A Profissional / The Protege

Crítica – A Profissional / The Protege

Sinopse (imdb): Resgatada quando criança pelo lendário assassino Moody, Anna é a assassina de aluguel mais hábil do mundo. Mas quando Moody é brutalmente assassinado, ela jura vingança pelo homem que lhe ensinou tudo o que ela sabe.

Falei no texto sobre Gunpowder Milkshake sobre o atual momento de filmes de ação girl power. São vários filmes de ação estrelados por mulheres, coisa que heu gosto muito. Mas… Infelizmente são poucos os bons filmes no meio destes. A Profissional (The Protege, no original) é um desses.

A Profissional é mais um filme genérico. Algumas boas cenas de ação aqui e ali, mas uma história de vingança besta.

A direção é de Martin Campbell, que tem altos e baixos na carreira. Ele é lembrado por dois 007s de gerações diferentes, Goldeneye (1995) e Cassino Royale (2006). Mas, também é lembrado por Lanterna Verde, aquele com o Ryan Reynolds. Ok, The Protege não é tão ruim quanto Lanterna Verde. Mas está bem abaixo dos filmes do James Bond.

O filme tem um plot twist lá perto do terço final que quase me fez desistir. Não foi um bom caminho…

Três comentários sobre o elenco. Maggie Q não atrapalha, mas lhe falta carisma para carregar o protagonismo de um filme assim. Ela não está ruim, mas também não está bem – coerente com o filme. Samuel L. Jackson tem uma carreira gigante, está na Marvel, estava em Star Wars, em vários filmes do Tarantino. Mas, de uns filmes pra cá, parece que ele está no automático, sempre repetindo o mesmo papel. Continuo gostando dele, mas, queria vê-lo fazendo algo diferente. Já Michael Keaton, esse sim, é a melhor coisa do filme. Assim como no Homem Aranha, seu personagem está longe de ser um vilão caricato, e suas cenas com a Maggie Q são a melhor coisa do filme. Ainda no elenco, mais um nome digno de nota é Michael Bien, num papel menor como o líder dos motociclistas.

Enfim, como falei, A Profissional não é ruim. Vai distrair os menos exigentes. Mas ainda estou esperando um novo Atômica

Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Crítica – Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Sinopse (imdb): Shang-Chi é obrigado a confrontar um passado que julgava ter deixado para trás quando é atraído à teia da misteriosa organização conhecida como os Dez Anéis.

Ah, como é bom viver este momento! Sou fã do cinema de entretenimento, do blockbuster bem feito, e é muito bom estar acompanhando ano a ano o que a Marvel está construindo com o MCU. Foram mais de vinte filmes ao longo de 11 anos, pouco a pouco construindo um time de super heróis que se juntariam num grande evento que foram os dois últimos filmes dos Vingadores.

E a pergunta que ficava na cabeça do espectador era: e agora? O que vem depois? Como seguir em frente depois de algo tão grandioso?

Vieram as séries (WandaVision, Loki e Falcão e o Soldado Invernal), mostrando opções para o futuro do MCU, boas séries, mas ainda sem muitas novidades, tudo muito preso ao que já existia (ok, Loki mostrou um novo caminho). Veio o filme da Viúva Negra, bom filme, mas que veio atrasado, e também muito preso ao passado do MCU.

E agora estreia Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis, um filme de origem, onde a Marvel finalmente apresenta novos personagens e um novo universo a ser explorado.

O personagem Shang Chi era publicado aqui no Brasil em HQs com o nome de “Mestre do Kung Fu”, mas, nunca li nenhuma dessas revistas (assim como nunca li nenhuma HQ dos outros heróis). Aliás, vou te falar que nunca tinha ouvido falar do personagem. Mas, pra este filme, não precisa conhecer previamente. Tudo o que precisamos saber do personagem está no filme.

Dirigido pelo quase desconhecido Destin Daniel Creton, Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings no original) traz um visual deslumbrante, lutas excelentes, personagens carismáticos e uma história envolvente. Nada mal para um filme de origem de um novo super herói.

Aliás, é bom falar. Assim com acontecia nos primeiros filmes de cada super herói, Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis é um filme independente dos outros. Se você nunca viu nenhum filme do MCU, sem problemas, você pode acompanhar tudo o que acontece aqui. Mas, tudo se passa dentro de um contexto, onde tudo o que existia antes continua sendo respeitado. Alguns elementos do MCU são inseridos aqui, pra mostrar que Shang Chi faz parte de um projeto maior.

A primeira coisa que chama a atenção em Shang Chi e a Lenda dos Dez Anéis é o visual. A fotografia é linda, cheia de cores, cheia de elementos da natureza. E as lutas são ótimas, tanto pelas coreografias quanto pelos efeitos usados nelas. Por fim, ainda temos um cgi perfeito, que mostra seres fantásticos e efeitos impressionantes com água.

(Parênteses pra voltar a falar das lutas. A luta no ônibus, que aparece no trailer, é muito boa, e olha que a gente já teve outra luta boa em ônibus este ano, em Anônimo. E a luta onde o casal se conhece é sensacional, uma mistura de luta com dança onde os adversários flutuam lembrando filmes como O Tigre e o Dragão. E essas duas lutas são no início do filme!)

