Capitão América: Admirável Mundo Novo

Crítica – Capitão América: Admirável Mundo Novo

Sinopse (imdb): Sam Wilson, o novo Capitão América, se vê no meio de um incidente internacional e deve descobrir o motivo por trás de um plano global nefasto.

Antes de tudo, um aviso pra quem ainda não me conhece: não leio quadrinhos de super heróis. Nada contra, mas sempre preferi outros estilos de HQs. Então, meus comentários serão apenas sobre a Marvel no cinema!

Já falei aqui em outras ocasiões: o que a Marvel fez ao longo dos 12 anos entre o primeiro Homem de Ferro (2008) e o Vingadores Ultimato (2019) será estudado como um dos cases mais bem sucedidos da história do cinema. O “evento Vingadores”, juntando dezenas de filmes e dezenas de heróis, foi um feito que dificilmente será superado.

O mais sensato seria parar depois. Ficar uns anos sem lançar nada. A Marvel alcançou um patamar muito alto, seria difícil se manter no mesmo nível. Mas, quem quer parar quando está no topo? Ou seja, se até Ultimato a Marvel era sinônimo de entretenimento de qualidade, de lá pra cá nota-se uma irregularidade nos lançamentos. Por causa disso, muita gente se cansou da “fórmula Marvel”.

Os haters dizem que “Marvel já era”; os fãs torcem para um novo filme que trará tudo de volta aos trilhos. Por enquanto, ficamos com lançamentos meia bomba, como este quarto Capitão América, Capitão América: Admirável Mundo Novo (Captain America: Brave New World, no original), o primeiro de três filmes que a Marvel lançará este ano.

(Chute meu, não li isso em lugar nenhum: pelo que me parece, este Capitão América seria só pra “cumprir tabela”; Thunderbolts* é uma grande incógnita, pode ser tão ruim quanto o primeiro Esquadrão Suicida, ou tão bom quanto o segundo Esquadrão Suicida, mas será um filme “avulso”; e finalmente Quarteto Fantástico tem cara de que será o filme que ditará o novo rumo da Marvel nos cinemas. Mas, repito: isso é um chute meu.)

Capitão América: Admirável Mundo Novo começa com um problema que não acontecia no início do MCU, mas que agora é meio inevitável: é um filme que precisa de “manual de instruções”. O espectador “leigo” vai ficar perdido, porque Capitão América 4 é continuação não só da série Falcão e o Soldado Invernal como também continuação do filme do Hulk de 2008 – sim, aquele do Edward Norton filmado parcialmente no Rio e que quase ninguém se lembra. E ainda tem referência a Eternos.

Capitão América 4 traz Sam Wilson, o novo Capitão América (depois da aposentadoria do Steve Rogers) envolvido em uma trama política internacional, agora que Thaddeus Ross virou presidente dos EUA e quer fazer um tratado entre vários países para dividirem as riquezas encontradas nos Celestiais. Só que um vilão misterioso está manipulando pessoas pra este plano dar errado.

A direção é de Julius Onah, que heu nunca tinha ouvido falar. Mas em termos de Marvel, não acho que isso é algo essencial, afinal alguns dos melhores filmes da Marvel foram dirigidos pelos irmãos Russo, que eram completos desconhecidos antes. E diretores consagrados tiveram resultados irregulares, como Kenneth Branagh (Thor) e Chloé Zhao (Eternos). Mas, Onah não fez nada que saltasse aos olhos. Seu Capitão América é bem inferior aos outros (mas, reconheço que é uma comparação difícil, o segundo filme, Soldado Invernal, é considerado um dos melhores filmes de todo o MCU, enquanto o terceiro é o Guerra Civil.)

Uma coisa que gostei foi que a minha dúvida sobre o Sam Wilson ser o novo Capitão América mesmo sem ser super é abordada no filme. Nada contra o Sam Wilson enquanto era o Falcão, mas, como uma pessoa “normal” fica no lugar de uma pessoa que tinha superpoderes? O filme fala sobre isso, e achei a explicação satisfatória.

Agora, Capitão América 4 tem um problema grande, e que nem é culpa do filme em si. Durante todo o filme o personagem do Harrison Ford está desenvolvendo um problema, que poderia ser um grande plot twist: ele vai virar um Hulk. Mas, parece que o estúdio não dá bola pra plot twist, esse Hulk está em TODA a divulgação!

(Um comentário de alguém que não lê os quadrinhos: não tenho ideia de qual é a diferença entre um Hulk vermelho e um Hulk verde – ou quaisquer outras cores de Hulks. Ouvi vários comentários sobre ele ser um “Hulk vermelho”, talvez a cor tenha algum significado. Mas não é mencionado no filme.)

O roteiro tem alguns furos aqui e ali. Nada grave, são “roteirices”, facilitações de roteiro. Mas não dá pra levar muito a sério. Só pra dar um exemplo: em determinado momento um personagem fala “para o meu plano funcionar, eu preciso ser preso” e então chegam os guardas e o levam. Oi? O plano ia funcionar com ele preso ou não! Pra que aquela cena?

Sobre o elenco: Anthony Mackie está bem, ele tem carisma pra liderar o filme, e a única questão que heu tinha com o personagem foi explorada durante o filme. Harrison Ford também está bem, ele ganhou o papel que foi de William Hurt (que faleceu em 2022). Só achei curioso ver Ford como presidente dos EUA mais uma vez, não tem como não lembrar dele em Força Aérea Um, de 1997. Já Giancarlo Esposito está bem, mas achei o personagem dele mal aproveitado. E não quero falar mais sobre o elenco porque pode ser um spoiler indireto.

