Hércules

0-Hercules-posterCrítica – Hércules

A gente lê “Hércules” e pensa em um filme sobre o semideus da mitologia. E o filme começa empolgante, com imagens de alguns dos famosos 12 trabalhos de Hércules. Mas logo descobrimos que isso é um flashback, e que o filme não vai focar nisso. O Hércules daqui é um mercenário, que usa as lendas em torno do nome dele para conseguir trabalho. Digo mais: segundo o filme, existe um exagero na história contada pela mitologia, e às vezes o próprio espectador se questiona se este Hércules é realmente um semideus ou se é uma fraude.

A sinopse: “Depois de executar seus 12 Trabalhos, Hércules, o semideus grego, tem sua vida de “espada de aluguel” testada quando o rei da Trácia e sua filha procuram sua ajuda para derrotar um inimigo.”

E aqui está o principal problema de Hércules: a divulgação, que ignora esta sinopse. O trailer é repleto de cenas sobre os 12 trabalhos – que só são mencionados nos flashbacks. No trailer – e no poster! – também aparece Megara, a esposa de Hércules, que mal aparece no filme. Pelo trailer e pelo poster, acho que vi o filme errado.

Em vez de Hércules, o filme dirigido por Brett Ratner (X-Men- O Confronto Final) deveria usar o título da graphic novel onde se baseou: The Thracian Wars, de Steve Moore. Aí sim, o espectador iria ver um filme sobre as guerras Trácias, e não sobre o Hércules.

Esquecendo o nome do protagonista, o filme funciona. Além de ser um cara com muito carisma, Dwayne Johnson tem porte físico compatível com o personagem. E as cenas de batalha são muito bem feitas. O elenco de apoio também funciona (para um enredo “off semideus”). Hércules tem um bom time de personagens ao seu lado, cada um explorando uma característica diferente.

No elenco, este é “um filme de Dwayne The Rock Johnson”. Como falei, ele tem carisma e porte para tentar ser um novo Schwarzenneger (que fez outro fortão mitológico, o Conan), ele só precisa administrar sua carreira. Mesmo assim, o filme ainda tem outros bons atores, como John Hurt e Ian McShane. Joseph Fiennes é que está completamente desperdiçado num papel pequeno. Completam o elenco os menos conhecidos Rufus Sewell, Ingrid Bolsø Berdal, Rebecca Ferguson, Aksel Hennie e Reece Ritchie – e Irina Shayk, como a mulher que aparece mais no poster do que no filme.

Ah, o 3D, não tem como esquecer, tá lá na divulgação, “Hércules 3D”. Olha, quase sempre acho desnecessário. Mas o 3D aqui é usado da única forma que aprovo – o efeito “parque de diversões”: várias coisas são jogadas na direção da tela. Ok, aceito. Mas não perde nada se visto em 2D.

Rocketeer

0-RocketeerCrítica – Rocketeer

Sei lá por que, heu nunca tinha visto esta produção da Disney de mais de 20 anos atrás…

Nos EUA às vésperas da Segunda Guerra Mundial, um jovem piloto de avião encontra um protótipo de jetpack que proporciona que ele vire um super herói mascarado.

Visto hoje em dia, a gente entende porque Rocketeer, lançado em 1991, ficou esquecido. Não é um filme ruim, mas é muito bobinho.

A produção é boa. Os efeitos especiais ainda funcionam hoje em dia. A reconstituição de época (EUA pré 2a Guerra Mundial) é bem cuidada, e o elenco é acima da média. Mas é tudo tão inocente, tão “Disney”, que o filme parece uma produção infantil – no mau sentido.

A direção é de Joe Johnston, que vinha de Querida, Encolhi As Crianças, e que pouco depois fez Jumanji. Johnston está na ativa até hoje, foi ele o diretor de Capitão América – O Primeiro Vingador (e, se a gente olhar com carinho, vai ver semelhanças entre Rocketeer e Capitão).

