Jackie Brown

Crítica – Jackie Brown

Sinopse (imdb): Uma mulher de meia-idade encontra-se no meio de um enorme conflito que vai lhe dar lucro ou custar sua vida.

Há tempos queria rever e comentar este terceiro filme do Tarantino, tão mal falado na época do lançamento. Vamulá.

Vamos ver o contexto histórico. Quentin Tarantino surgiu para o cinema em 1992, com Cães de Aluguel. Antes de Pulp Fiction, de 94, ele vendera dois roteiros, Amor À Queima RoupaAssassinos por Natureza. E ainda teve o curta de Grande Hotel, de 95, e Um Drink no Inferno, de 96, onde ele escreveu o roteiro e atuou.

Agora, em 97, era anunciado “o terceiro longa dirigido por Quentin Tarantino”. E foi uma grande decepção na época.

Olhando os filmes anteriores, a gente consegue entender facilmente parte da decepção. Pela primeira vez (e até hoje, acho que única) adaptando um material já existente (o livro Rum Punch, de Elmore Leonard), Jackie Brown (idem, no original) tem muito menos violência gráfica que os outros. São poucas mortes e muito pouco sangue. Boa parte do público devia estar esperando mais um banho de sangue, e Tarantino resolveu fazer do jeito dele.

(Tarantino já fez isso várias vezes em sua carreira: faz o espectador acreditar que está indo para uma direção, enquanto ruma seu filme para outra. Kill Bill 1 termina com violência exagerada e muito sangue, enquanto a grande luta final do 2 é rápida e sem sangue; ou toda a participação de Channing Tatum em Oito Odiados.)

Mas, revendo Jackie Brown, inserido no contexto de quase três décadas de filmes, Jackie Brown está longe de ser ruim. Assim como fez em filmes posteriores, aqui ele homenageia uma parte do “lado B” da história do cinema, o Blaxploitation. Os personagens são interessantes (como sempre), os diálogos são ótimos (como sempre), a trilha sonora é mais uma vez um espetáculo à parte (como sempre). E Taratino mostra pleno domínio de câmera e narrativa cinematográfica – a parte final, com o plano sendo posto em prática, com as linhas temporais embaralhadas, é genial. Agora, concordo que a primeira hora e meia do filme é arrastada (são duas horas e trinta e seis minutos de projeção).

A nota curiosa sobre o elenco é que se dizia à época que a carreira de Robert Foster ganharia um gás (como aconteceu com John Travolta no Pulp Fiction). Bem, ele concorreu ao Oscar de melhor ator por este filme e… sumiu de novo. O mesmo podemos dizer sobre a protagonista Pam Grier, “sobrevivente” de filmes de blaxploitation nos anos 70, que nem ganhou a indicação ao Oscar, mas também sumiu. O resto do elenco tem um monte de bons atores em bons papeis: Samuel L. Jackson, Bridget Fonda, Michael Keaton, Robert De Niro e Chris Tucker.

Se vale rever? Claro. Tarantino é Tarantino, sempre vale rever.

Bumblebee

Crítica – Bumblebee

Sinopse (imdb): No ano de 1987, Bumblebee, em fuga, encontra refúgio em um ferro-velho em uma pequena cidade de praia californiana. Charlie, prestes a completar 18 anos e tentar encontrar o seu lugar no mundo, descobre Bumblebee, quebraado e com cicatrizes de batalha.

Lembro quando passou o último Transformers no cinema. Fui à cabine de imprensa, mesmo sabendo que o filme seria ruim, porque precisava escrever para o Abacaxi Voador e comentar no programa da rádio Roquete Pinto. Quando o Abacaxi Voador acabou e o programa da rádio foi reformulado, pensei “ok, nunca mais preciso mais ver Transformers!”

Mas a gente tem filhos, que pedem pra ver. Ok, fazer o que? Pelo menos entro no coro que este novo filme é bem melhor que os anteriores.