Capitão América: Admirável Mundo Novo tem uma cena pós créditos, lá no finzinho de tudo, um gancho pra possíveis continuações. Cena bem besta, mas é o estilo da Marvel.

Por fim, preciso falar que sempre que leio o nome do filme, uma música começa a tocar na minha cabeça: Bravo Mundo Novo, do segundo disco da Plebe Rude. O nome do filme em português é “Admirável Mundo Novo”, mas o original é “Brave New World”. Principalmente porque fui a um show da Plebe Rude semana passada, no Circo Voador (showzaço, aliás). Taí, faltou incluir Plebe Rude na trilha sonora!

Kraven, O Caçador

Crítica – Kraven, O Caçador

Sinopse (imdb): A complexa relação de Kraven com o pai, Nikolai Kravinoff, o leva a uma jornada de vingança com consequências brutais, o motivando a se tornar um dos maiores e mais temidos caçadores do mundo.

Antes de tudo, uma informação importante: nunca li os quadrinhos desse Kraven. Todo o meu texto será baseado no filme.

Ninguém esperava que Kraven, O Caçador seria bom. Afinal, é o sexto filme de um universo todo errado: “vilões do Homem Aranha sem a presença do Homem Aranha”. Pra piorar, não teve sessão de imprensa, coisa que normalmente acontece quando a distribuidora não acredita no potencial do filme. Mesmo assim fui ver. É bom? Não. Mas não é o pior do ano.

(Só pra deixar registrado: os outros filmes são Morbius, Madame Teia e os três Venom. Todos ruins.)

Dirigido por J.C. Chandor, Kraven, O Caçador (Kraven the Hunter no original) sofre do mesmo problema dos outros: como o protagonista é um vilão sem oponente, o filme força uma barra pra ele virar uma espécie de anti herói. Ou seja, é um vilão mas não pode ser “do mal”. E, como nos outros filmes, essa construção de personagem não foi muito boa.

Tem outro problema que é a grande quantidade de personagens. Por exemplo, são três vilões, um deles ficou sobrando. Podia focar só no pai e no Rino, aquele que conta até 3 e congela tudo é meio desnecessário.

(Me falaram que nos quadrinhos a Calypso também é vilã, mas isso não acontece aqui neste filme. E no finzinho do filme, o irmão, Dmitri, dá a impressão de que vai virar outro vilão, mas isso ficaria pra uma suposta continuação.)

Some-se a isso efeitos especiais que parece que a gente está vendo um filme dos anos 90. Algumas cenas de ação o herói é um boneco de cgi que não respeita as leis da física. Mas… isso me incomoda pouco. Um roteiro mal escrito me incomoda mais. Um exemplo claro está na personagem Calypso, que entra e sai da trama quando o roteiro está precisando de uma ajuda. Ela está no passado do protagonista, e volta justamente quando ele precisa de ajuda. Um pouco mais tarde no filme a gente descobre que ela sabe atirar com arco e flecha, mas logo depois que o roteiro usa suas habilidades, ela some do filme.

Agora, uma coisa boa de Kraven é que tem mais sangue e violência que o padrão dos “filmes de super herói”. Nada muito gráfico, mas pelo menos vemos sangue, coisa que costuma faltar em filmes do gênero.

Sobre o elenco, Aaron Taylor-Johnson não está mal como o protagonista. Mas não podemos dizer o mesmo de Russell Crowe, caricato demais como o mafioso russo. Ariana DeBose como Calypso também não está bem. Também no elenco, Fred Hechinger, Alessandro Nivola e Christopher Abbott.

Agora queria terminar meu texto com uma listinha curta de coisas sem sentido em Kraven, O Caçador. Vamulá?

– Sua avó lhe entrega uma poção mágica, segredo da sua família, que vai dar super poderes a quem tomá-la. Que tal dar essa poção pro primeiro desconhecido que encontrar pela frente?

– Se Kraven teve contato com o sangue de um leão e tomou uma poção mágica que lhe deu os poderes de um leão, como é que ele escala paredes e tem a visão de um elfo?

– Kraven é “O Caçador”, mas ninguém sabe o nome dele, porque ele diz que mata todos os que ouvem isso. Ok. Aí o vilãozão pega uma filmagem de câmera de segurança e descobre, por reconhecimento facial, que aquele cara é Sergei Kravinoff e também é o Caçador. Como é que ele descobre que também é chamado de Kraven?

– Ainda nesse reconhecimento facial, da primeira vez que vemos, deu 97,3% de compatibilidade. Na segunda vez, mudou pra 99,99%. O que mudou?

– Você é um vilão malvadão e manda um capanga matar o herói. O capanga diz “vou matá-lo”, mas não volta. Por que diabos você vai acreditar que seu capanga conseguiu e vai embora achando que o herói está morto?

Parece que vão acabar com esse universo de “Homem Aranha sem Homem Aranha”. É, talvez seja a melhor opção.

Venom: A Última Rodada

Crítica – Venom: A Última Rodada

Sinopse (imdb): Eddie e Venom estão fugindo. Caçados pelos dois mundos e com a rede se aproximando, a dupla é forçada a tomar uma decisão devastadora que fechará as cortinas da última dança de Venom e Eddie.

