Venom: A Última Rodada

Crítica – Venom: A Última Rodada

Sinopse (imdb): Eddie e Venom estão fugindo. Caçados pelos dois mundos e com a rede se aproximando, a dupla é forçada a tomar uma decisão devastadora que fechará as cortinas da última dança de Venom e Eddie.

O primeiro Venom, de 2018, é ruim. Venom 2, de 2021, também é ruim. Alguém acreditava que um terceiro filme, Venom: A Última Rodada (Venom: The Last Dance, no original), seria bom?

Analisando sob este aspecto, até que Venom: A Última Rodada nem é tão ruim. É do mesmo nível dos outros. Se você curtiu os anteriores, talvez se divirta neste terceiro (e, esperamos, último) Venom.

Filme de estreia da diretora Kelly Marcel (roteirista dos dois primeiros e também de Cruella e Cinquenta Tons de Cinza), como falei, Venom: A Última Rodada não é muito ruim. Mas achei o roteiro bem forçado. Há tempos não via conveniências tão convenientes. Vou dar um exemplo: existe um monstro perseguindo um tal codex, que só é visível quando o Venom e o Eddie Brock estão juntos. Quando estão juntos, o monstro consegue ver a quilômetros de distância. Mas quando o monstro vai atacar, é só se separar que ele fica cego. Continua vendo e atacando as pessoas em volta, mas Eddie e o simbionte ficam invisíveis!

E isso porque não tô falando da cena da sra. Chen, aquela da loja de conveniência. Ela não só estava em Las Vegas (outra cidade), e no mesmo cassino, como estava numa grande maré de sorte e ganhou uma suíte na cobertura. Completamente forçado, e ao mesmo tempo, completamente desnecessário – tire essa sequência e o filme não perde nada.

Cabe outro problema do roteiro? Existe um núcleo com cientistas, onde a principal era pra ser a personagem da Juno Temple, que tem um background que não serve pra nada. Mas quem ganha protagonismo na sequencia final é aquela personagem secundária do broche de árvore de natal, tão secundária que nem lembro o nome dela.

Mas, como falei lá em cima, já esperava algo meio tosco. E dentro da tosqueira, tem coisas divertidas. Gostei da família de hippies (a cena deles cantando na van é gostosinha), e rolam algumas boas piadas, como a citação ao Tom Cruise na cena do avião. A trilha sonora também escolhe algumas boas músicas pra embalar o filme.

Mas é pouco. Tem coisa melhor por aí. A não ser que você curta muito o Venom e queira ver uma sequência em cgi de vários venoms de cores diferentes lutando contra monstros.

Ah, tem duas cenas pós créditos. Nenhuma vale a pena.

Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Crítica – Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto

Sinopse (imdb): Impulsionado pela determinação resoluta de proteger seus amigos e salvar Hinata, Takemichi Hanagaki entra em uma briga entre gangues com a esperança de alterar o curso do destino e criar um futuro melhor para todos.

Fiquei na dúvida se valia a pena falar deste Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto, visto no Festival do Rio. Afinal, acho que vi a terceira parte de uma história, e não vi as duas primeiras. Então, meus comentários serão feitos com isso em mente.

Tokyo Revengers é um mangá, segundo a wikipedia são 31 volumes lançados entre 2017 e 2022. Em 2021 estrearam uma adaptação em anime e uma em live action. Pelo que entendi lendo o imdb, teve um primeiro filme Tokyo Revengers em 2021, e o segundo filme, de 2023, foi dividido em duas partes. Este Tokyo Revengers 2, Arco Halloween de Sangue – Parte 2: Confronto é a segunda parte de uma continuação. O problema não foi do Festival do Rio, os três filmes estavam na programação, foi minha a escolha de ver só este…

Enfim, pra mim foi um filme confuso, onde alguns personagens aparecem e não consegui entender exatamente o que estava acontecendo com eles – como o personagem Baji, que a princípio parece ser do grupo “dos mocinhos”, mas depois está no grupo rival. Por que? Sei lá, dei mole e não vi… 😛

Pelo menos alguns personagens são interessantes e tem algumas boas cenas de luta. Mas não consigo julgar o filme só tendo visto parte dele.