Os cinco filmes anteriores, todos dirigidos por Michael Bay, têm uma característica curiosa. São quase unanimidade negativa na crítica, mas ao mesmo tempo são recordistas de público – os dois últimos passaram de um bilhão de dólares na bilheteria. São argumentos fortes para não mudar a fórmula.

Mas mudaram. E a mudança foi muito boa. A direção agora está com Travis Knight, que dirigiu Kubo e as Cordas Mágicas e também trabalhou nas animações de Coraline e Boxtrolls. Currículo artístico bem mais interessante que o do Michael Bay…

Bumblebee (idem, no original) tem Laika no DNA, mas é um filme bem menos dark e mais pop que os outros citados. Bumblebee é leve, divertido e colorido – tem o clima de uma aventura da sessão da tarde dos anos 80. Inclusive na trilha sonora, cheia de hits oitentistas que vão agradar os pais que vão levar seus pequenos.

No elenco, Hailee Steinfeld segura bem a onda. Mas o verdadeiro protagonista é o Bumblebee – que sempre foi o mais carismático entre os robôs / veículos. A animação é boa, e o detalhe da falta de voz é bem utilizado. Também no elenco, John Cena, Jorge Lendeborg Jr., John Ortiz, Pamela Adlon, Jason Drucker e Stephen Schneider.

Bumblebee não é um grande filme, mas cumpre o que promete. Pelo menos é melhor que os últimos Transformers (o que não é uma tarefa muito difícil, convenhamos). O que vamos ver agora é como vai ser na bilheteria. Será que Travis Knight consegue superar Michael Bay?

Era uma Vez um Deadpool

Crítica – Era Uma Vez um Deadpool

Sinopse (ingresso.com): Deadpool 2 está de volta aos cinemas em sua versão conto de fadas. Para dar o pontapé inicial da temporada de férias, o público de quase todas as idades poderá desfrutar o Mercenário Boca Suja repaginado através do prisma da inocência infantil.

O Deadpool é um herói diferente dos outros. Seus filmes têm muito mais violência e humor politicamente incorreto que qualquer outro filme de super herói (independente de ser Marvel ou DC). Claro que isso impacta na bilheteria. O que fazer então? Uma nova versão do filme, suavizada.

Não sou muito a favor de uma nova versão (porque não deixa de ser uma forma de censura), mas entendo o propósito – principalmente porque sou pai de um moleque que queria ver o filme do Deadpool. Mas, um aviso importante: este Era uma Vez um Deadpool tem menos sangue, mas as piadas continuam adultas.

Vamos a esta nova versão. De diferente, além das suavizadas no humor e na violência temos uma nova e longa cena, com apenas um cenário e dois atores, que serve como introdução e encerramento, além de vários interlúdios ao longo do filme.

Como estamos falando do Deadpool, claro que os diálogos dessa cena nova são repletos de metalinguagem e humor politicamente incorreto. Inclusive, tem uma piada excelente usando a confusão Disney x Marvel x Fox.

Se isso é o suficiente para pagar um novo ingresso, aí não sei. Porque o filme é basicamente o mesmo. Agora, no finzinho, depois da última cena pós créditos, existe uma homenagem ao recém falecido Stan Lee que vai deixar muitos fãs com lágrimas nos olhos. Se você é muito fã do Stan Lee, aí sim Era uma Vez um Deadpool vale a pena.

Fora isso, vale mais (re)ver o original, com toda a violência e incorreção política que o personagem pede.

Aquaman

Crítica – Aquaman

Sinopse (imdb): Arthur Curry descobre que ele é o herdeiro do reino subaquático de Atlântida e deve dar um passo adiante para liderar seu povo e ser um herói para o mundo.

Finalmente, o aguardado Aquaman! Será que a DC acertou?

Não escondo de ninguém que sou fã do James Wan. Minha expectativa com Aquaman (idem, no original) não era pelo personagem (afinal, não leio HQs), mas para ver como Wan se sairia num grande blockbuster de super heróis. E, olha, o resultado ficou legal. Aquaman é tão bom quanto Mulher Maravilha.