O primeiro Venom, de 2018, é ruim. Venom 2, de 2021, também é ruim. Alguém acreditava que um terceiro filme, Venom: A Última Rodada (Venom: The Last Dance, no original), seria bom?

Analisando sob este aspecto, até que Venom: A Última Rodada nem é tão ruim. É do mesmo nível dos outros. Se você curtiu os anteriores, talvez se divirta neste terceiro (e, esperamos, último) Venom.

Filme de estreia da diretora Kelly Marcel (roteirista dos dois primeiros e também de Cruella e Cinquenta Tons de Cinza), como falei, Venom: A Última Rodada não é muito ruim. Mas achei o roteiro bem forçado. Há tempos não via conveniências tão convenientes. Vou dar um exemplo: existe um monstro perseguindo um tal codex, que só é visível quando o Venom e o Eddie Brock estão juntos. Quando estão juntos, o monstro consegue ver a quilômetros de distância. Mas quando o monstro vai atacar, é só se separar que ele fica cego. Continua vendo e atacando as pessoas em volta, mas Eddie e o simbionte ficam invisíveis!

E isso porque não tô falando da cena da sra. Chen, aquela da loja de conveniência. Ela não só estava em Las Vegas (outra cidade), e no mesmo cassino, como estava numa grande maré de sorte e ganhou uma suíte na cobertura. Completamente forçado, e ao mesmo tempo, completamente desnecessário – tire essa sequência e o filme não perde nada.

Cabe outro problema do roteiro? Existe um núcleo com cientistas, onde a principal era pra ser a personagem da Juno Temple, que tem um background que não serve pra nada. Mas quem ganha protagonismo na sequencia final é aquela personagem secundária do broche de árvore de natal, tão secundária que nem lembro o nome dela.

Mas, como falei lá em cima, já esperava algo meio tosco. E dentro da tosqueira, tem coisas divertidas. Gostei da família de hippies (a cena deles cantando na van é gostosinha), e rolam algumas boas piadas, como a citação ao Tom Cruise na cena do avião. A trilha sonora também escolhe algumas boas músicas pra embalar o filme.

Mas é pouco. Tem coisa melhor por aí. A não ser que você curta muito o Venom e queira ver uma sequência em cgi de vários venoms de cores diferentes lutando contra monstros.

Ah, tem duas cenas pós créditos. Nenhuma vale a pena.

Deadpool & Wolverine

Crítica – Deadpool & Wolverine

Sinopse (imdb): Wolverine está se recuperando de seus ferimentos quando cruza o caminho do tagarela Deadpool. Eles se unem para derrotar um inimigo em comum.

Antes de tudo, um aviso: fuja de spoilers! Este texto é spoiler free.

Heu reconheço que o estilo deste filme me conquista com facilidade. Humor negro e politicamente incorreto, muitas referências e muita metalinguagem. Ou seja, adorei. Mas não sei se minha opinião é 100% confiável neste aspecto em particular…

Os outros dois filmes do Deadpool eram da Fox. Este é o primeiro dentro da Marvel / Disney. A grande dúvida era se a mudança de estúdio suavizaria o filme. Felizmente não aconteceu, e o filme mostra isso logo de cara. A sequência dos créditos iniciais tem mais sangue do que todo o resto do MCU somado.

O Deadpool do Ryan Reynolds continua o mesmo, sacaneando tudo e todos, o tempo todo. E trazer o Hugh Jackman como um Wolverine mal humorado ajudou a equilibrar a galhofa do filme.

A direção é de Shawn Levy, que deve ser um bom amigo do Ryan Reynolds (que aqui além de protagonista também está creditado como um dos roteiristas). Levy dirigiu dois filmes recentes com Reynolds, Free Guy e O Projeto Adam.

Deadpool & Wolverine tem MUITAS referências. Heu não peguei todas, porque são referências a outros filmes e também a quadrinhos. E na parte da metalinguagem, o Deadpool passa o filme todo sacaneando a Fox, a Marvel e a Disney. É até estranho a gente ver que a Disney liberou um filme tão incorreto assim.

Tinha gente achando que este Deadpool & Wolverine “consertaria” o universo Marvel, mas este não foi o foco. E achei que acertaram o caminho, porque em vez de se preocupar em inserir o personagem dentro do contexto do MCU, o que vemos são piadas usando todo o universo Marvel, incluindo filmes de fora do universo cinematográfico da Marvel.

Temos algumas lutas entre os dois protagonistas, todas são boas. Agora, rolam duas lutas envolvendo vários personagens, e tenho opiniões opostas com relação a elas. A primeira é confusa, câmera tremida, vários personagens espalhados, não conseguimos entender nada do que está acontecendo. Por outro lado, a outra luta é em câmera lenta, com poucos cortes, a câmera deslizando suavemente para o lado, acompanhando as coreografias. Estranho dois estilos tão diferentes dentro do mesmo filme.

Os efeitos especiais são perfeitos. E preciso dizer que gostei muito do efeito quando um personagem entra na cabeça de outros, e vemos os dedos passeando por dentro da cabeça. E também preciso falar da trilha sonora, repleta de músicas pop conhecidas, todas muito bem usadas.

