Abigail

Crítica – Abigail

Sinopse (imdb): Um grupo de criminosos sequestra uma bailarina de doze anos, filha de um poderoso homem do submundo, para coletar um resgate de US$ 50 milhões. Em uma mansão isolada, os raptores logo descobrem que não estão com uma garota normal.

Antes de falar do filme, queria falar mal da divulgação. Todo o marketing se baseou na “menina vampira”. O trailer já mostra isso! Mas ela só se revela uma vampira no meio do filme, lá pelos 40 ou 45 minutos. Imagina que legal seria se o espectador não soubesse? Ia ser que nem Um Drink Para o Inferno, onde o espectador entrava no cinema sem saber que era um filme de vampiros!

Enfim, vamos ao filme. Abigail (idem, no original) é o novo filme da dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (que têm uma produtora chamada Radio Silence), que fizeram o bom Casamento Sangrento (filme acima da média que quase ninguém viu porque foi lançado no meio da pandemia), e depois foram fazer “mais do mesmo” com Pânico 5 e Pânico 6 (não são filmes ruins, mas também não são nada de mais).

Abigail lembra bastante Casamento Sangrento: personagens sendo perseguidos em uma mansão antiga e enorme. Os diretores souberam aproveitar bem o clima nos ambientes e cômodos da mansão.

Abigail tem MUITO gore. Algumas mortes, alguns membros decepados, e muito, muito sangue. Mas, o filme tem um pé na comédia, o gore aqui não causa repulsa. Algumas cenas são bem engraçadas, seja pelos diálogos ou pelas situações de humor negro. O filme até faz piadas com os clichês de vampiros no cinema!

A maquiagem também é muito boa. A produção optou por dentes que lembram os grandes predadores, como tubarões, em vez dos tradicionais caninos dos vampiros. E também usaram efeitos práticos, como por exemplo na cena onde Abigail se equilibra no corrimão – ela estava pendurada por cabos de segurança, mas era ela mesma se equilibrando.

Sobre o elenco, o grande nome é Alisha Weir. A menina é ótima, tanto quando passa a impressão de ser uma menininha doce e inocente, quanto quando vira um monstro. E ela atacando enquanto dança balé deu um charme especial à personagem. Agora, sobre o resto, os personagens são unidimensionais, achei todos meio caricatos. Acho que o único que se salva é o Kevin Durand, que faz o “grandalhão burro”, mas pelo menos tem carisma na entrega de alguns bons diálogos. O resto é mais do mesmo: Melissa Barrera, Dan Stevens, William Catlett, Kathryn Newton e Angus Cloud (este último, infelizmente, morreu de overdose, aos 25 anos, antes da estreia do filme). Completam o elenco participações especiais de Giancarlo Esposito (em duas cenas) e Matthew Goode (em uma cena).

Por fim, uma referência que nem todos vão pegar. O personagem do Giancarlo Esposito dá apelidos aos outros personagens, e depois os chama de “pack of rats”. “The Rat Pack” era o apelido dado a um grupo de artistas populares nos anos 50 e 60: Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop – Don Rickles era considerado um “membro honorário”. É daí que vem os nomes dos personagens Frank, Dean, Sammy, Peter, Joey e Rickles. (Nos anos 80, adaptaram esse nome em outro grupo, o “brat pack”, com Emilio Estevez, Anthony Michael Hall, Rob Lowe, Andrew McCarthy, Demi Moore, Judd Nelson, Molly Ringwald e Ally Sheedy.)

Pânico VI

Crítica – Pânico VI

Sinopse (imdb): Os sobreviventes dos assassinatos de Ghostface deixam Woodsboro para trás e iniciam um novo capítulo na cidade de Nova York.

Ok, admito logo que não sou fã de franquias. Minha memória não é boa, frequentemente me esqueço de detalhes do(s) outro(s) filme(s). Mas é inevitável, porque é mais fácil vender uma continuação do que um filme novo. Então, bora pro sexto filme da franquia Pânico.

Mais uma vez dirigido pela dupla Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett (Pânico 5, Casamento Sangrento), Pânico VI (Scream VI, no original) traz os sobreviventes do último filme, que saíram de Woodsboro e agora estão em Nova York para um novo recomeço de vida. E claro que o Ghostface está por perto. E então o filme vira uma espécie de whodoneit para saber quem está debaixo da máscara (pra quem nunca viu Pânico, cada filme troca quem é o assassino).

O problema de ser o sexto filme de uma franquia é que muita coisa é previsível. Tipo a sequência inicial (boa sequência, a propósito), a gente já sabe que são personagens que não vão continuar no resto do filme. E tem outras coisas que são previsíveis pra quem está acostumado com o formato da franquia, tipo quando revelam quem é o assassino – mas não vou entrar em detalhes por causa de spoilers.

O roteiro às vezes parece meio preguiçoso. Tem algumas cenas que poderiam ser melhor escritas. Um exemplo simples: as irmãs Sam e Tara vão pra delegacia, e quando saem são abordadas agressivamente por vários repórteres. Aí aparece a Gale, personagem da Courtney Cox, e todos os outros repórteres desistem de abordá-las! Isso sem contar com algumas “roteirices” que ajudam o Ghostface, como ele entrar numa loja de conveniência, matar algumas pessoas, acontecerem vários tiros, e a polícia chegar logo depois que ele saiu.

Por outro lado, gostei da cena do metrô no halloween e suas inúmeras referências – a franquia Pânico sempre usou muitas referências a outros filmes de terror. Vemos fantasias de Michael Myers, Jason Vorhees, Freddy Krueger, Pinhead, Pennywise, as irmãs de O Iluminado – acho que vi até o coelho de Donnie Darko!

Uma cena bem legal que tinha no Pânico 5 era quando falavam do conceito de requel. Aqui tem uma cena parecida, mas falando sobre clichês de franquias. Pânico sempre brincou com metalinguagem, é bem legal como fazem isso.

Alguns comentários sobre o elenco. A protagonista ainda é Melissa Barrera, mas me parece que Jenna Ortega ganhou um papel maior, provavelmente pelo sucesso de Wandinha (Jasmin Savoy Brown e Mason Gooding completam o quarteto dos “mocinhos” que vieram do filme anterior). Do trio original, só tem a Courtney Cox; Hayden Panettiere, que estava no Pânico 4, volta com o mesmo papel. Samara Weaving e Tony Revolori estão na sequência inicial, e Henry Czerny aparece em uma cena. De novidade, temos Liana Liberato, Devyn Nekoda, Josh Segarra e Jack Champion; e deixei Dermot Mulroney pro fim porque ele está pééésimo! Já vi vários filmes com ele, não me lembrava que ele era tão ruim!

No fim, pelo menos pra mim, Pânico VI foi o que heu esperava: mais um filme. Zero surpresas, mas pelo menos é divertido. E vai agradar o “público do multiplex”

Tem uma cena pós créditos, com uma piadinha bem curta. Heu ri, mas tem gente que vai ficar com raiva.