A Guerra do Amanhã

Crítica – A Guerra do Amanhã

Sinopse (imdb): O mundo fica chocado quando um grupo de viajantes do tempo chega em 2022 para entregar uma mensagem urgente: Trinta anos no futuro, a humanidade está perdendo uma guerra global contra uma espécie alienígena mortal. A única esperança de sobrevivência é que os soldados e civis do presente sejam transportados para o futuro e se juntem à luta.

Primeiro filme live action dirigido por Chris McKay (que dirigiu Lego Batman e editou Uma Aventura Lego), A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War, no original) é muito divertido. Parece uma mistura de Independence Day com Aliens o Resgate. Mas, assim como Independence Day, a gente não pode se ligar muito em detalhes do roteiro, porque aí podemos descobrir várias inconsistências.

Algumas coisas funcionam bem, outras nem tanto. Gostei muito dos alienígenas, tanto do visual, quanto do cgi. O conceito é bem legal, são bichos com seis patas e dois rabos que soltam espinhos, e são muitos, e são rápidos. Conseguiram criar um novo monstro, e que é assustador! E, sobre o cgi, muitas cenas são claras, de dia. A gente sabe que muitos filmes usam cenas escuras pra esconder falhas no cgi. Isso não acontece aqui.

Agora, o roteiro… Esse lance de viagem no tempo é complicado. O mais lógico seria voltarem no tempo pra logo antes do surgimento dos monstros, mas eles explicam que não conseguem escolher a data exata. Mas, ora, como é que escolheram a data da final da Copa do Mundo?

(Aliás, cena engraçada pros brasileiros. Logo no início, as pessoas estão vendo pela TV o jogo da final da Copa do Mundo no Qatar, ano que vem. Brasil contra um time de azul que não consegui identificar. Mas vemos o nome do jogador brasileiro: “Peralta”.)

Mas, ok, eles não conseguem ajustar a data. Mas, então, por que mandar pessoas do presente pra morrerem no futuro, numa guerra que não tem como ganhar? Não seria mais lógico voltar e se preparar para o dia e local onde os monstros apareceriam, para evitar que se espalhassem pelo mundo, e assim ninguém morreria nessa nova linha temporal?

(Cada vez que penso mais na viagem no tempo, mais desenvolvo outras soluções melhores que a apresentada. Melhor parar por aqui.)

Ainda no roteiro, um breve spoiler quase inofensivo. Ter um estudante do ensino médio como especialista em vulcões é uma solução que hoje em dia não cola mais. Mais uma vez, me lembrei do Independence Day com os alienígenas sendo derrotados por um vírus de computador. Os anos 80 ligaram, e pediram essa cena de volta!

A Guerra do Amanhã é longo, duas horas e vinte, e tem um bom ritmo nas cenas de ação. Agora, as partes de drama no meio são um pouco cansativas. Tem uma cena na praia onde rola quase uma DR onde fiquei pensando “por que tanta problematização?”

Chris Pratt está bem, apesar de seu personagem não ser muito diferente do Starlord que a gente está acostumado. Uma surpresa positiva foi ver o JK Simmons boladão – um tempo atrás, viralizou uma foto dele malhando, com barba branca, e o diretor, quando o procurou, disse que queria um visual como o daquela foto. Ele aparece pouco, mas está ótimo. Por outro lado, toda vez que aparecia o Sam Richardson, ele atrapalhava. Um dos piores alívios cômicos do cinema recente. Ele realmente travava as cenas com as piadas sem graça e fora de hora. Também no elenco, Yvonne Strahovski, Betty Gilpin, Jasmine Mathews e Keith Powers. Ah, pra quem via 24 Horas, Mary Lynn Rajskub, a Chloe, tem um papel pequeno mas importante.

Por fim, recomendo que você não pense muito nas inconsistências e se divirta. Fiquei até com pena de não ter visto no cinema, algumas cenas com vários aliens pediam uma tela grande!

The Misfits

Crítica – The Misfits

Sinopse (imdb): Depois de ser recrutado por um grupo de ladrões não convencionais, o renomado criminoso Richard Pace se vê envolvido em um elaborado roubo de ouro que promete ter implicações de longo alcance em sua vida e na vida de inúmeras outras pessoas.

Renny Harlin na direção, Kurt Wimmer no roteiro, Pierce Brosnam e Tim Roth no elenco. Ok, tinha chances de dar certo. Mas…

Há anos que Renny Harlin não faz nenhum grande filme, mas ele dirigiu alguns bons filmes nos anos 90, como Duro de Matar 2, Risco Total e A Ilha da Garganta Cortada. E Kurt Wimmer escreveu alguns roteiros como as refilmagens de Caçadores de Emoção e Vingador do Futuro, mas lembro dele por Equilibrium, que acho um bom filme de ação, apesar de um pouco desconhecido do grande público. Ok, reconheço que não são nomes do primeiro escalão. Mas um filme feito pela dupla podia ser bom.

