Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Crítica – Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Sinopse (imdb): Miles Morales, o amigão da vizinhança Homem-Aranha, é transportado através do multiverso para unir forças com Gwen Stacy e um novo time de Pessoas-Aranha para enfrentar um vilão mais poderoso do que qualquer coisa que já tenham encontrado.

Antes de tudo, preciso criticar a postura da Sony, distribuidora, que não fez sessão de imprensa aqui no Rio. O texto era pra ter saído na quinta, como acontece com a maioria dos grandes lançamentos. Mas tive que esperar estrear pra ver no circuito. (E parece que SP teve sessão de imprensa, mas várias pessoas foram barradas. Ou seja, aparentemente a desorganização é geral).

Mas, vamos ao filme. Dirigido por Joaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson, Homem-Aranha: Através do Aranhaverso (Spider-Man: Across the Spider-Verse no original) é um espetáculo visual. Assim como aconteceu no primeiro, o estilo da imagem é bem diferente do padrão Disney / Pixar / Dreamworks que estamos acostumados. Em vez de procurar um traço realista, muitas vezes o visual lembra páginas de quadrinhos, com cenários abstratos, cores que mudam de tom sem um motivo, eventuais textos na tela, rolam até efeitos visuais simbolizando sons. Se o primeiro filme sacudiu os grandes estúdios com esse visual, essa continuação deve causar o mesmo efeito.

Ah, uma característica presente no primeiro filme está de volta: desenhos de estilos diferentes misturados. Por exemplo, o Spider Punk é um ótimo personagem, e desenhado com um estilo completamente diferente.

(Aliás, tem uma sequência onde vemos dezenas (talvez centenas) de Aranhas diferentes, e deve ter um monte de referências e easter eggs escondidos.)

Quem me conhece sabe que só o visual já era o suficiente pra heu achar um bom filme. Mas Homem-Aranha: Através do Aranhaverso ainda traz uma história boa. Temos um bom desenvolvimento de personagem, tanto do Miles Morales, quanto da Gwen Stacy, e além disso o filme ainda desenvolve o relacionamento entre os dois. E o roteiro ainda equilibra bem as cenas de ação e os momentos engraçados.

Homem-Aranha: Através do Aranhaverso não é uma comédia, mas tem umas piadas muito boas (o que não chega a ser uma surpresa se a gente vê que Phil Lord e Chris Miller estão entre os roteiristas). Tem uma sequência onde um personagem descobre portais para outros universos que é muito engraçada, e tem um momento que faz uma piada hilária com o clássico meme dos Aranhas apontando um para o outro.

O vilão é bem construído. Inicialmente parece ser um bobão, mas ao longo da projeção a periculosidade dele vai crescendo. Ah, uma coisa curiosa: o roteiro deixa o vilão de lado por boa parte da projeção!

Agora, vamos à crítica. O filme estava excelente, heu realmente “entrei” naquele universo, estava curtindo muito. Mas, do nada, veio um “continua”. Caramba, qual é o problema de se avisar que o filme não tem fim. Será que alguém ia deixar de ir ao cinema só por isso? Acho uma falta de respeito com o espectador, e já é a terceira vez em poucos meses (aconteceu o mesmo com Os Três Mosqueteiros e Velozes e Furiosos 10). Reclamei de Os Três Mosqueteiros, mas foi menos mal, porque fechou uma história e deixou um gancho aberto para começar outra. Aqui em Homem-Aranha: Através do Aranhaverso acontece o mesmo que em Velozes e Furiosos 10: a história vai num crescente e de repente para tudo. E o pior de tudo é que isso não é avisado em nenhum lugar, não está no pôster nem no título do filme.

Quando um filme mais ou menos termina bem, ele ganha pontos. E quando termina mal, claro que perde pontos. Esse “não final” foi um grande balde de água fria. O filme estava indo muito bem, mas terminou com gosto amargo. Pena.

Parece que ano que vem o filme termina. Aguardemos.

Guardiões da Galáxia Vol. 3

Crítica – Guardiões da Galáxia Vol. 3

Sinopse (imdb): Ainda se recuperando da perda da Gamora, Peter Quill reúne sua equipe para defender o universo e um deles – uma missão que pode significar o fim dos Guardiões se não for bem-sucedida.

Normalmente evito expectativas, mas com esse Guardiões da Galáxia Vol. 3 era difícil por causa de seu diretor: James Gunn. Aos poucos, Gunn mostrou que ele é “o cara”: começou na Troma, e fez alguns filmes legais mas nada muito relevante. Aí foi pra Marvel e fez o primeiro Guardiões, e a gente tem que lembrar que era um projeto super arriscado: um grupo de alienígenas onde um deles era um guaxinim e outro era uma árvore, e que a gente sabia que no futuro iam se juntar aos Vingadores. E mesmo assim, Guardiões da Galáxia foi um dos melhores filmes do MCU. Mas, depois do segundo filme, rolou aquela parada da Disney fuçar tweets antigos do cara e ele foi demitido. A DC então o contratou pra “consertar” o Esquadrão Suicida, e o seu filme com o Esquadrão foi o melhor do DCEU. Agora, de volta à Marvel, como segurar a ansiedade?

