a outros filmes do 007 estrelados por Daniel Craig – Cassino Royale, Quantum of Solace e Operação Skyfall. Como falei, gosto de todos, mas os acho descartáveis, então não me lembro de detalhes. Algum ou outro detalhe pode se perder ao longo da narrativa, mas nada grave.

Aceito que tenha gente que não gosta de Daniel Craig como James Bond, mas, na minha humilde opinião, tanto faz – a boa notícia para os haters é que este deve ser o último filme de Craig na franquia, o próximo será outro ator (que ainda não foi escolhido).

Sobre o elenco: Christoph Waltz é o vilão da vez. Olha, adoro vê-lo em cena, é sempre um prazer vê-lo atuando. Mas… fico me questionando quando é que ele vai fazer um papel diferente. Porque o seu Oberhauser é igual ao Hans Landa de Bastardos Inglórios e ao Dr King Schultz de Django Livre. Guardadas as devidas proporções, o mesmo acontece  com Andrew Scott, que faz um C igual ao Moriarty da série Sherlock.

Ainda o elenco: as bond girls são Monica Belucci (que aparece pouco) e Léa Seydoux; Ralph Fiennes está bem no papel de M; e Dave Bautista (o Drax de Guardiões da Galáxia) está excelente como o brutamontes que quase não fala. Fechando o elenco principal, Naomie Harris e Ben Whishaw voltam aos papeis de Moneypenny e Q.

No fim do filme não tem cena pós créditos. Mas tem uma notícia que já era meio óbvia: “James Bond retornará”. Bem, enquanto mantiverem a qualidade, continuarei vendo.

p.s.: Sei que é tradição termos uma música inédita durante os créditos iniciais – algumas músicas bondianas realmente marcaram época. Mas achei essa nova tão chatinha… Os créditos iniciais são intermináveis!

O Grande Hotel Budapeste

0-grandehotel budapesteCrítica – O Grande Hotel Budapeste

Outro dia falei que o cinema contemporâneo tem poucos “autores”, e citei como exemplos o Tim Burton e o Terry Gilliam. Olha, a gente precisa incluir o Wes Anderson (Moonrise Kingdom) neste seleto clubinho.

O Grande Hotel Budapeste conta as aventuras de Gustave H, um lendário concierge de um famoso hotel europeu entre as as duas grandes guerras; e Zero Moustafa, o lobby boy que vira o seu melhor amigo.

O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, no original) parece uma fábula. Wes Anderson tem um estilo de filmar onde todas suas cenas parecem mágicas. Parece que estamos lendo um livro de contos infantis!

A fotografia de seus filmes chama a atenção. Arrisco a dizer que o diretor deve ter TOC, cada plano é bem cuidado, tudo simétrico, sempre com o objeto centralizado no meio da tela. Isso, somado a cenários meticulosamente escolhidos e à boa trilha sonora de Alexandre Desplat, torna O Grande Hotel Budapeste um espetáculo visual belíssimo de se ver.

E não é só o visual que chama a atenção. O filme é repleto de personagens exóticos – e, detalhe importante: todos têm sua importância na trama, nenhum parece forçado. E o elenco é impressionante, sugiro checar os nomes no poster – é tanta gente que fica até difícil reconhecer todos ao longo do filme: F. Murray Abraham, Mathieu Almaric, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Jude Law, Bill Murray, Edward Norton, Saoirse Ronan, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Tilda Swinton, Tom Wilkinson e Owen Wilson. Curiosamente, o protagonista é interpretado pelo desconhecido Tony Revolori. Bem, o filme é centrado em dois personagens, não sei exatamente qual do dois seria o principal. Mas sendo que o outro é o Ralph Fiennes, claro que Revolori será chamado de coadjuvante…

Pelo estilo visual de Wes Anderson, talvez O Grande Hotel Budapeste não agrade a todos. Outro problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia, e o humor do filme é um humor peculiar, porque diverte mas não causa risadas.