Podia. Mas não foi. The Misfits é um lixo!

The Misfits até começa bem, a sequência inicial lembra um Guy Ritchie, edição rápida com personagens marginais engraçadinhos. Mas pouco depois tudo se perde, o filme resolve focar mais na comédia pastelão e o filme fica tão bobo que dá vontade de desistir.

Sério, heu NUNCA desisto de um filme, principalmente quando é um filme curto que já vi metade. Mas esse aqui deu vontade de parar, no trecho onde eles precisam convencer o diretor da prisão a comprar um determinado equipamento. As atuações são dignas de um humorístico ruim de TV aberta, me senti vendo A Praça É Nossa.

Fui até o fim, mas, olha, foi doloroso. O roteiro força umas barras absurdas, aquele plano não tem a menor lógica, e The Misfits vira um dos piores filmes de heist da história. Não tenho nem o que falar sobre a atuação, a não ser que senti pena do Tim Roth, que já mostrou que é um grande ator. Pierce Brosnam? Quando o vi cantando em Mamma Mia, achei que ele deveria ganhar uma punição por castigar nossos ouvidos daquele jeito. Hoje estou com pena dele, a punição foi severa demais. Pierce, heu te perdoo!

E o fim do filme deixa aberto o caminho pra uma continuação. Tenha medo, tenha muito medo!

Velozes e Furiosos 9

Crítica – Velozes e Furiosos 9

Velozes e Furiosos novo! Ninguém pediu, mas ninguém se importa!

Sinopse (filmeB): Dom Toretto está levando uma vida tranquila fora das pistas com Letty e seu filho, o pequeno Brian, mas sabem que a qualquer momento, isso pode mudar. Desta vez, uma ameaça forçará Dom a confrontar os pecados de seu passado e salvar aqueles que ele mais ama. Sua equipe se une contra uma trama mundial liderada por um assassino e motorista de alto desempenho: um homem que também é o irmão abandonado de Dom, Jakob.

Antes de tudo, preciso explicar a frase da introdução. na época do spin off Hobbes & Shaw a gente gravou um Podcrastinadores sobre a franquia, e durante a gravação a gente repetia diversas vezes “ninguém se importa”, porque a saga tem vários momentos onde tudo é feito de qualquer maneira, porque afinal, “ninguém se importa”. Foi uma gravação muito divertida, recomendo pra quem não ouviu!

Dito isso, preciso dizer que gosto da franquia – a partir do quarto filme. O primeiro Velozes e Furiosos é bom, mas é quase um plágio de Caçadores de Emoção. O segundo é fraco; o terceiro, pior ainda. Aí, no Velozes e Furiosos 4, abraçaram a galhofa, e os filmes passaram a ser absurdos e divertidos. São filmes de ação bem feitos, que nunca se levam a sério, e, principalmente, divertidos. E sempre lembro do lema da rede Luis Severiano Ribeiro: “cinema é a maior diversão”. Se sentei na poltrona do cinema e me diverti, tá valendo.

(Pra mim, Velozes e Furiosos é semelhante a 007 – bons filmes de ação, cheios de mentira e todos parecidos entre si. Mas isso é um assunto polêmico pra outro momento).

A direção está nas mãos de Justin Lin, que dirigiu o 3, o 4 e o 6, e que aqui entrega um filme tão absurdo e tão divertido quanto os últimos. Logo na parte inicial a gente tem uma sequência que mostra bem o tom do filme: uma perseguição que envolve carros, motos, helicópteros, artilharia pesada, e quando um carro vai passar por uma daquelas pontes suspensas, a ponte arrebenta e ele segue acelerando. Não faz sentido, mas… Ninguém se importa!

O novo vilão é o “irmão perdido” do Dominic Toretto. Por um lado isso é meio incoerente, porque um dos temas sempre repetidos na franquia é a importância da família – por que Dom não seguiria o próprio conselho? Bem, a justificativa dada pelo filme me convenceu. Mas, na verdade, o real motivo pra ter um irmão é porque Paul Walker faleceu, mas seu personagem não. Qual seria uma justificativa convincente pra trazer a Jordana Brewster de volta? Ora, o irmão sumido também é irmão dela. Assim ela tem motivo pra querer participar da aventura.

Agora, posso dizer que isso me convenceu, mas não dá pra dizer que o roteiro é bom. Nada faz muito sentido, eles precisam achar um artefato que está com um vilão malvadão, e tem um exército particular e também tem a Charlize Theron presa, e… É, nada faz muito sentido. Sorte que ninguém se importa!

