O Passageiro

O PassageiroCrítica – O Passageiro

Sinopse (imdb): Um ex policial está preso em uma conspiração criminosa durante sua viagem diária de trem.

Liam Neeson já fez outros três filmes com o diretor Jaume Collet-Serra. Todos foram legais. Será que cabe mais um?

O Passageiro (The Commuter, no original) é um bom thriller, cheio de boas cenas de ação. Mas é basicamente uma repetição do que já vimos antes – principalmente em Sem Escalas, com a diferença que trocaram o avião pelo trem.

Bem, já falei aqui antes, não me incomodo com ideias recicladas se o resultado final for bom. Pra mim, é o caso. Gostei do filme.

O Passageiro pode não ser novidade, mas tem algo básico: tem bom ritmo e prende a atenção com cenas eletrizantes. Collet-Serra ainda consegue inovar criando vários ângulos pouco convencionais (dentro do trem!) ao longo do filme. E ainda tem uma boa luta em plano sequência. Tá bom assim?

Olha, admito que gostei do filme, mas a gente precisa reconhecer que tem algumas coisas forçadas demais. Aquela teoria da conspiração é complexa demais, forçaram a barra um pouco. Alguns momentos do filme você pensa “menos, gente, menos”…

No elenco, mais uma vez Liam Neeson é “o cara” – ele faz muito bem este tipo de personagem. O elenco traz outros nomes famosos, como Vera Farmiga, Patrick Wilson, Sam Neill e Elizabeth McGovern, mas em papéis pequenos. O pessoal que aparece mais ao longo do filme é desconhecido.

No fim, parece que estamos vendo uma versão atualizada de Assassinato no Expresso Oriente – um “whodoneit” dentro de um trem. Uma versão mais ágil e moderna. Apesar de não ter nenhuma novidade.

Pantera Negra

Pantera NegraCrítica – Pantera Negra

Sinopse (imdb): Depois da morte de seu pai, o Rei de Wakanda, T’Challa retorna para a nação africana isolada e tecnicamente avançada para assumir o trono e seu lugar como rei.

Hoje, com dezessete longa metragens* ao longo de dez anos de MCU (Universo Cinematográfico da Marvel), a gente já sabe que a barra é alta. Já sabemos que o filme vai ser bom, a dúvida é se mesmo assim ainda vai surpreender.

Bem, não sei se Pantera Negra (Black Panther, no original) ficaria no meu top 5 pessoal de filmes do MCU, mas posso garantir que se trata de entretenimento de qualidade. Temos uma trama consistente, bons atores, bons personagens, uma belíssima ambientação no fictício país Wakanda… Tem até um vilão com boas motivações, coisa que nem sempre acontece em filmes de super heróis. Ah, importante: Pantera Negra fala de representatividade sem ser panfletário.

O diretor Ryan Coogler (Creed) é negro, assim como quase todo o elenco. Mas em vez de assumir uma postura “I’m black and I’m proud”, o filme apenas mostra bons personagens – guerreiros, cientistas, líderes políticos… Não só negros, como também temos várias mulheres fortes, inteligentes e bonitas. Taí um bom meio de se combater o racismo: mostrar que a minoria pode ser tão boa quanto ou ainda melhor. Aposto como vai ter muita criança branca fã dos personagens.

Pantera Negra é um filme de super herói, então, claro, temos boas cenas de ação. Gostei muito de uma cena em particular, onde vemos uma luta em plano sequência, num cenário que lembra a cena final de Kill Bill 1. Sobre o humor, algumas pessoas criticam o excesso de humor dos filmes da Marvel – Pantera Negra tem uma piadinha aqui, outra ali, mas é um filme bem mais sério que os outros.

O visual de Wakanda é bem legal, mistura tradicionalismo com tecnologia de ponta. Pena que alguns efeitos especiais em cgi ficaram estranhos (principalmente na luta final). A trilha sonora alterna hip hop com sons tribais (lembrei do grupo mineiro Uakti, mas acho que ninguém que ouve Uakti vê filme de super herói). Ficou legal, mas, na minha humilde opinião, podia ter um blaxploitation dos anos 70…

O elenco é nota 10. Todos estão bem: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o, Danai Gurira, Daniel Kaluuya, Letitia Wright, Winston Duke, Sterling K. Brown e Forest Whitaker. Curiosidade: os dois atores brancos, Martin Freeman e Andy Serkis, estavam juntos numa certa trilogia tolkeniana – como o Hobbit e o Gollum.