Algumas coisas me incomodaram, tipo toda a parte do deserto (vou comentar com mais detalhes no Podcrastinadores que vai sair em breve). A sequência final também é fraca. Felizmente não é nada muito grave.

Aquaman é colorido e divertido, incluindo piadinhas e frases de efeito aqui e acolá (se o formato dá certo na Marvel, por que a DC não pode repetir?). O visual de Atlântida é bem legal, o clima lembra um pouco Flash Gordon, aquele clássico incompreendido dos anos 80.

O filme é um pouco longo (duas horas e vinte e três minutos). Talvez fosse melhor só ter um vilão e guardar o segundo para a continuação, mas a gente sabe que a DC não pensa muito a longo prazo.

James Wan tem um bom currículo no cinema de terror. A cena com os seres das profundezas (que parecem gremlins grandes) mostra bem essa vocação, aquele trecho tem o maior jeitão de filme de terror.

No papel principal, Jason Momoa é um dos grandes responsáveis pelo sucesso do filme. Carismático, ele nos convence que o Aquaman é um herói cool, bem diferente daquele loirinho bobinho que todos conhecem do desenho animado. Também no elenco, Nicole Kidman, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren, Temuera Morrison e Yahya Abdul-Mateen II (sim, o Khal Drogo é filho da namorada do Batman com o Jango Fett, e é treinado pelo Duende Verde, que trabalha pro Coruja, amigo do Ivan Drago).

No fim, o saldo é positivo, apesar de alguns escorregões. Que a DC continue assim. O espectador é quem ganha!

Robin Hood – A Origem

Crítica – Robin Hood – A Origem

Sinopse (imdb): Um cruzado endurecido pela guerra e um comandante mouro montam uma audaciosa revolta contra a corrupta coroa inglesa em uma emocionante aventura de ação repleta de façanhas de campo de batalha, coreografia de luta alucinante e um romance intemporal.

Sabe aquele Rei Arthur do Guy Ritchie, divertido, mas que desagradou muita gente? Este Robin Hood segue o mesmo caminho.

Dirigido Otto Bathurst (que tem longa carreira na tv, incluindo um Black Mirror, o episódio “do porco”), Robin Hood – A Origem (Robin Hood, no original) é mais uma versão da história do ladrão que roubava dos ricos para dar para os pobres. Claro que a gente se pergunta “pra que outra versão?”, mas Hollywood é assim, a última versão blockbuster foi a do Ridley Scott com o Russell Crowe em 2010, então executivos hollywoodianos devem ter pensado “já está na hora de um novo reboot”.

Este novo filme resolve transformar a história do Robin Hood numa briga política de luta de classes, do proletariado contra os ricos da nobreza. Algumas coisas estão diferentes do que todos conhecem (não me lembro do João Pequeno ter só uma mão), mas é avisado no início do filme “esqueça a história que você conhece”.

O visual do filme sofre com uma grande falta de identidade. Às vezes parecem roupas e penteados modernos, com uma pegada estilizada, mas o filme deixa claro que a história se passa na época medieval. Por outro lado, as cenas de ação são bem feitas, vai agradar a garotada.

O elenco está bem. Taron Egerton funciona como o jovem Robin Hood; Jamie Foxx sempre funciona em qualquer papel. Ben Mendelsohn repete mais uma vez o mesmo papel de sempre, o Krennic de Rogue One e o Sorrento de Jogador Nº 1; Tim Minchin parece o Silent Bob! Ainda no elenco, Eve Hewson, Jamie Dornan e F. Murray Abraham.

Ao fim da sessão de imprensa, vi muita gente falando mal. A má notícia pra quem não gostou é que, como diz o próprio título, a ideia é começar uma nova franquia, vamos ver se a bilheteria vai permitir isso.

