Transformers 4 – A Era da Extinção

Transformers-A-Era-da-Extincao-posterCrítica – Transformers 4 – A Era da Extinção

Ninguém pediu, mas, olha lá, tem Transformers novo na área…

Quatro anos depois dos eventos do terceiro filme, um inventor e sua família se unem aos Autobots, quando estes viram alvo de um caçador de recompensas de outro mundo.

A franquia Transformers tem uma posição curiosa no mercado. Quem não gosta, passa longe dos cinemas; quem gosta, só quer saber dos efeitos especiais e de possíveis bonequinhos para a sua coleção. Ou seja, “detalhes” como roteiro ficam em segundo plano.

O novo filme é mais uma vez dirigido por Michael Bay (diretor dos outros três), famoso por privilegiar explosões exageradas em vez de tramas inteligentes. O roteiro de Transformers 4 – A Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction, no original), escrito por Ehren Kruger, traz um monte de situações completamente ilógicas, além de diálogos péssimos.

Olha, entendo que a gente precisa de suspensão de descrença pra assistir um filme com robôs alienígenas que se transformam em carros. Mas o filme deveria seguir a lógica proposta pelo próprio roteiro. Mas antes de prosseguir, vamos aos avisos de spoilers.

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Os novos transformers são construídos com uma tecnologia “mágica”, que divide o metal em milhões de pedacinhos, que depois se juntam em outra forma. Isso torna o bicho quase indestrutível, porque quando ele leva um golpe, se desmonta e remonta novamente. Isso acontece na primeira luta entre Optimus Prime e Galvatron.

Aí a gente vai pra luta final, com 50 transformers com a nova tecnologia. E todos se quebram no primeiro golpe. Caramba, cadê a lógica?

Outra coisa: se o Optimus Prime pode voar, por que nunca tinha voado antes???

Ah, não posso deixar de citar: numa franquia onde o vilãozão se chama MegaTRON, alguém tinha dúvida se o GalvaTRON seria da galera do mal?

FIM DOS SPOILERS!

Mas, como dito antes, Transformers tem o seu público, e este vai sair satisfeito do cinema. São várias as cenas de ação e destruição, e os efeitos especiais são muito bons – tive a impressão de ter menos câmera tremida nas cenas de luta do que nos filmes anteriores.

Sobre o elenco… São todos coadjuvantes, o filme precisa de atores pra passar o tempo enquanto os robôs não estão na tela. Ninguém se destaca positivamente, nem negativamente. Gostei de ver que Mark Wahlberg finalmente assumiu que é um quarentão, e faz um pai de uma adolescente. Ainda no elenco, Stanley Tucci, Sophia Myles, Bingbing Li, Kelsey Grammer, Jack Reynor, Titus Welliver, Thomas Lennon, e Nicola Peltz como a “bonitinha da vez”.

Por último, um aviso importante: são duas horas e quarenta e cinco minutos de filme. Interminável! A sorte é que dá pra ir ao banheiro ou pegar uma pipoca e não perder nada importante do filme…

Reino de Fogo

Reino de FogoCrítica – Reino de Fogo

Dragões voadores e cuspidores de fogo surgem de dentro de escavações e começam a destruir o mundo. Anos depois, num cenário pós apocalíptico, os poucos humanos que sobraram lutam para sobreviver.

Não sei por que este Reino de Fogo (Reign of Fire, no original), o ponto alto na carreira de Rob Bowman (Arquivo X – O Filme, Elektra), é pouco badalado. Além de Christian Bale, Matthew McConaughey e Gerard Butler no elenco, o filme tem alguns dos melhores dragões já mostrados no cinema.

