Godzilla Minus One

Crítica – Godzilla Minus One

Sinopse (imdb): Em um Japão social e economicamente devastado após o término da Segunda Guerra Mundial, a situação chega a um nível ainda mais crítico quando uma gigantesca e misteriosa criatura surge do mar para assolar o país.

Heu preciso confessar que eu não sou muito fã de “filme de monstro gigante”. Vejo porque gosto de filmes de ação e de blockbusters. Mas nem sabia que ia ter um filme novo do Godzilla. Só depois é que fui descobrir que essa é uma versão japonesa. E posso dizer que gostei bastante do resultado final, gostei mais deste Godzilla Minus One do que dos últimos hollywoodianos do “monsterverse”, lançados em 2014 (Godzilla), 2019 (Godzilla Rei dos Monstros) e 2021 (Godzilla vs Kong).

Fui catar na internet, segundo a wikipedia já são 40 títulos desde 1954. Segundo o que me disseram, este Godzilla Minus One seria para comemorar os 70 anos do Godzilla, mas como ano que vem tem filme novo do “monsterverse”, lançaram este em 2023 pra não confundir.

Diferente dos últimos filmes do Godzilla, esse se passa no Japão, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Boa sacada, o país acabara de sair arrasado de uma guerra. Aliás, o nome do filme é relativo a isso: com a devastação causada pela guerra, o Japão foi reduzido a zero. Um monstro gigante reduziria ainda mais, por isso virou “menos um”.

Ainda aproveitando a ambientação da Segunda Guerra Mundial, o filme traz um piloto kamikaze como protagonista. Ele não era para estar lá, era para ter morrido durante a guerra, mas ele teve questionamentos e carrega esses questionamentos ao longo do filme inteiro. Foi uma ideia legal, não costumamos ver esse tipo de personagem sob este ângulo.

A direção é de Takashi Yamazaki, não vi nenhum outro filme dele. Mas achei curioso o nome bem parecido com a brasileira Tizuka Yamasaki, que fez alguns títulos “sérios” nos anos 80, como Gaijin Os Caminhos da Liberdade (1980) ou Parahyba Mulher Macho (1983) e depois fez vários filmes com a Xuxa. Cheguei a achar que podiam ser parentes, mas vi que a grafia é diferente, não devem ser parentes.

É uma produção japonesa, até onde entendi não tem a grana de um grande estúdio hollywoodiano. Não sei qual foi o orçamento, tampouco sei quais são os recursos que o estúdio japonês tem. Mas preciso dizer que existe uma cena de destruição de cidade aqui que é sensacional, é uma das melhores cenas de destruição de cidade que heu já vi no cinema! Essa cena da destruição da cidade só tem um problema: o ponto alto do filme acontece na primeira metade. Claro que existe uma batalha final, que é até boa, mas inferior à sequência da destruição.

Aliás é bom dizer que os efeitos do monstro são excelentes. É cgi, mas foi feito pra parecer uma pessoa dentro de uma fantasia, como os Godzillas clássicos. E o bichão é assustador!

Nem tudo funciona. Achei os momentos dramáticos um pouco acima do tom. O cinema oriental tem essa característica de ter atuações muito exageradas, isso acontece aqui, e, na minha humilde opinião o filme dedica tempo demais aos momentos dramáticos.

Felizmente isso não atrapalha o bom resultado final. Godzilla Minus One é um filme empolgante, e a plateia não vai sair decepcionada das salas de cinema. E a boa trilha sonora que lembra batalhas épicas vai ajudar na empolgação da plateia.

Não tem exatamente uma cena pós créditos, mas vale ficar até o final, fica a dica!

A Chamada

9 tosqueiras em A Chamada

Sinopse (imdb): Um executivo se prepara para levar os filhos na escola. Ao ligar o carro, ele recebe uma ligação anônima informando que há uma bomba embaixo do seu assento e não poderão sair do carro.

Dirigido por Nimród Antal (Predadores), A Chamada (Retribution, no original) é a refilmagem de El Desconocido, filme espanhol de 2015, e que já teve uma versão alemã e uma sul coreana. Não vi nenhum dos três antecessores, não posso comparar. Mas posso dizer que este aqui parece ser apenas mais um filme genérico do Liam Neeson. Pelo menos esse deve ter sido fácil de filmar, ele fica no carro quase todo o filme.

Dois terços do filme são um filme genérico meia boca. Mas, no terço final, vira um genérico ruim. Então, em vez de comentar “mais um genérico do Liam Neeson”, que tal comentar uma lista de coisas que não fazem sentido?

Claro, spoilers liberados a partir de agora!