E a boa notícia é que mesmo com expectativa alta, James Gunn nos trouxe o melhor filme da Marvel em um bom tempo. Um filme que te faz rir, te faz chorar, tem personagens muito bem construídos e ainda traz alguns cenários bem diferentes do óbvio. E além disso, um belo fechamento para a saga dos Guardiões.

Claro que o filme é muito engraçado. Guardiões sempre foi galhofa, e continua sendo – são vários os momentos hilários. Mas este terceiro filme traz a história que conta o triste passado do Rocket Racoon. Aqui a gente conhece o passado dele, e consegue entender por que ele não quer falar sobre isso. É um momento que, arrisco dizer, vai arrancar lágrimas dos espectadores. E vai ter muita gente que vai virar fã do Rocket depois do filme.

Aproveito pra falar dos personagens. Temos um rico time de personagens, e, coisa difícil num grupo tão numeroso – conhecemos características de todos eles! Peter Quill, Gamora, Rocket, Groot, Drax, Mantis, Nebula… Tem até espaço pra secundários como Kraglin e Cosmo! Ok, você pode argumentar que já vimos os personagens por alguns filmes, é verdade, tem mais tempo para conhecê-los. Mas, pensa só: já temos mais de dez Velozes e Furiosos, e mesmo assim tem alguns personagens do grupo que a gente não lembra nem do nome, muito menos da personalidade. Aqui não, conhecemos cada um, é como se fossem velhos amigos.

Além dos personagens, Guardiões da Galáxia Vol. 3 também tem um visual bem exótico. O filme aproveita que estamos no espaço e que nada precisa seguir uma lógica terrestre, e temos excentricidades como uma base espacial orgânica – com detalhes como pelos e uma camada de gordura debaixo da pele. E o interior dessa base parece uma mistura de Barbarella com A Fantástica Fábrica de Chocolates.

Falando em visual, preciso falar do plano sequência na cena do corredor. Ok, a gente sabe que é um plano sequência “fake” porque tem muita coisa digital no meio, mas mesmo assim vejo valor em quem consegue conceber uma cena como aquela, onde vemos todos em ação, cada um no seu estilo.

Como acontece nos outros filmes, temos algumas referências aos anos 80, como citações a Dirty Dancing e Robocop – e preciso falar que essa do Robocop estava me incomodando, porque o visual do vilão é muito parecido com o Robocop sem máscara.

(Outra daquelas coisas que “todo mundo fala”: a Gamora não entende o Groot, normal, aí ela fala “vocês estão inventando isso!” Gosto quando um filme se sacaneia!)

Falando das referências, preciso falar da trilha sonora. Antes o Peter Quill tinha um walkman, que foi quebrado. Aí ele ganhou um aparelho com centenas de músicas, e agora não estamos mais presos somente aos anos 80. E uma coisa bem legal que tinha nos filmes anteriores acontece de novo aqui: a letra da música que está tocando “conversa” com o roteiro. Um exemplo simples que é logo a primeira cena do filme: o Rocket sempre se sentiu excluído, e começamos ouvindo Creep, do Radiohead: “I wish I was special, but I’m a creep, I’m a weirdo”. Pena que boa parte do público brasileiro não vai captar essa sutileza.

O elenco é ótimo. Todos os atores dos outros filmes estão de volta: Chris Pratt, Karen Gillan, Zoe Saldana, Pom Klementieff, Dave Bautista, Bradley Cooper, Vin Diesel, Sean Gunn e Maria Bakalova – e ainda tem uma ponta do Michael Rooker. Ah, trabalhar com James Gunn deve ser bom. Vários atores que estavam no Esquadrão Suicida aparecem aqui: Chukwudi Iwuji, Nathan Fillion, Daniela Melchior e Jennifer Holland (Sylvester Stallone também estava em Esquadrão Suicida, mas ele já tinha aparecido numa cena pós créditos do Guardiões 2). Ainda no elenco, Linda Cardellini, Elizabeth Debicki e Will Poulter

O fim do filme traz um encerramento pra trilogia. Claro, sempre pode haver um novo filme, uma nova saga. Mas se acabar por aqui, foi um bom final.