Mas quem entrar no espírito da fábula vai se divertir com a aventura!

Missão Impossível – Protocolo Fantasma

Crítica – Missão Impossível – Protocolo Fantasma

Depois de rever os três primeiros filmes, fui ao cinema ver o novo Missão Impossível.

O Kremlin é bombardeado, e a culpa cai sobre a IMF, agância de Ethan Hunt (Tom Cruise). Agora sem o apoio da agência, ele e sua equipe precisam evitar uma guerra nuclear.

Este é o primeiro filme “live action” de Brad Bird, diretor de Os Incríveis e Ratatouille. Bem, em Os Incríveis, o cara mostrava que tinha boa mão para ação, agora eles faz isso com atores e cenários reais.

Bird fez um bom trabalho e manteve o bom nível da série. Missão Impossível – Protocolo Fantasma é tão bom quanto seus antecessores. Vi uns sites por aí elegendo este quarto filme como o melhor da franquia – não, não é. Desconfio que quem achou isso deve ser novinho e não deve ter visto os outros no cinema, só em reprises na tv… A cena do “pendurado no computador” continua imbatível!

Aliás, Missão Impossível – Protocolo Fantasma é um bom filme, mas não é perfeito. Algumas coisinhas me incomodaram. Por exemplo: Paula Patton é bonitinha, mas tem um tipo comum demais para ser aquela sedutora fatal que fez a cabeça do milionário (pelo menos para nós, brasileiros – aqui no Rio tem dúzias de mulheres mais interessantes em cada esquina). Ou então o vilão, mal construído, diferente dos outros filmes. Aliás, falando em vilão, achei forçada a luta no estacionamento, acredito que alguém com o treinamento de Hunt derrotaria mais facilmente um oponente com aquela idade. Por fim, falar de guerra nuclear é tão “anos 80″…

Independente disso, Missão Impossível – Protocolo Fantasma é um bom filme. São várias as sequências de ação de tirar o fôlego. E Tom Cruise mais uma vez manda muito bem nas cenas de ação – segundo a divulgação, ele dispensou os dublês e fez as cenas perigosas. E, pra manter a tradição, Cruise fica pendurado (o que aconteceu nos outros três filmes). A diferença é que ele se pendura no exterior do prédio mais alto do mundo, em Dubai – em uma cena eletrizante!

Uma coisa boa e diferente que acontece aqui é o alívio cômico, através do personagem do sempre eficiente Simon Pegg. Os outros filmes eram mais sérios; Pegg acerta o tom, o filme fica mais leve mas não fica “engraçadinho”.

No elenco, Ving Rhames só tem uma ponta, diferente dos outros três filmes. A equipe é composta pelos já citados Paula Patton e Simon Pegg (repetindo o papel do terceiro filme, agora com mais destaque), mais Jeremy Renner (rola um boato que ele seria o protagonista de um possível quinto filme). Ainda no elenco, Léa Seydoux, Josh Holloway (o Sawyer de Lost) e Anil Kapoor; Tom Wilkinson tem uma participação não creditada, e tem um outro personagem que volta, também não creditado, mas é spoiler falar sobre isso.

Nesses tempos de última semana do ano, pululam pela internet listas de melhores filmes de 2011. Missão Impossível – Protocolo Fantasma não entrou na minha lista, mas está mais próximo dela do que dos 10 piores do ano!

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Se você gostou de Missão Impossível – Protocolo Fantasma, o Blog do Heu recomenda:
Missão Impossível
Missão Impossível 2
Missão Impossível III

Meia Noite em Paris

Crítica – Meia Noite em Paris

Filme novo do Woody Allen!

Gil é um roteirista de relativo sucesso em Hollywood, mas quer largar essa vida, se mudar para Paris e escrever romances – decisão não apoiada por sua noiva. Apaixonado por Paris e pela década de 20, de repente Gil volta no tempo e passa a ter contato com personagens históricos, como Cole Porter, Ernest Hemingway, F Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Pablo Picasso, Salvador Dalí e Luis Buñuel, entre outros.