São duas cenas pós créditos, mas acho que hoje em dia nem precisa mais avisar, né? 😉

Falei lá no início que antes deste foram 17 filmes, né? Pois bem, ainda este ano teremos Guerra Infinita e Homem Formiga e a Vespa. Até o fim de 2018, serão 20 longas. Má notícia para os haters; boa notícia pra quem gosta de cinema pop de qualidade.

* Homem de Ferro e Hulk (2008), Homem de Ferro 2 (2010), Thor e Capitão América (11), Vingadores (12), Homem de Ferro 3 e Thor 2 (13), Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia (14), Vingadores 2 e Homem Formiga (15), Guerra Civil e Doutor Estranho (16), Guardiões da Galáxia 2, Homem Aranha e Thor 3 (17).

Jumanji: Bem-vindo à Selva

JumanjiCrítica – Jumanji: Bem-vindo à Selva

Sinopse (imdb): Quatro adolescentes são sugados para um videogame mágico, e a única maneira para escapar é trabalharem juntos para terminar o jogo.

O primeiro Jumanji, lançado em 1995, foi um grande sucesso no gênero. Ok, seus efeitos especiais perderam a validade há muito tempo, mas na época foram uma novidade. A grande dúvida era se era possível uma renovação.

Há uma atualização básica aqui. Em vez de jogo de tabuleiro, Jumanji agora é um videogame. E isso funcionou muito bem, inclusive os personagens secundários ficaram perfeitos como “non player character” – isso ajuda a explicar o filme, e não importa se são personagens unidimensionais.

Uma informação útil pra quem não viu ou não se lembra do Jumanji anterior: são filmes independentes. Rola um breve prólogo, onde aparece a caixa do jogo antigo, mas logo aparece a versão videogame. E lá pro meio existe uma citação, mas mais como uma homenagem: um personagem fala que uma construção teria sido feita pelo Alan Parrish, personagem do Robin Williams no filme de duas décadas atrás.

Jumanji: Bem-vindo à Selva (Jumanji: Welcome to the Jungle, no original) foi dirigido por Jake Kasdan, filho do roteirista Lawrence Kasdan (O Império Contra-Ataca, Os Caçadores da Arca Perdida), e que até agora não tem um currículo nada impressionante (ele fez muita coisa pra tv, e seus últimos filmes pro cinema foram os irregulares Sex Tape e Professora Sem Classe. Arrisco dizer que ele conseguiu um resultado melhor aqui. Jumanji é bem divertido. Ritmo empolgante, boas cenas de ação, boas sacadas com as características de cada personagem. E os efeitos especiais são excelentes (será que daqui a vinte anos continuaremos dizendo isso?).

O elenco é um dos trunfos. Os adolescentes estão “dentro” dos personagens do jogo. Assim, vemos Dwayne Johnson como um nerd magrelo e Jack Black como uma patricinha mimada – e, acreditem, isso funcionou! Dwayne Johnson é responsável por alguns dos momentos mais divertidos do filme! Karen Gillan também está ótima, tem uma cena onde Jack Black a ensina a seduzir que arrancou gargalhadas da plateia. Kevin Hart está meio caricato, mas funciona pro que o papel pede. Quem destoa é Nick Jonas, que se une ao grupo. Bobby Cannavale também faz um vilão meia boca.

Rolou uma polêmica sobre o figurino da Karen Gillan, a patrulha do politicamente correto chiou quando apareceram fotos dos personagens e a única mulher estava de shortinho. Mas calma, que no filme isso tem explicação.

Não sei se esta nova versão será tão marcante quanto a anterior, mas acho que isso é porque hoje temos muito mais opções em cartaz. Com relação a qualidade, o novo filme é tão bom quanto o anterior.