O elenco principal é quase todo oriental, um bom sinal que finalmente Hollywood está se diversificando – se Shang Chi fosse feitos anos atrás, ia ter um monte de gente branca no elenco. O papel principal ficou com Simu Liu. Heu não conhecia ele, achei que era que nem o Chris Hemsworth, que era um coadjuvante de poucos papéis antes de virar o Thor, mas o imdb dele tem títulos desde 2012. Gostei dele, vai ser uma boa vê-lo nos próximos filmes do MCU. O pai do Shang Chi é interpretado por Tony Leung, ator chinês que tem uma filmografia enorme, e não me lembro de nenhum filme hollywoodiano – lembro dele em Bala na Cabeça, um dos meus filmes favoritos do John Woo (ele também fez Fervura Máxima e A Batalha dos Três Reinos com o John Woo). Tony Leung também está ótimo, é um vilão bem construído, dá pra entender suas motivações.

E são pelo menos quatro papeis femininos importantes. Duas eram novidades pra mim: a mãe, interpretada por Fala Chen; e a irmã, interpretada por Meng’er Zhang (segundo o imdb, é seu primeiro papel). Gostei das duas, são bonitas, carismáticas, lutam bem, vou procurar mais filmes com ambas. Também tem a Michelle Yeoh, currículo enorme, inclusive foi citada aqui recentemente duas vezes, em Gunpowder Milkshake e Boss Level – e não podemos esquecer que ela estava em O Tigre e o Dragão, citado lá em cima. Por fim, tem a Awkwafina como alívio cômico. Descobri que ela tem um grande fã clube, mas, sei lá, acho ela meio sem graça. Pelo menos aqui em Shang Chi ela funcionou bem, as piadas foram bem dosadas.

Ah, não só são vários atores orientais, também achei muito bom ver um blockbuster americano com muitos diálogos em chinês!

Tem mais nomes no elenco, mas pode ser spoiler. Heu não sabia, foi uma agradável surpresa, então não vou falar aqui.

É Marvel, então tem humor. Mas não é uma comédia assumida como Thor Ragnarok, por exemplo. É um filme de ação com momentos engraçados.

Ah, claro, tem cenas pós créditos. Duas. Uma no fim dos créditos principais, outra lá no final de tudo. Padrão.

Heu poderia continuar falando aqui, mas vou parar pra não ficar muito grande. Em breve vou gravar um podcrastinadores, e com spoilers, lá entrarei em mais detalhes. Fiquem de olho em podcrastinadores.com.br

Snake Eyes

Crítica – Snake Eyes

Sinopse (imdb): Um spin off de G.I. Joe centrado no personagem Snake Eyes.

GI Joe é uma linha de bonecos. Sou velho, lembro do Falcon, que era um GI Joe – ou Comandos em Ação, como foi traduzido aqui na época. Os bonecos do Falcon foram vendidos entre 1978 e 1984 pela Estrela, que depois trocou a linha pelos bonecos GI Joe, que eram menores (o Falcon tinha 30cm, o GI Joe tinha 10cm). A partir de 1986, a Globo começou a exibir uma série animada baseada nos bonecos – prática que era comum, se não me engano lançaram outros combos brinquedo + desenho (ajudava nas vendas e também na audiência).

Uns anos atrás tivemos dois filmes baseados nos bonecos GI Joe. Não me lembro muito bem dos filmes, lendo os meus textos aqui no heuvi, vi que gostei do primeiro, mas não gostei muito do segundo. Enfim, este aqui não tem nada a ver com aqueles, a história recomeça do zero.

Então finalmente vamos ao novo filme. Dirigido por Robert Schwentke (Red, RIPD Agentes do Além, Te Amarei Para Sempre), Snake Eyes (Snake Eyes: G.I. Joe Origins, no original) é um reboot total, não se baseia nem nos filmes, nem no desenho. Ouvi críticas de gente reclamando “o meu Snake Eyes não é assim”, “Destruíram o meu Snake Eyes!”. Mas, pra quem não era fã, a história funciona bem como uma introdução a este universo.

Snake Eyes tem coisas boas, mas tem outras não tão boas assim. E infelizmente tem mais do segundo do que do primeiro. Vamos por partes.

Gostei de algumas sequências de ação. Tem uma cena onde a personagem pula de uma moto em movimento, se apoia num caminhão e dá um golpe de espada, que é bem legal. Algumas lutas de um personagem contra dezenas também são boas. Não são ótimas, mas são boas.

(Explico: prefiro quando o câmera “dá um passo pra trás” e a gente vê melhor a coreografia das lutas. Isso acontecia mais no cinema oriental, mas Hollywood já traz alguns casos de lutas bem coreografadas e bem filmadas desta forma. Mas, o comum em Hollywood é vermos uma luta com muitos closes, muitos cortes e muita câmera tremida. Pensando neste formato, as lutas em Snake Eyes não são ruins. Poderiam ser melhores, mas, “passam na média”.)