O papel principal é de Bill Campbell, curiosamente, o único dos principais que nunca alcançou o estrelato. Jennifer Connelly é sempre Jennifer Connely, mas aqui ela não está muito bonita, na minha humilde opinião. Alan Arkin faz o principal coadjuvante – só o reconheci pela voz, ele está cabeludo e de bigode, e não careca como o habitual. Outro careca famoso (hoje em dia) é Terry O’Quinn, o Locke de Lost, que também aparece com cabelo aqui. Ainda no elenco, Timothy Dalton e Paul Sorvino.

Por fim: heu fui o único que achei o Rocketeer parecido com o japonês Ultraman?

p.s.: Como é que o jetpack não queima as pernas do Rocketeer?

Caçadores de Recompensas

Caçadores de RecompensaCrítica – Caçadores de Recompensas / Bounty Killer

Semana passada falei aqui de O Caçador de Zumbis, um filme que acha que pode ser vagabundo só porque é um filme B. Caçadores de Recompensas mostra que um filme B não precisa necessariamente ofender a inteligência do espectador.

No futuro, grandes corporações tomaram o lugar dos governos. Sua sede de poder e lucros gerou as guerras corporativas, que acabaram com a sociedade como conhecemos. 20 anos depois, a nova lei e ordem está no Conselho dos Nove, que condena os responsáveis pela destruição, e, para capturar e matar os criminosos de colarinho branco, envia caçadores de recompensas, que competem entre eles pela fama, dinheiro e quantidade de corpos.

Sim, Caçadores de Recompensas (Bounty Killer, no original) é tosco. Mas é um tosco bem bolado, com algumas boas ideias, bem colocadas no roteiro. Não é um filme para listas de melhores do ano, mas quem curte um trash na linha do Machete vai se divertir. Os personagens são clichê, mas pelo menos a mocinha é bonita e usa roupas que a valorizam. As lutas são bem coreografadas, e gostei da ambientação futurística meio Mad Max.

Dirigido pelo pouco conhecido Henry Saine, Caçadores de Recompensas é a adaptação de uma graphic novel de 2013, que, pelo que entendi, também é desconhecida, assim como o elenco principal, o trio Matthew Marsden, Christian Pitre e Barak Hardley. Kristanna Loken, Beverly D’Angelo e Gary Busey fazem papeis menores, e li no imdb que Alexa Vega tem um papel, mas confesso que nem reparei.

Enfim, nada demais. Apenas um divertido e despretensioso trash movie.

No Olho do Tornado

no-olho-do-tornado-posterCrítica – No Olho do Tornado

“Rebootaram” Twister! 😛

Pesquisadores seguem um tornado, que ameaça destruir uma pequena cidade, bem no dia da formatura do colégio local.

Ok, a frase inicial foi só uma ironia. É que, apesar de No Olho do Tornado (Into The Storm, no original) e Twister serem filmes independentes entre si, ambos têm tramas bem parecidas. Temos até um tornado de força F5 na parte final…

Se No Olho do Tornado peca pela falta de criatividade, pelo menos é eficiente na parte técnica. Auxiliados por impressionantes efeitos sonoros, os tornados são absurdamente bem feitos. Este é daqueles filmes para se ver na tela do cinema, os efeitos são assustadores.

Pena que a parte “humana” do filme dirigido pelo pouco conhecido Steven Quale não é tão boa. Se a catástrofe é empolgante, os dramas dos personagens são tão chatos que quase dá vontade de torcer pro tornado matar todo mundo. Ambos os núcleos são desinteressantes, tanto os pesquisadores que estão atrás do tornado, quanto o pai com problemas com os filhos. Só se salvam os dois “idiotas do youtube”, personagens feitos para criticar a geração “15 minutos de fama”, e que servem como alívio cômico. Os dois têm algumas cenas bem engraçadas.

A narrativa se alterna entre a tradicional e a câmera subjetiva, aquela com os personagens filmando. Foi uma boa escolha, se o filme fosse todo com câmera subjetiva, as cenas mais importantes de destruição iriam se perder.

No elenco, uma curiosidade: Gary, o pai dos meninos, é interpretado por Richard Armitage, o anão Thorin Escudo-de-Carvalho da saga O Hobbit. Sim, ele tem 1,89 m. Peter Jackson usa atores de “tamanho normal” e os diminui por truques de câmera ou cgi… Também no elenco, Sarah Wayne Callies, a Lori de The Walking Dead.