Liga da Justiça

Liga da justiçaCrítica – Liga da Justiça

Sinopse (imdb): Alimentado por sua fé restaurada na humanidade e inspirado pelo ato altruísta de Superman, Bruce Wayne convoca a ajuda de sua nova aliada, Diana Prince, para enfrentar um inimigo ainda maior.

Depois de um Batman Vs Superman cheio de problemas e um Esquadrão Suicida que desagradou a todos, a DC acertou com Mulher-Maravilha. A boa notícia é que Liga da Justiça (Justice League, no original), apesar de ter suas falhas, também é um bom filme.

A DC sempre teve os super heróis mais famosos do universo pop. Mas a Marvel soube trabalhar melhor o seu universo cinematográfico, e hoje heu arriscaria dizer que existe um empate técnico entre a popularidade de Batman e Superman contra Homem de Ferro e Capitão América (principalmente para as novas gerações).

Digo isso porque se este Liga da Justiça viesse alguns anos atrás, provavelmente a DC continuaria na frente. Porque o grande problema do filme, na minha humilde opinião, é que hoje estamos acostumados com um nível mais alto. Liga da Justiça não é ruim, mas existe coisa melhor por aí.

Para não ficar para trás, a Warner, estúdio que lança os filmes da DC, parece que cedeu e resolveu usar algumas coisas da “fórmula Marvel”. Claro que isso é uma boa notícia: temos um filme mais colorido e com mais piadas – e com cenas pós créditos! Viva a “marvelização da DC”!

Talvez tenha rolado alguma influência de Joss Whedon (diretor dos dois primeiros Vingadores). A direção estava nas mãos de Zack Snyder, mas ele teve um problema pessoal (sua filha se suicidou) e se afastou do projeto. Sabemos que Whedon terminou as filmagens, mas não sabemos o quanto do filme é de cada um.

O filme tem alguns momentos excelentes, os personagens funcionam bem juntos. A boa trilha sonora de Danny Elfman discretamente cita os temas do Superman (John Williams), da Mulher Maravilha (Hans Zimmer) e do Batman (do próprio Elfman). Outra coisa boa é que os fan services são bem inseridos (diferente, por exemplo, da cena dos parademônios em BvS). Tem uma cena onde o Lanterna Verde é citado, mas não atrapalha quem não conhece o personagem.

O cgi às vezes parece videogame, mas isso infelizmente é algo comum em filmes de ação contemporâneos. Mas acho que o pior problema aqui é o vilão – o Steppenwolf, além de ser feito por um cgi fraco, é um vilão que não ameaça ninguém. Além disso, o roteiro tem algumas escorregadas, como por exemplo o tempo enorme que o filme dedica àquela família russa.

Pequeno spoiler a frente:

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Pra mim, é spoiler avisar que o Superman está no filme – ele “morreu” no filme anterior. Mas ele está até em alguns pôsters de divulgação, então nem sei se isso é spoiler.

Enfim, o fim de BvS me incomodou profundamente, com a terrinha flutuando em cima do caixão do Superman, indicando que ele não estava exatamente morto. Mas do jeito que fizeram aqui, seu “ressuscitamento” foi convincente. Não precisava da terrinha flutuando!

FIM DOS SPOILERS!

O elenco é muito bom. Ben Affleck, Henry Cavill e Gal Gadot voltam aos papéis principais. Ezra Miller está ótimo como o Flash, um garoto engraçado e deslumbrado com o que está acontecendo (sem querer comparar, me lembrou o Peter Parker do último Homem Aranha); Jason Momoa e Ray Fisher completam o time principal. Alguns coadjuvantes de BvS e Mulher-Maravilha voltam, como Amy Adams, Diane Lane, Jeremy Irons e Connie Nielsen. J.K. Simmons voltará no filme solo do Batman; Amber Heard, no do Aquaman. Por fim, Ciarán Hinds é um bom ator, mas o seu Steppenwolf é fraco.