Agora, o roteiro é uma bagunça. O personagem Snake Eyes não passa confiança nenhuma, e é aceito facilmente pelo clã japonês. E mesmo quando é pego na traição, tudo bem, deixa pra lá. Não tô nem falando da cena ridícula das cobras gigantes mágicas, até aceito isso, mas não dá pra aceitar um clã milenar ser tão ingênuo.

E isso porque não tô falando da personagem da Samara Weaving. Gosto da atriz, adorei ela no Ready or Not, um filme recente que foi mal lançado por causa da pandemia. Mas, qual é o sentido da personagem dela aqui? É só pra cumprir cota?

Isso me traz o elenco. O protagonista Henry Golding não é um bom ator, ele faz a mesma cara o filme inteiro. Mas nem atrapalha tanto. O problema dele ser fraco é que o coadjuvante Andrew Koji é muito melhor, dá vontade de focar mais no seu personagem do que no principal. Gosto muito do Iko Uwais, estrela dos maiores filmes de ação indonésios dos últimos anos, ele aqui tem um papel secundário. Aparece pouco, mas é sempre um prazer vê-lo lutando (ele manja dos paranauês de coreografia daquele tipo de luta onde o câmera pode dar um passo pra trás). Peter Mensah, o Doctore de Spartacus, também passa confiança ao defender o seu papel.

Agora, o trio feminino está bem ruim. Olha só, heu gosto de filmes de ação com mulheres, comentei isso no texto sobre Jolt. Falei da Samara Weaving, que tem um personagem completamente descartável. Tem também a Úrsula Corberó, que passa o filme inteiro repetindo as caras e bocas que ela fazia ao interpretar a marrenta Tokio de Casa de Papel. Agora, as duas aparecem pouco. Já a Haruka Abe, que aparece o filme inteiro, é péssima. Tanto a atriz, que passa o filme inteiro com cara de que não sabe o que fazer; quanto a personagem, que toma várias atitudes inexplicáveis durante o filme.

No fim do filme, claro, espaço pra continuação. Querem uma nova franquia. Sei lá, se começou cambaleante, nem sei se quero ver essa continuação.

Out of Death

Crítica – Out Of Death

Sinopse (imdb): O departamento de um xerife corrupto em uma cidade rural montanhosa é desfeito quando uma testemunha involuntária atrapalha sua operação sombria.

Dirigido por Mike Burns (que tem um currículo razoável no departamento de música de diversos filmes) e roteirizado pelo estreante Bill Lawrence (acho importante guardar esses nomes pra gente evitá-los no futuro), Out Of Death é ruim ruim. Alguns filmes são ruins mas são divertidos, mas não é o caso aqui. O filme já começa errado quando, antes de tudo, já temos uma espécie de trailer com um resumo do que vamos ver.

Out Of Death tem atuações péssimas. Talvez a Jamie King não esteja mal, mas isso não é um destaque – apenas estou dizendo que ela não está tão ruim quanto o resto do elenco. Em terra de cego quem tem um olho é rei, Jamie King se destaca por isso. Mas, já vi centenas de filmes com elenco ruim, isso infelizmente tem muito por aí. Mas… o roteiro é cheio de diálogos péssimos. atuação ruim mais diálogos péssimos, já viu que não vai dar boa coisa.

Mas calma, porque ainda piora. O filme é cheio de cenas que parecem ser feitas pra convencer o espectador a desistir. Tem várias cenas onde personagens tomam decisões burras, como a protagonista que não para de fotografar mesmo depois que o que ela estava fotografando já acabou. Mas, até aí a gente aceita, porque boa parte do que vemos hoje no cinema tem decisões burras de personagens. Então, vou relevar decisões burras, mas não podemos relevar cenas inteiras sem sentido. Um bom exemplo é a cena onde os personagens estão fugindo, mas precisam parar pra conversar e se conhecerem melhor. Não só isso não faz nenhum sentido, como logo depois eles se separam. Pra que??? Ok, provavelmente o orçamento não era suficiente pra ter o Bruce Willis por todo o filme, então o personagem dele tinha que ter uma desculpa para sair de cena. Mas custava pensar em uma ideia menos ruim?

Teve uma cena onde dei uma gargalhada, mas certamente não era o objetivo dos realizadores. Depois de um momento onde o policial demonstra todo o amor e carinho pela companheira que acabou de falecer, ele a larga o corpo no chão, e o corpo sai rolando…

Ah, os efeitos especiais são péssimos.

Não só o filme é ruim como algumas cenas parecem arrastadas. Me pareceu que não tinham material para uma hora e meia, então esticaram algumas cenas pra preencher a metragem necessária. Ou seja, ruim e chato.

Se posso dizer que gostei de alguma coisa, foi da trilha sonora. Era melhor ter lançado o filme no spotify.

O Esquadrão Suicida

Crítica – O Esquadrão Suicida

Vou começar lançando a polêmica: será que estamos diante do melhor filme da DCEU?