Shazam! Fúria dos Deuses

Crítica – Shazam! Fúria dos Deuses

Sinopse (filmeB): Agraciado com os poderes dos deuses, Billy Batson e seus irmãos adotivos ainda estão aprendendo a conciliar a vida adolescente com alter egos de super-heróis adultos. Mas quando as Filhas de Atlas, um trio vingativo de deusas antigas, chegam à Terra em busca da magia roubada deles há muito tempo, Billy – também conhecido como Shazam – e sua família são lançados em uma batalha por seus superpoderes, suas vidas e o destino de seu mundo.

O primeiro Shazam!, lançado em 2019, foi uma divertida bobagem, com um herói adolescente num corpo de um adulto. Não era um grande filme, mas o resultado ficou divertido. Claro que iam fazer uma continuação. Shazam! Fúria dos Deuses (Shazam! Fury of the Gods no original) segue a mesma proposta do primeiro filme: um super herói bobinho e inseguro, num clima mais colorido e divertido que o “padrão DC”.

Shazam! Fúria dos Deuses (por que não “Shazam 2”?) repete o diretor David F. Sandberg do filme anterior. Sandberg tem passado no cinema de terror – procurem uma boneca Annabelle no consultório do pediatra! A primeira sequência do filme, no museu, é bem violenta (mesmo sem sangue). Se o filme fosse nessa pegada até o fim, ia ser bem legal, pena que larga esse caminho logo depois.

Como falei, é DC, mas tem um pé muito forte na comédia. Algumas piadas são meio sem graça, mas admito que ri alto em algumas cenas (a piada que encerra a primeira cena pós créditos é muito boa!). Além disso, Shazam! Fúria dos Deuses tem várias referências à cultura pop, são citados inúmeros filmes, como Star Wars, Senhor dos Anéis e Game of Thrones – e fazer uma citação a Velozes e Furiosos com a Helen Mirren presente foi genial!

Agora, precisamos reconhecer que o roteiro é cheio de “roteirices”, tipo um dragão que solta raios mortais pela boca, mas que tem um raio inofensivo quando está diante de um dos personagens principais. E aquela redoma segue as regras que o roteiro pede no momento.

Achei as vilãs bem ruins. Hellen Mirren é a menos pior, ela nem está tão mal como as outras duas, mas, caramba, é a Hellen Mirren, está bem aquém do esperado, trazer alguém do porte da Hellen Mirren só pra isso é um enorme desperdício. As outras duas estão realmente ruins: Rachel Zegler só faz a mesma cara de espanto ao longo de todo o filme; e Lucy Liu, caricata ao extremo, está ainda pior. (Aliás, a personagem da Rachel Zegler não faz o menor sentido, ela tem seis mil anos e se envolve romanticamente com um adolescente. Isso é errado em tantos níveis…)

Ainda sobre o elenco, tem uma coisa que ficou esquisita. São seis irmãos, crianças e adolescentes. No filme anterior, eram seis atores adultos diferentes quando eles viravam super. Mas agora uma atriz, Grace Caroline Currey, faz as duas versões, “adolescente” e super (ela já tem 26 anos, já não mais adolescente há algum tempo). Nada contra a mesma atriz ficar nas duas versões da personagem, mas destoa do resto. Todos os outros cinco ficam completamente diferentes, mas ela tem a mesma cara.

Já que estou falando dos irmãos… São seis, e o filme só foca em três: Billy, Freddy e Mary. A Darla tem alguma relevância só no “momento unicórnio”, e o Pedro só serve pra fazer uma piada (que pareceu inspirada em Quase Famosos). O sexto irmão é tão inútil que a gente nem sabe o nome dele (catei no imdb, é Eugene). Enfim, roteiro mal escrito, não sabe equilibrar os personagens.

Um último comentários sobre o elenco. Heu sei que é uma referência muito específica, que poucos vão pegar, mas… Achei que o Djimon Hounsou está igual ao Daminhão Experiença.

A parte final do filme é meio confusa, mas, quem gostou do primeiro e se deixar levar, vai curtir o segundo. Só recomendo não parar pra pensar muito.

Ah, importante: são duas cenas pós créditos, tem uma lá no finzinho.

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania

Sinopse (filmeB): Os parceiros e super-heróis Scott Lang e Hope Van Dyne retornam às aventuras como Homem-Formiga e Vespa. Com os pais de Hope, Hank Pym e Janet Van Dyne, e a filha de Scott, Cassie Lang, eles exploram o Reino Quântico, interagindo com novas criaturas estranhas, em uma aventura que os levará além dos limites do que eles pensavam ser possível.

Outro dia a gente debateu no Podcrastinadores sobre o tema “já cansamos de filmes de super heróis?”. Olha, heu sempre achei que, mantendo a qualidade, nenhum gênero cansa. Mas parece que a Marvel está chegando no limite. Dirigido pelo mesmo Peyton Reed dos dois filmes anteriores do Homem-Formiga, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (Ant-Man and the Wasp: Quantumania no original) tem seus méritos. Mas a gente sai do cinema levemente decepcionado.