Ok, a história é difícil de “comprar”. Logo na primeira cena, quem deixaria um garoto sozinho em uma escavação daquelas? E depois, sério que eles querem que a gente acredite que nenhuma arma de fogo conseguiu derrotar os dragões, e mesmo assim eles vão usar flechas??? Talvez isso funcionasse melhor se a história se passasse na Idade Média, ou então em uma realidade paralela bizarra como João e Maria – Caçadores de Bruxas (clima medieval, mas com armas de fogo). Mas – a trama se situa nos dias atuais! (Tem mais algumas coisas forçadas no roteiro, mas deixa pra lá…)

A boa notícia é que quem aceitar a trama “meio” forçada vai se divertir. O cgi dos dragões é muito bem feito – o filme é de 2002, e mesmo assim os dragões são impressionantes! Digo mais: talvez estes sejam os dragões mais assustadores do cinema até hoje. Diferente do padrão atual que vemos hoje em dia, com dragões inteligentes por aí – Smaug, Banguela, Malévola, Mushu -, os dragões aqui são feras selvagens. E o dragãozão que aparece no fim é provavelmente o maior dragão do cinema (tirando os “alfas” de Como Treinar Seu Dragão 2, que pouco se mexem).

No elenco, os três citados ainda eram nomes menores em Hollywood naquela época – Bale e McConaughey eram estrelas em ascensão (hoje ambos têm Oscars), com alguns bons filmes em seus currículos, mas ainda sem nomes muito fortes; e Butler era apenas um coadjuvante. A ex-bond girl Izabella Scorupco faz o papel feminino principal. Curioso notar que hoje, 12 anos depois, os três homens têm muito mais star power, enquanto Izabella sumiu…

Por fim, rola uma divertida citação ao Império Contra Ataca. Os fãs de Guerra nas Estrelas vão gostar.

13º Distrito

0-B13

Crítica – 13º Distrito (2014)

Um filme chamado “13º Distrito”, roteirizado por Luc Besson e estrelado por David Belle, um dos criadores do parkour – ué, já não fizeram este filme? Ah, é uma refilmagem…

Detroit. Ajudado por um ex-presidiário, um policial disfarçado é convocado para entrar em um perigoso bairro para tentar desativar uma bomba.

Vamulá. A dúvida é a mesma de sempre: pra que refilmar? Só porque o original é falado em outra língua? Não era melhor dublar? Porque não há nada nesta refilmagem que justifique um novo filme. A história é exatamente igual. A única diferença é que aqui temos mais cenas de perseguições de carros, já que o Paul Walker está no papel principal.

Ah, 13º Distrito (Brick Mansions, no original) foi o último filme do Paul Walker, rola até uma homenagem nos créditos. Diferente da maioria dos críticos não tenho nada contra o Paul Walker, nem contra outros atores que seguem o estilo “carinha bonitinho que faz bons filmes de ação apesar de ser limitado como ator” – acho que existe espaço no mercado pra gente assim, desde que o cara faça bons filmes dentro do que se propõe.

Voltando ao filme, que é o longa de estreia de Camille Delamarre (editor de filmes como Carga Explosiva 3 e Busca Implacável 2): tirando as perseguições de carro e um ou outro detalhe (tipo a mocinha era irmã e agora é namorada), temos o mesmo filme. Aliás, minto: tem uma diferença sim, pra pior. No original, existe um plot twist no fim que revela um plano sórdido do prefeito; na refilmagem, este plano é explicado logo no início do filme.

Sobre o roteiro, reparei em uma falha (que também estava no filme francês, mas escapou quando vi a primeira vez). Mas antes, avisos de spoilers.

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

O prefeito manda uma isca com uma bomba pra dentro do bairro. E um cara tem que ir lá ativar a bomba??? Por que não ativar remotamente e poupar todo o risco do cara não conseguir chegar lá?

FIM DOS SPOILERS!!!

Ainda tem a “redenção” do vilão interpretado por RZA, que soou beeem forçada…

No fim, 13º Distrito só vale mesmo pelas cenas de ação, mesmo que requentadas. O parkour de David Belle continua belo de se ver (tá dá tschh!).