Mas, fica aqui o registro, e com este filme encerro o Festival do Rio 2024. Já tenho novos filmes pra comentar, semana que vem o heuvi volta ao normal!

Força Bruta: Condenação

Crítica – Força Bruta: Condenação

Sinopse (imdb): O detetive Ma Seok-do se junta à Equipe de Investigação Cibernética para prender Baek Chang-ki, um ex-mercenário e chefe de uma organização de jogos de azar on-line.

Em fevereiro do ano passado comentei sobre Força Bruta, filme de ação coreano de 2022 que era continuação de um filme de 2017 que heu não tinha visto, Os Fora da Lei. Agora em 2024, na programação do Festival do Rio, aparece esta Força Bruta: Condenação, o quarto filme da série. Sim, não vi o primeiro nem o terceiro (de 2023), mas resolvi encarar o quarto.

A boa notícia é que Força Bruta: Condenação traz uma história fechada. Você pode ver sem ter visto os outros, dá pra entender tudo.

Dirigido por Heo Myeong-haeng, Força Bruta: Condenação parece um filme de ação dos anos 80, época dos filmes de “action heroes” estrelados pelos Stallones e Shwarzenegger da época, onde os protagonistas eram quase super heróis e nunca se machucavam (não tenho certeza, mas me parece que os action heroes começaram a mostrar alguma fragilidade em Duro de Matar, de 1988, quando o protagonista machuca os pés com cacos de vidro). O protagonista aqui, Ma Seok-do, enfrenta, sozinho e desarmado, vários oponentes armados, e sempre consegue bater em todos os adversários. A impressão que passa é que o soco dele tem super poderes.

Neste quarto filme, lançado este ano, Ma Seok-do e sua equipe enfrentam uma organização criminosa que controla cassinos online. O filme aborda temas como traição, mercenários e assassinatos, mostrando que os cassinos são apenas a ponta do iceberg em uma disputa maior por poder.

Assim como no segundo filme, um dos grandes trunfos aqui é o carisma dos personagens principais, tanto o protagonista de Ma Dong-seok (que às vezes é chamado de Don Lee aqui no ocidente), quanto o vilão interpretado por Kim Mu-yeol. Ambos estão muito bem.

Outra coisa boa aqui (e que também lembra os anos 80, tipo filmes como Um Tira da Pesada) é o equilíbrio entre a ação e o humor. Tanto as cenas de ação são bem filmadas, quanto os momentos de comédia são muito engraçados. A trilha sonora também é muito boa.

Aliás, falando das cenas de ação, tem uma cena onde o vilão e seu capanga enfrentam uns 10 ou 15 adversários que é muito bem coreografada e muito bem filmada, incluindo alguns takes longos – não é tudo em plano sequência, mas tem alguns planos que se heu estivesse vendo em casa, teria pausado e voltado a cena.

Força Bruta: Condenação está no Festival do Rio, mas já deve entrar no circuito esta semana. Recomendo pra quem gosta de filme de ação.

The Killer

Crítica – The Killer (2024)

Sinopse (imdb): Uma assassina tenta se redimir na tentativa de recuperar a visão de uma bela e jovem cantora.

John Woo refilmando o seu próprio filme? Bora ver!

Antes, uma breve contextualização. John Woo é um dos maiores nomes do cinema de ação. Depois de alguns filmes na China natal, foi pros EUA onde dirigiu mais alguns filmes excelentes. Em sua fase chinesa, quatro filmes se destacam: Bala na Cabeça, Alvo Duplo, Fervura Máxima e The Killer, lançado em 1989. E agora Woo refilmou seu próprio filme.

Tenho sentimentos conflitantes com relação a este novo The Killer. Por um lado, é sempre um prazer ver um filme de ação dirigido por um cara que manja dos paranauês, aqui temos algumas cenas antológicas. Mas, por outro lado, claro que o filme é inferior ao original.