Pelo menos as sequências de ação são bem feitas. A parte final, com os eletroímãs, é exagerada e também não faz muito sentido, mas é empolgante e muito bem filmada.

Preciso falar mal de duas coisas. A primeira é a duração do filme, são quase duas horas e meia, e tem umas partes cansativas no meio. Ok, entendo que a família é uma coisa importante, mas não precisa repetir tantas vezes, perdemos muito tempo nos dramas ligados ao tema.

A outra não sei se é spoiler, acho que não, porque está até no poster. Achei a volta do Han desnecessária. Nada contra o personagem, mas, na minha humilde opinião, se um personagem morreu, deixa ele morto. Sou contra essa ideia de ressuscitar personagens, porque acho que desvaloriza o fator morte. Han morreu no 3, mas ainda apareceu no 4 e no 5, que se passam antes do 3. E vamos combinar que a volta dele não era nada essencial para a trama, se ele não aparecesse, não só o filme não perdia nada como ainda seria um pouco mais curto.

Ah, sim, tem cena de carro no espaço. Absurdo, mas coerente com a saga. Quem reclamar disso tem que reclamar de todos os outros absurdos dos outros filmes.

Observações sobre o elenco. Vin Diesel, Michelle Rodriguez e Jordana Brewster fazem o de sempre. Dwayne Johnson e Jason Statham não aparecem no filme, mas John Cena serve como o grandão da vez (não, ele não atua bem, apenas disse que ele serve pro papel). Charlize Theron está maravilhosa como sempre, apesar de pouco aproveitada aqui. Kurt Russell aparece pouco, Gal Gadot aparece menos ainda (aparentemente a cena dela é tirada de outro filme). O destaque é pra Hellen Mirren, maravilhosa, que aparece em uma única cena, e transforma essa em uma das melhores cenas do filme. Também no elenco, Tyrese Gibson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Sung Kang e Thue Ersted Rasmussen

(Pra quem não sabe, Jordana Brewster é filha de uma brasileira, apesar de nunca ter feito nenhum filme aqui. Achei legal vê-la falando português em uma cena no fim do filme.)

Ah, tem uma cena durante os créditos, com gancho pro décimo filme. Claro que vai ter, né. Se vai ser bom? Ninguém se importa!

Infinite

Crítica – Infinite

Sinopse (imdb): Uma ficção científica que examina o conceito de reencarnação por meio de visuais notáveis e personagens bem estabelecidos que precisam usar suas memórias e habilidades aprendidas no passado para garantir que o futuro seja protegido de “infinitos” que buscam acabar com toda a vida no planeta.

(Esse “infinito” da sinopse é como chamam essas pessoas, que são capazes de reencarnar trazendo todas as habilidade das vidas anteriores.)

Infinite traz uma boa ideia inicial, mas falha miseravelmente no seu desenvolvimento. Me parece que quiseram criar um novo Matrix, mas o conceito foi tão mal desenvolvido que não só não convence ninguém, como cansa o espectador no meio do caminho. O filme até lembrou Tenet, que precisa ficar se explicando o tempo todo.

Não sei se isso vai acontecer com outros espectadores, mas esse conceito não me convenceu, de quando uma pessoa morre ela reencarna, mas só depois de um tempo é que descobre os seus “poderes”. Num mundo com 7 bilhões de pessoas, fica difícil de saber onde o cara vai reencarnar e continuar a vida ao lado dos companheiros também infinitos.

E ter o Mark Wahlberg no papel principal atrapalha. Vejam bem, gosto dele, ele é um bom astro de ação, ele tem carisma o suficiente pra segurar um filme desse porte, mas… Ele acabou de fazer 50 anos, este mês, tinha 48 na época das filmagens. Você não pode ter uma história que se baseia em uma pessoa trazer conhecimentos de vidas anteriores, e colocar um “velho” pro papel principal. Faria muito mais sentido se fosse um cara novo.

(Um pequeno parênteses pra explicar: heu tenho 50 anos, nasci no mesmo ano que o Mark Wahlberg. Não me considero velho, ainda acho que tenho muita coisa pra viver. Mas, hoje, se heu descobrisse que tenho várias habilidades de vidas passadas, não sei se mudaria muita coisa na minha vida atual. Agora, se heu descobrisse com 20 anos de idade, aí sim, seria uma nova vida completamente diferente.)

A direção ficou com Antoine Fuqua, que tem alguns bons filmes no currículo, como Dia de Treinamento, O Protetor e a refilmagem de Sete Homens e um Destino. Pelo menos Fuqua manda bem nas cenas de ação. A história é mal desenvolvida, mas pelo menos as cenas de ação são bem filmadas.