Concluindo, No Olho do Tornado pode não ser um grande filme, mas pelo menos oferece uma boa e honesta diversão para quem vai ao cinema atrás de emoções de parques de diversão.

p.s.: Uma das cenas mais famosas de Twister é a vaca voando, levada pelo tornado. Em No Olho do Tornado, prestem atenção quando eles estão voltando para a escola. Uma vaca voa, lá no meio do caos! Gostei da homenagem!

Lucy

0-lucy-Poster com informação errada, Besson não dirigiu Busca ImplacávelCrítica – Lucy

Opa! Filme novo do Luc Besson, voltando à ação / ficção científica!

Uma mulher acidentalmente ingere grande quantidade de uma droga experimental que a faz expandir sua capacidade cerebral e praticamente lhe dá super-poderes.

Antes de tudo, preciso avisar: cuidado com o trailer de Lucy. Pelo trailer, o filme parece um novo Nikita – uma mulher aparentemente frágil kicking ass. Mas não é bem assim, o foco é mais para a ficção científica cabeça e menos para a ação.

Dito isso, vamos ao filme. É preciso muita suspensão de descrença pra curtir Lucy. Primeiro para acreditar que uma droga experimental no seu organismo elevaria a capacidade cerebral em vez de causar uma overdose. Segundo, para acreditar que uma pessoa com 100% da capacidade do cérebro crie super-poderes mágicos, tipo mudar a cor do cabelo instantaneamente ou fazer pessoas e objetos flutuarem. Sério mesmo que uma pessoa com 100% do cérebro seria capaz de ignorar as leis da física?

(Sem Limites, filme de 2011 estrelado pelo Bradley Cooper, que também traz um personagem que atinge 100% da capacidade cerebral com o uso de uma droga, não desrespeita as leis da física…)

O roteiro, também escrito por Besson, além de ser um grande “papo cabeça pseudo”, tem suas falhas. Tudo é didático demais! Não apenas temos o personagem do Morgan Freeman cujo único objetivo no filme parece ser explicar o que acontece em cada etapa do desenvolvimento do potencial do cérebro, como o filme é repleto de enxertos de metáforas com animais. Precisava disso tudo, sr. Besson?

(O curioso é que Besson já escreveu dezenas de roteiros para outros diretores, ele não é um roteirista “calouro”.)

Se o espectador “comprar” tudo isso, o filme pode funcionar. Besson é um dos melhores diretores contemporâneos de ação, e consegue criar algumas sequências eletrizantes.

Sobre o diretor e roteirista Besson: confesso que me decepcionei. Sou fã do cara desde os anos 80, época de Subway Imensidão Azul, lembro quando vi Nikita nos cinemas – foi a primeira vez que vi um bom filme de ação que não era falado em inglês. Segui acompanhando sua carreira, O Profissional, O Quinto Elemento, até seu tropeço com Joana D’Arc. Depois disso ele passou a dirigir menos, mas escreveu vários roteiros e produziu um monte de filmes (quase todos de ação). Voltou à direção com projetos de outros estilos, a trilogia infantil Arthur e os Minimoys, os dramas Angel-A e Além da Liberdade, a aventura As Múmias do Faraó e a comédia A Família. Pelo trailer, parecia que Lucy seria a sua volta aos filmes de ação. Nada disso, o filme está mais perto do recente papo cabeça de Transcendence do que da porradaria de Nikita

No elenco, o nome é Scarlett Johansson, em excelente fase, ela carrega o filme nas costas tranquilamente. Morgan Freeman é um coadjuvate de luxo, como disse antes, parece que ele só está ali para explicar o filme, seu papel não é muito necessário. O mesmo podemos dizer de Amr Waked, o policial francês, se tirar o personagem do filme nada muda. Por fim, tem Min-sik Choi, aquele mesmo de Oldboy, aqui fazendo um bom vilão.