No elenco, já falei, os dois protagonistas são perfeitos. Ryan Reynolds foi um Deadpool todo errado no filme X-Men Origens: Wolverine, e é um raro “case de sucesso” de ator que reinventou o personagem nos filmes “solo” do personagem. E rolam várias piadas pela Internet sobre o Hugh Jackman como Wolverine, porque já tiveram vários atores como Batman, como Superman, como Homem Aranha, mas Wolverine sempre foi o Jackman – há mais de vinte anos! E confesso que achei ótima a vilã de Emma Corrin.

(Claro, tem mais gente, mas é spoiler!)

E não posso deixar de citar o cachorro Dogpool. Que cachorro feio! Acho que nunca vi um cachorro tão feio!

Por fim, fiquem até o fim dos créditos. Durante os créditos rolam cenas de bastidores de filmes da Marvel, e lá no finzinho tem uma piadinha.

Madame Teia

Crítica – Madame Teia

Sinopse (imdb): Forçada a confrontar seu passado, Cassandra Webb, uma paramédica em Manhattan que pode ter habilidades de clarividência, cria uma relação com três jovens destinadas a futuros poderosos, se elas conseguirem sobreviver ao presente ameaçador.

Atrasado, mas vamos falar de Madame Teia.

Antes, uma pequena explicação sobre a causa do atraso. Não teve sessão de imprensa no Rio de Janeiro (me falaram que teve em SP, mas não posso afirmar). E, pra piorar, estou em uma cidade do interior. Fui ao cinema, estava escrito que o ingresso nas quartas era 28 reais, mas resolveram cobrar 40. Por que? Deve ser porque é o único cinema da cidade, então eles podem cobrar o que quiserem. Só não podem reclamar depois quando as pessoas escolherem o streaming!

Bem, vamulá. Heu nunca tinha ouvido falar nessa tal de Madame Teia, e também não tinha visto o trailer. Entrei no cinema de coração aberto. E posso dizer que não odiei tanto como a maioria. Sim, Madame Teia está bem longe de ser bom, mas, achei do mesmo nível de Morbius e dos dois Venom. Ou seja, apenas mais um filme ruim no meio de outros igualmente ruins.

Dirigido pela pouco conhecida S J Clarkson, Madame Teia (Madame Web, no original) parece um filme de super herói dos anos 80 ou 90, época que a gente tinha poucos filmes desse sub gênero e por isso a gente aceitava mais fácil aceitar certas coisas. Depois de duas décadas de MCU, fica complicado ver uma personagem que está sendo procurada pela polícia e que resolve visitar o Peru – ué, e as fronteiras?

O roteiro é cheio de pontos fracos. Começo falando da cena inicial. A mãe da protagonista está grávida no meio da Amazônia peruana. O vilão se revela, dá um tiro nela, aparece uma tribo de índios-aranha (num efeito especial que parece videogame mal renderizado) e salva o bebê antes dela morrer, 30 anos se passam, e o vilão está com a mesma cara! Será que ele não envelhece? Não sabemos.

Aproveito pra falar do vilão. Por que ele queria a aranha? Não sabemos. Ele é um cara rico. Ele já era rico ou ficou rico depois de roubar a aranha? Não sabemos. Quais são os poderes dele além de andar nas paredes e soltar veneno pelas mãos? Não sabemos. Qual é o objetivo dele? Não sabemos. Só sabemos que ele tem um sonho premonitório. Todos os dias o mesmo sonho. E, pra piorar, diz que sempre tem o mesmo sonho, mas acaba morrendo de outra forma.

A gente podia seguir, mas o texto ia ficar muito longo. Mas ainda preciso falar da cena onde ela vai para o Peru (mesmo foragida). Pra começar que seria bem difícil ela encontrar o local exato da aldeia dos índios aranha. Mas, ok, é filme, a gente aceita. Agora, todo o diálogo do líder indígena com ela é péééssimo! Como é que ele sabe tantos detalhes sobre o poder dela, se é um poder tão único?

Ah, só mais um! A protagonista não sabe como enfrentar o vilão, então ela joga o carro em cima e o atropela. Ok. Algumas cenas depois, ela o atropela de novo! Sério que os roteiristas repetiram o atropelamento? Pior: ela não tinha como saber se ia atropelar mais alguém no processo.

(Ainda sobre o primeiro atropelamento – por que na visão dela ela anda a pé e chega mais rápido do que depois quando vai de carro?)

Mas, isso não é o pior. Acho que o pior de Madame Teia é ser um filme de super herói sem super heróis. A protagonista passa o filme inteiro tentando entender seus poderes, e são poderes que não servem pra muita coisa enquanto ela não aprender a controlá-los. E as três jovens Mulheres Aranhas só aparecem em uma cena, e é uma cena dentro de um sonho. O único personagem com super poderes é o vilão.

Ou seja, venderam um filme de super heróis e entregaram um filme onde personagens fogem de um vilão.

Agora um comentário de alguém que não lê quadrinhos. O filme se passa no universo do Homem Aranha – um dos personagens é o tio Ben Parker, e a irmã dele está grávida de um menino (não dizem o nome, mas fica implícito que é o Peter Parker). Ou seja, anos antes do Peter ser picado por uma aranha radioativa, já existiam várias pessoas Aranha, e com origens diferentes? Isso faz algum sentido nos quadrinhos?