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

– Começo pelo tradicional erro de casting. Liam Neeson tem 71 anos. Está em boa forma, mas, tem 71 anos. Embeth Davidtz tem 58. E os atores que interpretam os filhos têm 15 e 18 anos. A idade parece ser incompatível. É impossível? Não, inclusive o casal pode ter adotado. Mas, ficou estranha essa diferença de idade tão grande.

– Aos 16 minutos de filme, Liam Neeson descobre que tem uma bomba debaixo do seu banco e para o carro. A primeira coisa que qualquer um faria seria mandar os filhos saírem! Depois você descobre se a bomba é real ou não, primeiro libera os filhos!

– O carro do personagem do Matthew Modine explode. Depois descobrimos que ele é o vilão e que está vivo. Não existe investigação policial pra descobrir que não tinha nenhum cadáver no carro e colocar Modine entre os suspeitos?

– Ainda sobre esta cena. Liam Neeson está conversando ao mesmo tempo com o Matthew Modine e com o vilão, que depois descobrimos que são a mesma pessoa. Só que ele fala com cada um através de um celular diferente. Modine mostra como consegue alterar entre a voz normal e a voz do vilão, mas não tinha como alterar entre dois celulares diferentes.

– Tem uma cena onde o personagem está cercado por dezenas de policiais. E o filme mostra – mais de uma vez – que existe pelo menos um sniper apontando para ele. No momento em que ele arrancasse com o carro, o sniper ia atirar. A policial que estava negociando só disse pra suspenderem as armas depois que ele partiu.

– O cara está cercado por dezenas de policiais. Aí consegue escapar – com o carro sem portas! Dezenas de carros de polícia estão seguindo. Mas, do nada, eles param a perseguição. Wait, what?

– Ele vai para uma manifestação, cheia de policiais, com o carro sem portas. Depois estaciona o carro em um local aberto e fica longos minutos parado conversando com o antagonista. Cadê os policiais? Deu a hora deles e eles resolveram ir pra casa?

– A gente passa o filme inteiro ouvindo que a bomba é ativada pelo peso do Liam Neeson. Que, se ele levantar, a bomba explode. Aí o carro fica de lado. O peso dele estaria no cinto de segurança, não no banco! Por que a bomba não explodiu?

– Por fim, a cena onde ele salta do carro pra bomba explodir é fisicamente impossível. E mesmo que ele caísse em linha reta, a explosão ia pegá-lo, antes no filme a gente vê um carro explodindo e pegando uma pessoa que tentou escapar.

O Protetor: Capitulo Final

Crítica – O Protetor: Capitulo Final

Sinopse (imdb): Robert McCall se sente em casa no sul da Itália, mas descobre que seus amigos estão sob o controle do crime local. À medida que os eventos se tornam mortais, McCall sabe que deve tornar-se o protetor de seus amigos enfrentando a máfia.

Vamos ao terceiro filme da franquia O Protetor, os três estrelados por Denzel Washington, os três dirigidos por Antoine Fuqua (que aliás já fez outros dois filmes com Denzel, Dia de Treinamento e Sete Homens e um Destino).

O Protetor: Capítulo Final (The Equalizer 3, no original) tem uma característica que é ao mesmo tempo um ponto positivo e um ponto negativo. O ponto negativo é que a fórmula é a mesma usada nos outros dois filmes. O cara chega no lugar e quer tentar ajudar alguém. Ele é um cara muito habilidoso, e quando vai ajudar essa pessoa, acaba cutucando algum vilão ou grupo de vilões. E esse vilão ou grupo de vilões está apoiado por um grupo maior de vilões, mais perigosos ainda, e aí ele tem que enfrentar sozinho o grupo mais perigoso de vilões. Ou seja, a gente já viu essa história antes.

Por outro lado, é que nem quando você vai num restaurante novo e come um prato muito gostoso, e você pensa, “quero voltar a esse restaurante para repetir este prato”. Se por um lado a história é repetida e você já viu isso antes, por outro lado é muito bem feito e muito bem filmado.

Eu não lembro de detalhes dos outros dois filmes. Vi quando lançaram e nunca revi. Relendo meus textos vi que não curti tanto assim, mas é porque o personagem não tinha me convencido. Curioso, agora me convenceu. Provavelmente é porque o Denzel Washington convence a gente, como sempre. Só que precisamos de uma grande suspensão de descrença, afinal, o ator está com quase 70 anos, e enfrenta, sozinho, vários adversários mais novos e mais fortes. Comentei outro dia, na crítica sobre Resistência, sobre a falta de carisma de John David Washington – filho do Denzel. E agora, logo depois, estreia o filme com o pai, e a gente vê a diferença. Mesmo velho, Denzel convence como um ex-agente da CIA extremamente habilidoso.