Vamos aos pontos positivos: temos algumas sequências muito boas. Tem uma perseguição logo no início, onde um bandido está numa praça e pega um refém, e a câmera em vez de cortar, fica dando chicotes entre o bandido e o policial. Outra cena muito boa é aquela onde a assassina entra numa boate e ataca inimigos usando uma espada; assim como a cena do hospital, onde vemos uma das características do diretor – antagonistas apontando suas armas um pra cara do outro. E, claro, a sequência final na igreja é sensacional.

Claro, precisamos de muita suspensão de descrença, porque vários dos movimentos são absurdos. Mas Woo sempre foi assim. O espetáculo fala mais alto do que a vida real. E preciso dizer que adorei a cena onde a Nathalie Emmanuel pula em cima do inimigo, abre os braços e atira ao mesmo tempo em dois outros inimigos!

(E, falando de características do diretor, desta vez, diferente de O Silêncio da Vingança, temos pombas voando em câmera lenta!)

O elenco funciona. Omar Sy e Nathalie Emmanuel estão bem – e aparentemente é ela fazendo as cenas de ação, porque vemos algumas dessas cenas em câmera lenta. Agora, tenho minhas dúvidas se a mudança de gênero aqui foi uma boa ideia. Porque no original, o matador se aproximava da cantora porque ela ficou cega por causa dele, e ele acaba se apaixonando por ela, o que dava um peso maior à relação, e agora são duas mulheres sem nenhum envolvimento emocional. Mas isso não é culpa da atriz, que faz bem o seu papel. Também no elenco, Sam Worthington, Diana Silvers, Tchéky Karyo e Eric Cantona.

Mas aí vem o problema. É uma refilmagem de um dos melhores John Woo, portanto a comparação é inevitável. E na comparação, esta versão de 2024 parece um filme genérico feito pro streaming. Se o filme de 1989 entrou pra história como um marco no cinema de ação, esta versão 35 anos depois tende a ser esquecida.

Kill – O Massacre no Trem

Crítica – Kill – O Massacre no Trem

Sinopse (imdb): Durante uma viagem de trem por Nova Deli, capital da Índia, uma dupla de soldados enfrenta um exército de bandidos invasores.

Pouco mais de um ano atrás vi o indiano RRR, que explodiu minha cabeça, e pensei “preciso ver mais filmes indianos!” Mas, muitos outros filmes apareceram na frente, e deixei de lado a tarefa de procurar outros títulos feitos na Índia. Até que me apareceu este Kill, que me lembrou: preciso conhecer melhor o cinema indiano!

Kill – O Massacre no Trem parece um “The Raid” no trem. E, filme indiano, tem um lado melodramático muito forte, coisa que não rola no filme indonésio. (Só não tem o momento musical com dança coreografada!)

(Breve parênteses pra falar de The Raid: são dois filmes, feitos na Indonésia, lançados em 2011 e 2014, e que podem tranquilamente figurar em qualquer lista de melhores filmes de ação deste século. Aqui no Brasil ganharam o nome de Operação Invasão. Se você não conhece, recomendo fortemente!)

Dirigido por Nikhil Nagesh Bhat, Kill – O Massacre no Trem (Kill, no original) é um filme que vai direto ao assunto. Depois de uma breve introdução onde conhecemos o casal apaixonado (sim, é melodramático!), o filme embarca no trem e a partir daí, é basicamente só violência até o final.

Tem um detalhe que achei bem legal, e que Hollywood não costuma fazer: o protagonista é muito “mocinho”, o cara tem que ser bonito, forte, apaixonado, e, principalmente, um cara “do bem” – ele enfrenta adversários, mas acho que não mata ninguém. Mas, lá pelo meio do filme, acontece uma reviravolta que muda uma chave e o cara vira uma máquina de matar. E o filme é bem claro nessa virada de chave, aparece um “KILL” escrito no meio da tela!

Outra diferença para o cinema hollywoodiano está no uso da trilha sonora, que realça o melodrama. Tem uma cena logo no início, primeira sequência do filme, que exemplifica bem isso, quando mostra quem é o mocinho. Ele está de costas, de capacete, e quando vira e tira o capacete, a trilha sobe!