Sinopse (imdb): Os supervilões Harley Quinn, Bloodsport, Peacemaker e uma coleção de malucos condenados na prisão de Belle Reve juntam-se à super-secreta e super-obscura Força Tarefa X enquanto são deixados na remota ilha de Corto Maltese, infundida pelo inimigo.

Antes de começar, vamos explicar as siglas. A Marvel tem o MCU, o Marvel Cinematic Universe, que é o universo onde estão situados as dezenas de filmes. DCEU é o DC Extended Universe, o paralelo da DC. Não leio HQs, então não posso palpitar sobre qual editora é mais bem sucedida nos quadrinhos. Mas no cinema, nem o mais fanático fã da DC vai deixar de reconhecer a superioridade da Marvel.

(Bem, fãs fanáticos às vezes têm cegueira seletiva, então se o cara é muito fanático ele não vai reconhecer os fatos. Mas isso é assunto pra outro post.)

Em 2016 a gente viu o primeiro filme do Esquadrão Suicida, que teve um trailer excelente, um bom início, mas que depois se perdeu completamente e conseguiu decepcionar quase todo mundo. Até achei que iam desistir do time do Esquadrão Suicida, deixa pra lá, foi uma parada que não deu certo.

Mas aí apareceu um James Gunn no horizonte. Vamos lembrar quem é James Gunn? O cara começou na Troma, produtora de filmes trash, acho que seu primeiro trabalho no cinema foi o roteiro de Tromeu e Julieta, de 1996. Ele tinha uma carreira discreta, com filmes “menores” como Seres Rastejantes (2006) e Super (2010), até que foi contratado pela Marvel pra fazer Guardiões da Galáxia. Só pra dar um exemplo da proporção: o orçamento de Super era de 2,5 milhões de dólares, enquanto Guardiões tinha 170 milhões.

Guardiões da Galáxia era um projeto audacioso. Um filme que se encaixaria nos filmes dos Vingadores, mas era uma aventura espacial com um grupo que tinha um guaxinim e uma árvore, feito por um diretor que começou na Troma. E o resultado foi excelente, um dos melhores filmes do MCU (lembrando que tem um monte de filmes bons no MCU!).

Claro que a moral do James Gunn subiu. Ele fez o Guardiões volume 2, e ia fazer o terceiro – até que resolveram catar uns tweets politicamente incorretos que ele tinha feito anos antes, e a conservadora Disney (como mencionei no texto de anteontem sobre Jungle Cruise) o demitiu.

A Warner então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida – afinal, tanto os Guardiões quanto o Esquadrão são grupos de anti-heróis com alguns esquisitões no meio.

Vendo isso, a Disney o recontratou pra fazer Guardiões 3, mas antes ele ainda ia fazer este Esquadrão Suicida antes.

E agora a gente tem um James Gunn livre das restrições da Disney. O Esquadrão Suicida parece uma mistura dos anti-heróis de Guardiões da Galáxia com a violência e o humor politicamente correto do Deadpool. Um filme violento, engraçado, e, principalmente, divertidíssimo!

Antes de entrar no filme, vamos à pergunta: é uma continuação ou um reboot? Na verdade, tem cara de reboot, mas é uma continuação. Alguns personagens do outro filme voltam. Mas não precisa (re)ver aquele, a história aqui é independente.

Uma das poucas coisas boas do primeiro filme foi a introdução dos personagens. Aqui não tem isso, sabemos pouco sobre cada um. Mas sabe que não fez falta? O filme até faz piada com isso.

Falei que o filme era violento, né? MUITO violento. Sem entrar em spoilers, mas muita gente morre no filme. Aliás, essa é uma grande diferença para os filmes de super heróis que a gente está acostumado. Aqui morre um monte de gente, tanto personagens quanto extras. Mas não são mortes dramáticas – apesar de algumas serem bem gráficas – tem tiro na cara, tem cabeça explodindo… O filme tem muito sangue, mas a pegada é humor negro – várias mortes geram gargalhadas.

Um bom exemplo disso é uma sequência muito boa onde rola quase uma competição entre o Idris Elba e o John Cena pra ver quem é mais eficiente matando. E quase todas as mortes são engraçadíssimas. E o encerramento da sequência é inesperado e genial!

Uma coisa que gostei muito aqui é justamente essa imprevisibilidade. O roteiro sai do óbvio várias vezes (característica que também acontecia em Guardiões da Galáxia). Você está vendo a cena, achando que ela vai ter uma conclusão, e o roteiro te dá uma rasteira e mostra outro caminho. Gosto disso, gosto de ser surpreendido por soluções fora do óbvio.

As cenas de ação são muito boas. São várias, com vários personagens, e a câmera sempre consegue mostrar bem a ação. E os efeitos especiais também são ótimos. Falei mal da onça de Jungle Cruise, né? O Tubarão Nanaue aqui é muito mais bem feito. Ok, parece uma ideia reciclada, um novo Groot – inclusive porque ambos são dublados por atores famosos (o Groot é o Vin Diesel; o Nanaue é o Sylvester Stallone). Mas, assim como o Groot é um personagem adorável, digo o mesmo sobre o Nanaue.

