Capitão América: Admirável Mundo Novo

Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

Sinopse (imdb): Sam Wilson, o novo Capitão América, se vê no meio de um incidente internacional e deve descobrir o motivo por trás de um plano global nefasto.

Antes de tudo, um aviso pra quem ainda não me conhece: não leio quadrinhos de super heróis. Nada contra, mas sempre preferi outros estilos de HQs. Então, meus comentários serão apenas sobre a Marvel no cinema!

Já falei aqui em outras ocasiões: o que a Marvel fez ao longo dos 12 anos entre o primeiro Homem de Ferro (2008) e o Vingadores Ultimato (2019) será estudado como um dos cases mais bem sucedidos da história do cinema. O “evento Vingadores”, juntando dezenas de filmes e dezenas de heróis, foi um feito que dificilmente será superado.

O mais sensato seria parar depois. Ficar uns anos sem lançar nada. A Marvel alcançou um patamar muito alto, seria difícil se manter no mesmo nível. Mas, quem quer parar quando está no topo? Ou seja, se até Ultimato a Marvel era sinônimo de entretenimento de qualidade, de lá pra cá nota-se uma irregularidade nos lançamentos. Por causa disso, muita gente se cansou da “fórmula Marvel”.

Os haters dizem que “Marvel já era”; os fãs torcem para um novo filme que trará tudo de volta aos trilhos. Por enquanto, ficamos com lançamentos meia bomba, como este quarto Capitão América, Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, no original), o primeiro de três filmes que a Marvel lançará este ano.

(Chute meu, não li isso em lugar nenhum: pelo que me parece, este Capitão América seria só pra “cumprir tabela”; Thunderbolts* é uma grande incógnita, pode ser tão ruim quanto o primeiro Esquadrão Suicida, ou tão bom quanto o segundo Esquadrão Suicida, mas será um filme “avulso”; e finalmente Quarteto Fantástico tem cara de que será o filme que ditará o novo rumo da Marvel nos cinemas. Mas, repito: isso é um chute meu.)

Capitão América: Admirável Mundo Novo começa com um problema que não acontecia no início do MCU, mas que agora é meio inevitável: é um filme que precisa de “manual de instruções”. O espectador “leigo” vai ficar perdido, porque Capitão América 4 é continuação não só da série Falcão e o Soldado Invernal como também continuação do filme do Hulk de 2008 – sim, aquele do Edward Norton filmado parcialmente no Rio e que quase ninguém se lembra. E ainda tem referência a Eternos.

Capitão América 4 traz Sam Wilson, o novo Capitão América (depois da aposentadoria do Steve Rogers) envolvido em uma trama política internacional, agora que Thaddeus Ross virou presidente dos EUA e quer fazer um tratado entre vários países para dividirem as riquezas encontradas nos Celestiais. Só que um vilão misterioso está manipulando pessoas pra este plano dar errado.

A direção é de Julius Onah, que heu nunca tinha ouvido falar. Mas em termos de Marvel, não acho que isso é algo essencial, afinal alguns dos melhores filmes da Marvel foram dirigidos pelos irmãos Russo, que eram completos desconhecidos antes. E diretores consagrados tiveram resultados irregulares, como Kenneth Branagh (Thor) e Chloé Zhao (Eternos). Mas, Onah não fez nada que saltasse aos olhos. Seu Capitão América é bem inferior aos outros (mas, reconheço que é uma comparação difícil, o segundo filme, Soldado Invernal, é considerado um dos melhores filmes de todo o MCU, enquanto o terceiro é o Guerra Civil.)

Uma coisa que gostei foi que a minha dúvida sobre o Sam Wilson ser o novo Capitão América mesmo sem ser super é abordada no filme. Nada contra o Sam Wilson enquanto era o Falcão, mas, como uma pessoa “normal” fica no lugar de uma pessoa que tinha superpoderes? O filme fala sobre isso, e achei a explicação satisfatória.

Agora, Capitão América 4 tem um problema grande, e que nem é culpa do filme em si. Durante todo o filme o personagem do Harrison Ford está desenvolvendo um problema, que poderia ser um grande plot twist: ele vai virar um Hulk. Mas, parece que o estúdio não dá bola pra plot twist, esse Hulk está em TODA a divulgação!

(Um comentário de alguém que não lê os quadrinhos: não tenho ideia de qual é a diferença entre um Hulk vermelho e um Hulk verde – ou quaisquer outras cores de Hulks. Ouvi vários comentários sobre ele ser um “Hulk vermelho”, talvez a cor tenha algum significado. Mas não é mencionado no filme.)

O roteiro tem alguns furos aqui e ali. Nada grave, são “roteirices”, facilitações de roteiro. Mas não dá pra levar muito a sério. Só pra dar um exemplo: em determinado momento um personagem fala “para o meu plano funcionar, eu preciso ser preso” e então chegam os guardas e o levam. Oi? O plano ia funcionar com ele preso ou não! Pra que aquela cena?

Sobre o elenco: Anthony Mackie está bem, ele tem carisma pra liderar o filme, e a única questão que heu tinha com o personagem foi explorada durante o filme. Harrison Ford também está bem, ele ganhou o papel que foi de William Hurt (que faleceu em 2022). Só achei curioso ver Ford como presidente dos EUA mais uma vez, não tem como não lembrar dele em Força Aérea Um, de 1997. Já Giancarlo Esposito está bem, mas achei o personagem dele mal aproveitado. E não quero falar mais sobre o elenco porque pode ser um spoiler indireto.