O Doutrinador

Crítica – O Doutrinador

Sinopse (google): Um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de Doutrinador envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos.

Opa! Filme nacional de gênero no circuitão é algo raro. Baseado em quadrinhos nacionais, com pegada de filme de super herói, mais raro ainda! Mas, será que presta?

Vamos ao que funciona. Tecnicamente, o filme dirigido por Gustavo Bonafé (um dos direotes de Legalize Já, outro filme nacional “fora do óbvio”) é ótimo. Bom saber que o cinema nacional consegue fazer um bom filme de ação, com boas cenas de tiroteio, lutas e perseguições. O ritmo também é bom, dá pra gente torcer pelo anti-herói de moral duvidosa. Não li os quadrinhos, mas vários takes parecem tirados de uma página de HQ. Os efeitos de maquiagem, feitos pelo Rodrigo Aragão (diretor de vários trash excelentes), também são top.

Agora… O roteiro às vezes força um pouco (por exemplo, o cara praticamente ganha super poderes). Mas, o que atrapalha mais são algumas atuações muito caricatas. Ok, é baseado em quadrinhos, mas – ou você faz como o Sam Raimi e assume a galhofa, ou leva o seu filme a sério e não coloca um vilão gargalhando enquanto conta dinheiro.

Mas acho válida a proposta de filme de gênero no Brasil, e somando os prós e contras, diria que temos em cartaz um bom exemplo do que o cinema nacional pode conseguir se pensar um pouco fora da caixinha.

No fim do filme, um anúncio que teremos uma série do Doutrinador em 2019. Que mantenham a qualidade!

A Justiceira

Crítica – A Justiceira

Sinopse (imdb): Cinco anos depois de seu marido e sua filha serem mortos em um ato de violência sem sentido, uma mulher volta do exílio auto-imposto para buscar vingança contra os responsáveis ​​e o sistema que os deixa livres.

O star power da Jennifer Garner subiu um degrau com o sucesso da série Alias, onde ela fazia uma espiã badass (na época, vi alguns episódios, mas admito que a série não me conquistou). Ou seja, nos dias de hoje, onde temos vários filmes com mulheres badass, tudo a ver trazê-la para fazer uma versão feminina do John Wick.

Dirigido por Pierre Morel (B13, Busca Implacável), A Justiceira (Peppermint, no original) traz uma história básica de vingança: mulher que perdeu marido e filha passa anos se preparando para o momento onde, sozinha, vai se vingar de todos os que estiveram no caminho.

O roteiro de Chad St. John (Invasão a Londres) tem alguns momentos bem forçados (como ela estar cercada, sob a mira de vários policiais, e conseguir sumir diante de todos), mas, qual filme deste estilo não tem suas forçações? Por outro lado, temos algumas cenas de ação muito bem feitas. E é isso o que quer o público que vai ao cinema assistir um filme desses, né?

No elenco, o único nome forte é Jennifer Garner, que está bem para o que o papel pede. Ok, ela não é uma Charlize Theron, mas A Justiceira também não é Atômica. Também no elenco, John Gallagher Jr., John Ortiz, Juan Pablo Raba e Annie Ilonzeh.

Enfim, A Justiceira não é um grande filme, mas vai entreter quem estiver no espírito certo.

Venom

Crítica – Venom

Sinopse (imdb): Quando Eddie Brock adquire os poderes de um simbionte, ele terá que liberar seu alter-ego “Venom” para salvar sua vida.

Sabe quando tudo dá errado? Poizé…

Este Venom (idem, no original) já estava sendo criticado por fãs das HQs desde a produção, porque o Venom é intimamente ligado ao Homem Aranha – personagem que não está presente. Mas, quem costuma ler o heuvi, sabe que não dou muita bola para quadrinhos, então isso não era algo que me incomodava.