Não me lembro se os outros filmes têm muitas sequências de ação. Achei que aqui foram poucas. Pelo menos podemos reconhecer que são muito bem filmadas. E a gente entende como é que o personagem Robert McCall age e como é que ele enfrenta os adversários. A sequência inicial já mostra isso, primeiro vemos vários inimigos mortos, pra depois vê-lo em ação contra uns quatro ou cinco. Ah, a trilha sonora alta e agressiva nesses momentos ajuda a criar o clima.

Ah, quase esqueço. Ok, o cara é muito bom, mas, lembrem-se: precisa de suspensão de descrença. Tem uma cena onde a máfia chega e ele se entrega, e que dificilmente ele sairia ileso. Mas, ok, a gente aceita.

Heu não conhecia quase ninguém do elenco – aparentemente são todos italianos, já que o filme se passa na Itália. O único nome conhecido é Dakota Fanning, num papel de agente da CIA. A gente lembra que ela já tinha trabalhado com Denzel em Chamas da Vingança, quando tinha apenas dez anos, em 2004, é bacana vê-los trabalhando juntos de novo. Mas a personagem dela meio que não acrescenta nada. Heu só não digo que é um personagem completamente inútil porque a cena onde eles conversam ao vivo pela primeira vez é uma cena bem divertida – é uma cena onde ele mostra como ele é bom no que faz, além de ser irônico. Agora, se a personagem dela não tem muita importância durante o filme ela, pelo menos tem relevância na trama, no fim do filme explicam a conexão dela com os outros filmes.

Pra quem curte ação bem filmada e com um bom ator, O Protetor: Capitulo Final estreia quinta agora.

O Continental: Do Mundo de John Wick

Crítica – O Continental: Do Mundo de John Wick

Sinopse (imdb): O Continental é uma rede de hotéis localizados em todo o mundo que funciona como um território neutro para membros do submundo do crime. Eles são frequentados por muitos assassinos notórios.

Falei ontem sobre Os Mercenários 4. Agora pensem em uma situação curiosa: de um lado tem um filme, pra cinema, estrelado por Sylvester Stallone e Jason Statham; do outro lado tem uma série de TV, spin off de um filme de ação, e o único nome conhecido é o Mel Gibson, em um papel secundário. Alguém poderia imaginar que o seriado ia ser muito melhor?

O Continental: Do Mundo de John Wick (The Continental: From the World of John Wick, no original) é um prequel de John Wick, e vai mostrar como o Winston (Ian McShane nos filmes) virou o cara tão importante que ele é em toda a saga. A série se passa nos anos 70, ou seja, provavelmente não veremos o próprio John Wick – se ele já nasceu, é apenas uma criança. Ah, o Charon, que nos filmes foi vivido pelo recém falecido Lance Reddick, também aparece. Por enquanto, só esses dois personagens.

O grande diferencial da franquia John Wick são as coreografias de luta. O primeiro filme foi dirigido por Chad Stahelski e David Leitch, os três seguintes por Stahelski (Leitch estava só na produção), e ambos têm um extenso currículo como dublês. Logicamente, eles vão querer mostrar lutas bem filmadas. Stahelski e Leitch aqui são só produtores executivos, a direção é de Albert Hughes (O Livro de Eli), que, curiosamente, não tem nenhum crédito como dublê. Mas ele conseguiu captar muito bem o estilo dos filmes.

Claro que o que mais chama a atenção são as cenas de luta – temos algumas excepcionalmente bem filmadas. Mas heu ainda citaria como destaque toda a ambientação nos anos 70, incluindo a trilha sonora que alterna entre disco music e clássicos do rock setentista. O mesmo falo sobre a fotografia – o visual da série lembra muito o dos filmes. Pra completar, O Continental: Do Mundo de John Wick ainda traz alguns personagens bem esquisitos, o que é coerente com o conceito dos filmes.

Um parágrafo à parte pra falar dos doze primeiros minutos do primeiro episódio, que começa com um plano sequência muito bom, passeando por uma festa. E pouco depois tem uma sequência de tiro porrada e bomba que vai agradar até o mais xiita fã dos filmes.

Se heu puder fazer uma crítica: não gostei da perseguição de carros. Entendo que deve ter tido um problema orçamentário que limitou os takes, mas, sei lá, se não tinha dinheiro pra fazer a cena, era melhor trocar por outra coisa. Não chega a estragar o episódio, mas precisamos reconhecer que ficou estranha.

O Continental: Do Mundo de John Wick será uma série curta, apenas três episódios. Mas, cada episódio é quase um filme de longa metragem – o primeiro, “Brothers in Arms” (único disponível até agora) tem uma hora e vinte e seis minutos. A boa notícia (pelo menos pra mim) é que só tem um episódio por semana – não gosto do conceito de maratonar séries, prefiro um tempo pra digerir o que vimos.