Capitão América: Admirável Mundo Novo tem uma cena pós créditos, lá no finzinho de tudo, um gancho pra possíveis continuações. Cena bem besta, mas é o estilo da Marvel.

Por fim, preciso falar que sempre que leio o nome do filme, uma música começa a tocar na minha cabeça: Bravo Mundo Novo, do segundo disco da Plebe Rude. O nome do filme em português é “Admirável Mundo Novo”, mas o original é “Brave New World”. Principalmente porque fui a um show da Plebe Rude semana passada, no Circo Voador (showzaço, aliás). Taí, faltou incluir Plebe Rude na trilha sonora!

Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa

Crítica – Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa

Sinopse (imdb): Chico Bento e sua turma precisam se unir para salvar a goiabeira de Nhô Lau quando ela é colocada em risco pelo arrogante coronel Dotô Agripino.

E vamos ao aguardado filme do Chico Bento!

Antes, um breve histórico do universo cinematográfico do Maurício de Souza (MSCU?). Em 2019 tivemos Turma da Mônica Laços, e dois anos depois, Turma da Mônica Lições, ambos dirigidos por Daniel Rezende, e ambos muito bons (gostei do primeiro, adorei o segundo!). Ainda rolou uma minissérie de 8 capítulos com o mesmo elenco em 2022. Três bons produtos, com bons roteiros, bom elenco e boa produção. (Tem uma segunda minissérie lançada este ano, mas ainda não vi). Aí outra produtora fez um filme da turma da Mônica Jovem, que falhou em tudo o que os outros filmes acertaram. Era mais ou menos como em 2018, enquanto a Marvel “certa” lançava Vingadores Guerra Infinita, a Marvel “errada” lançava Venom; ou em 2019, uma lançava Vingadores Ultimato e a outra lançava Novos Mutantes

A cena pós créditos de Lições mostrava o Chico Bento, e a expectativa, pelo menos pra mim, era enorme. Primeiro por ser mais um filme da “Turma da Mônica certa”, mas também porque o Chico Bento era um dos meus personagens favoritos. Heu li muitos gibis da Turma da Mônica na minha infância e adolescência, e chegou um ponto onde os quatro principais me cansaram, porque os temas se repetiam sempre: histórias da Mônica quase sempre giravam em torno da força dela; do Cascão, do fato dele não tomar banho; da Magali, da sua fome insaciável. Cebolinha repetia menos, mas eram muitas histórias sobre planos infalíveis. Já o Chico Bento não tinha um tema tão repetitivo. Por isso, a partir de um ponto, passei a preferir gibis dele.

E a notícia é boa! Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa é um ótimo filme!

Dirigido por Fernando Fraiha (Daniel Rezende está na produção), Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa é simpático, divertido e, acho que posso dizer, um filme delicioso! Tanto pra crianças quanto para adultos, é daquele tipo de filme que a gente sai da sessão leve e com um sorriso no rosto.

Talvez o maior trunfo de Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa seja seu protagonista, Isaac Amendoim. Nunca tinha ouvido falar dele, e preciso dizer que o moleque é sensacional! O carisma do garoto é tão grande que é impossível ver a sequência inicial e não se apaixonar pelo personagem (sequência onde ele está se arrumando, com ajuda da galinha Giselda, da vaca Malhada e de alguns outros bichos). Logo depois ele quebra a quarta parede, conversa com o público e apresenta o filme. Nesse ponto – logo no início do filme! – heu já estava fisgado.

E não é só o protagonista. Toda a ambientação da cidade, todos os personagens secundários, tudo está perfeitamente retratado (ou quase, já chego lá). Assim como nos gibis, é uma história atemporal. Um mundinho mágico mostrando o interior do Brasil. E ainda tem espaço pra entrar em assuntos ambientais.

Falei do Isaac Amendoim como Chico Bento, mas também preciso citar Pedro Dantas como Zé Lelé. Não consigo imaginar um Zé Lelé live action melhor que este! A trilha sonora também merece elogios.

Gostei muito de Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa, mas preciso reconhecer que o filme tem dois problemas. Um deles é na sequência onde a goiabeira ganha vida (Tais Araújo) e conversa com o Chico Bento. É uma sequência que foge completamente do resto do filme, parece que estamos vendo outra coisa. Além disso é uma sequência longa demais. E pra piorar, parte da sequência é live action, mas parte é numa animação de qualidade duvidável (meu filho comparou com o Dollynho!).

O segundo problema é um assunto delicado. Quando Maurício de Souza criou a turma do Chico Bento, não tinha nenhum negro (Rosinha, Zé Lelé, Zé da Roça, Hiro). Hoje, 2024, tudo a ver incluir uma menina negra no rolê. O problema é que é uma menina urbana, com o cabelo roxo, seus pais têm perfil de cidade grande… Eles não parecem caipiras como TODO O RESTO DO FILME. O nome do filme fala da goiabeira “Maraviosa”! Depois da sessão, me disseram que é uma família que veio da cidade grande. Mas não me lembro dessa informação dentro do filme, no filme, Chico apenas fala que ela “se mudou há pouco”. Custava explicar que ela morava na capital? A personagem ficou muito diferente do resto da turma.