É, parece que a DC encontrou um caminho. Torçamos para que continuem.

p.s.1: Os filmes anteriores da Warner / DC não tinham cenas pós créditos. Mas aqui são duas – como é comum nos filmes da Marvel.

p.s.2: Um dos cartazes nacionais resolveu adaptar o cartaz gringo que usa os símbolos de cada herói. O problema é que não tem onde colocar o W da Mulher Maravilha. Ficou muito estranho ver “Você Não Pode Salvar o Wundo Sozinho”. Toda vez que via esse cartaz, em vez de trocar o W por M, trocava o U por A: “Você Não Pode Salvar o Wando Sozinho”… 😛

Liga da justiça - Wundo

Thor: Ragnarok

ThorCrítica – Thor: Ragnarok

Sinopse (imdb): Aprisionado, o todo-poderoso Thor encontra-se em uma disputa mortal de gladiadores contra o Hulk, seu ex-aliado. Thor deve lutar pela sobrevivência e correr contra o tempo para evitar que a poderosa Hela destrua sua casa e a civilização Asgardiana.

Hoje, em 2017, todo mundo já sabe o modus operandi do MCU (Marvel Cinematic Universe). O espectador sabe que vai encontrar um filme com ação e humor, muito bem feito tecnicamente, e com referências ao universo Marvel. Gostem ou não, a Marvel descobriu uma fórmula eficiente e vai continuar investindo neste formato.

Bem, quem costuma reclamar são os fãs da DC. Heu acho ótimo. Enquanto mantiverem a máxima luisseverianoribeira “cinema é a maior diversão”, continuarei vendo e curtindo os filmes.

Thor: Ragnarok (idem, no original) é muito bom. Parece uma continuação de Guardiões da Galáxia – uma aventura espacial divertida e colorida. Sim, este terceiro filme tem um pé fortemente fincado na comédia, bem mais que os dois primeiros.

Mais uma vez, a Marvel mostra que faz “filmes de produtor” e não “de diretor”. Se o primeiro Thor teve Kenneth Brannagh, a direção aqui coube a Taika Waititi, um neo zelandês com um currículo bem modesto. E, pelo resultado final, parece que a Marvel estava certa.

O visual do filme é muito legal. Planetas diferentes, personagens esquisitos, tudo muito colorido, o visual lembra os filmes dos anos 80 (mas com efeitos especiais de hoje). A trilha sonora de Mark Mothersbaugh (que era do Devo) ajuda a manter o clima oitentista. Detalhe: não é que nem Guardiões, que traz músicas antigas conhecidas – Mothersbaugh compôs temas instrumentais inéditos, mas com cara de anos 80. O visual só pisou na bola em alguns efeitos de maquiagem digital – talvez fosse melhor menos cgi e mais maquiagem “de verdade” em algumas cenas.

Um parágrafo pra falar do trailer spoilerento. Quem me conhece sabe que de um tempo pra cá tenho evitado trailers, mas não consegui escapar desta vez. O trailer é muito bom, super empolgante. Mas traz duas cenas que seriam muito mais empolgantes se vistas direto no filme. Mais um caso de filme que vale mais pra quem não viu o trailer…

O elenco, como sempre, é muito bom – o prestígio e o dinheiro do MCU tornam o casting uma tarefa fácil. Cate Blanchett, com seus dois Oscars, disse que queria fazer um filme da Marvel porque seus filhos são fãs – claro que ela ia mandar bem. Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Mark Ruffalo, Idris Elba, Anthony Hopkins e Benedict Cumberbatch voltam aos seus papeis; Tessa Thompson, Jeff Goldblum e Karl Urban são as novidades do elenco.

Como sempre, cenas pós créditos. Não saia antes do fim!

Kingsman: O Círculo Dourado

Kingsman 2Crítica – Kingsman: O Círculo Dourado

Sinopse: Quando sua sede é destruída e o mundo é feito refém, os Kingsman descobrem uma organização de espiões aliados nos EUA. Essas duas organizações secretas de elite devem se unir para derrotar um inimigo comum.

O primeiro Kingsman foi um dos melhores filmes de 2014. A expectativa agora era grande. Será que mantiveram o nível?