Vamos primeiro ao que funciona. Gostei muito do visual do “reino quântico”, tanto dos cenários quanto dos inúmeros seres que lá habitam – mesmo sabendo que é tudo CGI. Aliás, mesmo não se passando no espaço, várias coisas lembram o universo de Star Wars. Se o Episódio 4 fosse feito hoje em dia, teria um monte daqueles seres na cena da cantina!

Agora, o roteiro tem falhas. Vou começar pelos personagens. Um exemplo claro é a guerreira Jantorra, que quando aparece, passa a impressão de que terá algum protagonismo nas cenas de batalha, mas que some, e só aparece ao fim do filme. O espectador nunca vai se importar com uma perosnagem assim! E a Janet da Michelle Pfeiffer na primeira parte do filme está tão perdida que a gente fica com raiva da personagem. Ou ainda a cena do Bill Murray, que é divertida, mas apenas por causa do Bill Murray. Tire esta cena e o filme fica exatamente o mesmo.

Outro exemplo são as cenas confusas, como a batalha onde prendem o Scott Lang e a filha. Tiros e explosões pra todos os lados, tudo muito colorido, mas ninguém entende nada do que está acontecendo! E isso porque não falei das conveniências de roteiro, tipo num momento o vilão Kang é muito poderoso, mas em outro ele não faz nada – tudo depende do quanto o roteiro pede. A Marvel nos apresentou alguns bons vilões, mas Kang não faz parte deste time.

Com um roteiro mal estruturado, não adianta nada ter um visual de encher os olhos. Pelo menos o filme não é muito longo, duas horas e cinco minutos.

Sobre o elenco, a sorte é que Paul Rudd é um cara carismático, então é sempre agradável vê-lo em tela. Porque não consigo encontrar nenhum destque no resto do elenco. Evangeline Lilly, Kathryn Newton, Michelle Pfeiffer e Michael Douglas apenas “cumprem tabela”, mas pelo menos não estão tão mal quanto Jonathan Majors e seu vilão ruim. Ah, gostei do alívio cômico Veb, com a voz do David Dastmalchian (O Esquadrão Suicida). Aparece pouco, mas sempre é divertido. Por outro lado, achei o MODOK um personagem besta.

Por fim, o tradicional Marvel: duas cenas pós créditos, uma depois dos créditos principais, e outra lá no finzinho dos créditos. Fiquem até o fim!

p.s.: Fiquei frustrado de não ver nenhuma referência ao “Homem Tia” / “Aunt Man”…

Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Crítica – Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Sinopse (Disney+): Com a missão de tornar o Natal inesquecível para Quill, os Guardiões vão à Terra em busca do presente perfeito.

James Gunn é “o cara”. Se antes já era impressionante o fato dele ter saído da Troma (sua estreia foi o roteiro de Tromeu & Julieta) e chegar na Marvel, agora ele está ligado a projetos simultâneos na Marvel e na DC!

Guardiões da Galáxia Especial de Festas (The Guardians of the Galaxy Holiday Special, no original) é uma divertidíssima brincadeira. Gunn aproveitou as filmagens de Guardiões 3 e juntou o elenco para filmar um especial de natal, independente dos filmes, de pouco mais de quarenta minutos. Pretensão zero, diversão nota 10.

O filme segue uma ideia maluca (e coerente com tudo o que o diretor já tinha feito com os Guardiões): tirando Peter Quill, todos são alienígenas e não sabem o que é o Natal. Então Mantis e Drax resolvem vir até a Terra para trazer um presente para Quill: o Kevin Bacon! Sim, afinal rolou uma piada no primeiro ou segundo Guardiões onde Quill fala que Kevin Bacon foi um herói que salvou uma cidade com a dança.

Uma coisa bem legal dessa fase atual da Marvel é que cabem experimentações em formatos diferentes. Depois de uma sitcom de uma advogada Hulk e de um filme sério com homenagem ao Pantera Negra, agora tem espaço para uma bobagem divertida.

Em sua incursão pela DC, em Esquadrão Suicida e na série Peacemaker, James Gunn usou muita violência gráfica, mas aqui em Guardiões da Galáxia Especial de Festas o clima é família, mantendo a linha dos filmes dos Guardiões. Outra característica constante em seus filmes, a trilha sonora é importante, e a música de Natal que toca no início é sensacional. Não achei informações no imdb, mas desconfio que seja a banda Old 97’s caracterizada interpretando a música no filme.