Tem gente por aí dizendo que este é o melhor Woody Allen em muito tempo, mas não sei se sou a pessoa certa para falar sobre isso, já que, sei lá por qual motivo, não vi nenhum dos filmes que ele fez entre 98 e 2007 (mas tô em dia desde Vicky Cristina Barcelona!). Pelo menos posso afirmar que é o melhor entre os quatro últimos.  As situações geradas pelos encontros de Gil com as figuras históricas são deliciosas! Não conheço ninguém que saiu do cinema sem se imaginar em outra época, acho que esse culto ao passado é algo natural do ser humano.

Paris foi uma escolha perfeita para o cenário de Meia Noite em Paris. Que outra cidade conjugaria um passado tão rico em cultura com cenários atuais que não precisam de muitas adaptações? É um filme de viagem no tempo sem efeitos especiais aparentes!

No elenco, Owen Wilson surpreende. Normalmente associado a comédias dirigidas a um público mais, digamos, hollywoodiano, ele está perfeito aqui como o alter-ego de Allen. Se heu não o conhecesse  de filmes como Uma Noite no Museu, Marley & Eu ou a série Bater ou Correr, diria que é um ator sério… Ainda no elenco, Rachel McAdams, Michael Sheen, Marion Cotillard, Kathy Bates e um Adrien Brody hilário como Salvador Dalí. E, para os fãs de quadrinhos: Tom Hiddleston, o Loki de Thor, interpreta F Scott Fitzgerald aqui.

Meia Noite em Paris é divertidíssimo, mas tem um problema: pra curtir melhor as piadas, tem que conhecer as figuras históricas. Digo isso porque fui um dos únicos no cinema a rir da genial piada com o Buñuel e seu Anjo Exterminador – provavelmente rolaram outras piadas que não entendi porque não conhecia os personagens…

Enfim, vá ao cinema. E depois se imagine na sua própria Belle Époque!

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Todos Dizem Eu Te Amo
Tudo Pode Dar Certo
Te Amarei Para Sempre

Robin Hood

Robin Hood

Um novo filme do Robin Hood, dirigido por Ridley Scott? Promete! Bem, prometia…

O filme começa com o rei Ricardo Coração de Leão voltando das Cruzadas, falido, saqueando castelos no caminho. Robin é um arqueiro de seu exército que acaba preso pelo próprio rei, mas uma série de fatos acabam levando-o para Nottingham e depois para a liderança do exército inglês.

Bem, este novo Robin Hood tem dois problemas. O primeiro é que se trata do início da lenda de Robin Hood. Ou seja, vai decepcionar quase todos os desavisados que esperam encontrar a floresta de Sherwood e todo aquele papo de “roubar dos ricos para dar aos pobres”. Tudo bem que a mania de reboots está na moda em Hollywood, mas já que é assim, este filme deveria se chamar Robin Hood Begins.

E aí vem o segundo problema, este um pouco mais grave. Todos sabemos que a expectativa de vida na Idade Média era baixa. Um homem de 40 anos já era um senhor! E aí vemos Russell Crowe, que acabou de completar 46 anos, como um Robin Hood “em início de carreira”. Olha, até que Crowe não está mal como Robin, mas deveria ter uns 15 anos a menos! Aparentemente Ridley Scott quis repetir a parceria que deu certo em Gladiador (2000) e em quatro outros filmes, mas se esqueceu que os anos se passaram…

Como falei, Crowe está bem, mas um pouco velho. Isso refletiu em seu par. Cate Blanchett está ótima (como sempre) como Marion. Mas, com 41 anos, acho que é a primeira Marion balzaquiana da história!