Mesmo com esses probleminhas, ainda gostei muito. Torço muito pra fazerem logo um segundo filme, antes do Isaac Amendoim crescer!

Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa estreia agora no início de janeiro. Quero rever!

Kraven, O Caçador

Crítica – Kraven, O Caçador

Sinopse (imdb): A complexa relação de Kraven com o pai, Nikolai Kravinoff, o leva a uma jornada de vingança com consequências brutais, o motivando a se tornar um dos maiores e mais temidos caçadores do mundo.

Antes de tudo, uma informação importante: nunca li os quadrinhos desse Kraven. Todo o meu texto será baseado no filme.

Ninguém esperava que Kraven, O Caçador seria bom. Afinal, é o sexto filme de um universo todo errado: “vilões do Homem Aranha sem a presença do Homem Aranha”. Pra piorar, não teve sessão de imprensa, coisa que normalmente acontece quando a distribuidora não acredita no potencial do filme. Mesmo assim fui ver. É bom? Não. Mas não é o pior do ano.

(Só pra deixar registrado: os outros filmes são Morbius, Madame Teia e os três Venom. Todos ruins.)

Dirigido por J.C. Chandor, Kraven, O Caçador (Kraven the Hunter no original) sofre do mesmo problema dos outros: como o protagonista é um vilão sem oponente, o filme força uma barra pra ele virar uma espécie de anti herói. Ou seja, é um vilão mas não pode ser “do mal”. E, como nos outros filmes, essa construção de personagem não foi muito boa.

Tem outro problema que é a grande quantidade de personagens. Por exemplo, são três vilões, um deles ficou sobrando. Podia focar só no pai e no Rino, aquele que conta até 3 e congela tudo é meio desnecessário.

(Me falaram que nos quadrinhos a Calypso também é vilã, mas isso não acontece aqui neste filme. E no finzinho do filme, o irmão, Dmitri, dá a impressão de que vai virar outro vilão, mas isso ficaria pra uma suposta continuação.)

Some-se a isso efeitos especiais que parece que a gente está vendo um filme dos anos 90. Algumas cenas de ação o herói é um boneco de cgi que não respeita as leis da física. Mas… isso me incomoda pouco. Um roteiro mal escrito me incomoda mais. Um exemplo claro está na personagem Calypso, que entra e sai da trama quando o roteiro está precisando de uma ajuda. Ela está no passado do protagonista, e volta justamente quando ele precisa de ajuda. Um pouco mais tarde no filme a gente descobre que ela sabe atirar com arco e flecha, mas logo depois que o roteiro usa suas habilidades, ela some do filme.

Agora, uma coisa boa de Kraven é que tem mais sangue e violência que o padrão dos “filmes de super herói”. Nada muito gráfico, mas pelo menos vemos sangue, coisa que costuma faltar em filmes do gênero.

Sobre o elenco, Aaron Taylor-Johnson não está mal como o protagonista. Mas não podemos dizer o mesmo de Russell Crowe, caricato demais como o mafioso russo. Ariana DeBose como Calypso também não está bem. Também no elenco, Fred Hechinger, Alessandro Nivola e Christopher Abbott.

Agora queria terminar meu texto com uma listinha curta de coisas sem sentido em Kraven, O Caçador. Vamulá?

– Sua avó lhe entrega uma poção mágica, segredo da sua família, que vai dar super poderes a quem tomá-la. Que tal dar essa poção pro primeiro desconhecido que encontrar pela frente?

– Se Kraven teve contato com o sangue de um leão e tomou uma poção mágica que lhe deu os poderes de um leão, como é que ele escala paredes e tem a visão de um elfo?

– Kraven é “O Caçador”, mas ninguém sabe o nome dele, porque ele diz que mata todos os que ouvem isso. Ok. Aí o vilãozão pega uma filmagem de câmera de segurança e descobre, por reconhecimento facial, que aquele cara é Sergei Kravinoff e também é o Caçador. Como é que ele descobre que também é chamado de Kraven?

– Ainda nesse reconhecimento facial, da primeira vez que vemos, deu 97,3% de compatibilidade. Na segunda vez, mudou pra 99,99%. O que mudou?

– Você é um vilão malvadão e manda um capanga matar o herói. O capanga diz “vou matá-lo”, mas não volta. Por que diabos você vai acreditar que seu capanga conseguiu e vai embora achando que o herói está morto?

Parece que vão acabar com esse universo de “Homem Aranha sem Homem Aranha”. É, talvez seja a melhor opção.

Venom: A Última Rodada

Crítica – Venom: A Última Rodada

Sinopse (imdb): Eddie e Venom estão fugindo. Caçados pelos dois mundos e com a rede se aproximando, a dupla é forçada a tomar uma decisão devastadora que fechará as cortinas da última dança de Venom e Eddie.

O primeiro Venom, de 2018, é ruim. Venom 2, de 2021, também é ruim. Alguém acreditava que um terceiro filme, Venom: A Última Rodada (Venom: The Last Dance, no original), seria bom?

Analisando sob este aspecto, até que Venom: A Última Rodada nem é tão ruim. É do mesmo nível dos outros. Se você curtiu os anteriores, talvez se divirta neste terceiro (e, esperamos, último) Venom.