Também queria falar sobre o product placement. Entendo que muitos filmes colocam propagandas escondidas no roteiro dos filmes, mas não me lembro de um filme recente com uma propaganda tão explícita da Pepsi. Tem uma cena longa onde a protagonista está com uma lata na mão, e toda a sequência final é debaixo de um enorme luminoso da Pepsi. Agora, a Pepsi deveria repensar seu marketing. Não só escolheu um filme errado, como pelo diálogo, não dá vontade de beber Pepsi, afinal a personagem diz que só vai beber Pepsi porque não deixaram ela beber cerveja.

O elenco tem bons nomes, mas ninguém está bem. Dakota Johnson tem cara de paisagem, acho que nunca a vi atuando bem, mas ela não atrapalha. As três jovens, Sydney Sweeney, Isabela Merced e Celeste O’Connor, parecem sofrer com um roteiro ruim e personagens mal desenvolvidas. Agora, Tahar Rahim está péssimo, seu vilão entra fácil na galeria de piores vilões de filmes de super heróis. Adam Scott está apenas ok, e juro que não entendi um nome com o star power da Emma Roberts num papel tão pequeno.

Dito tudo isso, posso afirmar que não saí do cinema com raiva. Ok, raiva de pagar um ingresso mais caro por um filme que não merecia, mas, não tive raiva do filme. Acho que esperar algo do nível de Morbius e Venom ajudou a baixar a expectativa.

As Marvels

Crítica – As Marvels

Sinopse (imdb): Quando os poderes de Carol Danvers, a Capitã Marvel, se entrelaçam aos de Kamala Khan, a Ms. Marvel, e aos de Monica Rambeau, atual astronauta da S.A.B.E.R., elas precisam aprender a trabalhar em conjunto para salvar o universo.

A expectativa para o novo filme da Marvel era zero. Não só tinha um monte de gente falando mal mesmo antes do filme estrear, como As Marvels (The Marvels, no original) não teve sessão de imprensa, sessão que acontece alguns dias antes da estreia para jornalistas, críticos e criadores de conteúdo, com o objetivo de ajudar a divulgar quando o filme estrear. Se a produção acha que não vai ter nenhum retorno, não faz a sessão – e aconteceu isso com As Marvels (pelo menos no Rio).

Dito isso, posso dizer que não é um grande filme, não é um filme para listar entre os melhores da Marvel. Mas também não é tão ruim assim. Vamulá.

Antes do filme, existe um problema que não é exclusivo deste filme, mas sim um problema da Marvel de um modo geral hoje em dia. Depois de 25 anos de filmes e séries, é difícil você fazer um filme independente. O novo lançamento sempre depende de outras coisas, o espectador tem que ter visto outros filmes e outras séries para conseguir pegar todos os detalhes. Sempre critiquei isso, e preciso continuar coerente comigo mesmo – são filmes que precisam de um “manual de instruções”. As Marvels é continuação de Capitã Marvel, mas também continuação da série Miss Marvel, e também continuação da série WandaVision. Se você não acompanhou o filme e as duas séries, talvez se sinta perdido.

Dirigido por Nia DaCosta, que fez o fraco reboot de Candyman, As Marvels era pra ser o segundo filme da Capitã Marvel, mas Carol Denvers divide o protagonismo com Monica Rambeau e Kamala Khan. As três protagonistas eventualmente trocam de lugar quando usam seus poderes e isso acaba gerando algumas cenas bem legais, com boas coreografias. Mas, por outro lado, temos algumas “roteirices” porque às vezes elas trocam de lugar, outras vezes não – ou seja, o que define essa troca é o que o roteiro está pedindo.

Ouvi críticas com relação a uma sequência onde elas vão para um planeta onde todo mundo só fala cantando, mas heu achei essa ideia muito boa. Entendo que, como gosto de musicais, tenho uma certa facilidade para aceitar uma ideia dessas. Parece um momento Bollywood, tudo muito colorido, com músicas, danças e coreografias. Minha única crítica a esse momento Bollywood é que a produção do filme pareceu tímida, e a sequência é curtinha. Se você vai usar uma ideia absurda, abrace o absurdo! Assuma a galhofa! Pareceu que o filme não queria “se sujar”.

Por outro lado, achei que a cena dos gatos não ficou legal. Era para ser talvez uma piada, mas eu achei que ficou tosco. Ficou mal explicado, mal desenvolvido, não funcionou.

Sobre o elenco: Brie Larson está ok. Ela não é uma pessoa simpática, tampouco uma personagem simpática, mas ela funciona dentro do que a proposta do filme pede. Teyonah Parris (Monica Rambeau) também não é nada demais, mas também funciona para o que o filme pede. Agora, admito que gostei da Iman Vellani (Kamala Khan). A jovem (21 anos) paquistanesa sempre se assumiu muito fã do MCU, e isso passa para a personagem: vemos que ela está muito feliz fazendo o filme. Atriz e personagem são muito fãs, e isso funciona muito bem na tela. Samuel L. Jackson não está bem, o personagem Nick Fury já foi legal, hoje em dia é uma caricatura do que já foi, em Invasão Secreta estava tão ruim quanto. A vilã interpretada por Zawe Ashton (esposa de Tom Hiddleston, o Loki) também não é boa. A Marvel tem alguns vilões muito bons e outros que não são. E a vilã aqui, Dar-Benn, está no segundo grupo.

As Marvels tem uma cena final que parece cena pós créditos, e uma cena no meio dos créditos. As duas são ganchos para possíveis caminhos futuros da Marvel, e as duas são empolgantes!