Boa notícia! Kingsman: O Círculo Dourado (Kingsman: The Golden Circle, no original) é tão bom quanto o primeiro! Um bom elenco numa trama alucinada com ritmo desenfreado e efeitos especiais de primeira linha!

O diretor Matthew Vaughn (o mesmo do primeiro filme) manteve o mesmo conceito – uma espécie de James Bond com mais violência e mais humor. Li em alguns sites que este segundo filme seria mais exagerado que o anterior. Mas, sei lá, lembro da cena da igreja do outro filme, imagino poucas coisas mais exageradas que aquilo…

Kingsman: O Círculo Dourado é repleto de ação e humor. E Vaughn sabe como poucos como filmar essas cenas, alternando câmera lenta e imagens aceleradas, muitas vezes com a câmera posicionada literalmente dentro da ação. As sequências de ação são impressionantes, desde a cena inicial, com uma perseguição de carro de tirar o fôlego, até os duelos finais – com planos sequência, não tão impressionantes como a já citada cena da igreja do primeiro filme, mas mesmo assim muito bem filmados.

Tem espaço para novos personagens. Somos apresentados a uma nova agência: os Statesman, uma versão americana dos Kingsman. Além de cutucadas entre Inglaterra e EUA, isso também abre espaço no elenco para Jeff Bridges, Channing Tatum, Halle Berry e Pedro Pascal, que se juntam a Taron Eggerton, Mark Strong e Colin Firth. Além deles, Julianne Moore está ótima como a vilã. Mas a melhor surpresa do elenco está com Elton John, numa participação pequena, mas sensacional!

Falei da Julianne Moore, né? Uma coisa legal aqui é a atualização dos conceitos que habitam os filmes de espionagem. Assim como aconteceu no último Homem Aranha, a vilã é capitalista. Claro, ela é psicopata, mas o que a move é o dinheiro. Outro personagem interessante é o presidente dos EUA, aparentemente baseado no Trump. Até o ímpeto sexual típico do estilo jamesbondiano está contido aqui – o agente tem que ligar para a namorada antes de pular a cerca.

Os mais ranzinzas vão reclamar que Kingsman: O Círculo Dourado não é tão surpreendente quanto o primeiro filme. Claro, né? No primeiro, tudo era surpresa, e agora a gente já tinha ideia do que encontrar. Mas posso dizer sem medo: se você gostou do outro filme: vá sem medo!

E que venha o terceiro filme!

Loucos e Perigosos / Once Upon a Time in Venice

Once upon a time in veniceCrítica – Loucos e Perigosos / Once Upon a Time in Venice

Um detetive veterano de Los Angeles busca a implacável gangue que roubou seu cachorro.

Outro dia vi no filmeb que este filme estava pra estrear. Claro que um filme com Bruce Willis, John Goodman, Jason Momoa e Famke Janssen entra no radar, né? Mas a estreia foi adiada, e agora está sem previsão de entrar em cartaz. Então vamos logo ao texto?

Depois de ver o filme, entendi por que está sendo adiado indefinidamente. Once Upon a Time in Venice (que, segundo o imdb, vai se chamar Loucos e Perigosos aqui no Brasil) é uma grande decepção – principalmente se a gente lê a lista de nomes no elenco.

Dirigido por Mark Cullen, Once Upon a Time in Venice tem cara daquelas comédias meio sem graça que, na época das videolocadoras, serviam pra encher os catálogos como “filmes de apoio” – filmes com menos “star power”, que eram vendidos ao lado dos grandes lançamentos. Ou seja, um filme dispensável.

A edição e a trilha sonora ainda tentam criar um ar “cool”, mas tudo é tão bobo que o filme não decola nunca. Além de muitas piadas sem graça, são várias situações forçadas e sem sentido – tipo, se o amigo tem dinheiro pra pagar o empréstimo feito com o agiota russo, por que não pedir antes a ele no lugar do agiota? E, na boa, o Bruce Willis pelado andando de skate não ficou engraçado, ficou constrangedor.

O filme é tão esquisito que o personagem principal era pra ser o do Bruce Willis, mas o filme tem uma narração em off feita pelo desconhecido Thomas Middleditch (o nome do cara é o oitavo na página do filme no imdb!).