Filme de estreia da diretora Kelly Marcel (roteirista dos dois primeiros e também de Cruella e Cinquenta Tons de Cinza), como falei, Venom: A Última Rodada não é muito ruim. Mas achei o roteiro bem forçado. Há tempos não via conveniências tão convenientes. Vou dar um exemplo: existe um monstro perseguindo um tal codex, que só é visível quando o Venom e o Eddie Brock estão juntos. Quando estão juntos, o monstro consegue ver a quilômetros de distância. Mas quando o monstro vai atacar, é só se separar que ele fica cego. Continua vendo e atacando as pessoas em volta, mas Eddie e o simbionte ficam invisíveis!

E isso porque não tô falando da cena da sra. Chen, aquela da loja de conveniência. Ela não só estava em Las Vegas (outra cidade), e no mesmo cassino, como estava numa grande maré de sorte e ganhou uma suíte na cobertura. Completamente forçado, e ao mesmo tempo, completamente desnecessário – tire essa sequência e o filme não perde nada.

Cabe outro problema do roteiro? Existe um núcleo com cientistas, onde a principal era pra ser a personagem da Juno Temple, que tem um background que não serve pra nada. Mas quem ganha protagonismo na sequencia final é aquela personagem secundária do broche de árvore de natal, tão secundária que nem lembro o nome dela.

Mas, como falei lá em cima, já esperava algo meio tosco. E dentro da tosqueira, tem coisas divertidas. Gostei da família de hippies (a cena deles cantando na van é gostosinha), e rolam algumas boas piadas, como a citação ao Tom Cruise na cena do avião. A trilha sonora também escolhe algumas boas músicas pra embalar o filme.

Mas é pouco. Tem coisa melhor por aí. A não ser que você curta muito o Venom e queira ver uma sequência em cgi de vários venoms de cores diferentes lutando contra monstros.

Ah, tem duas cenas pós créditos. Nenhuma vale a pena.

Coringa: Delírio a Dois

Crítica – Coringa: Delírio a Dois

Sinopse (imdb): O comediante fracassado Arthur Fleck conhece o amor de sua vida, Harley Quinn, enquanto está encarcerado no Arkham State Hospital. Os dois embarcam em uma desventura romântica condenada.

2019 tivemos Coringa, que parecia uma ideia arriscada: um filme do Coringa mas sem o Batman. Ideia arriscada, mas que deu muito certo: foi um sucesso de público e de crítica, e ainda ganhou dois Oscars entre onze indicações.

Cinco anos depois, o mesmo diretor Todd Phillips apresenta a continuação, Coringa: Delírio a Dois (Joker: Folie à Deux, no original), desta vez um musical, e com a Lady Gaga como Arlequina.

E ver o segundo filme dá vontade de rever o primeiro e esquecer que fizeram uma continuação…

Vamos começar pela parte musical. Não tenho nada contra musicais, sou fã de vários. Mas sempre que lembro de musicais, lembro de músicas e de cenas “pra cima”, sempre alto astral – Pequena Lojas dos Horrores, Rock of Ages, Hairspray, Hair, La La Land, Across The Universe, The Rocky Horror Picture Show, O Rei do Show, heu sempre saio do filme empolgado pelas músicas e coreografias. Mesmo quando o tema do filme é barra pesada, como Rent, a parte musical é empolgante. Os Miseráveis, que não gostei por achar longo e cansativo, tem músicas em momentos tensos, mas mesmo assim são cenas memoráveis. E aqui não, todos os momentos musicais são “pra baixo”, e acabam sendo números chatos. E ainda tem um agravante: as músicas usadas são conhecidas, são standards clássicos, de gente como Frank Sinatra e Burt Bacharach. E mesmo com músicas conhecidas, os arranjos ficaram quase todos ruins.

Provavelmente não foi o primeiro “musical deprê” da história, mas isso pra mim foi um ponto negativo. A ponto de, em determinado momento do filme, quando ia começar uma música, heu pensava “não, de novo não!”

Vamos para outro problema, que é o protagonista. O Coringa é um personagem fascinante porque é desequilibrado e imprevisível. E aqui ele está apático. Joaquin Phoenix está bem, mas o personagem não está. Não vou nem comparar com outras versões, como o Coringa do Heath Ledger, estou falando do próprio Joaquin Phoenix. Depois da sessão de imprensa, ouvi um amigo crítico que falou uma frase que resume isso: “em determinado momento de filme, eu estava vendo o filme do Coringa há duas horas, e estava há duas horas esperando o Coringa aparecer”.

Pra “fechar a tampa”, a Arlequina da Lady Gaga não é boa. Duvido que alguém veja o filme e pense na Arlequina, todos vão ver a Lady Gaga na tela.

Agora, apesar disso tudo, Coringa: Delírio a Dois não é exatamente ruim. Tecnicamente falando, é muito bem feito. A reconstituição de época é perfeita. A fotografia enche os olhos, são várias cenas belíssimas. A trilha sonora da parte “não musical” é muito boa, mais uma vez a cargo de Hildur Guðnadóttir (que ganhou o Oscar pela trilha do primeiro filme). E tem um plano sequência sensacional na parte final do filme.