Claro, alguns vão dizer que falta história. É verdade, a história é meio rasa. Até agora não entendi bem o plano dos bandidos, era tudo aquilo por um simples assalto? Mas por outro lado, as cenas de ação compensam. São MUITAS sequências de luta, luta no mano a mano, luta com armas brancas, todas bem coreografadas, e com um grau de violência muito maior do que a média que costuma ser exibida nos cinemas – às vezes o gore lembra filmes de terror. E a ideia de ser num trem é boa, porque limita os confrontos.

(Um detalhe que esqueci de comentar: aparentemente todos os bandidos são parentes, o que amplia o sentimento de vingança quando um mocinho começa a matar geral.)

Sobre o elenco, achei estranho ver quando o filme acaba, no início dos créditos, a frase “introducing Lakshya”, o ator principal. Antes desse filme o cara não era ator? Tentei descobrir pela internet de onde ele veio, para estar como “introduction”. Segundo o que entendi pelo imdb e wikipedia, ele veio da TV, este filme seria sua estreia no cinema. Enfim, o cara é bom, tem carisma, luta bem, e tem uma cena sem camisa que deve lhe gerar alguns fã clubes.

Mesmo entendendo que falta uma profundidade na história e que os personagens são unidimensionais, gostei muito de Kill – O Massacre no Trem. Grandes chances de entrar no meu top 10 2024!

Um Tira da Pesada 4: Axel Foley

Critica – Um Tira da Pesada 4: Axel Foley

Sinopse (imdb): O detetive Axel Foley se vê novamente envolvido nos ambientes sofisticados de Beverly Hills para investigar a morte prematura de um conhecido de longa data.

Quando anunciaram Um Tira da Pesada 4, pensei em não fazer crítica, porque lembro pouco do primeiro filme (de 1984), não lembro de absolutamente nada do segundo (87) e não lembro nem se vi o terceiro (94) – devo ter visto, em 94 tinham menos filmes sendo feitos, era mais fácil acompanhar todos os lançamentos. Mas tá todo mundo falando, então resolvi encarar.

Vou repetir um comentário que fiz outro dia no texto sobre Meu Malvado Favorito 4. Alguns filmes escolhem o caminho seguro e repetem uma fórmula que já deu certo antes. É o caso aqui. Um Tira da Pesada 4: Axel Foley (Beverly Hills Cop: Axel F, no original – devem ter gostado da ideia de colocar o nome do personagem no título, como Top Gun Maverick) é exatamente igual ao primeiro filme, com tudo de positivo e de negativo que isso traz.

Por um lado, é ruim. A gente já viu tudo isso. Meio que tanto faz assistir este quarto filme ou rever o primeiro. Mas, por outro lado, quem vai ver um quarto filme do Axel Foley acho que não está procurando novidades. É, pensando por esse lado, a produção acertou. Porque acredito que o filme vai agradar a todos os fãs da franquia.

Preciso reconhecer uma coisa: Eddie Murphy está muito bem. Tanto na parte física – ele está com 63 anos, e continua com a mesma cara! Só pra um efeito de comparação: Judge Reinhold é quatro anos mais velho, e está muito mais acabado! Mas, além de estar bem fisicamente, Murphy ainda é muito carismático e carrega facilmente o filme nas costas. Agora, algumas piadas ficaram datadas. Se quarenta anos atrás a gente ria com afeminado Serge interpretado por Bronson Pinchot, hoje em dia isso não tem mais nenhuma graça.

A direção é do estreante Mark Molloy, o que é curioso porque as outras duas continuações traziam nomes consagrados (Tony Scott e John Landis). Acredito que deve ser estratégia pra ser um filme com “cara de produtor”.

(Aliás, descobri que o terceiro filme é odiado por quase todos, inclusive pelo próprio Eddie Murphy. O roteiro brinca com isso. Quando Joseph Gordon-Levitt analisa os outros três casos de Axel em Beverly Hills, ele menciona que o terceiro “não foi seu melhor momento”, uma clara referência ao Tira da Pesada 3.)