Mas é pouco. Prefira o original.

p.s.: B13 teve uma continuação, B13 Ultimatum. Mas, com a morte de Paul Walker, acho difícil a versão americana ter uma parte 2…

7 Caixas

7-caixasCrítica – 7 Caixas

Boa notícia! Existe cinema de qualidade no Paraguai!

Victor, 17 anos, é um carregador de que sonha em ser famoso e se imagina nas televisões do competitivo Mercado Municipal Nº 4, em Assunção. Quando lhe oferecem cem dólares para carregar 7 caixas, ele pensa em realizar seu sonho de comprar um celular com câmera.

O maior sucesso comercial da história do cinema paraguaio, 7 Caixas (7 Cajas, no original) lembra muito o brasileiro Cidade de Deus: clima hollywoodiano e edição com ritmo de videoclipe, mas visual de pobreza do terceiro mundo – o tal “favela movie” falado na época do filme do Fernando Meirelles. Se lá na gringolândia rolam perseguições frenéticas de carros, aqui a perseguição é feita usando carrinhos de mão – e podemos dizer que não sentimos falta dos carros de verdade!

O filme paraguaio se passa num grande mercado que parece um gigantesco camelódromo da Uruguaiana, misturado com uma favela. Quase todo o filme se passa no mercado – não sei se foi opção financeira ou estética, mas foi uma boa escolha, os cenários são fantásticos, aquilo parece um grande labirinto. Os diretores Juan Carlos Maneglia e Tana Schembori souberam aproveitar muito bem os meandros do mercado, usando vários ângulos de câmera inesperados – gostei da câmera presa embaixo do carrinho.

Outro destaque é o roteiro, muito bem construído, que traz viradas inesperadas e consegue costurar muito bem os personagens e tramas secundários. A saga de Victor vai ficando progressivamente mais enrolada com uma incrível sucessão de mal entendidos, mas o filme nunca sai dos trilhos, e nada parece forçado.

Se 7 Caixas tem um problema, é a evolução da tecnologia. O filme foi escrito em 2004, mas só ficou pronto em 2012, e só chegou aos cinemas brasileiros em 2014. Ou seja, esse papo de “celular com câmera”, soa muito datado, hoje, quando se compra inúmeros celulares “xing ling” baratinhos, todos com câmera…

Ah, achei o fim excelente. Sem spoilers – o sorriso que o personagem dá na última cena foi sensacional.

As Tartarugas Ninja

tartarugasninjaCrítica – As Tartarugas Ninja (1990)

Antes da estreia do novo Tartarugas Ninja, que tal revermos a versão de 1990?

Quatro tartarugas e um rato se tornam mutantes depois de entrar em contato com líquido radioativo. O rato era o mascote de um conhecedor de artes marciais e ensinou as tartarugas a arte do Ninjitsu. Quinze anos depois, quando uma onda de crimes impera em Nova Yorque, as tartarugas saem em defesa da repórter April O’Neil.

As Tartarugas Ninja (Teenage Mutant Ninja Turtles, no original) é um típico filme com “cara de sessão da tarde”. Leve, bobinho, e, por que não?, muito divertido, com suas bem coreografadas e bem humoradas lutas.

Sobre a parte técnica: se a animação do Mestre Splinter “perdeu a validade” (parece um muppet!), o mesmo não podemos dizer sobre as fantasias de tartarugas. As tartarugas são muito bem feitas! O filme novo ainda não estreou, mas, pelo trailer, arrisco dizer que essas tartarugas de 1990 são melhores do que as de 2014!

A direção é de Steve Barron, que fez pouca coisa pro cinema, mas tem longa carreira em videos musicais. E no elenco, duas surpresas. O garotão cabeludo é o famoso careca Elias Koteas! E Sam Rockwell tem um papel menor. Ninguém mais no elenco fez nada relevante.