Enfim, bom saber que Besson fez algo melhor do que A Família. Mas ainda espero que ele volte à sua forma dos anos 80 e 90…

p.s.: O poster nacional está errado. Luc Besson não dirigiu Busca Implacável

As Tartarugas Ninja (2014)

0-tmnt-posterCrítica – As Tartarugas Ninja (2014)

A nova versão das Tartarugas Ninja!

Em uma Nova York dominada pela gangue Clã do Pé, um diferente grupo de defensores da lei surge vindo dos esgotos: as Tartarugas Ninja!

As Tartarugas Ninja surgiram nos quadrinhos e tiveram três filmes entre 1990 e 93, um longa de animação em 2007, um seriado com atores em 97, e mais três séries de desenhos animados para a tv (87, 2003 e 2012). Não li os quadrinhos, nem vi os desenhos, minhas comparações serão com os filmes, ok?

Quando anunciaram um remake pelas mãos do Michael Bay, os fãs ficaram preocupados. E quando o novo visual das tartarugas foi divulgado, a preocupação aumentou – como assim, tartarugas com nariz?

Mas, o resultado nem ficou tão ruim. Bay ficou só na produção, sendo assim, As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, no original) não tem muitas explosões, e a câmera não é tão tremida. Além disso, o visual das tartarugas não é tão bom quanto o dos filmes dos anos 90, mas não incomoda tanto assim ver tartarugas que não têm cara de tartarugas.

Apesar de seus furos no roteiro, o filme dirigido por Jonathan Liebesman (Batalha de Los Angeles, Fúria de Titãs 2) é divertido, e as tartarugas proporcionam momentos bem engraçados, cheios de piadinhas com referências ao universo pop – Michelangelo cita Star Wars, Harry Potter, Batman e Superman, entre outros. E a cena do MC Mikey no elevador é sensacional!

O visual das tartarugas mudou para pior, acho que isso foi um consenso (vi até piada no 9Gag sobre isso). Mas, se antes parecia que a única diferença era a cor da máscara, agora pelo menos os quatro estão mais diferentes entre si, conhecemos melhor as personalidades de cada um. Além disso, o cgi é bem feito, e todos os quatro se movimentam bem.

(Ah, o rato, Mestre Splinter, era um muppet mal feito na versão antiga, este personagem ficou bem melhor.)

Claro, nem tudo funciona. O elenco “humano” é um dos pontos fracos. Enquanto Megan Fox atuando é um zero à esquerda, Will Arnett está particularmente irritante. William Fichtner está previsível e caricato (matar um capanga só pra ilustrar seu ponto foi exagero, não?), mas pelo menos atua bem. Agora, o vilãozão Shredder é a pior coisa do filme. Não só é um vilão bobo que não mete medo em ninguém, como a sua origem (que estava no filme de 90) foi ignorada. Ah, o Mestre Splinter é dublado por Tony Shalhoub e Johnny Knoxville faz a voz do Leonardo.

Sobre os furos no roteiro. Não vou falar spoilers, mas queria que alguém me explicasse o que parou a queda das tartarugas no fim do filme. Outra coisa: se o sangue da tartaruga era importante, por que os vilões deixaram uma para trás?

Mas, enfim, quem estiver com baixas expectativas vai se divertir.

Como consertar o novo filme das Tartarugas Ninjas

Como consertar o novo filme das Tartarugas Ninjas

As Minas do Rei Salomão (1985)

As-Minas-do-Rei-SalomaoCrítica – As Minas do Rei Salomão

Desde o podcast sobre Indiana Jones tenho vontade de rever os filmes de aventura que surgiram no rastro, como Tudo Por Uma Esmeralda e A Joia do Nilo e os dois filmes do Allan Quatermain. Catei este As Minas do Rei Salomão para rever – mas não lembrava que era tão tosco…

Na época da Alemanha nazista, o aventureiro Allan Quatermain se une a uma pesquisadora que quer encontrar seu pai, desaparecido na África enquanto procurava as minas do Rei Salomão.

Ok, a gente sabe que, na literatura, o personagem Allan Quatermain é mais antigo que o Indiana Jones, assim como sabe que existiu um filme As Minas do Rei Salomão em 1950. Mas, apesar de saber isso tudo, este filme, lançado em 1985, é uma cópia descarada das aventuras do arqueólogo interpretado por Harrison Ford – tem até nazistas na história. E, o pior: uma cópia mal feita.