Agora, se tenho um grande elogio é à trilha sonora. Não estou falando da ideia óbvia de usar músicas do primeiro filme – assim como Top Gun Maverick abre com a mesma música do primeiro Top Gun, este quarto filme abre com The Heat is On, do primeiro. Na verdade estou falando do icônico tema instrumental do Harold Faltermeyer (que toda uma geração conhece como “Crazy Frog”), que aqui aparece adaptado em várias versões. O trabalho feito em cima do conhecido tema ficou muito bom.

No elenco, vários atores que já estiveram nos outros filmes, como os já citados Judge Reinhold e Bronson Pinchot, e também John Ashton e Paul Reiser (que estavam nos dois primeiros filmes). De novidade, Taylour Paige, Joseph Gordon-Levitt e Kevin Bacon, além de pontas de Luis Guzmán e Christopher McDonald.

Resumindo: mais do mesmo. O que pode ser bom dependendo de quem for ver o filme.

Bad Boys: Até o Fim

Crítica – Bad Boys: Até o Fim

Sinopse (imdb): Os Bad Boys favoritos do mundo estão de volta, mas desta vez com uma reviravolta: os melhores de Miami são agora os mais procurados.

Vou copiar um parágrafo que escrevi 4 anos atrás, na época do filme anterior: “O primeiro Bad Boys, de 1995, foi um grande sucesso. Foi o primeiro longa metragem dirigido por Michael Bay, que nos anos seguintes se firmaria como um dos maiores nomes do “blockbuster com mais explosões que roteiro”. E foi o primeiro sucesso cinematográfico de Will Smith, que emplacaria outros sucessos nos dois verões seguintes (Indepedence Day em 96 e MIB em 97). Não era nada demais, apenas um filme divertido e cheio de cenas de ação bem filmadas. Mas um filme que soube fazer a fórmula direitinho.” Quando resolveram retomar a franquia, em 2020, com Bad Boys Para Sempre, mantiveram o mesmo estilo. Nada demais, mas um filme divertido e competente.

Agora, Adil e Bilall, a mesma dupla que dirigiu o filme de 2020 está de volta com o quarto filme da saga, Bad Boys: Até o Fim (Bad Boys: Ride or Die, no original). Fui ao cinema com zero expectativa, e posso dizer que curti o que vi.

Assim como os antecessores, Bad Boys: Até o Fim não é um grande filme, não vai entrar em listas de melhores do ano. Mas, vou repetir a máxima do Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. E Bad Boys: Até o Fim é divertidíssimo! São várias cenas de ação muito bem filmadas, e sabe equilibrar o humor. O filme não é comédia, mas tem cenas engraçadíssimas.

Queria falar da dupla de diretores Adil e Bilall. Gostei da câmera deles, o filme inteiro fica com a câmera em movimento e mostrando ângulos fora do óbvio. E tem algumas cenas daquelas tão bem filmadas que dá vontade de rever. Tem uma briga num elevador que achei bem legal, é um elevador panorâmico com paredes de vidro, a câmera fica rodando em volta e não vemos quando passa por uma laje, foi uma cena “inventiva”. Outra sequência criativa é quando estamos vendo através de uma câmera de segurança, e o que vemos na tela fica alternando entre a câmera de segurança e a casa “real”. E na parte final tem um “momento videogame”, um tiroteio com a câmera no ponto de vista do atirador – incluindo armas trocando de mãos!

E, claro, tem o humor. O Marcus ter restrições alimentares traz algumas boas piadas. E a participação do Khaby Lame foi sensacional! Além disso, gostei do roteiro explorar uma fraqueza do Mike.

No elenco, Will Smith e Martin Lawrence têm uma boa química e carregam o filme com tranquilidade. Eles estão muito à vontade, parecem que estão se divertindo – e isso passa uma sensação boa para o público. Também no elenco, Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Paola Núñez, Eric Dane, Ioan Gruffudd, Jacob Scipio e Joe Pantoliano.

