O Hospedeiro

HostCrítica – O Hospedeiro

Sinopse (imdb): Um monstro emerge do rio Han de Seul e concentra sua atenção em atacar pessoas. A família amorosa de uma vítima faz o que pode para salvá-la de suas garras.

Lembro de quando vi O Hospedeiro (The Host em inglês, Gwoemul no original coreano) no Festival do Rio – claro que um filme coreano de monstro não passaria desapercebido pelo meu radar. Agora, quando precisava encontrar sugestões “escondidas” para um podcast de indicações na Netflix, reencontrei o filme e resolvi rever.

Foi o primeiro filme que vi do diretor Joon-ho Bong – depois, vi Tokyo e O Expresso do Amanhã (e descobri que tem um filme novo dele também no Netflix!). Bong consegue um bom equilíbrio entre o drama, a comédia e a crítica social (incluindo umas cutucadas ao imperialismo norte americano). Isso tudo num filme de monstro!

Sei que o cinema oriental tem atuações exageradas, mas se teve uma coisa que me incomodou foi a cena do memorial com a família chorando. Aceito exagero, mas aquilo ficou parecendo Trapalhões…

O cgi do monstro perdeu o prazo de validade – estamos falando de um filme coreano feito 12 anos atrás. Mesmo assim, algumas cenas ainda são impressionantes, como o monstro correndo através de dezenas de pessoas desesperadas.

Mesmo hoje, doze anos depois, O Hospedeiro ainda vale ser (re)visto!

Snowpiercer – Expresso do Amanhã

SnowpiercerCrítica – Snowpiercer – Expresso do Amanhã

Filme novo do Joon-ho Bong!

No futuro, uma tentativa de se combater o aquecimento global falha e acaba criando uma nova era do gelo, matando toda a vida do planeta, exceto alguns poucos sortudos que conseguiram embarcar no Snowpiercer, um trem autossuficiente que fica rodando pelo globo, e onde uma luta de classes está prestes a acontecer.

O coreano Bong ficou famoso no ocidente com O Hospedeiro, um “filme de monstro” que era bem mais complexo do que o cinema americano costuma apresentar. Agora ele conseguiu cacife para seu primeiro filme em inglês, uma superprodução com estrelas hollywoodianas e parte técnica de primeira linha.

Baseado na graphic novel francesa “Le Transperceneige”, Expresso do Amanhã (Snowpiercer, no original) é mais uma “ficção científica usando futuro distópico”. Mas, diferente dos filmes adolescentes que querem pegar carona no sucesso de Jogos Vorazes, Expresso do Amanhã tem um tema mais adulto, é quase um estudo sobre a sociedade, baseado no microcosmo que habita o trem.

A ambientação claustrofóbica do trem é excelente. A fotografia bem cuidada consegue criar um estilo diferente para cada vagão, desde os sujos e apertados vagões do fim do trem até os agradáveis vagões da primeira classe. E a cena do “vagão escola” é sensacional!

Os efeitos também são ótimos. Além disso, o cinema oriental sabe filmar lutas como ninguém no ocidente. Expresso do Amanhã não é um “filme de luta”, mas temos uma luta sensacional, alternando momentos em câmera lenta e câmera normal, assim como momentos claros e escuros. Ah, é bom avisar: o filme é bem violento, tem muito sangue.

Liderando o elenco, temos talvez a melhor interpretação da carreira de Chris Evans, hoje um nome grande em Hollywood por causa do Capitão América. Mas quem chama mais a atenção é Tilda Swinton, num papel completamente diferente de tudo o que vemos por aí. Expresso do Amanhã também conta com duas estrelas coreanas, Kang-ho Song e Ah-sung Ko (ambos estavam em O Hospedeiro), e isso me fez pensar por que não havia nenhum brasileiro em O Jardineiro Fiel (2005) e Robocop (2014), as estreias hollywoodianas de Fernando Meirelles (Cidade de Deus) e José Padilha (Tropa de Elite)… Ainda no elenco, John Hurt (em seu terceiro filme de futuros distópicos, depois de 1984 e V de Vingança), Ed Harris, Jamie Bell, Octavia Spencer, Ewen Bremner e Allison Pill.

Expresso do Amanhã não vai agradar a todos. Algumas coisas soam forçadas, como o trem levar um ano inteiro para dar uma volta ao mundo (a que velocidade este trem anda?). Mas isso não me incomodou. Na minha humilde opinião, o ponto fraco do filme é o final – mas não digo mais por causa de spoilers.