No elenco, o único nome conhecido é Mel Gibson, num papel importante mas secundário. O resto do elenco é de nomes pouco conhecidos. Gostei das atuações de todos, mas, tive um problema, achei que alguns atores são meio parecidos, isso me causou uma certa confusão (os dois que roubam o artefato na primeira sequência não são “iguais”?). Nomes pouco conhecidos, mas, já comentei antes que minha memória bizarra guarda alguns nomes, né? Sabe a irmã de cabelo esquisito, que aparece se alongando? É a Marina Mazepa, que fez a criatura em Maligno.

O primeiro episódio termina com um ótimo gancho (com uma frase usada pelo próprio John Wick, “guns, a lot of guns”). Aguardo ansiosamente pelo segundo!

Os Mercenários 4

Crítica – Os Mercenários 4

Sinopse (imdb): O lendário grupo de mercenários liderado por Barney Ross tem uma nova missão: impedir o início da Terceira Guerra Mundial. Quando as coisas saem do controle, Christmas e os membros da equipe são recrutados para impedir que o pior aconteça.

Quarto filme da franquia Mercenários. Alguém esperava um grande filme?

Gosto do conceito de trazer velhos “action heroes” dos anos 80 e 90 para um filme galhofa. Então vamos a um breve recap dos outros três filmes.

Lançado em 2010, o primeiro Mercenários trazia os “velhos” Sylvester Stallone, Dolph Lundgren, Eric Roberts e Mickey Rourke, auxiliados pelos mais novos Jason Statham, Jet Li, Randy Couture, Steve Austin e Terry Crews. Roteiro? Pra que? A graça era ver o elenco se divertindo. E ainda tinha uma cena com participações especiais de Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis!

Lançado dois anos depois, o segundo filme tinha Jean-Claude Van Damme, Chuck Norris e uma participação maior de Schwarzenegger e Willis. E trazia piadas ótimas, com várias referências a outros filmes dos veteranos atores. E em 2014 tivemos o terceiro filme. Se por um lado era mais fraco porque tentava introduzir uma nova geração, por outro lado trazia Antonio Banderas, Wesley Snipes, Harrison Ford e Mel Gibson como vilão.

Agora, quase dez anos depois, temos um quarto filme, com Megan Fox e 50 Cent. Nada contra, mas, não seria mais legal se tivesse Kurt Russell, ou Christophe Lambert, ou Eddie Murphy, Jean Reno, Carl Weathers, Steven Seagal, ou mesmo Sigourney Weaver ou Linda Hamilton (Lucy Lawless foi Xena nos anos 90, será que entra?). Cadê aquela proposta de juntar os velhos? Pra piorar, os velhos que estavam nos outros filmes não estão aqui, só sobrou o Dolph Lundgren – Stallone passa a maior parte do filme fora.

Os filmes da franquia sempre tiveram roteiros fracos, mas o elenco de veteranos compensava. Vou transcrever uma frase que escrevi em 2010, comentando o primeiro filme: “Será que alguém vai ver Os Mercenários por causa da história? Não acredito. O legal aqui é ver o dream team dos filmes de ação!” Desculpa, mas Megan Fox e 50 Cent estão bem longe deste dream team.

Tem outros dois problemas, mas preciso ser justo e reconhecer que são problemas comuns em qualquer filme de ação Hollywoodiano. Um são as sequências de luta. Hollywood filma cenas de ação picotadas, porque normalmente os atores não sabem lutar. E aqui temos dois atores orientais que são muito bons de luta, o Tony Jaa e o Iko Uwais que sabem muito bem fazer cenas de luta. Trazer dois atores deste porte e não mostrá-los lutando do modo certo é um grande desperdício.

Outro problema são os antagonistas. Meia dúzia de mocinhos enfrentam centenas de vilões, e todos são incompetentes. Problema recorrente em Hollywood (inclusive comentei sobre este problema no texto de Mercenários 3). Pra piorar, tem uma longa sequência num navio, e parece que o navio só tinha soldados. Cadê marinheiros, cozinheiros, faxineiros, cadê a tia do café? Era uma boa oportunidade de colocar vilões que não têm intimidade com armas.

Junte a isso uma tela verde bem vagabunda e um roteiro que não deve ter sido revisado antes de filmar – só pra citar uma cena, um momento o vilão está enfrentando o time de mocinhos entrando no barco, e na cena seguinte parece que esqueceu disso e está negociando pelo rádio uma troca de prisioneiros. E nem vou falar das motos, convenientemente estacionadas e equipadas com metralhadoras – por que diabos aquelas motos estariam lá daquele jeito???

Minha expectativa era baixa, porque, como disse no início do texto, é o quarto filme da franquia Mercenários. Mas foi ainda pior. Mercenários virou apenas mais um filme genérico.