Como falei no início, Bad Boys: Até o Fim não vai mudar a vida de ninguém. Mas quem for ao cinema não vai sair decepcionado. Cinema é a maior diversão!

Furiosa: Uma Saga Mad Max

Crítica – Furiosa: Uma Saga Mad Max

Sinopse (imdb): Após ser sequestrada do Vale Verde de Muitas Mães, enquanto os tiranos Dementos e Immortan Joe lutam por poder e controle, a jovem Furiosa terá que sobreviver a muitos desafios para encontrar e trilhar o caminho de volta para casa.

Bora pro quinto filme da saga Mad Max, desta vez sem o Max!

Antes, uma pequena recapitulação. Tivemos três Mad Max, todos dirigidos por George Miller e estrelados por Mel Gibson. O primeiro, de 1979, é bom; o segundo, de 1981, é muito bom; o terceiro, de 1985, é muito ruim. Trinta anos se passaram e Miller fez um novo filme, Mad Max Estrada da Fúria, com Tom Hardy no lugar de Mel Gibson. Este quarto filme tinha uma personagem secundária, Furiosa, que era melhor que o protagonista Max. E acho que não fui o único a pensar assim, porque agora temos um prequel contando a história da Furiosa.

Mais uma vez dirigido por George Miller, Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga, no original) começa com a Furiosa ainda criança morando no Vale Verde, até que é sequestrada por um novo vilão, Dementos.

(Sabe quando a gente vê nomes como “lord Sifo Dyas” ou “conde Dooku” e acha que tem algum brasileiro de sacanagem na Lucas Film? Poizé, os nomes aqui fazem a gente pensar algo parecido. Furiosa, Dementos, Scrotus, Erectus…)

Assim como fez nove anos atrás em Estrada da Fúria, mais uma vez George Miller entrega um espetáculo visual impressionante. O cara acabou de completar 80 anos de idade, dois meses atrás, e dirige um filme com muitas cenas de tirar o fôlego. São diversas cenas de perseguições de carros, todas muito bem filmadas, a câmera sempre bem posicionada. Não sei o que foi efeito pratico e o que foi cgi, mas digo que, pelo menos pra mim, os efeitos funcionaram muito bem.

George Miller é tão detalhista que uma das cenas de ação, que dura 15 minutos na tela, demorou 78 dias para ser filmada, envolvendo perto de 200 profissionais diariamente, com Miller apresentando storyboards sobre cada detalhe a ser filmado!

A fotografia é um espetáculo. Quase todo o filme se passa no deserto, e temos inúmeras cenas belíssimas, daquelas que dá pra tirar um frame e fazer um quadro. A cenografia e os figurinos também enchem os olhos. Mad Max sempre teve personagens exóticos e veículos exóticos. Aqui continua com a tradição – inclusive alguns dos veículos dá até pena de aparecerem tão pouco, como uma “Kombi com carreta” que só aparece por poucos segundos. E vemos cenários com riqueza de detalhes, tanto na Citadel quanto nos outros dois locais que não lembro se aparecem no filme de nove anos atrás, a Bullet Farm e o Gas Town (além de vermos algo do Verde Vale). Também gostei da trilha sonora que usa o didgeridoo, instrumento aborígene.

Uma coisa curiosa sobre o elenco. O filme é da Furiosa, a atriz principal é a Anya Taylor-Joy, mas ela só aparece em cena com 61 minutos de filme. A primeira hora de filme mostra Furiosa criança, interpretada por Alyla Browne, ótima atriz mirim que heu não conhecia (apesar de ver no imdb que ela estava em Era uma vez um Gênio, último filme dirigido por George Miller antes de Furiosa). Alyla Browne manda bem, Anya Taylor-Joy idem. Detalhe: Anya quase não fala no filme, segundo o imdb são apenas 30 linhas de diálogo.

O novo vilão é interpretado por Chris Hemsworth, com uma maquiagem que deixou ele mais parecido com o Charlie Hunnam do que com ele próprio. Conversei com alguns amigos que não gostaram dele, mas heu discordo, gostei de ter um vilão fanfarrão e caricato. Só achei que alguns elementos de cenografia deveriam ser pensados, porque é impossível não lembrar do Thor quando vemos Chris Hemsworth com uma capa, ao lado de um cara com chifres.