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Sinopse (imdb): Nick Fury e Talos estão tentando deter os Skrulls que se infiltraram nas esferas mais altas do universo Marvel.

Quando estreou Invasão Secreta, nova série da Marvel na Disney+, pensei em esperar acabar a série e fazer um texto comentando toda a temporada. Mas, o resultado final foi tão decepcionante que mudei de ideia e vou fazer um top 6 de momentos ruins da série.

Escolhi 6 momentos ruins. Podia ser mais, mas a decepção de Invasão Secreta me lembrou a decepção que tive com Obi Wan, e fiz um post com As 6 tosqueiras mais toscas de Obi Wan Kenobi. Então mantive o número 6. E acho que foi uma boa escolha, Invasão Secreta tem mais coisas ruins, mas deu preguiça de rever a série só pra aumentar a lista.

Antes de entrar na lista, uma crítica e um elogio. A crítica é que tudo é arrastado demais, dava tranquilamente pra se cortar as gorduras e fazer um filme de longa metragem em vez de uma série de seis episódios. Conheço várias pessoas fãs do MCU, e quase todos “se esqueciam” de ver os novos episódios a cada semana – diferente de outras séries onde todos corriam logo pra ver.

Agora, nem tudo é ruim. Olivia Colman está ótima, e sua personagem Sonya Falsworth foi a melhor coisa da série. Ela aparece pouco, mas todas as vezes são cenas boas. Uma boa personagem que espero que continue no MCU.

Vamos à lista? Claro, spoilers liberados a partir de agora!

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

– Não acho ruim quando matam um personagem se isso causar um grande impacto na trama e nos personagens. Aquela morte significou algo! Um exemplo dentro do MCU foi a morte da Viúva Negra, que foi um evento bem trabalhado dentro do filme e que causou um enorme impacto em todo o MCU. Agora, quando matam a Maria Hill e o Talos e isso não causa nenhum impacto, aí é ruim. Principalmente a Maria Hill – se o Gravik queria uma imagem do Fury atirando na Maria Hill, causaria o mesmo impacto se o tiro atingisse algo grave e ela precisasse ir para o hospital. Ok, entendo que nem a Maria Hill nem o Talos são personagens muito importantes, a gente nunca veria um filme solo de nenhum deles, mas, mesmo assim, acho que foi desrespeito com o fã.

– A gente descobre que quando um skrull é ferido, aparece a pele real verde dele. Isso acontece algumas vezes ao longo da série. Pra que todo aquele “mexican standoff” entre o Fury e o Rhodes na frente do presidente? Não era só atirar na mão ou na perna do Rhodes?

– A Emilia Clarke é ruim. Existem atores que têm talento, outros têm carisma, e outros têm talento e carisma. Emilia Clarke não tem nenhum dos dois. Acho que está na hora de Hollywwod repensar a carreira dela. Talvez ela funcione melhor como coadjuvante.
(Pra piorar, no fim dá a entender que ela vai trabalhar com a Olivia Colman, que tem talento e carisma. Essa dupla não vai funcionar!)

– Admito que gostei da batalha final, quando usam poderes de vários heróis misturados. Mas, tem uma coisa que ficou estranha: eles aprenderam a dominar os poderes muito rapidamente. Em um filme com o modelo clássico de “filme de origem de super herói”, sempre tem uma parte do filme que é o personagem aprendendo a usar seus novos poderes. Aqui não, os dois já conseguem dominar tudo, automaticamente.

– O local da batalha final era radioativo. Como é que eles guardavam prisioneiros humanos lá?

– Nick Fury foi o cara que organizou a Iniciativa Vingadores. Ele conhecia todos os heróis. Se nenhum herói aparece na série, isso precisa ser verbalizado, senão é um furo de roteiro. Ok, verbalizaram. Existe a pergunta “por que você não chama os seus amigos?”. O problema é a resposta “porque é algo pessoal”. O mundo está à beira da terceira guerra mundial e essa foi a melhor desculpa que os roteiristas pensaram?

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Sinopse (imdb): Miles Morales, o amigão da vizinhança Homem-Aranha, é transportado através do multiverso para unir forças com Gwen Stacy e um novo time de Pessoas-Aranha para enfrentar um vilão mais poderoso do que qualquer coisa que já tenham encontrado.

Antes de tudo, preciso criticar a postura da Sony, distribuidora, que não fez sessão de imprensa aqui no Rio. O texto era pra ter saído na quinta, como acontece com a maioria dos grandes lançamentos. Mas tive que esperar estrear pra ver no circuito. (E parece que SP teve sessão de imprensa, mas várias pessoas foram barradas. Ou seja, aparentemente a desorganização é geral).

Mas, vamos ao filme. Dirigido por Joaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across the Spider-Verse no original) é um espetáculo visual. Assim como aconteceu no primeiro, o estilo da imagem é bem diferente do padrão Disney / Pixar / Dreamworks que estamos acostumados. Em vez de procurar um traço realista, muitas vezes o visual lembra páginas de quadrinhos, com cenários abstratos, cores que mudam de tom sem um motivo, eventuais textos na tela, rolam até efeitos visuais simbolizando sons. Se o primeiro filme sacudiu os grandes estúdios com esse visual, essa continuação deve causar o mesmo efeito.