O resto do elenco é interessante e foi bem escolhido. Max Von Sydow também está ótimo, e o mesmo falo de um quase irreconhecível William Hurt, cabeludo e barbudo. Oscar Isaac surpreende como o explosivo príncipe John, e Mark Strong, pela terceira vez no ano, faz um vilão consistente (ele fez o mesmo em Sherlock Holmes e Kick-Ass). Ainda no elenco, Scott Grimes, Allan A’Dayle, Kevin Durand, Mark Addy e Danny Huston.

Mas o que sobra no elenco falta no roteiro. Não só não vemos Robin Hood como gostaríamos, como ainda temos vários momentos forçados. Ora, em toda a Inglaterra, Robin foi parar justo na casa da única pessoa que conhece a sua infância? Frei Tuck sabia lutar na frente de batalha? E isso faz certas coisas perderem a credibilidade, como aquele desembarque que parece o dia D na Normandia na Segunda Guerra Mundial!

Pelo menos o filme é tecnicamente bem feito, o que era de se esperar, já que estamos falando de uma superprodução hollywoodiana dirigida por Ridley Scott. É só a gente ignorar o que conhece sobre Robin Hood e não dar bola pra detalhes de roteiro…

Bastardos Inglórios

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Bastardos Inglórios

Oba! Hoje estreia um filme novo do Quentin Tarantino aqui no Brasil! Isso não acontece desde Kill Bill vol. 2!

Fiquei traumatizado com o que fizeram com o penúltimo filme do Tarantino, À Prova de Morte. Passou no festival de 2007, mas num dia diferente do divulgado, e depois, inexplicavelmente, nunca entrou em cartaz, nem nunca foi lançado em dvd. Heu tenho em dvd original, mas é porque comprei uma edição gringa…

Mas voltemos ao filme novo!

Durante a Segunda Guerra Mundial, na França ocupada pelos nazistas, o tenente americano Aldo Raine (Brad Pitt) é o líder de uma pequena equipe secreta, formada por soldados judeus: os “Bastardos”. O objetivo deles é simples: matar brutalmente nazistas, para espalhar medo entre eles.

Bastardos Inglórios é um filme atípico na carreira do Tarantino. Afinal, até agora ele não tinha feito nenhum filme de época, nem usado personagens históricos. E aqui temos Hitler, Goebbels e até Churchill numa ponta!

Mesmo assim o filme se porta como um “legítimo Tarantino”. Diálogos afiadíssimos, personagens muito bem construídos, violência gráfica na dose certa e trilha sonora cool. E uma das coisas que mais gosto nos filmes dele: situações imprevisíveis.

Uma coisa que Tarantino sabe fazer muito bem é construir expectativas para depois frustrá-las. Quer um exemplo? Se Kill Bill vol 1 tem rios de sangue, Kill Bill vol 2 é muito mais discreto. Algo parecido acontece com o destino de alguns dos personagens e algumas das situações de Bastardos Inglórios. Não, não vai acontecer o que você espera!

Tem outra coisa que senti falta. Tarantino normalmente usa vários atores famosos em papéis inesperados. E aqui não temos muita gente conhecida – pelo menos não tanto quanto em seus outros filmes. Sim, claro, tem o Brad Pitt, e também Diane Kruger, mas paramos por aí. Acho que o único papel “inesperado” é o do Mike Myers (Quanto Mais Idiota Melhor, Austin Powers). Procure bem, senão você não o encontrará! Fora isso, temos as vozes de Samuel L Jackson, Harvey Keitel e do próprio Tarantino, mas só as vozes mesmo.

Bem, o fato dos atores serem menos conhecidos não atrapalha o resultado final do filme. Todos estão excelentes em seus papéis. Inclusive, Christopher Walz ganhou a Palma de Ouro de melhor ator em Cannes este ano pelo seu magnífico coronel Hans Landa.

Tarantino confessou que este filme está para os filmes de guerra como um spaguetti western está para os faroestes. Inclusive, ele pensou em chamar o filme de “Era Uma Vez na França Ocupada por Nazistas“.

O fim é meio estranho, mas não comento mais nada pra não mandar spoilers. Mesmo assim, é um bom filme!