Cabe um mimimi? Charlize Theron tinha 40 anos quando Estrada da Fúria foi lançado; Anya Taylor-Joy tem 28 agora, no lançamento de Furiosa. Ok, é uma Furiosa mais nova, coerente ter uma atriz mais nova. Mas… O fim do filme conecta diretamente ao outro filme. É que nem Rogue One, que termina momentos antes de começar Guerra nas Estrelas. Furiosa termina momentos antes de começar Mad Max Estrada da Fúria. Precisava de uns anos pra personagem envelhecer…

Alguns dos atores do filme de nove anos atrás reaparecem aqui, então tem espaço pra outro mimimi. O filme se passa antes, os personagens estão mais novos. Nathan Jones, que faz Rictus Erectus, não parece mais novo… Mais uma curiosidade sobre o elenco: Angus Sampson, que está nos dois filmes como “Organic Mechanic”, tem um papel recorrente na franquia Sobrenatural.

São duas horas e vinte e oito minutos de filme, mas achei um ritmo ótimo, não cansou. Se tenho uma única crítica é que no finzinho tem uma cena entre a Furiosa e o Dementos que se estende demais. É um diálogo que achei desnecessário. Na minha humilde opinião, se tirasse aquele longo diálogo, seria melhor.

Claro, temos referências ao filme de 2015. Max aparece rapidinho,numa cena que se você piscar, perde – mas dá pra ver claramente que é ele. E durante os créditos vemos cenas do filme anterior.

Furiosa: Uma Saga Mad Max estreia esta semana nos cinemas, e é daqueles filmes que vale ser visto no cinema, com uma tela grande e um som alto.

Planeta dos Macacos: O Reinado

Crítica – Planeta dos Macacos: O Reinado

Sinopse (imdb): Muitos anos após o reinado de César, um jovem macaco embarca em uma jornada que o levará a questionar tudo o que lhe foi ensinado sobre o passado e a fazer escolhas que definirão o futuro de macacos e humanos.

E vamos para mais uma franquia que aparentemente não sabe a hora de parar. Bem, a boa notícia é que é uma franquia que consegue manter alguma qualidade.

Tivemos cinco filmes “clássicos”, entre 1968 e 1973. E teve a tentativa fracassada do Tim Burton em 2001. Em 2013, 14 e 17, tivemos a trilogia que era centrada no macaco Cesar, e agora começa uma nova história que se passa gerações depois de sua morte (segundo o imdb, são 300 anos depois). Conhecemos uma pequena comunidade que vive isolada dos humanos e de outros macacos, até que um novo vilão captura quase todo o clã. Noa, nosso novo protagonista, escapa, e com ajuda de um orangotango e uma humana inteligente, vai tentar libertar os seus.

O roteiro do filme dirigido por Wes Ball (que até hoje só tinha feito longas dentro da franquia Maze Runner) tem algumas escorregadas aqui e ali, tipo um macaco consegue cheirar de longe um cobertor que foi tocado por um humano, mas quando este mesmo humano está escondido na cabana do macaco, ele não sente o cheiro. Mas, de um modo geral, o roteiro flui bem na dinâmica entre os personagens, que precisam se unir por um objetivo em comum. Só achei que não precisava de quase duas horas e meia, o filme podia ser um pouco mais curto.

Um parágrafo à parte pra falar dos efeitos especiais. Sabe quando a gente vê um cgi e pensa “acho que esse cgi não sobrevive a alguns anos?” Aqui passa a impressão oposta. Os macacos são absolutamente perfeitos. Digo mais: tem uma sequência debaixo d’água, os macacos estão com os pelos molhados, e tudo parece muito real. A impressão que passa é que chegamos à perfeição.

Também gostei da ambientação, vemos florestas, praias e parte de cidades tomadas pela natureza, incluindo um grande navio encalhado e enferrujado. Aliás, as construções humanas cobertas de vegetação são bem legais, queria ver mais cenas neles, pena que são poucas.