Ah, ainda nos efeitos. O filme é entrecortado por intertítulos, como se fossem títulos para cada capítulo. E esses intertítulos são escritos com elementos que estão na cena. Boa ideia. Simples e eficiente.

Claro que ainda preciso falar da trilha sonora. Assim como nos dois Guardiões, a trilha aqui é muito bem escolhida. E, olha só, tem música brasileira no meio!

O elenco é ótimo. Mas, como falei, morrem personagens, então não vou entrar em detalhes sobre cada um, pra não dar indícios de quais são os mais importantes. Pelo star power do elenco, arrisco a dizer que os principais seriam Margot Robbie e Idris Elba, mas o filme divide bem o protagonismo entre todo o time. Tem a Alice Braga, num papel pequeno mas importante, mais um filme fantástico na carreira dela (comentei sobre isso no texto sobre Novos Mutantes). Também no elenco, Michael Rooker, Viola Davis, Joel Kinnaman, Nathan Fillion, Jai Courtney, Sean Gunn, John Cena, Daniela Melchior, David Dastmalchian, Sylvester Stallone, Peter Capaldi e uma ponta do Taika Waititi (pisque o olho e você perderá!).

Se for pra falar mal de alguma coisa, falo do vilão Thinker, interpretado pelo Peter Capaldi. Personagem sub aproveitado. Não estraga o filme, claro. Mas é um personagem besta.

Heu poderia continuar falando aqui, mas chega. O filme estreia hoje, quero rever assim que possível. E recomendo pra qualquer um que goste de se divertir nos cinemas.

Ah, tem cena pós créditos! Fiquem até o fim do filme!

Por fim, só pra confirmar a frase do início. Não dá pra comparar este filme com filmes de fora do DCEU, como Coringa ou a trilogia do Nolan, porque são propostas completamente diferentes. Agora, dentro do DCEU, já tivemos Homem de Aço, Batman vs Superman, Esquadrão Suicida, Mulher Maravilha, Liga da Justiça, Aquaman, Shazam, Aves de Rapina, Mulher Maravilha 84 e o novo Liga da Justiça versão do diretor. Alguns bons, outros maomeno, outros ruins. É, olhando a lista, O Esquadrão Suicida é realmente o melhor até agora.

#pas

Jungle Cruise

Crítica – Jungle Cruise

Sinopse (imdb): Baseado no passeio do parque temático da Disneylândia, onde um pequeno barco leva um grupo de viajantes por uma selva repleta de animais e répteis perigosos, mas com um elemento sobrenatural.

Não é a primeira vez que fazem um filme baseado em brinquedos do parque da Disney. O mais famoso e mais bem sucedido é Piratas do Caribe, que já tem cinco filmes, sendo que dois deles passaram a marca de um bilhão de dólares na bilheteria. Os últimos filmes não foram muito bem aceitos, mas é um sucesso incontestável. Agora, heu lembrava de pelo menos mais dois, ambos mal sucedidos nas bilheterias: Mansão Mal Assombrada, de 2003, com o Eddie Murphy; e Tomorrowland, de 2015, com o George Clooney. Mas aí lembrei de quando fui à Disney em 2018, que depois do brinquedo Torre do Terror, vi dvds à venda de um filme feito em 1997 baseado naquela atração, com Steve Guttenberg e Kirsten Dunst – lembro que pensei “vou procurar o filme pra assistir quando voltar pro Brasil”, mas nada ainda. Aí resolvi pesquisar pra saber se tinham outros filmes, e descobri que Missão Marte, feito pelo Brian de Palma em 2000, com Gary Sinise, Tim Robbins, Don Cheadle e Connie Nielsen, tem um roteiro inspirado na atração da Disney! E ainda descobri mais um, que nunca tinha ouvido falar: Beary e os Ursos Caipiras, de 2002, baseado no brinquedo Country Bear Jamboree.

Resumindo: a gente vê que apesar do sucesso dos parques, transformar isso em bilheteria não é fácil. Deve ter sido por isso que convidaram Dwayne Johnson para protagonizar. Arrisco a dizer que Dwayne é o nome com mais star power na Hollywood contemporânea. O cara tem um carisma gigantesco e é um dos poucos casos do cinema atual onde o nome do ator é mais importante que o nome do filme.

Ainda pegando o gancho do parque da Disney: a atração Jungle Cruise é meio bobinha, é um passeio de barco onde vemos animais animatronics, enquanto um capitão do barco narra o passeio, sempre contando piadas infames. Sim, em inglês, muitos brasileiros não entendem as piadas, e arrisco a dizer que – olha só que irônico – metade da graça do brinquedo são as piadas sem graça do capitão. E tem uma sequência do filme onde o personagem de Dwayne Johnson fala algumas das piadas que estão no roteiro do parque.

Ah, no parque o passeio é na África, aqui estamos na Amazônia, o passeio começa em Porto Velho, Rondônia. Mas foi filmado no Havaí.