O elenco é fantástico. Mesmo sendo uma produção simples, direto para o streaming, Guardiões da Galáxia Especial de Festas traz de volta quase todo o elenco dos filmes (só Zoe Saldana não está aqui). Os principais são Pom Klementieff e Dave Bautista (que estão ótimos em sua incursão pela Terra), e temos também Chris Pratt, Karen Gillan, Michael Rooker, Bradley Cooper, Vin Diesel e Sean Gunn. De novidade, Maria Bakalova faz a voz do cachorro Cosmo, ela deve estar no próximo filme. Claro, Kevin Bacon também tem uma grande participação, e sua esposa Kyra Sedgwick é quem fala ao telefone com ele.

Por fim, não me lembro de personagens da DC sendo citados no MCU. E aqui falam do Batman! Olha, se alguém for fazer um crossover Marvel x DC nos cinemas, acho que já temos a pessoa certa para tocar o projeto!

Pantera Negra Wakanda Para Sempre

Crítica – Pantera Negra Wakanda Para Sempre

Sinopse (imdb): Uma sequência que explora o mundo único de Wakanda e os vários personagens introduzidos com o filme de 2018.

Finalmente chega às telas a aguardada continuação de Pantera Negra, um dos mais incensados filmes de super heróis de todos os tempos.

A minha maior dúvida era como eles iam lidar com a morte do ator principal, Chadwick Boseman, que faleceu dois anos atrás, aos 43 anos, de câncer. Qual seria a saída? Será que era melhor escalar outro ator, como fizeram com o Máquina de Guerra, que foi interpretado pelo Terrence Howard no primeiro Homem de Ferro e depois trocaram pelo Don Cheadle? Ou usar um dublê e colocar um rosto digital, como fizeram com o Gand Moff Tarkin em Rogue One?

A solução encontrada foi matar o personagem – e isso é logo a primeira cena do filme, então não é spoiler. T’Challa está doente, enquanto Shuri tenta fazer algo para salvar o irmão. E logo depois temos uma bela homenagem, a vinheta da Marvel está só com imagens do T’Challa, e sem música, só com barulho de vento. Vai ter muito nerd chorando nessa introdução.

Matar o personagem parece ser a solução correta quando o ator que o interpreta era muito carismático, afinal é difícil substituir um ator assim. Mas traz outro problema: temos um filme sem protagonista. E o protagonismo é jogado em cima da Shuri, só que Letitia Wright não tem um décimo do carisma do Chadwick Boseman. Mas isso é apenas um dos problemas. Vamulá.

Mais uma vez dirigido por Ryan Coogler, Pantera Negra Wakanda Forever não é ruim. O elenco está muito bem, temos cenários belíssimos tanto em Wakanda quanto em Talocan (a cidade do Namor), boa trilha sonora, tecnicamente é um filme bem executado. Mas, sei lá, me pareceu que faltou alguma coisa. É o trigésimo filme do MCU, chegamos em um ponto onde é difícil se manter no topo o tempo todo, e a sensação que Pantera Negra Wakanda Forever passa é que estamos diante de mais um filme, apenas isso.

E, pra piorar, o filme é longo demais. Duas horas e quarenta minutos, o filme chega a cansar.

Sobre as cenas de ação: tem uma perseguição de carros no meio do filme que é apenas ok. E a grande batalha final é bem ruim. Temos de um lado pessoas mais fortes e em maior quantidade. Era pra esse lado ter esmagado o outro, mas, ok, filme, a gente aceita.

(Não gostei do “momento power rangers” na batalha, e não tenho ideia de onde a Shuri aprendeu a brigar daquele jeito – ela era cientista! Mas esses são clichês comuns em filmes de super heróis, então vou relevar.)

O elenco é bom. Angela Bassett está muito bem, consegue passar a dor de ter perdido um filho e ainda ter que governar Wakanda. Tenoch Huerta recebeu críticas pelo seu Namor, mas achei ele bom no papel – não está na galeria dos melhores vilões da Marvel, mas serve pra mover o filme. Letitia Wright, Lupita Nyong’o, Danai Gurira e Dominique Thorne dividem o protagonismo na maior parte do filme. Martin Freeman e Julia Louis-Dreyfus têm papéis menores; e Lake Bell faz uma ponta (curioso que ela fez a voz da Natasha Romanoff em What If e agora tem um papel pequeno, achei que ela tinha star power pra algo mais relevante).

Agora, momento mimimi. Posso implicar? Se a galera é do fundo do mar, por que usam cocares com penas de pássaros? Outra: eles são seres subaquáticos, como é que eles cantam fora d’água para chamar as pessoas para o mar?

Pantera Negra Wakanda Forever é um bom filme. Mas, no MCU de 2022, na minha lista, fica um passo atrás do Doutor Estranho e do Thor.

