Terror na Antártida

Terror na Antártida

Às vésperas de começar o rigoroso inverno na Antártida (quando quase todos saem de lá), a policial Carrie Stetko (Kate Backinsale) procura desvendar uma série de assassinatos.

Acredito que o pior problema de Terror na Antártida é o modo como foi vendido. O trailer dava a entender que a trama trazia algo misterioso, talvez alienígena ou sobrenatural, como O Enigma de Outro Mundo (que também se passa no gelo). Até o título nacional evoca um filme neste estilo!

Nada disso. Terror na Antártida é um filme policial, um eficiente thriller, apenas isso. Se fosse vendido como tal, acredito que acertaria o público alvo certo.

Dito isso, agora vamos às coisas boas do filme dirigido por Dominic Sena (Swordfish, 60 Segundos). Terror na Antártida (Whiteout no original) sabe usar muito bem o ambiente gelado da Antártida. Por um lado, temos belíssimas paisagens geladas. Por outro lado, as nevascas ajudam a criar climas tensos interessantes.

Além de Kate Beckinsale (cada dia mais bonita), o elenco conta com Gabriel Macht (The Spirit), Tom Skerrit (Alien) e Columbus Short (Quarentena).

Enfim, como disse lá em cima, Terror na Antártida é um eficiente thriller, mas nada além disso. Pode agradar se você estiver no clima certo. Mas, por favor, esqueça o trailer!

Falcões da Noite

Falcões da Noite

Eficiente filme de ação do início dos anos 80, Falcões da Noite (Nighhawks no original), de 1981, mostra dois policiais de Nova York lutando contra um perigoso terrorista europeu.

Os três principais nomes do elenco são conhecidos. O protagonista é Sylvester Stallonne, badalado na época, tinha acabado de fazer Rocky 2, e o primeiro Rambo viria no ano seguinte. Seu parceiro é Billy Dee Williams, recém saído da pele de Lando Calrissian, em O Império Contra-Ataca (80). E o terrorista é Rutger Hauer, recém chegado da Holanda natal, e que no ano seguinte faria o clássico Blade Runner.

Aliás, a carreira de Hauer é interessante. No início dos anos 80, ele era badaladíssimo, famoso por filmes como Blade Runner, Ladyhawk, O Casal Osterman, Conquista Sangrenta e A Morte Pede Carona. Mas, e depois? O que aconteceu com o cara? Nunca mais fez nada que preste…

E agora vou confessar uma coisa para vocês: sou fã deste filme, mas não é por causa do elenco, nem pela direção de Bruce Malmuth. É por causa da trilha sonora, composta pelo gênio Keith Emerson, o melhor tecladista do mundo, da banda ELP! Sou muito fã do cara, e só conheço dois filmes para os quais ele fez a trilha sonora, este e Inferno, do Dario Argento – nem preciso falar que tenho as duas trilhas, né?

O Caçador / The Chaser / Chugyeogja

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O Caçador / The Chaser / Chugyeogja

Mais um filme coreano. Desta vez, um policial. E muito bom!

Joong-ho é um ex policial que se tornou cafetão, mas resolve voltar à ação quando suas meninas começam a desaparer. Uma pista o faz perceber que todas elas estavam com o mesmo cliente. Joong-ho começa então uma caçada ao tal cliente.

É um thriller de ação, mas não se trata do “mais do mesmo” que assola Hollywood. Joong-ho é um “mocinho” um pouco fora do clichê maniqueísta, e o roteiro traz reviravoltas que nunca aconteceriam em uma possível refilmagem americana.

O filme tem momentos tensos, muito bem filmados pelo diretor estreante Hong-jin Na. Traz momentos violentos também, muito sangue jorra pela tela. E também rolam os momentos engraçados. Pelo menos por aqui, foi muito engraçado ouvir a menininha de sete anos dizer, em coreano, que seu pai foi para o Brasil, especificamente para o Rio de Janeiro!

As cópias estão legendadas, o filme deve entrar em cartaz. Fica aqui então a recomendação para que gosta de filmes de ação e quer variar um pouco da velha fórmula Hollywoodiana!

Inimigos Públicos

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Inimigos Públicos

Muito tem se falado deste novo filme do diretor Michael Mann, estrelado por Johnny Depp, Christian Bale e Marion Cotillard. Muita gente fala mal, assim como muita gente fala bem. Curioso, não?

Inimigos Públicos conta a história de John Dillinger (Johnny Depp), um ladrão de bancos que vivia como popstar, ao lado de sua namorada Billie Frechette (Marion Cotillard), enquanto era caçado por Melvin Purvis (Christian Bale), agente especial do FBI.

O que o filme tem de bom? A resposta está no visual do filme: o talento do diretor Michael Mann em construir belas imagens e belas sequências. De uns tempos para cá, Mann tem usado câmeras digitais no lugar da tradicional película, o que funcionou perfeitamente em filmes de visual mais moderno, como Miami Vice e Colateral. E aqui, num filme de época com visual mais clássico, o resultado também ficou belíssimo.

Por outro lado, a câmera na mão, “nervosa”, usada como se fossem imagens documentais, deixou parte da audiência incomodada. Realmente, num filme de mais de duas horas, esse estilo pode cansar.

Outro problema é justamente a duração do filme. Me lembrei justamente de outro filme do mesmo Mann, Fogo contra Fogo, filme que tem uma das melhores sequências de tiroteio da história do cinema, mas que peca por ser longo demais. Inimigos Públicos tem o mesmo defeito: se por um lado ficamos embevecidos com algumas das belíssimas sequências, por outro lado o filme poderia ser mais curto.