As Minas do Rei Salomão é quase um filme trash. São tantas as situações ridículas que fica difícil de contar todas! Não sei o que é mais tosco, se é o vilão alemão que parece saído de um filme d’Os Trapalhões, ou se é a cena que Quatermain entra em um vagão de trem cheio de soldados alemães e os enrola cantando uma música, ou se é o povo que vive de cabeça para baixo, ou se é o caldeirão cheio de frutas de plástico (reparem que, quando está rolando, o caldeirão tem um formato diferente!), ou… Se for listar aqui, não acabo hoje…

No elenco, o papel principal estava com Richard Chamberlain, meio canastrão, mas um nome famoso por sua carreira na tv, com participações em vários seriados, minisséries e telefilmes. Sharon Stone, então com 27 anos, ainda era um nome quase desconhecido – depois ela ainda faria alguns filmes B (Loucademia de Polícia 4, Action Jackson) antes de alcançar o estrelato nos anos 90. John Rhys-Davies, que era amigo do mocinho em Caçadores da Arca Perdida, aqui faz um vilão, enquanto Herbert Lom faz o alemão caricato.

Teve uma continuação em 1986, Alain Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido, também estrelada por Chamberlain e Stone. A crítica considera este segundo filme ainda pior do que o primeiro. É, acho que não vou rever.

Agora preciso de coragem pra rever Tudo Por Uma Esmeralda. Mas, com Robert Zemeckis na direção, e Michael Douglas, Kathleen Turner e Danny De Vito no elenco, acho difícil ser tão tosco quanto este As Minas do Rei Salomão.

Os Mercenários 3

0-os-mercenarios-3Crítica – Os Mercenários 3

O terceiro filme de uma das mais divertidas franquias do cinema recente!

Barney (Stallone) descobre que Stonebanks, um dos fundadores de sua empresa de mercenários, dado como morto há tempos, não só está vivo como virou um grande contrabandista de armas. Agora Barney quer montar um novo time para partir para uma missão pessoal atrás de seu ex-companheiro.

O primeiro Mercenários foi uma agradável surpresa, uma reunião de veteranos de filmes de ação, trazendo alguns lutadores contemporâneos como coadjuvantes. O segundo foi ainda mais divertido quando trouxe outros ícones e investiu nas piadas ligadas ao elenco – Bruce Willis e Arnold Schwarzenegger têm uma sequência engraçadíssima com várias citações a filmes antigos de ambos, e Chuck Norris chega a citar uma piada famosa na internet.

E agora? Será que o terceiro segura a onda?

Não…

Era uma boa expectativa. Se não tinha Bruce Willis, nem Mickey Rourke e Eric Roberts (que estavam no primeiro) e Jean Claude Van Damme e Chuck Norris (que estavam no segundo), o elenco desta vez contava com Harrison Ford e Mel Gibson. Ou seja, Rambo e o Exterminador do Futuro encontram Han Solo e Mad Max! E não parava aí: ainda tinha Antonio Banderas e Wesley Snipes (ambos trabalharam com Stallone nos anos 90, Snipes fez O Demolidor em 93; Banderas fez Assassinos em 95), além da volta de Jason Statham, Dolph Lundgren e Jet Li. Caramba, como um elenco desses pode dar errado?

(Ainda no elenco, temos Randy Couture e Terry Crews, que estavam nos outros filmes – mas Crews quase não aparece, li que ele estava enrolado com as filmagens da série Brooklyn 99. E também tem Kelsey Grammer e Robert Davi em papeis pequenos mas importantes.)

Vamos aos problemas. Em primeiro lugar, o filme dirigido pelo pouco conhecido Patrick Hughes (é seu segundo longa metragem) tem muitos personagens. Não tem espaço pra tanta gente num filme de duas horas e pouco, alguns têm participações minúsculas – por exemplo, Jet Li aparece tão rápido que não dá tempo de bater em ninguém.