Sobre o elenco: se Bruce Willis parece estar no piloto automático, pelo menos John Goodman está bem, quase faz o filme valer a pena (heu disse “quase”!). Jason Momoa até está engraçado, mas aparece pouco; Famke Janssen tem um papel minúsculo. Ainda no elenco, Jessica Gomes, Adam Goldberg e Emily Robinson, além do já citado Middleditch.

O final do filme tem um gancho pra continuação, que espero que não venha.

Terminado o filme, fico com a impressão de que Loucos e Perigosos não vai chegar nunca aos cinemas. Mas daqui a pouco deve aparecer nos Telecines da vida.

Feito na América

feito-na-americaCrítica – Feito na América

Nos anos 80, um piloto da TWA que contrabandeava charutos cubanos é recrutado pela CIA para executar operações secretas, mas acaba trabalhando também para o Cartel de Medelín. Baseado em fatos reais.

Algumas histórias são tão fascinantes que a história em si vale mais que o filme baseado nela. É o caso aqui.

Não que Feito na América (American Made, no original) seja ruim. O filme é legal. Mas a história de Barry Seal é muito mais interessante que o filme em si. Quando acabou a sessão, me vi imaginando se o protagonista conseguiria se safar das enrascadas onde ele estava se metendo – cada vez mais fundo.

(Parágrafo 1: Li em algum lugar que Barry Seal foi personagem da série Narcos. Fui ver no imdb, nos últimos dois anos, Seal apareceu algumas vezes: além de Narcos, também esteve na série America’s War on Drugs e no filme Conexão Escobar, interpretado pelo Michael Paré).

(Parágrafo 2: A sinopse lembra muito o filme Profissão de Risco, lançado em 2001 e estrelado por Johnny Depp. Mas este foi baseado na história de George Jung, outro piloto que também trabalhou pro Cartel de Medelin.)

A direção é de Doug Liman, que já tinha trabalhado com Tom Cruise em No Limite do Amanhã, e que estava em cartaz até “ontem” com Na Mira do Atirador. Liman tem uma carreira versátil, faz filmes bem diferentes um do outro (Vamos Nessa, Sr e Sra Smith, Identidade Bourne, Jumper), mas normalmente mantém o nível. E ele faz um bom trabalho aqui. Feito na América tem um bom ritmo e uma excelente reconstituição de época, além de ser divertido e bem humorado.

Cruise faz o de sempre. Mas ele combina com o papel – Barry Seal tem que ser um cara carismático (afinal, ele não é exatamente um “mocinho”, né?). Também no elenco, Domhnall Glesson, Sarah Wright, Jesse Plemons, Alejandro Edda, Caleb Landry Jones e Jayma Mays.

Enfim, nada essencial. Mas quem for ver Feito na América não vai se arrepender.

Dupla Explosiva

dupla-explosiva-posterCrítica – Dupla Explosiva

O melhor guarda-costas do mundo recebe um novo cliente, um velho inimigo, que que deve testemunhar na Corte Internacional de Justiça em Haia. Eles devem colocar suas diferenças de lado e trabalhar juntos para chegarem ao julgamento no tempo.

Apesar de ter um nome nacional horrível (parece filme para a Sessão da Tarde!), Dupla Explosiva (The Hitman’s Bodyguard, no original) é uma agradável surpresa, uma boa mistura de ação com comédia.

Com muito bom humor e uma edição ágil, cheia de cortes rápidos e flashbacks, o diretor Patrick Hughes consegue aqui um resultado bem melhor que o seu último trabalho, o fraco Mercenários 3. Ok, não vemos nada de novo. Mas pelo menos o feijão com arroz está bem temperado.

Acho que o grande mérito aqui é dos dois atores principais. Ryan Reynolds e Samuel L. Jackson parecem estar se divertindo muito – ambos são carismáticos e têm bom timing para o estilo. Dupla Explosiva não é uma comédia de ação, e sim um filme de ação bem humorado – existe uma sutil diferença na proposta entre um Anjos da Lei e um Em Ritmo de Fuga, por exemplo.