Agora parece que a franquia ganhou um novo “dono”, Jason Statham. Mas, sinceramente, prefiro vê-lo em Velozes e Furiosos. Galhofa sim, mas pelo menos os filmes são bem feitos.

Projeto Extração

Crítica – Projeto Extração

Sinopse (imdb): Uma refinaria de petróleo chinesa no Iraque é atacada e Chan é encarregado de tirar os trabalhadores de lá. Porém, ele descobre um grande plano de roubo de petróleo e precisa unir forças com um ex-Fuzileiro Naval.

Bora pra mais um filme genérico da Netflix. Mas, diferente do recente Agente Stone, esse Projeto Extração (Hidden Strike, no original) até que é divertido. Principalmente por causa do carisma de seus dois protagonistas. É sempre legal ver Jackie Chan e John Cena em tela. Eles não são atores versáteis, parece que eles sempre interpretam o mesmo papel – um é o bonzinho atrapalhado e bom de briga; o outro é o fortão que gosta de piadas de tiozão. Colocá-los juntos foi uma boa ideia.

Dirigido por Scott Waugh (Need For Speed e que em breve estará nas telas com Mercenários 4), Projeto Extração não é exatamente um bom filme. O roteiro tem falhas, o vilão é péssimo, o cgi é preguiçoso… Mas, quando um dos dois protagonistas está em tela, tudo fica mais aceitável. E quando os dois estão juntos, fica ainda melhor.

Agora, precisamos reconhecer as falhas. O roteiro não é bom. Um exemplo simples: Chan e Cena começam o filme como antagonistas, e do nada viram bffs. Achei que faltou alguma coisa no roteiro pra aproximá-los.

Isso porque não estou citando coisas sem lógica como a cena das bolhas de sabão. Por que diabos aquele local teria tantas bolhas de sabão? A coreografia da luta é legal, com os atores presos por elásticos, mas pra que as bolhas de sabão?

O cgi também é bem tosco. Tem uma cena onde mostra por dentro dos encanamentos e o petróleo jorrando no navio – e que petróleo mal desenhado… Ou então a briga dentro do ônibus. Achei legal como a câmera roda, sobe, desce, etc, mas aí a gente olha em volta o cenário, e é tão tosco que parece videogame dos anos 90.

Elogiei os dois protagonistas, mas preciso criticar o vilãozão malvadão feito por Pilou Asbæk. Ok, elogiei Chan e Cena porque estão sempre repetindo os personagens, e Asbæk também repete o que faz sempre. A diferença é que ele sempre faz o mesmo vilão ruim.

Mas, dito tudo isso, reconheço que ainda me diverti. O carisma da dupla principal é muito bom. Quem estiver atrás de uma diversão descartável pode curtir. Mas, só vale pelo Jackie Chan e pelo John Cena.

Agente Stone

Crítica – Agente Stone

Sinopse (Netflix): Uma agente especial de uma organização que busca manter a paz no mundo faz de tudo para impedir que uma hacker roube um bem valioso e extremamente perigoso.

E a Netflix continua com a tradição de filmes de ação meia boca. Às vezes a gente consegue alguns bons momentos, como no recente Resgate 2, um filme genérico mas com um plano sequência sensacional. Mas na maioria das vezes o resultado é fraco, que nem a última tentativa de parceria entre Gal Gadot e Netflix, Alerta Vermelho. E que nem este Agente Stone (Heart of Stone, no original).

Agente Stone chegou como promessa de uma nova franquia, seguindo o estilo de Missão Impossível. Mas, precisava copiar a premissa do último Missão Impossível? Ambos os filmes falam sobre uma inteligência artificial capaz de prever o futuro baseada em probabilidades. Lembrei da piada “copia mas não faz igual”.

Um dos roteiristas é Greg Rucka, que também escreveu o bom The Old Guard. Mas aqui ele não foi bem sucedido, o roteiro de Agente Stone é bem fuen. Algumas coisas que são tão tatibitati que dão nervoso. Um exemplo: os personagens falam da Carta, uma agência super secreta que eles nem sabem se existe na realidade ou se é uma lenda urbana. E a chave pra entrar no prédio dessa agência é uma carta de baralho! Gente, isso é um filme pra adultos ou um episódio de Backyardigans?

Tenho reclamações em dois níveis sobre os personagens, um nível básico e um mais avançado. O básico é que os diálogos são muito ruins. São três personagens centrais (estão no poster!): a Gal Gadot é a mocinha, linda, habilidosa, perfeita. Aí tem um vilãozão malvadão e outro personagem que está no meio do caminho – começa do mal mas tem a redenção e vira do bem. Não sei se isso é exatamente um spoiler, porque isso é algo extremamente previsível. Mas, ok, até aí tudo bem, podemos ter filmes razoáveis baseados em clichês. O que não gosto é de diálogos ruins, tipo o vilãozão malvadão mandar a ordem “matem todos!”, e a personagem da redenção ficar numa de “você não disse que era pra matar inocentes!”. Voltamos ao padrão Backyardigans.