Mas na minha humilde opinião, o pior problema é a nova geração. Determinado momento do filme, Stallone quer um novo time de mercenários, formado por Ronda Rousey, Victor Ortiz, Kellan Lutz e Glen Powell. Isso não só incha ainda mais o elenco como ainda traz alguns personagens sem carisma. Quem quer saber de novatos se você pode ver os veteranos em ação?

(Pra mim, isso foi uma estratégia. Não me espantarei se em breve vermos um spin-off com o novo time.)

Ah, tem um agravante. Ronda Rousey é bonita e bate bem. Mas há tempos não vejo uma atuação tão ruim! Heu achava que a Gia Carano era má atriz, mas vi que tem gente pior…

Além do excesso de personagens e da falta de carisma de alguns deles, Os Mercenários 3 ainda tem outros dois problemas. Um deles é o cgi preguiçoso. É inadmissível uma produção deste porte usar efeitos digitais tão vagabundos. Alguns efeitos lembram produções da Asylum, como a explosão do helicóptero ao fim da primeira cena ou o paraquedas na pedreira.

O outro problema é algo mais pessoal, admito. É que gosto do humor presente no segundo filme, cheio de referências às carreiras dos veteranos action heroes. O roteiro do terceiro filme, co-escrito pelo próprio Stallone, é mais sério. Ok, foi legal ver o Schwarza gritando “get to the choppa!”, mas é pouco – pelo elenco, heu esperava bem mais.

Tem uma última coisa que me incomoda, mas é algo que acontece em quase todos os filmes de ação por aí. A cena final tem 10 mocinhos encurralados em um prédio cheio de bombas em posições estratégicas, cercados por um exército fortemente armado com tanques e helicópteros. E, ao fim da cena, todos os inimigos estão mortos, enquanto todos os mocinhos estão inteiros, ninguém levou nem um tiro… Ok, sei que isso não é exclusivo deste filme, e que acontece direto por aí. Mas, que incomoda, ah, incomoda.

No fim, temos apenas mais um filme de ação, com todos os clichês do bem e do mal presentes. Aí a gente lê o elenco e pensa “caramba, conseguiram reunir um elenco desses pra fazer um filme meia bomba?”

Rola um papo que este seria o último filme da franquia. Mas a gente vê que os atores estão se divertindo, se a bilheteria compensar, aposto que teremos mais veteranos voltando à ação. Só espero que Mercenários 4 seja mais próximo do 2 do que do 3.

p.s.: Li que o próximo projeto do diretor Patrick Hughes é a refilmagem do excelente filme indonésio The Raid. Torço muito pelo sucesso de Hughes. Mas torço ainda mais para esta refilmagem nunca ser feita. Vejam o original!!!

Stallone Cobra

stallone-cobraCrítica – Stallone Cobra

Uma ode à testosterona oitentista!

Um policial durão tem que proteger uma bela modelo, a única pessoa que pode reconhecer um assassino que faz parte de um culto, auto denominado “Nova Ordem”, que está matando dezenas de pessoas.

Podemos rever Stallone Cobra hoje em dia sob dois pontos de vista. Por um lado, é um filme tosco e boçal, datado e mal feito. Por outro lado, é um filme tosco e boçal, datado e mal feito, e muito divertido!

Curiosamente, a gênese de Stallone Cobra está em outro filme bem mais light. Stallone escreveu um roteiro para Um Tira da Pesada, filme que ele também protagonizaria. Mas ele queria um filme de ação, enquanto os produtores preferiam um tom mais de comédia. Assim, Stallone levou seu roteiro para outra produção, Eddie Murphy foi chamado e virou um astro.

O melhor do filme dirigido por George P. Cosmatos (que já tinha trabalhado com Stallone em Rambo II – A Missão) é o personagem título, que vive de óculos espelhados, luvas de couro e um palito pendurado na boca, tem um carro vintage maneiro, e que passa o filme inteiro falando frases de efeito enquanto mata boa parte do elenco. Ah, o nome Marion Cobretti é uma homenagem a John Wayne, que tinha “Marion” como nome de batismo.

Pra mim, uma cena resume o espírito do filme. Depois de ter matado um bandido, Cobra chega em casa, pega uma pizza na geladeira, corta um pedaço com uma tesoura e come enquanto limpa a arma – isso tudo sem tirar as luvas!!!