Curiosamente, aqui em Jungle Cruise, Dwayne Johnson divide o protagonismo. Emily Blunt tem um papel tão importante quanto o dele. E a dupla está muito bem, aquele clássico clichê de parceiros que se cutucam o tempo todo – e como são dois atores talentosos e carismáticos, a química fluiu bem.

A direção ficou com Jaume Collet-Serra. Gosto dele, ele fez A Órfã, Águas Rasas, alguns filmes com o Liam Neeson badass – mas não entendi a escolha dele pra este filme. Collet-Serra faz um trabalho competente, mas que em nada lembra seus trabalhos anteriores. Me lembrei do Guy Ritchie dirigindo Aladdin. Me parece que em ambos os casos os diretores abriram mão dos respectivos estilos habituais pra fazerem um “filme de estúdio”.

Muitas vezes a história lembra os filmes do Indiana Jones – até na época em que se passa, pouco antes da segunda guerra mundial. Emily Blunt tem algumas cenas que a gente quase ouve o clássico tema do John Williams.

Aliás, comentário sobre a trilha sonora. Quando vemos os flashbacks dos espanhóis, tem uma música de violão dedilhado que foi uma agradável surpresa. É uma versão de Nothing Else Matters! Agora tem Metallica em filme da Disney!

Falei dos personagens principais, mas acho que ainda tem outros dois que merecem ser mencionados. Jesse Plemons (que parece um genérico do Matt Damon) faz um bom vilão, um alemão caricato como pedem os clichês da Disney. E Jack Whitehall, que faz o irmão, toca num assunto que não deveria ser nada de mais em 2021, mas ainda é tabu na Disney – o personagem é gay, ele declara que não queria se casar com nenhuma mulher porque gostava de outra coisa. Existem algumas teorias malucas pela internet tentando forçar uma barra de casos homo afetivos em Luca e em Raya, coisa que só existe dentro da cabeça dos autores dessas teorias. Mas aqui não é teoria, é um caso real, faz parte do filme. Por um lado, é muito discreto; mas por outro lado é a Disney assumindo que tabus podem ser quebrados. Vejo isso como um “copo meio cheio”. Estamos progredindo! Ainda no elenco, Edgar Ramirez e um Paul Giamatti exagerado e desperdiçado.

Achei que os efeitos especiais dos espanhóis lembram os efeitos de Piratas do Caribe, mas com temas de floresta em vez de mar. Será que é uma homenagem? Ou foi coincidência? Ainda sobre os efeitos, gostei da onça, mas em algumas cenas fica nítido o cgi.

Por fim, queria deixar registrada uma experiência pessoal. Sempre fui muito ao cinema, e sempre levei meus filhos. Nos últimos meses fui algumas vezes, mas sempre sozinho. Jungle Cruise foi a volta ao cinema com a família inteira. Todos de máscara, cinema quase vazio, mas, finalmente, cinema voltou a ser um programa familiar.

Jolt: Fúria Fatal

Crítica – Jolt: Fúria Fatal

Sinopse (imdb): Uma segurança com um problema de controle da raiva ligeiramente assassino que ela controla com a ajuda de um colete forrado com eletrodos que ela usa para se chocar de volta à normalidade sempre que fica homicida. Depois que o primeiro cara por quem ela se apaixonou é assassinado, ela parte em uma onda de vingança para encontrar o assassino enquanto os policiais a perseguem como seu principal suspeito.

Antes de entrar em Jolt, um breve comentário para exaltar esse bom momento de filmes de ação estrelados por mulheres. Nas últimas semanas falei de Gunpowder Milkshake e Viúva Negra, e só nos últimos dois anos tivemos Mulher Maravilha 84, Capitã Marvel, The Old Guard (com a Charlize Theron), Anna (do Luc Besson), O Ritmo da Vingança (com a Blake Lively), Ava (com a Jessica Chastain)… Ok, nem todos são bons filmes (não é todo dia que aparece um novo Atômica), mas, ué, nem todos os filmes de ação estrelados por homens são bons, e mesmo assim a gente vê…

Em Jolt: Fúria Fatal (Jolt, no original), é o momento da gente ver a Kate Beckinsale “chutando bundas”. Não que vê-la num filme de ação seja exatamente uma novidade, afinal ela é o principal nome da franquia Anjos da Noite. Aqui ela tem uma personagem ótima, ela tem uma doença que a transforma numa pessoa com uma raiva incontrolável. É muito bom ver na tela uma pessoa assim! Uma boa sacada do filme foi mostrar em um flash o que seria a reação dela, pra depois voltarmos alguns segundos e vê-la tentando se controlar. Esses momentos são divertidíssimos!

Agora, se a personagem é ótima, não posso dizer o mesmo sobre o roteiro. Algumas coisas não fazem muito sentido, como por exemplo a motivação para ela entrar nessa onda de vingança – que justamente é o ponto principal do filme. A gente sabe que ela é uma pessoa desajustada, mas nada me convenceu que ela teria motivos pra se engajar numa jornada como aquela, por um cara que ela mal conhecia.