Mas, repito, é um filme longo demais, e essa proposta cansou. São duas horas e dezoito minutos. Talvez se o filme tivesse meia hora a menos (meia hora de músicas a menos!), acho que a galera ia curtir bem mais.

Por fim, não tem cena pós créditos, mas tem um desenho animado na abertura. O desenho não é engraçado e não se conecta com o filme. Pra que esse desenho? Não sei. Por mim, deveria ser cortado do filme.

Hellboy e o Homem Torto

Crítica – Hellboy e o Homem Torto

Sinopse (imdb): Hellboy se une a uma agente novata da B.P.D.P. na década de 1950 e são enviados para os Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade, dominada por bruxas e liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como o Homem Torto.

Ninguém pediu, mas tem um Hellboy novo em cartaz. O último, de 2019, foi tão irrelevante que nem me lembro de nada dele.

Em vez de um novo recomeço com uma nova história de origem, Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man, no original) traz uma história avulsa, e isso é uma boa coisa, porque não perdemos tempo e o filme já começa na ação. E preciso reconhecer que esse início foi bom, gostei da sequência dentro do vagão do trem.

Só que logo depois daí nada mais funciona. A trama é ao mesmo tempo arrastada e confusa. Um exemplo simples: logo depois da sequencia do trem, os personagens são apresentados a um menino que está sob o efeito de uma bruxa – e essa historia do menino não tem conclusão! Ou, mais pro fim do filme, tem um exemplo ainda pior. O grupo se divide em dois. Metade vai em uma missão que até agora ainda não entendi direito o objetivo. A outra metade resolve fazer outra coisa, mas essa jornada secundária acaba no meio! Os personagens apenas se juntam no final, e o filme deixa pra lá o que o segundo grupo tentou fazer.

Junte a esse roteiro atuações ruins e efeitos especiais pobres (a cobra parece efeito de app de celular), e temos mais um Hellboy esquecível como aquele de cinco anos atrás. Pena, porque gostei da ideia de se fazer um filme de terror (os outros três filmes tinham uma pegada de filmes de super herói).

A direção é de Brian Taylor, que fez Adrenalina e Gamer, que são filmes legais, mas também fez o segundo filme do Motoqueiro Fantasma, que é ruim com força. Hellboy e o Homem Torto está mais próximo de Motoqueiro Fantasma.

Não conhecia ninguém do elenco. Não tem nenhum destaque, mas se posso fazer uma “crítica head canon”, acho que o Hellboy deveria ter a voz mais grave. Senti saudades do Ron Perlman.

No fim, Hellboy e o Homem Torto é apenas mais um filme esquecível. Nem vale o ingresso do cinema.

Deadpool & Wolverine

Crítica – Deadpool & Wolverine

Sinopse (imdb): Wolverine está se recuperando de seus ferimentos quando cruza o caminho do tagarela Deadpool. Eles se unem para derrotar um inimigo em comum.

Antes de tudo, um aviso: fuja de spoilers! Este texto é spoiler free.

Heu reconheço que o estilo deste filme me conquista com facilidade. Humor negro e politicamente incorreto, muitas referências e muita metalinguagem. Ou seja, adorei. Mas não sei se minha opinião é 100% confiável neste aspecto em particular…

Os outros dois filmes do Deadpool eram da Fox. Este é o primeiro dentro da Marvel / Disney. A grande dúvida era se a mudança de estúdio suavizaria o filme. Felizmente não aconteceu, e o filme mostra isso logo de cara. A sequência dos créditos iniciais tem mais sangue do que todo o resto do MCU somado.

O Deadpool do Ryan Reynolds continua o mesmo, sacaneando tudo e todos, o tempo todo. E trazer o Hugh Jackman como um Wolverine mal humorado ajudou a equilibrar a galhofa do filme.

A direção é de Shawn Levy, que deve ser um bom amigo do Ryan Reynolds (que aqui além de protagonista também está creditado como um dos roteiristas). Levy dirigiu dois filmes recentes com Reynolds, Free Guy e O Projeto Adam.

Deadpool & Wolverine tem MUITAS referências. Heu não peguei todas, porque são referências a outros filmes e também a quadrinhos. E na parte da metalinguagem, o Deadpool passa o filme todo sacaneando a Fox, a Marvel e a Disney. É até estranho a gente ver que a Disney liberou um filme tão incorreto assim.

Tinha gente achando que este Deadpool & Wolverine “consertaria” o universo Marvel, mas este não foi o foco. E achei que acertaram o caminho, porque em vez de se preocupar em inserir o personagem dentro do contexto do MCU, o que vemos são piadas usando todo o universo Marvel, incluindo filmes de fora do universo cinematográfico da Marvel.

Temos algumas lutas entre os dois protagonistas, todas são boas. Agora, rolam duas lutas envolvendo vários personagens, e tenho opiniões opostas com relação a elas. A primeira é confusa, câmera tremida, vários personagens espalhados, não conseguimos entender nada do que está acontecendo. Por outro lado, a outra luta é em câmera lenta, com poucos cortes, a câmera deslizando suavemente para o lado, acompanhando as coreografias. Estranho dois estilos tão diferentes dentro do mesmo filme.