Ah, uma característica presente no primeiro filme está de volta: desenhos de estilos diferentes misturados. Por exemplo, o Spider Punk é um ótimo personagem, e desenhado com um estilo completamente diferente.

(Aliás, tem uma sequência onde vemos dezenas (talvez centenas) de Aranhas diferentes, e deve ter um monte de referências e easter eggs escondidos.)

Quem me conhece sabe que só o visual já era o suficiente pra heu achar um bom filme. Mas Homem-Aranha: Através do Aranhaverso ainda traz uma história boa. Temos um bom desenvolvimento de personagem, tanto do Miles Morales, quanto da Gwen Stacy, e além disso o filme ainda desenvolve o relacionamento entre os dois. E o roteiro ainda equilibra bem as cenas de ação e os momentos engraçados.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não é uma comédia, mas tem umas piadas muito boas (o que não chega a ser uma surpresa se a gente vê que Phil Lord e Chris Miller estão entre os roteiristas). Tem uma sequência onde um personagem descobre portais para outros universos que é muito engraçada, e tem um momento que faz uma piada hilária com o clássico meme dos Aranhas apontando um para o outro.

O vilão é bem construído. Inicialmente parece ser um bobão, mas ao longo da projeção a periculosidade dele vai crescendo. Ah, uma coisa curiosa: o roteiro deixa o vilão de lado por boa parte da projeção!

Agora, vamos à crítica. O filme estava excelente, heu realmente “entrei” naquele universo, estava curtindo muito. Mas, do nada, veio um “continua”. Caramba, qual é o problema de se avisar que o filme não tem fim. Será que alguém ia deixar de ir ao cinema só por isso? Acho uma falta de respeito com o espectador, e já é a terceira vez em poucos meses (aconteceu o mesmo com Os Três Mosqueteiros e Velozes e Furiosos 10). Reclamei de Os Três Mosqueteiros, mas foi menos mal, porque fechou uma história e deixou um gancho aberto para começar outra. Aqui em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso acontece o mesmo que em Velozes e Furiosos 10: a história vai num crescente e de repente para tudo. E o pior de tudo é que isso não é avisado em nenhum lugar, não está no pôster nem no título do filme.

Quando um filme mais ou menos termina bem, ele ganha pontos. E quando termina mal, claro que perde pontos. Esse “não final” foi um grande balde de água fria. O filme estava indo muito bem, mas terminou com gosto amargo. Pena.

Parece que ano que vem o filme termina. Aguardemos.

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da perda da Gamora, Peter Quill reúne sua equipe para defender o universo e um deles – uma missão que pode significar o fim dos Guardiões se não for bem-sucedida.

Normalmente evito expectativas, mas com esse Guardiões da Galáxia Vol. 3 era difícil por causa de seu diretor: James Gunn. Aos poucos, Gunn mostrou que ele é “o cara”: começou na Troma, e fez alguns filmes legais mas nada muito relevante. Aí foi pra Marvel e fez o primeiro Guardiões, e a gente tem que lembrar que era um projeto super arriscado: um grupo de alienígenas onde um deles era um guaxinim e outro era uma árvore, e que a gente sabia que no futuro iam se juntar aos Vingadores. E mesmo assim, Guardiões da Galáxia foi um dos melhores filmes do MCU. Mas, depois do segundo filme, rolou aquela parada da Disney fuçar tweets antigos do cara e ele foi demitido. A DC então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida, e o seu filme com o Esquadrão foi o melhor do DCEU. Agora, de volta à Marvel, como segurar a ansiedade?

E a boa notícia é que mesmo com expectativa alta, James Gunn nos trouxe o melhor filme da Marvel em um bom tempo. Um filme que te faz rir, te faz chorar, tem personagens muito bem construídos e ainda traz alguns cenários bem diferentes do óbvio. E além disso, um belo fechamento para a saga dos Guardiões.

Claro que o filme é muito engraçado. Guardiões sempre foi galhofa, e continua sendo – são vários os momentos hilários. Mas este terceiro filme traz a história que conta o triste passado do Rocket Racoon. Aqui a gente conhece o passado dele, e consegue entender por que ele não quer falar sobre isso. É um momento que, arrisco dizer, vai arrancar lágrimas dos espectadores. E vai ter muita gente que vai virar fã do Rocket depois do filme.

Aproveito pra falar dos personagens. Temos um rico time de personagens, e, coisa difícil num grupo tão numeroso – conhecemos características de todos eles! Peter Quill, Gamora, Rocket, Groot, Drax, Mantis, Nebula… Tem até espaço pra secundários como Kraglin e Cosmo! Ok, você pode argumentar que já vimos os personagens por alguns filmes, é verdade, tem mais tempo para conhecê-los. Mas, pensa só: já temos mais de dez Velozes e Furiosos, e mesmo assim tem alguns personagens do grupo que a gente não lembra nem do nome, muito menos da personalidade. Aqui não, conhecemos cada um, é como se fossem velhos amigos.

Além dos personagens, Guardiões da Galáxia Vol. 3 também tem um visual bem exótico. O filme aproveita que estamos no espaço e que nada precisa seguir uma lógica terrestre, e temos excentricidades como uma base espacial orgânica – com detalhes como pelos e uma camada de gordura debaixo da pele. E o interior dessa base parece uma mistura de Barbarella com A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Falando em visual, preciso falar do plano sequência na cena do corredor. Ok, a gente sabe que é um plano sequência “fake” porque tem muita coisa digital no meio, mas mesmo assim vejo valor em quem consegue conceber uma cena como aquela, onde vemos todos em ação, cada um no seu estilo.