As Tartarugas Ninja teve duas continuações (lançadas em 91 e 94), e depois disso, só desenhos animados. Agora aguardemos a nova versão, produzida pelo Michael Bay, que estreia esse ano…

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

0-X-Men-posterCrítica – X-Men: Dias de um Futuro Esquecido

Finalmente, o esperado filme que liga as duas gerações dos X-Men!

Acuados pelos Sentinelas, os X-Men mandam Wolverine ao passado em uma tentativa desesperada de mudar a história e prevenir um evento que resultará na eliminação de todos os mutantes.

Amigos, a notícia é boa: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past, no original) consegue o equilíbrio perfeito entre o drama, a ação e a tensão; entre a seriedade proposta pelo tema e o bom humor característico dos filmes da Marvel. Digo mais: na minha humilde opinião, temos uma das melhores adaptações de quadrinhos de super heróis dos últimos tempos.

Rolava um certo receio, porque este na verdade é o sétimo filme usando o universo dos mutantes – teve a trilogia original (2000, 03 e 06), dois filmes “solo” do Wolverine (2009 e 13 – apesar do primeiro ser rejeitado por quase todos, entre crítica e fãs, foi um filme “oficial”), e o reboot (2011) que mostrava os personagens nos anos 60. Com tantos filmes, escritos por tantos roteiristas diferentes, baseados em tantos quadrinhos diferentes, existe uma certa bagunça na linha temporal. E o receio aumentou quando anunciaram que teria viagem no tempo no filme, um artifício que nem sempre funciona. Mas o medo foi infundado, o resultado ficou bem acima da expectativa.

A direção voltou para as mãos de Bryan Singer, o mesmo dos dois primeiros filmes dos X-Men. Alguns fãs ficaram preocupados, porque quando ele largou a franquia, se queimou fazendo o fraco Superman – O Retorno (depois disso, Singer fez Operação Valquíria e Jack, o Caçador de Gigantes). Bem, Singer mostrou que o Superman foi um desvio e que ainda tem boa mão. E, convenhamos, o cara tem moral, né? Quando ele fez o primeiro filme dos X-Men, não existia toda essa aceitação para filmes de super-heróis. Se, no primeiro semestre de 2014, nós teremos 4 longas de heróis da Marvel, Singer é um dos “culpados”!

Os efeitos especiais merecem um parágrafo à parte. Só pra citar um exemplo: Magneto chega a levantar e carregar um estádio pelos ares. Os efeitos são de cair o queixo. E tem uma cena em particular que é sen-sa-ci-o-nal, falarei mais dela no penúltimo parágrafo.

No elenco, uma constatação: o novo X-Men é um filme da nova geração. Michael Fassbender e James McAvoy têm uma participação muito maior do que Ian McKellen e Patrick Stewart. Pareceu mesmo uma “passagem de bastão” do Magneto e Prof Xavier velhos para os mais novos. E Hugh Jackman e seu Wolverine voltam a ter destaque – ele só teve uma cena curta (e engraçada) no penúltimo filme (e que é citada aqui).

Sobre a quarta personagem principal, a gente vê como funciona o “star power” do cinema contemporâneo. Nos primeiros filmes, a Mística foi interpretada pela Rebecca Romijn, lindíssima, mas não muito famosa. Agora o papel é de Jennifer Lawrence, menos bonita que a Rebecca Romijn, mas badaladíssima – ganhadora do Oscar ano pasado por O Lado Bom da Vida e protagonista da franquia de sucesso Jogos Vorazes. Se a Rebecca pouco aparecia sem a maquiagem azul, o mesmo não acontece agora. A Mística atual passa boa parte do filme “fantasiada de Jennifer Lawrence”.

Peter Dinklage confirma que é um grande ator (trocadilhos liberados aqui) – o que todos que já viram Game Of Thrones já sabiam. E o roteiro ainda consegue usar a Tempestade de Halle Berry, e juntar Anna Paquin, Famke Janssen e James Marsden em pequenas participações especiais. Ainda no elenco, Ellen Page, Nicholas Hoult, Omar Sy, Bingbing Fan, Shawn Ashmore, Evan Peters e Josh Helman.