Os efeitos especiais são perfeitos. E preciso dizer que gostei muito do efeito quando um personagem entra na cabeça de outros, e vemos os dedos passeando por dentro da cabeça. E também preciso falar da trilha sonora, repleta de músicas pop conhecidas, todas muito bem usadas.

No elenco, já falei, os dois protagonistas são perfeitos. Ryan Reynolds foi um Deadpool todo errado no filme X-Men Origens: Wolverine, e é um raro “case de sucesso” de ator que reinventou o personagem nos filmes “solo” do personagem. E rolam várias piadas pela Internet sobre o Hugh Jackman como Wolverine, porque já tiveram vários atores como Batman, como Superman, como Homem Aranha, mas Wolverine sempre foi o Jackman – há mais de vinte anos! E confesso que achei ótima a vilã de Emma Corrin.

(Claro, tem mais gente, mas é spoiler!)

E não posso deixar de citar o cachorro Dogpool. Que cachorro feio! Acho que nunca vi um cachorro tão feio!

Por fim, fiquem até o fim dos créditos. Durante os créditos rolam cenas de bastidores de filmes da Marvel, e lá no finzinho tem uma piadinha.

Madame Teia

Crítica – Madame Teia

Sinopse (imdb): Forçada a confrontar seu passado, Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan que pode ter habilidades de clarividência, cria uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos, se elas conseguirem sobreviver ao presente ameaçador.

Atrasado, mas vamos falar de Madame Teia.

Antes, uma pequena explicação sobre a causa do atraso. Não teve sessão de imprensa no Rio de Janeiro (me falaram que teve em SP, mas não posso afirmar). E, pra piorar, estou em uma cidade do interior. Fui ao cinema, estava escrito que o ingresso nas quartas era 28 reais, mas resolveram cobrar 40. Por que? Deve ser porque é o único cinema da cidade, então eles podem cobrar o que quiserem. Só não podem reclamar depois quando as pessoas escolherem o streaming!

Bem, vamulá. Heu nunca tinha ouvido falar nessa tal de Madame Teia, e também não tinha visto o trailer. Entrei no cinema de coração aberto. E posso dizer que não odiei tanto como a maioria. Sim, Madame Teia está bem longe de ser bom, mas, achei do mesmo nível de Morbius e dos dois Venom. Ou seja, apenas mais um filme ruim no meio de outros igualmente ruins.

Dirigido pela pouco conhecida S J Clarkson, Madame Teia (Madame Web, no original) parece um filme de super herói dos anos 80 ou 90, época que a gente tinha poucos filmes desse sub gênero e por isso a gente aceitava mais fácil aceitar certas coisas. Depois de duas décadas de MCU, fica complicado ver uma personagem que está sendo procurada pela polícia e que resolve visitar o Peru – ué, e as fronteiras?

O roteiro é cheio de pontos fracos. Começo falando da cena inicial. A mãe da protagonista está grávida no meio da Amazônia peruana. O vilão se revela, dá um tiro nela, aparece uma tribo de índios-aranha (num efeito especial que parece videogame mal renderizado) e salva o bebê antes dela morrer, 30 anos se passam, e o vilão está com a mesma cara! Será que ele não envelhece? Não sabemos.

Aproveito pra falar do vilão. Por que ele queria a aranha? Não sabemos. Ele é um cara rico. Ele já era rico ou ficou rico depois de roubar a aranha? Não sabemos. Quais são os poderes dele além de andar nas paredes e soltar veneno pelas mãos? Não sabemos. Qual é o objetivo dele? Não sabemos. Só sabemos que ele tem um sonho premonitório. Todos os dias o mesmo sonho. E, pra piorar, diz que sempre tem o mesmo sonho, mas acaba morrendo de outra forma.

A gente podia seguir, mas o texto ia ficar muito longo. Mas ainda preciso falar da cena onde ela vai para o Peru (mesmo foragida). Pra começar que seria bem difícil ela encontrar o local exato da aldeia dos índios aranha. Mas, ok, é filme, a gente aceita. Agora, todo o diálogo do líder indígena com ela é péééssimo! Como é que ele sabe tantos detalhes sobre o poder dela, se é um poder tão único?

Ah, só mais um! A protagonista não sabe como enfrentar o vilão, então ela joga o carro em cima e o atropela. Ok. Algumas cenas depois, ela o atropela de novo! Sério que os roteiristas repetiram o atropelamento? Pior: ela não tinha como saber se ia atropelar mais alguém no processo.

(Ainda sobre o primeiro atropelamento – por que na visão dela ela anda a pé e chega mais rápido do que depois quando vai de carro?)

Mas, isso não é o pior. Acho que o pior de Madame Teia é ser um filme de super herói sem super heróis. A protagonista passa o filme inteiro tentando entender seus poderes, e são poderes que não servem pra muita coisa enquanto ela não aprender a controlá-los. E as três jovens Mulheres Aranhas só aparecem em uma cena, e é uma cena dentro de um sonho. O único personagem com super poderes é o vilão.

Ou seja, venderam um filme de super heróis e entregaram um filme onde personagens fogem de um vilão.

Agora um comentário de alguém que não lê quadrinhos. O filme se passa no universo do Homem Aranha – um dos personagens é o tio Ben Parker, e a irmã dele está grávida de um menino (não dizem o nome, mas fica implícito que é o Peter Parker). Ou seja, anos antes do Peter ser picado por uma aranha radioativa, já existiam várias pessoas Aranha, e com origens diferentes? Isso faz algum sentido nos quadrinhos?