No elenco o outro grande nome é Chiwetel Ejiofor (Filhos da Esperança, 12 Anos de Escravidão, Doutor Estranho), que está péssimo aqui. Ele, como líder do grupo inimigo, não convence ninguém dos seus propósitos. Também no elenco, Sophie Cookson, Dylan O’Brien, Jason Mantzoukas, Rupert Friend e Toby Jones.

Claro que o filme termina com um gancho pra continuação, com a vantagem de poder trocar todo o elenco (estamos falando de reencarnação, nenhum ator precisa voltar). Mas, se o primeiro filme foi tão fraco, nem sei se quero ver o que vem depois.

Infiltrado

Crítica – Infiltrado

Filme novo do Guy Ritchie!

Sinopse (imdb): O enredo segue H, um personagem frio e misterioso que trabalha em uma empresa de caminhões de dinheiro responsável por movimentar centenas de milhões de dólares em Los Angeles todas as semanas

Gosto muito do Guy Ritchie. Lembro quando ele apareceu, com Jogos Trapaças e Dois Canos Fumegantes, no fim dos anos 90. Por causa do sucesso de Pulp Fiction (marco na cultura pop, palma de ouro em Cannes, Oscar de roteiro e sucesso de bilheteria), surgiram diversos filmes tentando copiar o “estilo Tarantino”: violência, personagens marginais, diálogos cool, trilha sonora moderninha, edição não convencional e às vezes fora da ordem – filmes como Get Shorty – O Nome do Jogo, Smoking Aces – A Última Cartada, Lucky Number Slevin e Coisas Para Fazer em Denver quando se está Morto. Jogos Trapaças pegou carona nessa moda, mas, com o tempo, Guy Ritchie mostrou que tinha mais conteúdo que a maioria da galera que surfou a mesma onda.

(Momento pra contar uma história pessoal. No fim de 1998, heu viajei pra Europa. Estava em Londres com a minha esposa, e a gente resolveu ir ao cinema pra ver um filme novo, de um cara estreante, que estavam comparando com o Tarantino. Claro, na Inglaterra, seria sem legendas, mas não ia ser a minha primeira vez vendo um filme sem legendas (na mesma viagem vi um filme em Amsterdã, com o som em inglês e legendas em holandês – não tem como não ler as legendas, e isso sempre me confundia!). Fomos ao cinema, mas os sotaques dos personagens são muito difíceis! A gente não estava entendendo nada! Mais pro fim, consegui entender mais ou menos a história, mas precisei rever no Brasil com legendas quando voltei…)

Com o tempo, Guy Ritchie se firmou com um estilo característico (apesar de alguns filmes fora da curva, como Rei Arthur e Aladdin). Mas, aqui, em Infiltrado (Wrath of Man, no original), Ritchie está um pouco diferente do que faz habitualmente. Infiltrado tem menos humor, tem menos personagens e situações engraçadinhas, é um filme de um modo geral mais sério.

Trata-se da refilmagem do francês Le Convoyeur, de 2004. Depois de ver a refilmagem, fui catar o original. É bem parecido, mas a refilmagem me pareceu melhor, mais refinado, mais bem construído.

Infiltrado é um filme sério e tenso, que traz mais de um ângulo pra mesma história, e tem alguns plot twists bem elaborados. E, falei tenso, né? A sequência final, quando tudo se resolve, é muito tensa, e muito bem filmada.

Jason Statham deve ser um velho amigo de Guy Ritchie, afinal Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes foi o primeiro longa metragem de ambos. Pouco depois, ainda fizeram Snatch: Porcos e Diamantes e Revolver, mas depois suas carreiras seguiram caminhos diferentes. Statham volta aqui, e se mostra o cara perfeito pra esse papel – um personagem sério, preciso e de poucas palavras. Também no elenco, Josh Hartnett, Holt McCallany, Scott Eastwood e Jeffrey Donovan, e uma ponta de Andy Garcia.

Nem tudo funciona. Por exemplo, tem uma personagem feminina que achei meio forçada – mas aí vi que no filme francês também tem uma mulher, então a refilmagem deve ter seguido a mesma ideia. Já o personagem do Andy Garcia não está no original francês, e se também não estivesse aqui, não faria falta – um personagem que pouco aparece e que não se explica direito o propósito dele.

Mesmo assim, ainda achei Infiltrado um grande filme de ação, com boas chances de entrar num top 10 aqui no heuvi. Recomendo!