“E o 3D?” Quem me conhece sabe que não sou fã de 3D. Pelo menos X-Men: Dias de um Futuro Esquecido tem uma cena onde o 3D é muito bem usado, uma das melhores cenas do filme, provavelmente a mais divertida: quando tudo fica em câmera lenta por causa da super velocidade de Evan Peters, durante a fuga da prisão.

Ah, claro, é Marvel, tem cena depois dos créditos, aparentemente um gancho para o próximo filme, X-Men Apocalypse.

 

A Recompensa

0-a-recompensaCrítica – A Recompensa

Depois de passar 12 anos preso sem dedurar nenhum comparsa, o famoso arrombador de cofres Dom Hemingway está de volta às ruas para cobrar o que lhe devem.

É complicado falar de A Recompensa (Dom Hemingway, no original). Em primeiro lugar, é um filme difícil de rotular, fica numa área cinza mais ou menos entre a ação, a comédia e o drama – e falha em todos os estilos. Além disso, alterna bons momentos com algumas partes sem sal. Na verdade, parece que o diretor e roteirista Richard Shepard quis dar uma de Guy Ritchie no início da carreira, época de Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e Snatch, mas faltou algo na mistura.

O que A Recompensa tem de bom é o trabalho do protagonista. Jude Law sempre teve papeis de galã – lembro dele em Gattaca fazendo o cara dos genes perfeitos, e alguns anos depois em A.I., interpretando um “robô amante” de beleza perfeita. Agora quarentão, barrigudo e com entradas de calvície, Law mostra versatilidade com um papel que não só é o oposto da beleza de outros tempos, como ainda prima por ser um sujeito grosseiro.

Mas a falta de ritmo prejudica muito o andamento do filme. A Recompensa tem seus bons momentos, como a reação over de Dom quando encontra o chefão russo, o arrombamento do cofre, ou a sensacional cena do acidente de carro. Pena que alguns bons momentos não salvam o resultado final.

Sobre o elenco, como falei anteriormente, este é um filme do Jude Law. O resto está lá de “escada”. Não sei se os fãs da Emilia Clarke, a Daenerys Targaryen de Game Of Thrones, vão gostar de vê-la em um papel pequeno mas importante – pelo menos aqui ela mostra um novo talento: quando sua personagem canta, a voz é a própria atriz. Ainda no elenco, Richard E. Grant, Demian Bichir, Madalina Ghenea e Kerry Condon.

Mesmo com seus bons momentos, só recomendo A Recompensa aos fãs do Jude Law.

Godzilla (2014)

0-Godzilla-Crítica – Godzilla

O novo Godzilla!

O monstro mais famoso do mundo está de volta, para enfrentar criaturas gigantescas que, alimentadas pela arrogância da humanidade, ameaçam a nossa própria existência.

Antes de tudo, um fato curioso: este é apenas o segundo longa para cinema do diretor Gareth Edwards, que chamou a atenção quatro anos atrás com o filme Monstros, um filme independente que custou apenas 15 mil dólares, mas tem excelentes efeitos especiais. Provavelmente o chamaram por causa deste filme.

O último blockbuster com o famoso monstro japonês foi a versão de 1998 dirigida pelo Roland Emmerich. É um divertido filme catástrofe, mas os fãs reclamaram que aquele lagarto gigante pouco parece com o Godzilla original.

Neste aspecto, o novo filme não vai decepcionar os fãs. O Godzilla atual é fiel ao original nipônico. Tem até outro monstro gigante pra brigar com o Godzilla. Nisso o filme acerta. Pena que erra em outros aspectos.