As cenas de ação são boas. Nada de excepcional, mas são boas. Tem uma dela lutando contra três opositores muito mais fortes que é bem divertida. E tem uma sequência no hospital onde rola um breve plano sequência com uma correria pelos corredores, e logo depois uma cena que provavelmente vai gerar polêmica, envolvendo bebês recém nascidos.

No elenco, o nome a ser citado é a Kate Beckinsale. Ela está ótima, irônica, bonita e brigando bem. Talvez fosse melhor a personagem ser um pouco mais nova, ajudaria a convencer nas motivações – mas, se fosse mais nova, não ia ser ela, então deixa pra lá. Também no elenco, Jai Courtney, Stanley Tucci, Bobby Cannavale, Laverne Cox e Susan Sarandon

O fim do filme tem um plot twist que é um dos piores plot twists que já vi no cinema. Não dou notas aos meus filmes, mas, se desse, só esse plot twist faria a nota descer uns dois pontos. Sério, é um plot twist péssimo.

No finzinho rola uma cena puxando uma continuação. Sabe quando deixam um gancho com algo em aberto? Aqui trouxeram uma atriz ganhadora do Oscar pra uma única cena, só pra fazer esse gancho. Pelo calibre da atriz convidada, heu arriscaria dizer que esta continuação está quase certa.

Gunpowder Milkshake

Crítica – Gunpowder Milkshake

Uma mistura de John Wick com Kill Bill e uma pitada de O Profissional? Ok, vamos ver qualé.

Sinopse (imdb): Em sua vida turbulenta como assassina profissional, Scarlet foi cruelmente forçada a abandonar sua filha Sam e fugir. Anos depois, apesar do afastamento, Sam também se tornou uma assassina de aluguel de sangue frio. Depois que uma missão de alto risco fica fora de controle, colocando uma menina inocente de 8 anos no meio da guerra de gangues que ela desencadeou, Sam não tem escolha a não ser se rebelar. Isso, no final das contas, a leva de volta para sua mãe e suas ex-ajudantes, que unem forças em uma guerra de vingança contra aqueles que roubaram tudo delas.

Tenho sentimentos conflitantes quando falo de um filme como Gunpowder Milkshake. Por um lado, gosto de um filme assim, onde criam todo um universo fascinante, com boas coreografias de luta. Mas, por outro lado, a gente já viu tudo isso…

Vamos por partes. Primeiro a parte boa. Dirigido pelo quase desconhecido Navot Papushado (quase desconhecido, mas dez anos atrás falei de Raiva, um filme dele, aqui no heuvi!), Gunpowder Milkshake tem uma boa fotografia, boa trilha sonora, bons personagens, e as cenas de luta são quase todas boas (quase, mais pro fim volto a esse ponto). Esteticamente falando o filme é excelente. E ainda tem cenas bem humoradas, característica que heu aprecio. Preciso ser coerente comigo mesmo: gosto quando um filme tem mais forma que conteúdo.

Agora, é muito plágio de John Wick. O recente Anônimo, que é do mesmo roteirista de John Wick, traz semelhanças, mas não parece plágio. Por exemplo: é legal ter um ambiente que é uma espécie de “oásis” onde você precisa deixar suas armas antes de entrar, como o restaurante. Mas, caramba, tinha um ambiente igual em John Wick, o hotel!

Seria melhor se fosse um spin off de John Wick, agora com uma assassina mulher. Se fosse um spin off, talvez a vibe Kill Bill não ficasse tão explícita.

O elenco é bom. Karen Gillan faz cara feia o filme inteiro, mas funciona bem no papel, inclusive nas cenas de ação – não sei se ela usou dublê. Lena Headey e Paul Giamatti aparecem pouco, me parece que o roteiro poderia ter usado melhor os personagens. O trio formado por Carla Gugino, Michelle Yeoh e Angela Bassett serve para o propósito: uma espécie de versão das três fadas madrinhas de Bela Adormecida – inclusive usam roupas das mesmas cores, vermelho, verde e azul.

Gostei do filme, gostei das cenas de ação. Mas duas cenas me incomodaram um pouco. Vou tentar falar sem spoilers.

– Uma delas é um clichê que acontece muito em filmes de ação: vários oponentes, mas só atacam dois ou no máximo três de cada vez. Ok, a gente vê isso em muitos filmes, mas tem uma cena aqui que isso chegou a incomodar. Tem um ônibus com oponentes vindo. Por que só entra um de cada vez?

– A outra é quando um filme mostra uma regra e depois ignora a mesma regra que acabou de mostrar. No hotel em John Wick, na única ocasião onde alguém usa uma arma contra outra pessoa, isso é algo muito grave. Aqui, primeiro não pode armas, mas depois, ok, agora pode. Aí não, né?

O fim do filme deixa espaço pra uma continuação (e no imdb tem um click bait que fala de um possível Gunpowder Milkshake 2 com Jennifer Lawrence e Meryl Streep). Mesmo com essas falhas, curto o estilo, então se tiver um segundo, verei. Tomara que algum roteirista crie algo original.