Também queria falar sobre o product placement. Entendo que muitos filmes colocam propagandas escondidas no roteiro dos filmes, mas não me lembro de um filme recente com uma propaganda tão explícita da Pepsi. Tem uma cena longa onde a protagonista está com uma lata na mão, e toda a sequência final é debaixo de um enorme luminoso da Pepsi. Agora, a Pepsi deveria repensar seu marketing. Não só escolheu um filme errado, como pelo diálogo, não dá vontade de beber Pepsi, afinal a personagem diz que só vai beber Pepsi porque não deixaram ela beber cerveja.

O elenco tem bons nomes, mas ninguém está bem. Dakota Johnson tem cara de paisagem, acho que nunca a vi atuando bem, mas ela não atrapalha. As três jovens, Sydney Sweeney, Isabela Merced e Celeste O’Connor, parecem sofrer com um roteiro ruim e personagens mal desenvolvidas. Agora, Tahar Rahim está péssimo, seu vilão entra fácil na galeria de piores vilões de filmes de super heróis. Adam Scott está apenas ok, e juro que não entendi um nome com o star power da Emma Roberts num papel tão pequeno.

Dito tudo isso, posso afirmar que não saí do cinema com raiva. Ok, raiva de pagar um ingresso mais caro por um filme que não merecia, mas, não tive raiva do filme. Acho que esperar algo do nível de Morbius e Venom ajudou a baixar a expectativa.

Aquaman 2: O Reino Perdido

Crítica – Aquaman 2: O Reino Perdido

Sinopse (imdb): Arthur precisa contar com a ajuda de seu meio-irmão Orm para proteger Atlantis contra Black Manta, que liberou uma arma devastadora em sua busca obsessiva para vingar a morte de seu pai.

Este Aquaman 2: O Reino Perdido é o décimo quinto filme do DCEU – e também o último. A partir do ano que vem, a DC já avisou que vai recomeçar seu universo expandido.

Se Aquaman 2: O Reino Perdido fosse “apenas mais um filme de super heróis, seria algo mais aceitável. Mas existe todo um legado por trás, e é o filme que vai encerrar um universo cinematográfico, e justamente por isso é complicado de analisar o filme isoladamente.

E qual é o resultado? A gente tem um filme bagunçado nas telas. Não é um filme ruim, mas está bem longe de ser bom. Vamulá.

Mais uma vez dirigido por James Wan (achei um desperdício, este é um “filme de produtor”, Wan, volte pro terror!), Aquaman 2: O Reino Perdido (Aquaman and the Lost Kingdom, no original) tem alguns erros básicos. Um deles é que existe um “reino perdido” no título do filme, mas esse tal reino é quase irrelevante pra trama. A ideia de existir um reino perdido não é ruim, mas se está no título do filme, acredito que deveria ser algo mais presente na trama.

Mas acho que ainda pior é trazer um antagonista que estava no primeiro filme e que tinha uma rivalidade real contra o Aquaman, mas esse cara é “possuído” por um vilãozão meio sobrenatural, e meio que tanto faz as motivações anteriores do personagem. Caramba, se é pra ter alguém possuído, podia ser qualquer um! Jogaram fora as reais motivações do antagonista…

Outra coisa que ficou estranha é a colagem de cenas que parecem extraídas de outros filmes. O antagonista usa um óculos que solta um raio vermelho igual ao Cíclope em X-Men. O vilãozão é quase igual ao Sauron de O Senhor dos Anéis, só que em vez de usar o Um Anel ele usa um tridente. Tem uma cena que é uma mistura de Cantina de Mos Eisley em Guerra nas Estrelas com palácio do Jabba no Retorno do Jedi – incluindo um personagem igual ao Jabba! E por aí vai…

O filme tem muitas piadinhas, mas isso nunca me incomodou. Agora, o que incomoda são sequências inteiras que não fazem o menor sentido, como uma cena numa floresta com insetos gigantes. Gente, se existem animais gigantes na ilha, por que só naquele trecho? Ou uma sequência no meio do deserto, onde falam “está no meio do deserto pro povo da água não ir”, e na cena seguinte a gente vê um polvo rolando na areia. E isso porque não vou falar no assistente do vilão, que literalmente o traiu, mas continua tendo o cargo de maior importância!

Preciso comentar os efeitos especiais das cenas de batalhas sub aquáticas quando vemos os personagens nadando rápido. Ok, funcionam, mas acho que vão perder a validade cedo.

Tem uma coisa que heu não entendi. A gente sabe que a Amber Heard está “cancelada” por causa da polêmica com o Johnny Depp, e disseram que este filme teria a participação dela reduzida. Mas, não só ela está presente em quase todo o filme, como ainda salva o Aquaman em uma ou duas soluções deus ex machina. Ou seja, não só a personagem está presente, como ela é necessária para a sobrevivência do protagonista! Que tipo de cancelamento foi esse?