Godzilla tem basicamente dois problemas. O primeiro é que o montro Godzilla é um personagem secundário, que pouco aparece – ele só mostra a cara com quase uma hora de filme. A trama é centrada no “soldado mais azarado do mundo” – acabou de chegar em casa depois de meses fora e logo tem que viajar de novo por motivos pessoais. E onde ele vai, aparecem monstros gigantes destruindo tudo. O cara passa por três continentes, sempre os bichões estão por perto.

O outro problema não sei se é do filme ou da cópia que vi. A sessão de imprensa foi com uma cópia em 3D que estava escura demais. Boa parte do filme é de noite, mal vemos as brigas dos monstros no escuro e através de fumaça – e, pra piorar, provavelmente por razões estilísticas, o diretor inventou de colocar pessoas passando na frente das câmeras, pra dar ao espectador a sensação de estar no meio da ação. Resumindo: evite o 3D. Não tem nenhuma cena que justifique o efeito!

Se o 3D fica devendo, não podemos falar o mesmo sobre os efeitos especiais. Os monstros são extremamente bem feitos, a destruição das cidades idem. O cgi é tão real que impressiona!

O roteiro não é lá grandes coisas. Como temos pouca coisa dos monstros, os roteiristas enchem linguiça com dramas familiares. Lembra até filmes do Spielberg, é um tal de criança separada dos pais, cachorro separado dos donos… E isso porque não vou parar pra listar certas inconsistências – por exemplo, pra que usar o trem pra carregar a bomba, se tinha a opção do helicóptero?

O elenco tem um problema. Não adianta você ter Bryan Cranston, Juliette Binoche, Ken Watanabe e David Strathairn se o papel principal está com um Aaron Taylor-Johnson apático. Johnson estava bem em Kick-Ass, mas aqui ele é um dos pontos fracos. Ah, Elizabeth Olsen faz quase uma ponta.

Enfim, não é um filme essencial, mas os fãs vão gostar. E vão gostar mais ainda se virem em 2D, claro.

The Raid 2 – Berandal

0-TheRaid2-posterCrítica – The Raid 2 – Berandal

Quando pesquisei quais filmes estariam em cartaz em Londres na mesma época da minha viagem, planejei os pontos imperdíveis da minha viagem: London Eye, Madame Tussaud, o musical We Will Rock You, Camden Town – e uma sessão de cinema para ver The Raid 2 – Berandal.

A sinopse: depois de sobreviver ao primeiro filme, Rama agora tem que virar um policial infiltrado em uma guerra da máfia em Jakarta, Indonésia.

Para quem não viu: o filme indonésio The Raid Redemption, lançado aqui em dvd/blu-ray como Operação Invasão, é um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos. Pena que foi mal lançado e quase ninguém conhece.

Agora veio a continuação, escrita, dirigida e editada pelo mesmo Gareth Evans. Se o primeiro filme é um diamante bruto de testosterona, este segundo filme é um diamante do mesmo quilate, só que lapidado. Se no primeiro The Raid a ação é toda em uma trama linear, e tudo acontece dentro do prédio; agora temos vários climas, vários cenários, vários personagens. E a violência extrema continua lá. E ainda melhorada.

Olha, vou contar para vocês: a violência nunca foi mostrada assim antes na história do cinema. Nunca antes o sangue jorrou de maneira tão bela! Estamos acostumados com o “padrão Marvel de violência” – sem sangue, sem gore. A violência aqui é crua, bem longe de Hollywood. A quantidade de sangue derramado e de ossos quebrados é muito grande, com detalhes visuais que chamam a atenção – a ponto de vermos um tiro de escopeta explodindo uma cabeça, sem corte.

Mas não falo de violência gratuita, está bem longe dos “torture porn” como O Albergue ou Jogos Mortais. A violência aqui acontece por causa das lutas. E, meus amigos, que lutas! Se no primeiro filme tínhamos umas duas ou três lutas memoráveis, aqui são mais de dez sequências antológicas, como a briga na lama do presídio e a excelente (e longa) luta final na cozinha.