Quem dera esse fosse o maior problema…

Dirigido por Ruben Fleischer (Zombieland), Venom tem um roteiro muito mal construído. É difícil falar da enorme quantidade de tosqueiras presentes aqui sem entrar em spoilers, mas posso citar algumas coisas. Por exemplo, quando o Venom fala que sabe tudo o que está na cabeça do Eddie Brock, mas na cena seguinte pergunta quem é Annie. Ou várias pessoas mortas em um local público por “lâminas alienígenas”, mas sem nenhuma repercussão da polícia e/ou da mídia. Ou um laboratório super protegido que não tem câmeras de segurança. Ou um vidro super resistente por dentro, mas que quebra facilmente por fora. Ou uma sala de ressonância magnética que tem uma porta com um vidro tão resistente que consegue segurar uma criatura poderosa e super forte. Ou uma longa perseguição de carros com muita destruição por ruas movimentadas de uma grande cidade, onde não aparece um único carro de polícia. Ou…

Mas, acreditem, ainda não acabou. Por incrível que pareça, teve outra coisa no filme que me incomodou ainda mais do que essas falhas de roteiro. Foi a repentina mudança de personalidade do personagem título. Do nada, sem motivação. Naquele momento o filme, que já estava ruim, conseguiu piorar.

Se tem algo que se salva, Tom Hardy tem um bom timing pra comédia, e algumas cenas são divertidas. Muito pouco. Michelle Williams não atrapalha, mas tampouco ajuda. Riz Ahmed, por outro lado, faz um vilão bem fraco.

Segundo filme onde aparece o Venom, os dois são ruins. Uma ideia para os produtores: assistam os filmes do Deadpool. Todos. O ruim e depois os dois bons. Vejam o que deu certo, e repensem o Venom. Porque tem uma cena pós créditos com gancho para uma continuação. E, na boa, ninguém quer uma continuação tão ruim.

p.s.: Tem uma segunda cena pós créditos, no fim de tudo, com uma animação com o Homem Aranha, nada a ver com o filme do Venom. Deve ser um teaser para um próximo filme.

22 Milhas

Crítica – 22 Milhas

Sinopse (imdb): Um oficial da inteligência americana de elite, auxiliado por uma unidade de comando tático ultrassecreta, tenta transportar um misterioso policial com informações sigilosas para fora do país.

Filme novo do Mark Wahlberg dirigido pelo Peter Berg? Fuen. Filme hollywoodiano com o Iko Uwais? Opa, quero ver!

Esta é a quarta parceria entre Berg e Wahlberg. O primeiro, O Grande Herói, é tecnicamente bem feito, mas o maniqueísmo excessivo me incomodou. O segundo, Horizonte Profundo: Desastre no Golfo, é bonzinho, mas é só mais um filme de ação genérico. O terceiro, O Dia do Atentado, nem vi, só o trailer bastou. Este quarto, 22 Milhas (Mile 22 no original) parecia ser mais um genérico. Mas a presença do astro de ação indonésio me chamou a atenção.

Pra quem não conhece Uwais: ele é o ator principal dos dois The Raid, filmes indonésios que constam em qualquer lista seria dos melhores filmes de ação feitos nos últimos dez anos. Quem gosta do estilo, pode ir lá procurar os dois filmes, e depois volta aqui pra me agradecer. 😉

(Também vi Merantau e Headshot, outros dois filmes estrelados por Uwais, mas são inferiores aos dois The Raid)

Mas o problema é que 22 Milhas tem muito falatório e pouca coisa acontece. As narrações em paralelo chegam a ficar cansativas – sem contar que o filme fica bem confuso com tanto bla bla bla. E o roteiro ainda traz algumas coisas desnecessárias – pra que o avião russo, se tudo podia ser feito dentro de um escritório? Pra piorar, Wahlberg construiu um personagem mal humorado e com manias irritantes. Fica difícil nutrir alguma simpatia por um cara assim.