Como acontece nos outros filmes, temos algumas referências aos anos 80, como citações a Dirty Dancing e Robocop – e preciso falar que essa do Robocop estava me incomodando, porque o visual do vilão é muito parecido com o Robocop sem máscara.

(Outra daquelas coisas que “todo mundo fala”: a Gamora não entende o Groot, normal, aí ela fala “vocês estão inventando isso!” Gosto quando um filme se sacaneia!)

Falando das referências, preciso falar da trilha sonora. Antes o Peter Quill tinha um walkman, que foi quebrado. Aí ele ganhou um aparelho com centenas de músicas, e agora não estamos mais presos somente aos anos 80. E uma coisa bem legal que tinha nos filmes anteriores acontece de novo aqui: a letra da música que está tocando “conversa” com o roteiro. Um exemplo simples que é logo a primeira cena do filme: o Rocket sempre se sentiu excluído, e começamos ouvindo Creep, do Radiohead: “I wish I was special, but I’m a creep, I’m a weirdo”. Pena que boa parte do público brasileiro não vai captar essa sutileza.

O elenco é ótimo. Todos os atores dos outros filmes estão de volta: Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Pom Klementieff, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn e Maria Bakalova – e ainda tem uma ponta do Michael Rooker. Ah, trabalhar com James Gunn deve ser bom. Vários atores que estavam no Esquadrão Suicida aparecem aqui: Chukwudi Iwuji, Nathan Fillion, Daniela Melchior e Jennifer Holland (Sylvester Stallone também estava em Esquadrão Suicida, mas ele já tinha aparecido numa cena pós créditos do Guardiões 2). Ainda no elenco, Linda Cardellini, Elizabeth Debicki e Will Poulter

O fim do filme traz um encerramento pra trilogia. Claro, sempre pode haver um novo filme, uma nova saga. Mas se acabar por aqui, foi um bom final.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Sinopse (filmeB): Os parceiros e super-heróis Scott Lang e Hope Van Dyne retornam às aventuras como Homem-Formiga e Vespa. Com os pais de Hope, Hank Pym e Janet Van Dyne, e a filha de Scott, Cassie Lang, eles exploram o Reino Quântico, interagindo com novas criaturas estranhas, em uma aventura que os levará além dos limites do que eles pensavam ser possível.

Outro dia a gente debateu no Podcrastinadores sobre o tema “já cansamos de filmes de super heróis?”. Olha, heu sempre achei que, mantendo a qualidade, nenhum gênero cansa. Mas parece que a Marvel está chegando no limite. Dirigido pelo mesmo Peyton Reed dos dois filmes anteriores do Homem-Formiga, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania no original) tem seus méritos. Mas a gente sai do cinema levemente decepcionado.

Vamos primeiro ao que funciona. Gostei muito do visual do “reino quântico”, tanto dos cenários quanto dos inúmeros seres que lá habitam – mesmo sabendo que é tudo CGI. Aliás, mesmo não se passando no espaço, várias coisas lembram o universo de Star Wars. Se o Episódio 4 fosse feito hoje em dia, teria um monte daqueles seres na cena da cantina!

Agora, o roteiro tem falhas. Vou começar pelos personagens. Um exemplo claro é a guerreira Jantorra, que quando aparece, passa a impressão de que terá algum protagonismo nas cenas de batalha, mas que some, e só aparece ao fim do filme. O espectador nunca vai se importar com uma perosnagem assim! E a Janet da Michelle Pfeiffer na primeira parte do filme está tão perdida que a gente fica com raiva da personagem. Ou ainda a cena do Bill Murray, que é divertida, mas apenas por causa do Bill Murray. Tire esta cena e o filme fica exatamente o mesmo.

Outro exemplo são as cenas confusas, como a batalha onde prendem o Scott Lang e a filha. Tiros e explosões pra todos os lados, tudo muito colorido, mas ninguém entende nada do que está acontecendo! E isso porque não falei das conveniências de roteiro, tipo num momento o vilão Kang é muito poderoso, mas em outro ele não faz nada – tudo depende do quanto o roteiro pede. A Marvel nos apresentou alguns bons vilões, mas Kang não faz parte deste time.

Com um roteiro mal estruturado, não adianta nada ter um visual de encher os olhos. Pelo menos o filme não é muito longo, duas horas e cinco minutos.

Sobre o elenco, a sorte é que Paul Rudd é um cara carismático, então é sempre agradável vê-lo em tela. Porque não consigo encontrar nenhum destque no resto do elenco. Evangeline Lilly, Kathryn Newton, Michelle Pfeiffer e Michael Douglas apenas “cumprem tabela”, mas pelo menos não estão tão mal quanto Jonathan Majors e seu vilão ruim. Ah, gostei do alívio cômico Veb, com a voz do David Dastmalchian (O Esquadrão Suicida). Aparece pouco, mas sempre é divertido. Por outro lado, achei o MODOK um personagem besta.

Por fim, o tradicional Marvel: duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, e outra lá no finzinho dos créditos. Fiquem até o fim!

p.s.: Fiquei frustrado de não ver nenhuma referência ao “Homem Tia” / “Aunt Man”…