Adão Negro

Crítica – Adão Negro

Sinopse (imdb): Quase 5.000 anos após ser agraciado com os poderes onipotentes dos deuses egípcios e preso com a mesma rapidez, Adão Negro alcança a liberdade de sua tumba terrena, pronto para liberar sua justiça no mundo moderno.

Bora pra mais um filme de super heróis da DC!

O que mais me intrigava sobre este Adão Negro (Black Adam, no original) era o protagonista. Porque, na Hollywood de hoje, é difícil imaginar o Dwayne Johnson como um vilão. Mas, olha, nesse aspecto, gostei do que vemos no filme. Diferente da maioria dos filmes de super heróis onde existe um grande maniqueísmo, o bem contra o mal, aqui a gente tem dois grupos distintos onde dependendo do ponto de vista, um deles pode não ser exatamente de “mocinhos”. Inclusive isso é falado por uma personagem – “onde estavam vocês quando fomos invadidos 27 anos atrás?”

Dito isso, preciso dizer que o vilãozão que temos no terço final do filme é fraco. Mais tarde volto a falar dele.

A direção é de Jaume Collet-Serra, de A Órfã, Águas Rasas, e alguns filmes com o Liam Neeson badass (Desconhecido, O Passageiro, Noite Sem Fim e Sem Escalas). Bom diretor, mas que aqui não mostra nada autoral. Ele usa tanta câmera lenta que às vezes parece que estamos vendo um filme do Zack Snyder.

Ainda na câmera lenta: são boas cenas, só que em excesso. Talvez o ideal fosse reduzir um pouco. As cenas de ação são boas, e o filme tem um pouco mais de violência do que estamos acostumados na concorrente Marvel.

Já que falamos da Marvel… Preciso dizer que não conheço as HQs, meus comentários são apenas relativos ao que tivemos no cinema nos últimos anos. E preciso falar que esse filme parece muito um filme da Marvel. Temos um novo elemento, o Eternium, que é equivalente ao Vibranium. O time de super heróis é liderado por uma mistura de Tony Stark com Falcão, e seu time tem um “Doutor Estranho” (que vê o futuro e encontra apenas uma solução para enfrentar o vilão), um Homem Formiga com máscara de Deadpool (inclusive usado como alívio cômico) e uma espécie de Tempestade (ok, essa é a mais diferente). Só que a Marvel passou anos e anos construindo um time, e agora na DC veio tudo jogado de uma vez.

Sobre o elenco, Dwayne Johnson está ótimo como sempre. Um personagem mais sombrio que o habitual, mas mesmo assim mantendo o bom humor. Sarah Shahi tem o principal papel entre os “não heróis”, e Pierce Brosnan é o único conhecido do grupo de heróis Sociedade da Justiça (os outros são Aldis Hodge, Quintessa Swindell e Noah Centineo). E temos Viola Davis como Amanda Waller, meio que pra justificar que este é mais um filme do universo cinematográfico da DC.

A parte técnica teve uma coisa que me incomodou. O áudio parecia que algumas cenas estava mal dublado, principalmente em cenas do menino. Achei estranho, mas deixei pra lá. Ao fim da sessão, um amigo comentou sobre isso, e vi que não fui o único.

Adão Negro é legal, mas não gostei do terço final. O personagem título tinha sido isolado, mas consegue voltar numa cena muito forçada. E é o momento onde temos o vilãozão. E aquele exército de zumbis foi completamente desnecessário.

Tem uma cena pós créditos, depois dos créditos principais, que fez parte da galera urrar na sessão de imprensa. Admito, boa cena. No fim dos créditos não tem nada.

Aguardemos mais filmes do Dwayne Johnson na DC!

Lobisomem na Noite

Crítica – Lobisomem na Noite

Sinopse (Disney+): Em uma noite escura e sombria, uma cabala de monstros emerge das sombras e se reúne no templo de Bloodstone após a sua morte. Em um estranho e macabro memorial à vida de seu líder, os participantes são lançados em uma misteriosa e mortal competição por uma poderosa relíquia – uma caçada que acabará por colocá-los cara a cara com um monstro perigoso.

Recebi uma mensagem de um amigo sobre um novo Marvel, fui ver direto sem ler absolutamente nada do que se tratava. Olha, que surpresa boa!

Inicialmente achei que seria o primeiro episódio de uma nova série – caramba, tem muita coisa pra ver, estou acompanhando Andor, She-Hulk, Anéis de Poder, estou atrasado com House of the Dragon, acabou de estrear O Clube da Meia Noite, e ainda me recomendaram Dahmer. E ainda preciso ver filmes pra produzir conteúdo pro site! Precisamos de uma nova greve de roteiristas…

Mas, não, Lobisomem na Noite não é uma nova série, é um especial de Halloween. Um filme média metragem, de 54 minutos, que, a princípio, não terá continuação. Taí, gostei da proposta. Só achei um pouco cedo pra Halloween, será que não seria melhor mais perto do fim do mês?