Não sei por que, mas Expresso do Amanhã não foi lançado por aqui – mesmo tendo nomes fortes (e vendáveis) no elenco, e mesmo constando em listas de melhores filmes de 2014. Aguardemos um bom lançamento em dvd/blu-ray.

O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Crítica – O Livro do Apocalipse – Nryu Myeongmang Bogoseo

Filme apocalíptico coreano… Ok, vamos ver qualé.

Três pequenas histórias, mostrando três diferentes cenários apocalípticos: um vírus que transforma as pessoas em um misto de zumbi com vampiro; um robô de um templo budista alcança a iluminação espiritual e é visto como uma ameaça; e um meteoro em rota de colisão com a Terra.

Como quase todo filme em episódios, O Livro do Apocalipse é irregular. A primeira história, Brave New World, tem seus bons momentos, mas é bobinha; a segunda, Heavenly Creature, traz uma premissa interessante, mas é chaaata; a terceira, Happy Birthday, é a melhor, com uma boa dose de humor nonsense.

A primeira e a última história foram escritas e dirigidas por Yim Pil-Sung (autor do filme original que virou a refilmagem O Mistério das Duas Irmãs). Por terem o mesmo autor, ambas têm o mesmo tom de comédia – Brave New World tem alguns momentos engraçadíssimos, como o debate na TV; Happy Birthday é nonsense desde a premissa de uma gigantesca bola de sinuca alienígena que virou um asteroide. Heavenly Creature, a história “cabeça”, foi escrita e dirigida por Kim Jee-Woon (o mesmo do faroeste O Bom, o Mau e o Bizarro, que passou no Festival uns anos atrás). Curiosamente, os outros filmes que conheço de cada diretor são de estilos diferentes…

A parte técnica é muito bem feita – o robô da segunda história parece saído de uma produção hollywoodiana. E o asteroide também não deixa a desejar, assim como a maquiagem da primeira história.

Conheço pouco do cinema coreano, mas reconheci um nome do elenco: Joon-ho Bong, o diretor de O Hospedeiro, trabalha como ator aqui, ele está no debate na TV em Brave New World. Ainda no elenco, Doona Bae e Ji-hee Jin.

O Livro do Apocalipse é a cara do Festival do Rio. Não deve ser lançado no circuito, mas deve aparecer nas locadoras daqui a um ano ou mais, possivelmente com outro título…

Tokyo!

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Tokyo!

Que tal um filme em três partes, cada uma dirigida por um diretor diferente? Essa ideia já rendeu bons filmes. E se os três diretores têm currículos interessantes, como Michel Gondry, Leos Carax e Joon-ho Bong, melhor ainda, não?

Bem, nem sempre a ideia funciona…

Tokyo! conta três histórias independentes entre si. A única coisa em comum é que todas se passam em Tokyo.

A primeira, de Gondry (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças), mostra um casal tentando a vida em Tokyo, mas ela se sente à sombra dele e se sente sem objetivos na vida. Até que o propósito da sua vida muda – de uma maneira bizarra!

O estilo de Gondry é sempre agradável de se ver, e a transformação da personagem é muito bem feita. Mas achei que, como história, ficou devendo…

A segunda história, de Carax, fala de um cara esquisito que sai dos esgotos infernizando a vida de quem está no caminho dele. A primeira sequência, com o ser estranho andando pela rua, é muito boa. Depois, o filme se perde, e consegue ser muito, muito chato, apesar de ter só uns 30 minutos.

Carax dirigiu Mauvais Sang nos anos 80, que era um dos meu cult franceses preferidos. Em 91, o seu Os Amantes da Pont Neuf ficou famoso aqui no Brasil. De lá pra cá, só fez dois filmes antes deste Tokyo!, e acho que nenhum chegou aqui no Brasil. Heu tinha curiosidade de ver algo novo dele, foi uma grande decepção.

A terceira e última parte é a melhor. Bong, diretor do ótimo O Hospedeiro, conta a história de um sujeito recluso, que há dez anos não sai de casa e não tem contato com ninguém. Até que se apaixona por uma entregadora de pizza, e resolve enfrentar o seu medo de sair de casa para ir atrás dela.

Bong se sai melhor que seus companheiros, mas mesmo assim muita coisa não é explicada, como por exemplo, como é que uma pessoa pode ter medo de sair de casa e ao mesmo tempo ser entregadora de pizza???

No fim do longo e cansativo Tokyo!, apenas uma conclusão: dedique seu tempo com outros títulos do festival!