Claro que os dois são destaques. Mas outros dois nomes também merecem ser citados. Salma Hayek está ótima como a esposa do Samuel L. Jackson – o flashback que mostra como eles se conheceram é sensacional. E Gary Oldman está ótimo, como sempre, interpretando o vilão bielorrusso. Também no elenco, Elodie Yung, Richard E. Grant, Joaquim de Almeida e Tine Joustra.

Um aviso: uma piada presente no trailer não aparece no filme. O trailer brinca com o nome “Guarda Costas” e usa a icônica música da Withney Houston. Mas a música não aparece no filme.

Ah, tem uma cena pós créditos, um erro de gravação. Me identifiquei, já passei diversas vezes pelo mesmo problema na minha carreira de diretor independente.

Atômica

AtomicaCrítica – Atômica

Em 1989, uma agente do MI6 é enviada a Berlim para investigar o assassinato de um colega e recuperar uma lista desaparecida de agentes duplos.

Quando vi os dois John Wick, reparei que as sequências de ação eram extremamente bem filmadas. Os diretores do primeiro filme, Chad Stahelski e David Leitch, têm uma vasta carreira como dublês e como coordenadores de dublês. Atômica (Atomic Blonde, no original), o primeiro projeto solo de Leitch, é uma adaptação da HQ “The Coldest City”, escrita por Antony Johnston e ilustrada por Sam Hart (que é inglês, mas vive no Brasil). E, se John Wick já era empolgante, agora temos cenas de ação com a mesma veracidade e violência, mas dentro de um pacote muito mais elaborado. Bom elenco, boa fotografia, boa trilha sonora, cenas de ação de tirar o fôlego… Estamos diante de um dos melhores filmes do ano!

As cenas de “tiro porrada e bomba” são excelentes. Como o diretor manja dos paranauês no que diz respeito a dublês, tomou cuidado com detalhes que normalmente passam despercebidos, como o modo dos personagens portarem suas armas, ou um personagem que leva uma facada nas costas e depois sente a dor desta facada (já repararam que nos filmes os personagens “se esquecem” das dores?).

São várias sequências antológicas. Mas uma delas chama a atenção: um plano sequência de mais de dez minutos, onde personagens entram num prédio: tiro, porrada, porrada, tiro, sangue, mortes, mais tiro, mais porrada, gente rolando escada abaixo, mais tiro, mais porrada, mais sangue, mais mortes, personagens saem do prédio, entram num carro, começa a perseguição, carro batendo, carro capotando… Tudo sem corte!!! Ok, houve cortes. Li no imdb que foram cerca de 40 planos, emendados digitalmente. Mas não tiro o mérito da concepção de uma cena assim. Sr. Leitch, antes você tinha a minha curiosidade; agora você tem a minha atenção. ;-)

A trilha sonora merece um parágrafo à parte. Como o filme se passa em 1989, a trilha só traz clássicos oitentistas. New Order, Depeche Mode, George Michael, David Bowie, Siouxsie and the Banshees, The Clash… Todas bem inseridas no contexto.

Charlize Theron já tinha mostrado que é muito boa em filmes de ação (ela foi o highlight do último Mad Max, e ainda entrou pra franquia Velozes e Furiosos). Mas este é o seu melhor momento no estilo. Ela está linda – como sempre – e sai na porrada de um modo que ninguém vai sentir falta dos velhos “action heroes”. Aliás, já existe a expressão “action heroin”? Se ainda não existe, pode ser inaugurada aqui.

Falei da Charlize Theron, o grande nome aqui. Mas ainda não falei do resto. James McAvoy mostra mais uma vez no mesmo ano (pouco depois de Fragmentado) que é um dos melhores atores da atualidade. Sofia Boutella não está mal, mas heu esperava mais de seu personagem (afinal, não podemos nos esquecer que ela mostrou habilidades em KingsmanStar Trek). O elenco ainda conta com John Goodman, Toby Jones, Eddie Marsan, Bill Skarsgård e Til Schweiger.

Atômica: um filme para ver e rever, e depois comprar o blu-ray.