Antes de tudo, preciso falar que Lobisomem na Noite não tem NADA de super heróis. Ok, algum leitor das HQs pode até dizer “mas o personagem tal aparece no gibi” – mas, pra mim, o que vale é o que está na tela, tanto nos filmes quanto nas séries. E nada aqui se conecta a nenhum dos filmes ou séries. Se vai se conectar no futuro? Provavelmente. Mas, por enquanto é algo independente.

Lobisomem na Noite (Werewolf by Night, no original) é uma grande homenagem a filmes clássicos de terror, como Drácula, Frankenstein, A Múmia, etc. Reconheço que não sou um grande conhecedor dessa fase, mas a gente pode sentir o clima. Não só o fato de ser em preto e branco, como os enquadramentos, cenários, trilha sonora, tudo lembra filmes daquela época. Tem até aquelas “marcas de cigarro”, aquelas bolas pretas que aparecem no canto da tela pra avisar pro projecionista que é a hora de trocar de projetor (se você é novo, talvez nunca tenha visto isso, mas até os anos 80 ou 90 era bem comum, tinha em todos os filmes que passavam no cinema).

Quando vi, desconfiei de uma coisa que confirmei depois no imdb: aproveitaram o P&B para “esconder” o sangue. Tem algumas cenas bem violentas, com muito sangue jorrando, mas vemos muito pouco porque o sangue não é vermelho.

Quando acabou o filme, uma agradável surpresa. A direção é de Michael Giacchino, ele mesmo, o compositor das trilhas sonoras de metade dos blockbusters que a gente viu nos últimos anos – só este ano, ele fez Batman, Jurassic World, Lightyear e Thor. O cara que já mostrou que é um grande compositor, ele já tinha trabalhado em trilhas que originalmente eram de outros compositores – tipo quando fez as trilhas dos Jurassic World (que nos filmes anteriores eram do John Williams) ou dos novos Star Trek (trabalhando em cima da trilha original de Jerry Goldsmith). Como diretor, ao fazer uma homenagem aos clássicos do terror, gostei de ver que ele mostra o mesmo carinho que ele tem para trabalhar em cima de outras trilhas. Já quero ver mais filmes dirigidos por ele!

Tenho uma crítica com relação ao nome. O filme se chama “Lobisomem na noite”. E tratam isso como se fosse um grande mistério a ser revelado num plot twist. Ora, se você vai ver um filme chamado “Lobisomem”, você sabe que o personagem central vai virar lobisomem! Que plot twist fajuto!

Mas não reclamo porque adorei a transformação. Vemos o olhar de medo da outra personagem, enquanto vemos suas sombras se transformando. Ficou muito bom!

Outra coisa que achei bem legal: a vinheta da Marvel foi alterada. Começa normal, mas aí é como se uma garra de lobisomem rasgasse (me lembrou o poster de Um Grito de Horror), aí fica preto e branco e o tom muda para menor. Muito legal!

No elenco, Gael Garcia Bernal e Laura Donnelly são os principais. Se este filme se conectar ao MCU, deve ser com um deles (ou ambos).

No fim, fica a sensação de que poderia ter sido um longa. Gostei do clima, gostei dos personagens, pena que acabou rápido. Pelo menos é melhor do que uma série longa.

Sandman

Crítica – Sandman

Sinopse (imdb): Após anos aprisionado, Morpheus, o Rei dos Sonhos, embarca em uma jornada entre mundos para recuperar o que lhe foi roubado e restaurar seu poder.

Gostei de Sandman, mas algumas coisas me incomodaram. Vou primeiro falar das coisas boas, depois falo mal.

Sei que Sandman é uma das graphic novelas mais famosas de todos os tempos, mas nunca li. Meus comentários serão apenas em cima da obra audiovisual – lembrando que uma boa adaptação serve tanto para os iniciados quanto para aqueles que nunca ouviram falar da obra.

O visual é bem legal. Talvez fosse ainda melhor se os sonhos pirassem um pouco mais (pelo menos os meus sonhos são bem mais malucos, e pessoas e lugares mudam num piscar de olhos). Mas a HQ deve ser assim, então ok, a gente aceita do jeito que foi apresentado. Pelo menos temos várias cenas onde daria pra pausar e fazer belos quadros.

A história começa apresentando o protagonista Dream, que é um personagem poderoso que é capturado por um zé mané qualquer – a série deixa claro que o cara não era importante. Mas ok, ele é capturado e roubam três coisas importantes dele. Quando ele consegue escapar, ele vai atrás dos seus três objetos, e aí a história acaba. E ainda estamos no quinto episódio de uma série de dez (ou onze). E se a série já era lenta nessa primeira metade, depois fica ainda mais lenta.