Antes de terminar, só um comentário de uma coisa que achei curiosa. Nestes tempos de pandemia – já tem mais de um ano sem cinema como era antes – muitos grandes lançamentos estão sendo guardados pra depois, pra quando pudermos encher os cinemas novamente. E, olha só, já é o segundo filme do Guy Ritchie lançado durante a quarentena: ano passado tivemos Magnatas do Crime, que nem chegou a ser lançado nos cinemas aqui no Brasil, e agora Infiltrado. Será que conseguiremos ver na telona?

Sem Remorso

Crítica – Sem Remorso

Sinopse (imdb): Um Navy SEAL de elite segue um caminho para vingar o assassinato de sua esposa apenas para se encontrar dentro de uma conspiração maior.

Filmes baseados em Tom Clancy costumam ser bons. Com roteiro do Taylor Sheridan (Sicario, A Qualquer Custo), e com Michael B Jordan (Creed, Pantera Negra) no papel principal, vira um daqueles filmes que prometem ser um filmaço. Bora ver qualé.

Tom Clancy é um autor de best sellers, criou o personagem Jack Ryan, que já rendeu cinco filmes longa metragem e uma série de TV – A Caçada ao Outubro Vermelho (1990), onde é interpretado por Alec Baldwin; Jogos Patrióticos (1992) e Perigo Real e Imediato (1994), por Harrison Ford; A Soma de Todos os Medos (2002), por Ben Affleck; Operação Sombra: Jack Ryan (2014), por Chris Pine; e finalmente a série Jack Ryan (2018), com John Krasinski no papel. Vários filmes, vários atores, mas sempre o mesmo Jack Ryan, e sempre em boas tramas de ação e espionagem.

Dirigido pelo pouco conhecido Stefano Sollima (Sicario 2), Sem Remorso (Without Remorse, no original) não tem o Jack Ryan. O protagonista é John Kelly, e a proposta é que este seja o filme de origem de uma nova franquia, baseada nos livros / games Rainbow 6 (tudo do Tom Clancy). Dei uma pesquisada por alto, existe o livro Rainbow 6, mas me parece que o videogame é bem mais popular. Não li o livro e nem joguei o jogo, mas isso pouco importa pra este filme em particular.

(Jack Ryan não aparece e nem é citado, mas… Jamie Bell faz um personagem chamado Robert Ritter, mesmo nome do personagem de Henry Czerny em Perigo Real e Imediato. Ou seja, a princípio está tudo no mesmo universo.)

Não sei se por culpa do diretor (acredito que não), mas Sem Remorso é um filme genérico. O filme não é ruim, tem algumas boas cenas – gostei da sequência do avião – mas simplesmente não engrena.

Acho que o único destaque positivo está em Michael B Jordan, que realmente convence ao segurar um papel de protagonista de filme de ação. Também no elenco, Jamie Bell (que estava em Quarteto Fantástico junto com o Michael B Jordan), Jodie Turner-Smith e Guy Pearce.

Me lembrei dos meus tempos de videolocadora. Os lançamentos eram divididos em dois grupos: os filmes de ponta e os filmes de apoio. De ponta eram os blockbusters, aqueles que todo mundo queria ver, que tinha fila pra conseguir alugar. Os de apoio eram filmes novos, mas menos badalados, e na maior parte das vezes, de qualidade inferior. Daqueles que, se a gente perder, não perdeu muita coisa (Sempre fui mais de cinema e videolocadora do que de tv aberta, mas sei que tinha uma sessão na Globo onde passavam esses filmes, só não vou lembrar o nome da sessão).

Sem Remorso passa essa sensação. Um filme apenas ok.

Pena, porque tem uma cena pós créditos que traz um gancho pra continuação. Tempos atrás, o que definia uma continuação era a bilheteria. Hoje em dia, só no streaming, como é feita esta decisão se a franquia vai seguir ou não?

Aguardemos…

Amor e Monstros

Crítica – Amor e Monstros

Ouvi falar desse Amor e Monstros no fim do ano passado. Fui na página do imdb, mas nada no filme me despertou curiosidade, então deixei de lado. Mas aí ele entrou na lista dos indicados ao Oscar de melhores efeitos especiais, logo um dos meus temas favoritos. Ok, vambora ver.

Sinopse (imdb): Sete anos depois de ter sobrevivido ao apocalipse monstro, o amorosamente infeliz Joel deixa seu aconchegante bunker subterrâneo em uma missão para se reunir com sua ex.

Segundo filme do pouco conhecido diretor Michael Matthews, Amor e Monstros (Love and Monsters, no original) traz uma história simples, mas bem contada. Já falei por aqui, nem todo filme precisa ser o novo Cidadão Kane. Existe espaço pra filmes que apenas almejam oferecer um entretenimento leve. É o caso aqui.