Dois ótimos vilões novos aparecem, e, pena, foram pouco aproveitados. Mas as duas sequências com a Hammer Girl e o Baseball Bat Man são sensacionais. Digo mais: toda a “sequência do metrô” é uma aula de cinema – narrativa dividida em três, com uma trilha sonora instrumental perfeita sublinhando a tensão na dose exata. E a violência extrema correndo solta, o que a menina bate com os martelos deixaria a Beatrix Kiddo orgulhosa. Foi pouco, mas já prevejo um culto à Hammer Girl.

Falei que The Raid 2 não era linear como o primeiro, certo? E o que podemos dizer sobre a cena de perseguição de carro? Acho que nunca vi algo assim feito em Hollywood. Quase dá pra ouvir “chupa, Velozes e Furiosos!”…

O elenco, claro, traz de volta Iko Uwais, que está sendo comparado com Bruce Lee, e não é à toa – a cena (que está no trailer) onde ele pratica dando socos em uma parede não foi acelerada, ele bate daquele jeito mesmo! Uwais está presente em quase todas as lutas, acho que as duas únicas sem ele são com Yayan Ruhian, que fez o Mad Dog no primeiro filme (e que também estava em Merantau, primeiro filme de Evans, também estrelado por Iko). Outro excelente ator-lutador, a sequência do facão é impressionante. Ainda no elenco, Julie Estelle, Arfin Putra, Oka Antara e Alex Abbad.

A notícia triste é que, assim como o primeiro, The Raid 2 também está sendo muito mal vendido. Não tem previsão de passar no Brasil, assim como o primeiro, que foi direto para o mercado de home video. E, na sessão que vi, em Londres, tinham apenas 5 pessoas na sala do cinema – sendo que um casal de idosos saiu na metade do filme.

Depois de The Raid 2, o telefone do Gareth Evans deve estar frenético. Os Stallones, Stathams e Diesels da vida devem estar tentando contratá-lo para a sua estreia hollywoodiana (assim como Van Damme, que trouxe John Woo para os EUA em 1993). Mas vão ter que esperar, segundo o imdb, Evans agora está na pré produção de The Raid 3 – desde já um dos filmes mais esperados da década.

0-TheRaid2-heu(menor)

Heu em Londres!

Indiana Jones e a Última Cruzada

indiana jones e a ultima cruzadaCrítica – Indiana Jones e a Última Cruzada

Depois de Os Caçadores da Arca Perdida e O Templo da Perdição, chegamos ao fim da trilogia!

1938. Indiana Jones recebe um diário com todas as informações sobre o paradeiro do Santo Graal, escrito por seu pai, o professor Henry Jones, que foi capturado pelos nazistas.

Sim, falei trilogia. Sim, sei que são quatro filmes. Mas o quarto filme veio beeem depois, então podemos chamar de trilogia os três primeiros, todos lançados nos anos 80.

Mais uma vez dirigido por Steven Spielberg e com história escrita por George Lucas, Indiana Jones e a Última Cruzada foi lançado em 1989, e volta ao tom menos galhofeiro, mais parecido com o primeiro filme.

Temos pelo menos duas novidades interessantes. A primeira é uma sequência com o Indiana adolescente, interpretado por River Phoenix, introduzindo vários elementos da mitologia “indianajonesiana” – o chicote, o chapeu, o medo de cobras, etc.

A segunda é a presença de Sean Connery. Desde o primeiro filme, falavam que o Indiana era uma versão do James Bond. Ter o “primeiro James Bond” no elenco, justamente como o pai do Indy, foi uma comprovação disso.

A trama é boa, tem bom ritmo, bons efeitos especiais, Harrison Ford e Sean Connery têm uma boa química, quase tudo funciona. O ponto fraco é justamente a parte final. Aquele cavaleiro preso há 700 anos não convence…

Mesmo assim, o resultado final é bem acima da média, o filme é quase tão bom quanto o primeiro.