Ouvi comentários sobre o sexto episódio ser o melhor da série. O sexto é bom sim (a série cai a partir do sétimo), mas preferi o quinto, o do restaurante. Se a série mantivesse o ritmo e o clima daquele episódio, seria outra série, muito melhor!

A série foi lançada como se tivesse dez episódios. Mas depois de alguns dias, lançaram um episódio extra, com duas historinhas independentes. Melhor do que os episódios sete a dez, mas mesmo assim, foi bem fuén.

Vamos para a parte ruim? Sandman, como quase todo produto audiovisual, tem altos e baixos. Agora, tem 3 pontos que foram bem ruins, e preciso falar aqui:

– O ator principal, Tom Sturridge, é muito ruim. Não sei se a culpa é dele ou se teve alguma falha na direção de atores. Mas ele passa a série inteira fazendo biquinho com a boca. Dez episódios com o cara fazendo a mesma cara. Talvez isso funcione numa HQ, onde o personagem é estático. Mas uma adaptação é necessária quando sai de uma página de revista e vira uma tela de tv / cinema.

– Achei a personagem da Gwendoline Christie, Lúcifer Morningstar, uma personagem muito ruim. Todo mundo lembra dela como a Brienne de Game of Thrones, mas acho que ela estava melhor como a Capitã Phasma de Star Wars, onde ela pouco aparece e não dá pra ver como ela é limitada como atriz. E aquele duelo foi péssimo. Ninguém viu A Espada era a Lei? A Madame Min vira um dragão, o Merlin vira um micróbio! A gente já viu isso antes!

– São dez episódios (que viraram onze). Os seis primeiros são bons e contam uma história. Essa história acaba, a temporada deveria acabar junto, mas resolveram contar outra história. E essa nova história é bem inferior, e os quatro últimos episódios são muito mais fracos. Tem cenas que são arrastaaaadas… E o episódio extra não é ruim, mas é bem fuén.

Sei que tem gente que ficou incomodada com John Constantine virar Johanna Constantine. Mas, não li as HQs, isso não me incomodou. A atriz Jenna Coleman mandou bem.

Também tem gente reclamando dos números musicais do John Cameron Mitchel (Hedwig). Concordo que foi muita coisa, mas não me incomodou.

A HQ tem muito mais material além do que foi mostrado aqui, então devemos ter outras temporadas. Será que vão ser como a primeira parte, ou como a segunda?

She Hulk

Crítica – She Hulk

Sinopse (imdb): Jennifer Walters navega na vida complicada de uma advogada solteira de 30 e poucos anos que também é uma Hulk verde de 6 pés e 7 polegadas com superpoderes.

Não leio HQs de super heróis, nunca tinha ouvido falar da She Hulk. Mas, olhando só sob a “ótica MCU”, a série começa bem. Não precisamos perder tempo explicando quem é ela. Advogada, prima do Bruce Banner, sofreu um acidente e teve seu sangue misturado com o dele, ok, temos mais uma pessoa com raios gama.

Este primeiro episódio (curtinho, pouco mais de meia hora) mostra como ela virou Hulk e consegue sintetizar tudo o que precisamos saber para acompanhar a nova personagem.

Existia um certo receio quando aos efeitos especiais, porque quando saiu o primeiro trailer, muita gente reclamou do cgi da personagem título. Deram uma melhorada, não achei nenhuma cena ruim.

Tem uma coisa que gostei: o Bruce Banner virou Hulk porque foi exposto à radiação gama, e isso nunca tinha acontecido com outra pessoa. Na série, Bruce acha que tudo o que aconteceu com ele vai se repetir com Jennifer, mas as reações e “efeitos colaterais” não são iguais, então temos uma personagem que tem alguma semelhança com o Hulk que a gente acompanha há mais de dez anos no MCU, mas não é exatamente igual. Em alguns aspectos ela é até melhor que o Bruce. Será que isso vai incomodar a galera que não gosta de personagens femininas fortes? Heu gostei.

A série é leve e divertida, tem algumas boas piadas, e inclui até o recurso de quebra da quarta parede em algumas cenas. Isso ajuda a trazer o espectador logo para o lado desta nova personagem.

O papel título é de Tatiana Maslani, da série Orphan Black. Mark Ruffalo, o Bruce Banner dos cinemas, está em quase todo o episódio, mas não sei se continuará aparecendo na série – seu personagem foi inserido de um modo que não precisamos mais da presença dele – pode ter ou não, depende do que acontecerá na história.

Serão 9 episódios ao todo. Aguardemos o desenrolar. Mas podemos dizer que começou bem.