Planeta dos Macacos: O Reinado traz algumas referências ao primeiro filme, de 1968, como a boneca que fala, ou a cena da praia, ou ainda citações na trilha sonora. Referências inteligentes, porque quem não viu o filme original não vai ficar perdido, mas quem viu vai abrir um sorriso.

Por outro lado, existe um problema comum no cinema pipoca de hoje em dia: a necessidade de continuações. Um exemplo é a cena do telescópio. Se o telescópio volta em uma segunda cena, é algo importante; mas como não mostram nada, é porque devem ter guardado para a provável continuação.

Agora temos que esperar a continuação. Rumores falam que será uma nova trilogia, que vai ligar ao filme de 1968 no fim. Aguardemos.

Fúria Primitiva

Crítica – Fúria Primitiva

Sinopse (imdb): Um jovem indiano inicia uma jornada de vingança contra os líderes corruptos que assassinaram a sua mãe e continuam a vitimar sistematicamente os mais pobres.

Continuamos com a boa safra de filmes de ação! Depois de Contra o Mundo e O Dublê, vamos para o “John Wick indiano”: Fúria Primitiva!

Escrito, produzido, dirigido e estrelado por Dev Patel, Fúria Primitiva (Monkey Man, no original) é menos galhofa que os dois filmes citados anteriormente. Estreante como diretor, Patel fez uma jornada de vingança séria e muito, muito violenta. E, principalmente, muito bem filmada!

Fúria Primitiva teve problemas antes do lançamento. As filmagens seriam na Índia em 2020, mas as filmagens foram canceladas por causa da Covid. Ele acabou filmando em 2021 na Indonésia. E, durante as filmagens, houve atrasos porque o diretor / protagonista sofreu alguns acidentes, incluindo uma fratura na mão. Mais: Fúria Primitiva seria lançado pela Netflix, mas, segundo o imdb, Jordan Peele viu antes do lançamento e comprou os direitos para um lançamento nos cinemas.

As cenas de ação são muito bem filmadas. Mas Fúria Primitiva não é só violência desenfreada. Acho que podemos dividir o filme em três partes. Temos uma primeira parte com uma escalada louca de violência, depois uma segunda parte mais tranquila, e uma terceira parte insana que é o tal “John Wick indiano”.

Esta parte mais calma trouxe um respiro para o filme. Porque afinal estamos lidando com o mesmo clichê de Contra o Mundo, “um garoto vê um tirano matando sua mãe e resolve se vingar quando mais velho”. Agora, se temos uma parte no meio do filme onde vemos que o protagonista ainda não estava pronto, e ainda precisava praticar, isso tira o filme da “linha reta”. E ainda traz uma das melhores cenas do filme, aquela o personagem está treinando golpes em um saco de areia, acompanhado por um percussionista (não tenho ideia de qual é o nome daquele instrumento).

E o terceiro ato é de tirar o fôlego. Lutas bem coreografadas e bem filmadas, tiro porrada e bomba em quantidade, qualquer fã do gênero vai se refestelar. Heu não sabia que o Dev Patel lutava tão bem!

O roteiro tem umas falhas estranhas. Por exemplo, o personagem Alphonso descobre que está sendo perseguido por ter se associado ao protagonista. Mas, se ele vai continuar vivendo normalmente, pra que aquela cena onde mostra sua ligação com o protagonista? E não entendi a motivação da galera que ajuda o protagonista na segunda parte do filme.

(Tem uma coisa estranha aqui, mas e exatamente a mesma critica a The Raid, outro filme oriental de ação: cadê as armas de fogo? Tem algumas cenas onde os adversários provavelmente usariam armas de fogo contra o protagonista!)

No elenco, só conhecia um nome além de Dev Patel: Sharlto Copley, que, coincidência, também estava em Contra o Mundo.

Mesmo com esses problemas no roteiro, Fúria Primitiva ainda é um grande filme. Dei sorte, três bons filmes de ação seguidos!