Tem outra crítica aos personagens, aqui um pouco mais complexa. O vilãozão malvadão é um personagem péssimo. A gente não sabe quais são as suas motivações, a gente não sabe como ele banca aquela organização. Mas o que mais me incomodou foi que ele liderava uma mega organização, e ao mesmo tempo era agente infiltrado em outra organização.

Sobre o elenco, comentei outro dia sobre estrelas que têm talento e estrelas que têm carisma. Algumas têm ambos, mas muitas estrelas se baseiam só no talento ou só no carisma. Aqui fica muito claro, Gal Gadot tem muito carisma, é agradável vê-la em tela. Mas ela não é uma boa atriz, ela passa o filme inteiro com a mesma cara de super modelo que saiu da passarela e caiu sem querer num set de filmagem. Ok, funciona para o que o filme pede, mas, lembrando do início do texto, quando falei de The Old Guard, a Charlize Theron tem carisma e também talento. Charlize se entrega aos seus papéis de uma forma muito mais intensa que Gal.

Outro comentário sobre o elenco: pra que chamar uma atriz do porte da Glenn Close só pra aquilo? Ainda no elenco, Jamie Dornan, Alia Bhatt e Matthias Schweighöfer.

Gal Gadot precisa repensar suas parcerias com a Netflix. Alerta Vermelho foi fraco; Agente Stone foi pior ainda. Será que acertam na próxima?

 

Besouro Azul

Crítica – Besouro Azul

Sinopse (imdb): Jaime Reyes, um adolescente de origem mexicana, encontra um artefato alienígena que lhe dá um exoesqueleto mecanizado e poderes, tornando-o no Besouro Azul.

A gente sabe que a DC não é organizada no cinema, e a gente sabe que o James Gunn saiu da Marvel e foi pra DC pra organizar o DCEU (o universo cinematográfico da DC). Então a gente não sabe o que vai continuar sendo “canônico” e o que vai ser “filme solo”. Este novo filme da DC, Besouro Azul (Blue Beetle, no original), fez uma coisa inteligente: a gente sabe que o filme se passa dentro do universo da DC, porque vemos um personagem usando uma camisa onde está escrito “Gotham”, ou outro personagem que comenta que o Superman é de Metrópolis; mas não usa nenhum personagem nem cita nenhum evento de algum dos outros filmes da DC. Este pode, no futuro, ser um filme independente, ou pode fazer parte do DCEU.

Preciso reconhecer que não conhecia NADA sobre o personagem. Vou além: confundi com o Besouro Verde, daquele filme fraco do Michel Gondry com o Seth Rogen. Então, preciso avisar que o meu texto será apenas sobre o filme, nunca li nenhuma HQ do herói. Não sei nos quadrinhos, mas aqui, tudo é fortemente ligado à América Latina. O diretor Angel Manuel Soto é porto-riquenho, o ator principal Xolo Maridueña é americano mas tem ascendência mexicana, cubana e equatoriana, a atriz principal Bruna Marquezine é brasileira, e o personagem tem uma família de mexicanos.

E a grande dúvida: o filme presta? Olha, não é digno de estar em listas de melhores do ano, mas é um filme divertido. A DC é tão bagunçada nos cinemas, que é uma boa notícia quando vemos um filme leve e despretensioso como esse Besouro Azul. Afinal, sempre digo que “cinema é a maior diversão”. E Besouro Azul vai divertir o público alvo.

Agora, o espectador precisa de muita boa vontade porque tem vários momentos onde o roteiro força a barra, tipo, logo na parte inicial, onde tem um escaravelho que estava perdido há 15 anos, super raro, que é deixado displicentemente em cima de uma mesa, dentro de um laboratório onde você só precisa apresentar um simples crachá pra abrir a porta. Não tem sistema de segurança, não tem sistema de câmeras… Mas, filme de super herói, a gente acredita em super poderes, tem gente super forte, tem gente que voa, ok, a gente aceita que seja fácil roubar um artefato raro.

Os efeitos especiais são muito bons, o que é algo essencial aqui. O espectador consegue entender como funcionam todas as habilidades que a armadura proporciona. Com efeitos fracos essa parte ficaria muito tosca. E a armadura tem menos cara de Power Rangers do que parecia pelo trailer.

Gostei dos dois personagens principais, tanto o Jaime Reyes do Xolo Maridueña quanto a Jenny Kord da Bruna Marquezine. A família de mexicanos é bem divertida, gostei dos personagens, mas reconheço que é um humor cartunesco e escrachado. A galera vai rir no cinema, mas a gente sabe que é completamente fora da realidade. Já os vilões, não gostei são péssimos. Susan Sarandon está caricata no mau sentido, e o vilãozão malvadão Carapax é ainda pior. E no fim tentaram dar uma redenção pra ele que ficou muito forçada.