Li que existe uma versão mais longa , de cerca de 130 minutos (a versão oficial tem 87 min), que foi cortada para o filme ter mais sessões por dia e competir com a bilheteria de Top Gun, lançado na mesma época. Claro que isso causou furos no roteiro…

Além disso, tem coisa na trama que não faz sentido, mas acho que não foi culpa da edição, tipo os bandidos que chamam mais atenção tentando matar a mocinha do que se deixassem ela em paz. Mas claro que isso pouco importa, o que importa aqui é a violência exagerada.

No principal papel feminino, a então sra. Stallone, Brigitte Nielsen, em seu segundo filme com ele (ambos estavam em Rocky IV um ano antes). O casamento durou menos de dois anos, na época rolou um boato que Brigitte teria trocado Stallone pela sua secretária… Ainda no elenco, uma curiosidade: Reni Santoni (Tony Gonzalez) e Andrew Robinson (detetive Monte) estiveram juntos 15 anos antes em Dirty Harry, Perseguidor Implacável – outro “filme de policial durão”.

Por fim: este filme passou tantas vezes na tv brasileira que existe um “culto trash” à sua péssima dublagem – tão ruim que combina com os exageros boçais do filme…

Planeta dos Macacos – O Confronto

0-Planeta dos Macacos-posterCrítica – Planeta dos Macacos – O Confronto

Cesar está de volta!

Dez anos depois da “Batalha da Golden Gate”, os macacos se organizaram em sociedade, enquanto um vírus se espalhou e dizimou boa parte da população humana. Tensões crescem em ambos os lados, e o confronto está iminente.

Não sei se podemos chamar este Planeta dos Macacos – O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes, no original) de “o segundo” filme da franquia, já que, na verdade, é o oitavo filme usando este universo – tivemos cinco filmes entre 1968 e 73, mais uma refilmagem decepcionante feita pelo Tim Burton em 2001. Até que houve o reboot em 2011, Planeta dos Macacos – A Origem. O filme novo é a continuação do reboot.

Dirigido por Matt Reeves (Deixe-Me Entrar, Cloverfield), Planeta dos Macacos – O Confronto mantém o alto nível do filme anterior. Roteiro bem amarrado, bons personagens, ação e tensão na dose certa, e efeitos especiais impressionantes.

Um parágrafo à parte pra falar dos efeitos especiais. Ok, a tecnologia de captura de movimento não é exatamente uma novidade, já vimos isso antes. Mas a perfeição alcançada pelos gorilas deste novo filme é ainda mais impressionante que no filme de 2011. Andy Serkis já foi o Gollum, já foi o King Kong, e já tinha sido o Cesar no filme anterior. Aqui, Serkis é o grande nome do filme – seu personagem é o mais complexo, e consegue passar todo o seu conflito interno através de olhares e expressões – isso tudo sem mostrar a cara no filme!

Se por um lado Andy Serkis está excelente, por outro, Gary Oldman decepciona. Oldman é um grande ator, mas aqui está apagado. Digo mais: seu papel poderia ser interpretado por qualquer ator mediano. Aliás, ninguém do “elenco humano” se destaca – e achei Kirk Acevedo um pouco over, com um personagem muito previsível. Ainda no elenco, Jason Clarke, Keri Russel e Kodi Smit-McPhee. Ah, Judy Greer está no elenco dos macacos, o que nos leva a crer que seu personagem terá maior destaque em uma provável continuação.

Uma coisa que me incomodava na série orginal, dos anos 60/70, é que mostrava os macacos evoluídos, mas ninguém explicava por que os humanos tinham involuído. Este reboot explica a decadência da raça humana, conseguimos entender o contexto de como as coisas aconteceram. Neste segundo filme, as duas sociedades – macacos e humanos – estão quase pau a pau, e tudo flui bem quando o confronto anunciado pelo subtítulo acontece.

Por fim, uma falha que acontece em quase todas as franquias blockbusters: Planeta dos Macacos – O Confronto não tem fim. Temos que esperar o terceiro (ou nono) filme…