Salvam-se no filme as atuações de Depp (como sempre) e da francesa Cotillard, que recentemente levou um Oscar para casa, por Piaf. Já Bale não faz nada além do feijão com arroz – ele parece um pouco acomodado com a carreira, no último Exterminador ele também estava apático.

Onde os fracos não têm vez

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Onde os fracos não têm vez

Onde os fracos não têm vez, o novo filme dos irmãos Joel e Ethan Coen (de Fargo, O grande Lebowski, Na Roda da Fortuna, Arizona Nunca Mais, Gosto de Sangue, Ajuste Final, E aí meu irmão cadê você, etc.), foi o grande vencedor do Oscar de 2008: melhor filme, diretor, ator coadjuvante e roteiro adaptado. Merecido!

Num clima meio western (apesar de se passar nos anos 80), o caçador Llewelyn Moss (Josh Brolin, aquele, de Goonies, que antes esteve em Planeta Terror e agora em 2009 concorre a ator coadjuvante por Milk) encontra por acidente o cenário de um verdadeiro massacre: vários carros, vários corpos, várias armas e uma quantidade enorme de drogas. Mais: encontra, um pouco afastado, um outro cadáver, com uma maleta cheia de dólares. Enquanto isso, um homem misterioso e mau, muito mau, começa a perseguí-lo. Este é Anton Chigurh, magistralmente interpretado por Javier Bardem, que já ganhou Globo de Ouro e o Oscar de melhor ator coadjuvante.

O filme é lento, e, diferente do habitual dos Coen, não tem muito humor. Ainda temos outros ótimos personagens, como o velho xerife interpretado pelo Tomy Lee Jones, e algumas cenas geniais – isso sim, marca registrada dos Coen.

O fim do filme desagradou a maioria dos espectadores, mas não tira o brilho da obra. E agora os irmãos roteiristas e diretores leveram mais umas estatuetas pra casa, de filme, direção e roteiro, pra guardar ao lado da de roteiro por Fargo

Cães de Aluguel

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Cães de Aluguel

O ano era 92. Algumas pessoas começavam a comentar sobre um filme ultra-violento que estava passando em algumas salas da cidade, dirigido por um ex balconista de videolocadora. Falavam de um ritmo diferente, porque o filme usava o “tempo real” e muitos flashbacks.

Fui ver o filme. E posso dizer que a história do cinema começou uma nova era…

O filme trata de um assalto a uma joalheria. Começa com tudo dando errado, e vai mostrando com flashbacks quem são aqueles homens, todos de terno preto, e como eles chegaram lá.

Além dos ternos pretos, todos têm nomes de cores – Mr. Pink. Mr. White, Mr. Blonde, Mr. Orange, Mr. Blue e Mr. Brown. Aos poucos vemos como eles foram recrutados para o assalto, e quem é cada um. E, também aos poucos, as tensões vão crescendo entre os violentos assaltantes e suas convicções, até o apoteótico fim – do qual é melhor não falar nada, porque nem todo mundo viu o filme…

Todos os diálogos do filme são geniais. Logo no início, o próprio Quentin Tarantino, diretor, roteirista e ator, protagoniza o hoje famoso “Madonna Speech”, onde explica a sua interpretação sobre a música Like a Virgin, da Madonna…

O filme é muito violento, rola muito sangue, mas não de uma maneira “splatter”. Parece real, tanto que um paramédico foi contratado pra acompanhar o sangramento de um dos personagens ao longo do filme.

O elenco está muito bom. Harvey Keitel era o único grande nome na época, e está ótimo ao lado dos geniais Steve Buscemi e Tim Roth. O quase sempre canastrão Michael Madsen funciona muito bem, ao lado do Chris Penn, que antes disso só tivera um filme que merece registro, como o amigo (magro!) do Kevin Bacon em Footloose.

Se antes do filme o diretor Quentin Tarantino era apenas um atendente de videolocadora, depois ele virou hype. Vendeu dois roteiros: Amor À Queima Roupa, do Tony Scott; e Assassinos Por Natureza, do Oliver Stone (segundo o que se diz, Oliver Stone teria mudado muito o roteiro original, por isso Tarantino pediu para ter seu nome excluído dos créditos); e depois fez Pulp Fiction.

Pulp Fiction merece um parágrafo! Se Cães de Aluguel é a violência crua, Pulp Fiction é a violência estilizada. Ganhou Oscar de melhor roteiro e Palma de Ouro de melhor filme em Cannes. Ressucitou carreiras adormecidas e mais uma vez revolucionou a estrutura dos filmes, não colocando o roteiro numa ordem cronológica. Genial, genial, genial. Outro dia falo dele aqui.

Cães de Aluguel é um filme obrigatório. Quem não viu, corra e compre um nas prateleiras de R$ 9,90 das grandes lojas. Quem viu, tá na hora de rever!

Curiosidade final: afinal, o que são os “reservoir dogs”? Durante o filme, o bando nunca é citado com esse nome, que só aparece nos créditos iniciais. Na verdade, na sua época de videolocadora, Tarantino gostou do título do filme Au Revoir Les Enfants (Adeus Meninos), do Louis Malle. Gostou do som desse nome, mas não conseguia falar direito o francês, então se enrolava falando “Au Reservoir Les Enfants“. Gostou tanto que resolveu dar o nome pro seu bando…