(Susan Sarandon estava na cena pós créditos de Jolt, dando a entender que viraria uma franquia. Mas deve ter dado errado…)

Tem uma galera hater reclamando da Bruna Marquezine como protagonista de filme da DC. Em alguns momentos ela abusa das caras e bocas, mas no geral ela manda bem e acho que vai conquistar os haters. Uma coisa curiosa: a personagem é brasileira, mas não tem outro brasileiro, então não tem nenhum diálogo em português – vemos vários diálogos em espanhol, vindos da família mexicana. Mas, em um determinado momento catártico no fim do filme, ela solta uma frase em português – claro que a galera no cinema foi ao delírio. Mas, não sei, não li em nenhum lugar, mas acredito que ela deve ter gravado essa cena duas vezes, uma falando em português e outra em inglês. Porque não tem nenhum sentido a personagem dela falar uma frase em português assim do nada. Será que nas versões gringas também tem essa frase?

No fim, o tradicional de filmes de super: duas cenas pós créditos. Um gancho pra continuação, e uma piadinha lááá no fim dos créditos.

Megatubarão 2

Crítica – Megatubarão 2

Sinopse (imdb): Segue um piloto de submersível e um grupo de cientistas em águas profundas para explorar uma trincheira desconhecida na Fossa das Marianas. No caminho, eles encontrarão o Megalodon, um gigante tubarão pré-histórico.

Antes de comentar o filme, a gente precisa se lembrar de que se trata de um filme chamado “Megatubarão 2”. Ninguém vai ver um filme chamado “Megatubarão 2” achando que vai encontrar um “filme de Oscar”.

Dito isso, vamulá. Algumas coisas são bem toscas, mas confesso que me diverti em alguns momentos. Então vou comentar primeiro o que não funcionou, depois o que funcionou.

Em primeiro lugar, tenho dúvidas se um animal que vive a 7 mil metros de profundidade consegue viver tranquilamente na superfície da água. Existe a luz e existe a pressão. Mas, como não saco nada de biologia marinha, não vou dizer que isso é uma falha. Além disso, é a premissa do filme. Pode ser algo absurdo, mas, caramba, a premissa de um tubarão pré-histórico nos dias de hoje já é absurda por si só.

Muita gente vai citar outro problema, que são as conveniências de roteiro, mas isso é algo muito comum em filmes assim. São aquelas cenas onde você diz “caramba, forçou a barra!”. E quem vai ao cinema vai ver um filme chamado “Megatubarão 2” não pode reclamar de algo assim. Mesmo assim, queria citar alguns exemplos de coisas sem lógica no roteiro. Vou citar dois: tem um cara no fundo do mar com uma espécie de armadura que o mantém vivo apesar da pressão. A parada aparentemente é pesada, ele anda no fundo do mar com aquilo. Aí ele se segura numa boia pra subir pra superfície. Quando chega na superfície, larga a boia e tá nadando de boa??? Outra: os mocinhos estão num bote, fugindo, aí dizem “precisamos remar, porque o motor vai atrair o tubarão!”. Aí eles começam a ser perseguidos por outro bote, com vilões, que ligam o motor e são atacados pelo tubarão. O que os mocinhos fazem? Ligam o motor pra fugir! Ué, por que o tubarão não atacou???

Queria falar também sobre um erro grave de continuidade. Erros de continuidade acontecem direto nos filmes, mas normalmente são coisas discretas, ao fundo, fora do foco do espectador. Mas aqui é no objeto principal da cena: Jason Statham tem três lanças, para matar três tubarões. Depois de usar duas, vemos que ainda tem duas nas suas costas! E logo depois, apenas uma!

Heu relevo todos os problemas acima. Agora, pra mim, um problema que não consigo deixar pra lá são os vilões do filme. Em primeiro lugar: não sabemos quem são, qual é a relação deles com o rolê. Simplesmente são vilões que foram jogados para o filme ter antagonistas humanos além dos tubarões. Mas, pior que isso é que são vilões extremamente caricatos, daquele tipo que ri enquanto atira no mocinho. Os anos 80 ligaram e pediram esses vilões de volta!

Agora, dito tudo isso, preciso admitir que me diverti bastante na parte final. A primeira parte do filme tenta mostrar uma trama séria, com espionagem, traições, é uma parte chata. Mas em determinado momento o filme abraça a galhofa, e a partir dai melhora muito. Dei uma sincera gargalhada na cena que mostra um tubarão atacando pessoas, com a câmera dentro da boca do tubarão!