A trama vivida pelo nosso herói não é novidade pra ninguém, mas é contada de maneira coerente – na hora que acontece o tal apocalipse, ele se separa da namorada porque cada um quer ver seus pais, e depois ele precisa enfrentar seus medos pra conseguir revê-la. Se não é novidade, pelo menos é mostrada de maneira envolvente e com um protagonista carismático, vivido por Dylan O’Brien.

Não gostei muito do ato final, a trama muda de formato, e, desculpa pros mais inexperientes, mas, assim que vi aqueles novos personagens, já saquei qual era a deles. Mas, felizmente, isso não me atrapalhou muito.

Ainda preciso falar dos efeitos especiais, claro. A ideia é que animais sofreram mutações e viraram monstros, e esses monstros são muito bem feitos – tanto que rolou a indicação pro Oscar. Deve ser tudo cgi, o que é uma pena (gosto de efeitos práticos), mas, pelo menos são convincentes.

O clima me lembrou filmes de aventura que heu via quando era adolescente, tipo O Último Guerreiro das Estrelas, O Enigma da Pirâmide ou Krull. Não eram grandes filmes, mas eram filmes divertidos, e que marcaram a minha geração. E, claro, falando em filmes adolescentes dos anos 80, não tem como não lembrar de Conta Comigo – não só pela música, que é tocada no filme, como principalmente pela cena do lago.

Amor e Monstros vai divertir aqueles com o coração leve. Será que vai marcar uma geração, como aqueles que citei acima?

Mortal Kombat

Crítica – Mortal Kombat

25 anos depois, uma nova versão do jogo Mortal Kombat. Será que esse vai ser melhor que o de 1995?

Sinopse (imdb): O lutador de MMA Cole Young procura os maiores campeões da Terra para enfrentar os inimigos de Outworld em uma batalha de alto risco pelo universo.

(Sei não, mas essa sinopse não tá correta. Não é o Cole Young que está procurando a galera…)

Já falei, não sou ligado em videogames. Mas já joguei Mortal Kombat uma ou duas vezes na vida. Mas, não acho que uma adaptação deva ser feita só pra quem conhece o material original (seja de videogame, livro, HQ, do que for). Nisso, este Mortal Kombat funciona. Tem seus fan services, mas pode ser visto por quem nunca jogou.

Nos anos 90, foram lançados dois filmes que sempre me confundo (só vi naquela época, acho que nunca revi). Em 1994 teve o Street Fighter (com o Van Damme e o Raul Julia); e em 1995 teve o Mortal Kombat (dirigido pelo Paul W.S. Anderson e com o Christophe Lambert). Não me lembro qual é qual, as lembranças de ambos se misturam, afinal são filmes iguais.

(Filme baseado em videogame de luta que me lembro, acho que só o DOA, de 2004, um filme que assumo que é um guilty pleasure, que traz várias mulheres bonitas lutando, e o visual das lutas é sempre bonito.)

Logo de cara vemos que este novo Mortal Kombat, dirigido pelo estreante Simon McQuoid, tem uma vantagem sobre todos esses filmes que citei: a violência está liberada na tela. Temos sangue e gore em abundância.

(O nome do James Wan está nos créditos como produtor, mas tenho minhas dúvidas se ele teve algum envolvimento com o projeto)

Agora, o roteiro… Por que os roteiros de filmes assim são sempre tão ruins? Tenho vontade de falar, mas pode ser spoiler. Vou deixar o aviso de spoilers.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Logo no início, o filme já mostra que não liga pra coerência. Pra começar, uma marca de nascença não pode ser um convite pra um torneio, mas até aí tudo bem. Conhecemos o protagonista Cole Young, que tem a marca, e logo conhecemos mais um, o Jaxx, também com a marca. Ele aparece para ajudar o Cole, mas, resolve se sacrificar pelo cara que ele nem sabe direito quem é! Só nessa sequência já são 3 coisas sem muito sentido: 1- O Jaxx resolve enfrentar o Sub Zero sozinho; 2- O Sub Zero “mata” o Jaxx mas não vai verificar se ele realmente morreu; e 3- Cole resolve, do nada, seguir as instruções de um desconhecido que ele nem sabe quem é. E, na sequência, o Kano é o único que sabe onde encontrar o tal mundo escondido (como assim, de onde ele descobriu isso?), e a Sonya Blade resolve ir embora sem procurar o parceiro de trabalhos, que era o Jaxx.

E a gente ainda nem chegou no tal mundo paralelo onde as lutas acontecerão!!!

Heu podia continuar, mas o texto ia ser só isso. Ia ser um post “100 problemas no roteiro de Mortal Kombat“. Então deixa pra lá. Só digo que não melhora.