Aproveito pra falar do elenco. Jason Momoa é um Aquaman ótimo, um cara grande, forte, carismático e que faz piadinhas o tempo todo. Patrick Wilson também está bem como o irmão, e está presente quase todo o filme. Já Yahya Abdul-Mateen II faz o vilão ruim e não está bem. Também no elenco, Nicole Kidman, Dolph Lundgren e Temuera Morrison. Willem Dafoe não pôde participar por conflito de agenda. E Ben Affleck está creditado como Batman, mas não aparece no filme, seja lá qual foi sua participação, foi cortada.

Agora, Aquaman 2: O Reino Perdido é bagunçado mas pelo menos é divertido. Tem cena que beiram a falta de lógica, mas não tem nenhum momento chato. E não canso de repetir: o carisma de Jason Momoa vale o ingresso, ele parece estar se divertindo muito.

(Tem uma coisa que achei curiosa, uma capanga do vilão é vivida pela atriz portuguesa Jani Zhao. Por duas vezes no filme ela grita ordens em português!)

Por fim, a sessão de imprensa foi em 3D. Completamente desnecessário, não tem nenhuma cena que justifique o efeito.

Ah, tem uma cena no meio dos créditos com uma piadinha, e lá no fim não tem nada. Como acabou o DCEU, não tem gancho pra continuação.

As Marvels

Crítica – As Marvels

Sinopse (imdb): Quando os poderes de Carol Danvers, a Capitã Marvel, se entrelaçam aos de Kamala Khan, a Ms. Marvel, e aos de Monica Rambeau, atual astronauta da S.A.B.E.R., elas precisam aprender a trabalhar em conjunto para salvar o universo.

A expectativa para o novo filme da Marvel era zero. Não só tinha um monte de gente falando mal mesmo antes do filme estrear, como As Marvels (The Marvels, no original) não teve sessão de imprensa, sessão que acontece alguns dias antes da estreia para jornalistas, críticos e criadores de conteúdo, com o objetivo de ajudar a divulgar quando o filme estrear. Se a produção acha que não vai ter nenhum retorno, não faz a sessão – e aconteceu isso com As Marvels (pelo menos no Rio).

Dito isso, posso dizer que não é um grande filme, não é um filme para listar entre os melhores da Marvel. Mas também não é tão ruim assim. Vamulá.

Antes do filme, existe um problema que não é exclusivo deste filme, mas sim um problema da Marvel de um modo geral hoje em dia. Depois de 25 anos de filmes e séries, é difícil você fazer um filme independente. O novo lançamento sempre depende de outras coisas, o espectador tem que ter visto outros filmes e outras séries para conseguir pegar todos os detalhes. Sempre critiquei isso, e preciso continuar coerente comigo mesmo – são filmes que precisam de um “manual de instruções”. As Marvels é continuação de Capitã Marvel, mas também continuação da série Miss Marvel, e também continuação da série WandaVision. Se você não acompanhou o filme e as duas séries, talvez se sinta perdido.

Dirigido por Nia DaCosta, que fez o fraco reboot de Candyman, As Marvels era pra ser o segundo filme da Capitã Marvel, mas Carol Denvers divide o protagonismo com Monica Rambeau e Kamala Khan. As três protagonistas eventualmente trocam de lugar quando usam seus poderes e isso acaba gerando algumas cenas bem legais, com boas coreografias. Mas, por outro lado, temos algumas “roteirices” porque às vezes elas trocam de lugar, outras vezes não – ou seja, o que define essa troca é o que o roteiro está pedindo.

Ouvi críticas com relação a uma sequência onde elas vão para um planeta onde todo mundo só fala cantando, mas heu achei essa ideia muito boa. Entendo que, como gosto de musicais, tenho uma certa facilidade para aceitar uma ideia dessas. Parece um momento Bollywood, tudo muito colorido, com músicas, danças e coreografias. Minha única crítica a esse momento Bollywood é que a produção do filme pareceu tímida, e a sequência é curtinha. Se você vai usar uma ideia absurda, abrace o absurdo! Assuma a galhofa! Pareceu que o filme não queria “se sujar”.

Por outro lado, achei que a cena dos gatos não ficou legal. Era para ser talvez uma piada, mas eu achei que ficou tosco. Ficou mal explicado, mal desenvolvido, não funcionou.

Sobre o elenco: Brie Larson está ok. Ela não é uma pessoa simpática, tampouco uma personagem simpática, mas ela funciona dentro do que a proposta do filme pede. Teyonah Parris (Monica Rambeau) também não é nada demais, mas também funciona para o que o filme pede. Agora, admito que gostei da Iman Vellani (Kamala Khan). A jovem (21 anos) paquistanesa sempre se assumiu muito fã do MCU, e isso passa para a personagem: vemos que ela está muito feliz fazendo o filme. Atriz e personagem são muito fãs, e isso funciona muito bem na tela. Samuel L. Jackson não está bem, o personagem Nick Fury já foi legal, hoje em dia é uma caricatura do que já foi, em Invasão Secreta estava tão ruim quanto. A vilã interpretada por Zawe Ashton (esposa de Tom Hiddleston, o Loki) também não é boa. A Marvel tem alguns vilões muito bons e outros que não são. E a vilã aqui, Dar-Benn, está no segundo grupo.

As Marvels tem uma cena final que parece cena pós créditos, e uma cena no meio dos créditos. As duas são ganchos para possíveis caminhos futuros da Marvel, e as duas são empolgantes!