A direção é de Ben Wheatley, que a maioria do pessoal conhece por ter feito uma versão ruim de Rebecca para a Netflix em 2020. Mas, os leitores do heuvi talvez se lembrem de Kill List (2011) e Turistas (2012), que foram comentados aqui – e ainda falei de O ABC da Morte, que também contou com o diretor.

No elenco, o único nome que vale a lembrança é Jason Statham, sempre eficiente. De ponto negativo, achei a menina Meiying (a personagem estava no primeiro filme) péssima. Não sei se por culpa da atriz ou da personagem, mas ela não está bem. Só não posso dizer que é a pior coisa do elenco porque o Pedro Pascal genérico é ainda pior.

Enfim, se alguém me perguntar, não, Megatubarão 2 não é bom. Mas quem entrar na onda da galhofa vai se divertir na parte final.

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Sinopse (imdb): Nick Fury e Talos estão tentando deter os Skrulls que se infiltraram nas esferas mais altas do universo Marvel.

Quando estreou Invasão Secreta, nova série da Marvel na Disney+, pensei em esperar acabar a série e fazer um texto comentando toda a temporada. Mas, o resultado final foi tão decepcionante que mudei de ideia e vou fazer um top 6 de momentos ruins da série.

Escolhi 6 momentos ruins. Podia ser mais, mas a decepção de Invasão Secreta me lembrou a decepção que tive com Obi Wan, e fiz um post com As 6 tosqueiras mais toscas de Obi Wan Kenobi. Então mantive o número 6. E acho que foi uma boa escolha, Invasão Secreta tem mais coisas ruins, mas deu preguiça de rever a série só pra aumentar a lista.

Antes de entrar na lista, uma crítica e um elogio. A crítica é que tudo é arrastado demais, dava tranquilamente pra se cortar as gorduras e fazer um filme de longa metragem em vez de uma série de seis episódios. Conheço várias pessoas fãs do MCU, e quase todos “se esqueciam” de ver os novos episódios a cada semana – diferente de outras séries onde todos corriam logo pra ver.

Agora, nem tudo é ruim. Olivia Colman está ótima, e sua personagem Sonya Falsworth foi a melhor coisa da série. Ela aparece pouco, mas todas as vezes são cenas boas. Uma boa personagem que espero que continue no MCU.

Vamos à lista? Claro, spoilers liberados a partir de agora!

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

– Não acho ruim quando matam um personagem se isso causar um grande impacto na trama e nos personagens. Aquela morte significou algo! Um exemplo dentro do MCU foi a morte da Viúva Negra, que foi um evento bem trabalhado dentro do filme e que causou um enorme impacto em todo o MCU. Agora, quando matam a Maria Hill e o Talos e isso não causa nenhum impacto, aí é ruim. Principalmente a Maria Hill – se o Gravik queria uma imagem do Fury atirando na Maria Hill, causaria o mesmo impacto se o tiro atingisse algo grave e ela precisasse ir para o hospital. Ok, entendo que nem a Maria Hill nem o Talos são personagens muito importantes, a gente nunca veria um filme solo de nenhum deles, mas, mesmo assim, acho que foi desrespeito com o fã.

– A gente descobre que quando um skrull é ferido, aparece a pele real verde dele. Isso acontece algumas vezes ao longo da série. Pra que todo aquele “mexican standoff” entre o Fury e o Rhodes na frente do presidente? Não era só atirar na mão ou na perna do Rhodes?

– A Emilia Clarke é ruim. Existem atores que têm talento, outros têm carisma, e outros têm talento e carisma. Emilia Clarke não tem nenhum dos dois. Acho que está na hora de Hollywwod repensar a carreira dela. Talvez ela funcione melhor como coadjuvante.
(Pra piorar, no fim dá a entender que ela vai trabalhar com a Olivia Colman, que tem talento e carisma. Essa dupla não vai funcionar!)

– Admito que gostei da batalha final, quando usam poderes de vários heróis misturados. Mas, tem uma coisa que ficou estranha: eles aprenderam a dominar os poderes muito rapidamente. Em um filme com o modelo clássico de “filme de origem de super herói”, sempre tem uma parte do filme que é o personagem aprendendo a usar seus novos poderes. Aqui não, os dois já conseguem dominar tudo, automaticamente.

– O local da batalha final era radioativo. Como é que eles guardavam prisioneiros humanos lá?

– Nick Fury foi o cara que organizou a Iniciativa Vingadores. Ele conhecia todos os heróis. Se nenhum herói aparece na série, isso precisa ser verbalizado, senão é um furo de roteiro. Ok, verbalizaram. Existe a pergunta “por que você não chama os seus amigos?”. O problema é a resposta “porque é algo pessoal”. O mundo está à beira da terceira guerra mundial e essa foi a melhor desculpa que os roteiristas pensaram?