Mas, antes de acabar o momento spoiler, ainda preciso falar duas coisas:

– tem um momento que tem talvez a frase mais estúpida que vi no cinema este ano. Eles vão lutar contra os vilões. Mas é luta “de turma”, “somos nós contra eles, aí eu enfrento fulano, você enfrenta siclano e você enfrenta beltrano” “Mas, e o Sub Zero, que é o mais forte?” “Ah, o Sub Zero a gente deixa pra depois e vamos todos contra ele”. Broder, é uma luta de galera. Não tem como dizer pro Sub Zero “ei, amigo, você que é forte, fica aí vendo a gente matar seus amigos e você entra depois”.

– trazer um fantasma pra lutar contra o Sub Zero foi a solução deus ex machina mais forçada que vi nos últimos tempos.

FIM DOS SPOILERS!

De bom no roteiro, gostei das piadas do Kano. Gosto de referências de cultura pop.

O elenco tem dois destaques, o resto é de sofrível pra baixo. O Sub Zero é interpretado por Joe Taslim, que estava no primeiro The Raid, depois foi pra Hollywood e participou das franquias Velozes e Furiosos e Star Trek, e depois fez A Noite nos Persegue. O Hanzo Hasashi é interpretado por Hiroyuki Sanada, que fez Sunshine Alerta Solar e um dos filmes do Wolverine. Esses dois são de longe os melhores do filme – inclusive, a cena inicial é com eles. O resto, deixa pra lá.

Ainda preciso falar sobre o visual. Os efeitos especiais são ok, nada enche os olhos, mas também nada atrapalha. Mas achei curioso porque um dos personagens me lembrou de Aventureiros do Bairro Proibido, de 1986. Não sei se já existia o jogo Mortal Kombat em 86, não sei se ambos se inspiraram na mesma coisa, só sei que ficou bem parecido.

Aparentemente os planos são pra ter uma (ou mais) continuação(ões), o filme fecha com um gancho pro próximo.

Ainda podia falar mais, mas o texto ia ficar longo, e heu ia acabar me repetindo. Quem curte o estilo deve curtir o filme. E, se o roteiro é ruim, pelo menos dessa vez ninguém pode reclamar da falta de violência nos jogos.

Na Mira do Perigo

Crítica – Na Mira do Perigo

Falei aqui outro dia sobre Legado Explosivo, novo filme genérico do Liam Neeson. E, olha lá, já tem mais um genérico!

Sinopse (imdb): Um fazendeiro na fronteira do Arizona se torna o improvável defensor de um jovem mexicano que foge desesperadamente dos assassinos do cartel que o perseguiram até os EUA.

Muita coisa que falei naquele texto sobre Legado Explosivo pode ser repetida aqui, porque o Liam Neeson está num loop, se repetindo no mesmo estilo de coroa badass. Mas, não me canso de repetir, é um grande ator, com um currículo invejável. Antes de assumir a carreira de action hero da terceira idade, concorreu ao Oscar por A Lista de Schindler, concorreu 3 vezes ao Globo de Ouro (Schindler, Michael Collins e Kinsey), e ainda fez um monte de filmes de ação blockbuster, como Star Wars, Batman, Esquadrão Classe A e Fúria de Titãs.

Claro que o personagem Jim parece os últimos personagens do Liam Neeson. Agora, se a gente tiver um pouco de boa vontade, podemos ver alguns traços de Clint Eastwood no filme. O diretor Robert Lorenz não tem um currículo grande como diretor, esse é o seu segundo filme (e o primeiro foi estrelado pelo próprio Eastwood), mas no imdb, a gente vê que ele tem uma parceria de longa data com Eastwood. Em pelo menos dez filmes dirigidos pelo Clint Eastwood, o Robert Lorenz trabalhou como produtor ou assistente de direção. Ou seja, com um pouco de boa vontade a gente pode imaginar que esse papel cairia bem num Clint Eastwood de uns vinte anos atrás (Eastwood está com com 91 anos; Liam Neeson é 22 anos mais novo, mais coerente com o papel).

(Aliás, um parênteses rápido. O personagem se chama Jim Hanson. Sério que ninguém lembrou do Jim Henson, criador dos Muppets?)

Aproveitando que falei do elenco, acho que o único outro nome a ser citado é o de Katheryn Winnick, famosa pela série Vikings. O garoto Jacob Perez não é bom, mas também não atrapalha.

Teve uma cena que me incomodou. Mas antes, o aviso de spoiler!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

O cara tá endividado, com problemas de grana, e queima o dinheiro do cartel??? Quem queimaria dinheiro, ainda mais endividado???

FIM DOS SPOILERS

O filme segue dentro do previsível. É genérico, mas não é ruim, pode agradar quem está atrás de novidades, nesses tempos tão difíceis de bons lançamentos.