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Crítica – Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime

Sinopse (imdb): A dupla formada pelo guarda-costas Michael Bryce e o assassino Darius Kincaid está de volta em outra missão com risco de vida. Ainda sem licença e sob escrutínio, Bryce é forçado a entrar em ação pela esposa ainda mais volátil de Darius, a infame vigarista internacional Sonia Kincaid. Enquanto Bryce é levado ao limite por seus dois protegidos mais perigosos, o trio se mete em uma trama global e logo descobre que eles são os únicos que podem salvar a Europa de um louco vingativo e poderoso.

Em 2017, tivemos Dupla Explosiva um divertido filme de ação / comédia, com Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson, uma bobagem exagerada e divertida. Como se faz uma continuação de um filme desses? É fácil, é só exagerar ainda mais.

A trama não faz sentido e é cheia de absurdos. Mas quem não se ligar em detalhes como “lógica”, vai se divertir. O grande trunfo aqui é o elenco. Não é qualquer filme que tem Ryan Reynolds, Samuel L. Jackson, Salma Hayek, Antonio Banderas e Morgan Freeman. Eles estão atuando bem? Não importa, o importante aqui é que parece que eles estão se divertindo muito, e isso passa para a tela. Aliás é curioso analisar a carreira do Ryan Reynolds e ver que ele fazia comédias românticas. Hoje é impossível vê-lo fora do clima Deadpool.

O cgi aqui às vezes é meio capenga, mas pelo menos as sequências de ação são boas, e bem violentas. É, claro, algumas piadas são hilariantes.

Ok, admito que o roteiro poderia ser melhor. Um exemplo claro: o personagem do Frank Grillo aparece e some quando sem explicações. Focaram demais nas piadinhas e aparentemente esqueceram de revisar o roteiro…

Por fim preciso falar mal do título em português. O primeiro filme era The Hitman’s Bodyguard, ou seja, “O Guarda Costas do Assassino de Aluguel” – mas resolveram chamar de “Dupla Explosiva”. Agora, com Hitman’s Wife’s Bodyguard, tiveram que chamar de Dupla Explosiva 2, o que não faz sentido…

Dupla Explosiva 2: E a Primeira-Dama do Crime é bom? Não. Mas me diverti vendo. Se fizerem um terceiro filme, verei!

The Ice Road

Crítica – The Ice Road

Sinopse (imdb): Após um desmoronamento em uma remota mina de diamantes nas regiões do extremo norte do Canadá, um motorista de caminhões lidera uma missão de resgate impossível através de estradas de gelo sobre um oceano congelado para salvar a vida de mineiros presos, apesar do degelo das águas e de uma ameaça que eles nunca imaginaram chegando.

Hoje meio que existe um subgênero “filme do Liam Neeson”, onde ele quase sempre faz uma versão do coroa badass que ele fez na série Busca Implacável. Aqui em The Ice Road ele não está tão badass, ele funciona melhor quando é apenas um caminhoneiro.

A premissa inicial do filme escrito e dirigido por Jonathan Hensleigh é boa. Mineiros estão presos numa mina e vão ficar sem ar. Precisam de uma peça muito grande e muito pesada, que não tem como transportar de helicóptero, precisa ser transportada por caminhão. E o caminho mais rápido é por cima do lago / oceano congelado, a tal estrada de gelo do título do filme – e estamos numa época que a temperatura começa a aumentar, e o gelo pode ser fino e não aguentar o peso dos caminhões.

Na minha humilde opinião, só essa trama seria o suficiente pra segurar o filme. Temos algumas cenas bem tensas com os caminhoneiros lutando contra adversidades da natureza. Mas… Resolveram criar um vilão humano. É um personagem bem ruim, e todas as cenas com o vilão são mais fracas.

Tem uma parte do filme que isso fica bem claro. São duas sequências intercaladas. Em uma delas acompanhamos um caminhão passando por uma ponte que está quase arrebentando, e o caminhão está derrapando, cena tensa e muito boa. Na outra, Liam Neeson sai na porrada com um cara. Pra que??? Será que o Liam Neeson tem alguma cláusula no contrato que obrigue o filme a ter cena de briga? Bora focar no caminhão na ponte!

Acaba que o filme dedica tempo demais no vilão desnecessário, e o fim do filme é frustrante. O motivo principal que move o filme é que os caminhoneiros precisam levar uma determinada peça para salvar os mineiros. E o filme não mostra como essa peça funciona!!! Pra que perder tempo desenvolvendo um plot com vilão em vez de mostrar o salvamento?

Isso fora algumas decisões burras. Um dos personagens morre por uma falha que heu, que nunca dirigi caminhão, não faria. Mas, decisões burras existem em todos os filmes, vou relevar isso.

No elenco, Liam Neeson mostra a competência habitual. O outro grande nome no elenco é Laurence Fishburne, que está apenas burocrático. Também no elenco, Marcus Thomas, Amber Midthunder, Benjamin Walker e Holt McCallany

No fim, The Ice Road nem é ruim, mas poderia ser bem melhor. Mas vai agradar ao fã clube do Liam Neeson.