Sobram as cenas de ação. Diferente dos outros filmes da parceria Berg Wahlberg, teoricamente baseados em histórias reais, 22 Milhas é assumidamente ficção sem se preocupar com a realidade. Assim, entre um falatório aqui e outro ali, temos algumas boas sequências de “tiro porrada e bomba”. Claro, não são sequências top, mas funcionam pro que o filme pede.

No elenco, além de Wahlberg e Uwais, o filme conta com Lauren Cohan, Ronda Rousey, John Malkovich e Carlo Alban. E o curioso é que Ronda não briga nenhuma vez!

No fim rola um gancho pra uma possível continuação. Será que precisa?

O Predador (2018)

Crítica – O Predador (2018)

Sinopse (imdb): Quando um menino acidentalmente aciona os caçadores mais letais do universo para retornar à Terra, apenas uma tripulação desorganizada de ex-soldados e uma professora de ciências descontente pode impedir o fim da raça humana.

No meio de tantos reboots e releituras, por que não voltar com a franquia Predador?

Em primeiro lugar aviso logo que não sou contra continuações. Mas não gosto da ideia de chamar o quarto (ou sexto) filme de uma saga do mesmo nome do primeiro filme. Gente, qual é o problema de ter um título novo? Mesmo erro de The Thing – o prequel de 2010 tem o mesmo nome do original de 1982.

Dito isso, vamos ao filme. O Predador (The Predator, no original) é uma boa continuação. Boas cenas de ação, humor na dose certa, efeitos especiais top de linha, referências ao filme original, e toda a violência gráfica que um filme desses pede.

O diretor Shane Black tem uma história curiosa com a franquia. Ele estava no primeiro filme, como ator – ele é o magrelo de óculos, o primeiro a morrer. Recentemente, ele disse numa entrevista que foi contratado apenas como ator, e quando chegou ao set, pediram pra ele rever o roteiro (ele tinha escrito o roteiro de Máquina Mortífera pouco antes). Ele se recusou, porque tinha sido contratado como ator e não como roteirista. Segundo ele, esse seria o motivo de seu personagem ser o primeiro a morrer. E ele disse que teria aprendido uma lição: nunca discutir com os produtores!

Black tem um currículo maior como roteirista, mas também tem alguns filmes como diretor. Seu estilo frequentemente mistura ação com humor (Beijos e Tiros, Dois Caras Legais). E o roteiro aqui foi escrito por Black e por Fred Dekker, que escreveu e dirigiu o divertido Noite dos Arrepios, de 1986. A parceria vem de longa data, a dupla escreveu o roteiro de Deu a Louca nos Monstros, de 87. Claro que O Predador não seria um filme sério. O filme é quase uma paródia do filme original.

O fato de ter um diretor e roteirista ligado à saga faz de O Predador um filme cheio de referências. Além da trilha sonora trazer o mesmo tema, o roteiro tem algumas citações aqui e ali. Get to the choppa!

O elenco é bom. O papel principal é do pouco conhecido Boyd Holbrook, vilão de Logan, mas o filme é bem equilibrado entre vários personagens – os melhores estão em um núcleo de loucos, que conta com Trevante Rhodes, Keegan-Michael Key, Thomas Jane, Alfie Allen e Augusto Aguilera. Sterling K Brown (em cartaz também no Hotel Artemis) também manda bem. Os papéis de Jacob Trembley e Olivia Munn às vezes soam forçados, mas não chegam a atrapalhar o filme. Ainda no elenco, Yvonne Strahovski e Jake Busey.

No fim tem uma desnecessária cena curta com um gancho para uma provável continuação. Achei que podia ser uma cena pós créditos à lá Marvel, daquelas que, se não tiver filme novo, deixa pra lá…

Tem gente por aí que odiou O Predador. Sinceramente não entendo por que. Achei divertido. Que venha o quinto (ou sétimo)!

p.s.: Na verdade é a sexta vez que temos Predadores nas telas, mas, na minha humilde opinião, os dois Alien Vs Predador não fazem parte da saga. Por isso pra mim este é o quarto filme.