Anônimo

Crítica – Anônimo

Outro dia me falaram de um filme do diretor de Hardcore Henry e do roteirista de John Wick. Epa, esse é daqueles filmes que a gente precisa ver!

Sinopse (filmeb) Quando ladrões invadem sua casa, Hutch se recusa a defender a si mesmo ou sua família, na esperança de evitar violência grave. Seu filho adolescente, Blake, está desapontado com ele, e sua esposa, Becca, parece se afastar ainda mais. O rescaldo do incidente acerta a raiva latente de Hutch, desencadeando instintos adormecidos e impulsionando-o em um caminho brutal que revelará segredos obscuros e habilidades letais.

(Normalmente uso a sinopse do imdb, mas estava horrível. Por isso catei em outro lugar.)

Antes de entrar no filme, vou explicar a introdução. Ilya Naishuller é um russo que fez um videoclipe insano e violento, que depois desenvolveu a ideia no igualmente insano e violento Hardcore Henry. É um filme de ação tiro porrada e bomba, todo em câmera POV. Adrenalina ao máximo, com o espectador “vivendo” o papel principal. Filme divertidíssimo, daqueles que dá vontade de rever assim que acaba. Claro que quero ver o novo projeto do mesmo diretor.

E John Wick virou uma nova referência quando se fala de filmes de ação. Ok, concordo que o forte na franquia John Wick é o modo como as cenas de ação são filmadas e não o roteiro, mas, vamulá, o roteirista Derek Kolstad tem o seu mérito.

Anônimo (Nobody, no original) não tem sequências em câmera pov, o formato é mais tradicional, mais próximo dos filmes do John Wick. Um cara aparentemente comum resolve mostrar suas habilidades contra vários oponentes.

Antes de tudo, gostei muito de Anônimo, mas, preciso falar que tem duas coisas no roteiro que não me agradaram. Nada contra ser uma história parecida com John Wick, isso não me incomodou. A primeira coisa é o vilão caricato. A cena que ele aparece é ótima, um plano sequência que começa com um carro fazendo uma baianada, depois ele sai do carro, entra num clube, toma uma dose de bebida, cheira alguma droga, sobe no palco onde uma pessoa está cantando e começa a dançar. A cena é muito bem filmada, e já mostra que esse é um cara exagerado. Mas, achei caricato demais. Entendo a opção do filme de usar um personagem assim, mas achei over.

Já o segundo problema é um pouco mais grave. Não sei se isso é spoiler, então vamos aos avisos de spoiler.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

O protagonista Hutch tem um passado badass escondido, vê-lo sozinho enfrentando os outros é muito legal. Mas, na cena final, cena grandiosa, dezenas de inimigos, Hutch não está sozinho. A cena é divertida, mas, achei forçado ver que as outras pessoas têm as mesmas habilidades pra acompanhá-lo.

FIM DOS SPOILERS!

Tirando esses dois detalhes, o roteiro funciona bem. Gostei de como o roteiro mostra o tédio do dia a dia de Hutch, e gostei de ter algumas doses de humor ao longo do filme – não, nunca chega a ser comédia, mas servem pra aliviar o clima – tipo a cena na loja de tatuagem. Também gostei da trilha sonora usar músicas fora do óbvio, tipo aquela num clima Frank Sinatra no início da cena do ônibus, ou o Louis Armstrong quando a casa está pegando fogo.

Também preciso falar do protagonista. Bob Odenkirk é mais conhecido pelas séries Breaking Bad e Better Call Saul. Heu só vi a primeira temporada de Breaking Bad, não curti muito e parei, um dia hei de dar uma nova chance, então, pra mim, não tenho essa referência sobre o ator. Mas, pouco importa, ele está sensacional aqui. Tanto pelo talento em criar um brucutu com camadas, quanto pelo lado físico – segundo o imdb, ele treinou por 2 anos pra protagonizar essas cenas de luta. E, sendo que o cara já tem 59 anos, esse fato é ainda mais impressionante. Arriscaria dizer que, sem ele, Anônimo seria um filme sem graça. Outro nome legal no elenco é o Christopher Lloyd, o eterno Doc Brown de De Volta Para o Futuro, mas ele aparece pouco. O mesmo podemos falar sobre Connie Nielsen e Michael Ironside, que pouco fazem no filme. Tirando o Bob Odenkirk, o único que tem algum destaque é o vilão russo caricato Aleksey Serebryakov.

Por ser do mesmo roteirista de John Wick, rolou um buzz na internet sobre um possível crossover. Acho isso bem difícil de acontecer, mas… seria bem legal, né?

Segundo o filmeB, Anônimo será lançado dia 13 de maio. Será? Tomara!