Micmacs à Tire-Larigot

Micmacs à Tire-Larigot

Uêba! Filme novo do Jean-Pierre Jeunet!

Depois de sofrer um acidente que quase lhe tirou a vida (uma bala perdida se alojou dentro de sua cabeça), Bazil (Dany Boon) é “adotado” por uma excêntrica família de mendigos. Juntos, eles planejam uma vingança contra dois fabricantes de armas, um deles responsável pela bala em sua cabeça, outro pela morte de seu pai.

Sou muito fã de dois filmes franceses meio bizarros dos anos 90: Delicatessen (91) e Ladrão de Sonhos (95). Ambos foram dirigidos pela dupla Jean-Pierre Jeunet e Marc Caro, e ambos trazem personagens muito estranhos e um visual muito extravagante. Depois disso, Jeunet foi para Hollywood para fazer o quarto filme da franquia Alien; e, em seguida, ele realizou o seu mais famoso filme, O Fabuloso Destino de Amelie Poulan.

Amelie Poulan é muito bom, mas é muito mais “comportado”, se comparado aos primeiros filmes. Os fãs da “fase bizarra” se questionavam: “cadê o Jeunet das antigas?”

Alvíssaras! Micmacs se aproxima do estilo bizarro de seu início de carreira!

(Jeunet fez um filme entre Amelie Poulan e este Micmacs, chamado Eterno Amor. Esse não vi quando passou no cinema, mas já comprei o dvd. Falta só tempo pra assistir!)

O visual aqui é, claro, bizarro. A princípio, parece um filme de época, pelas cores meio amareladas e pelos “props” (acessórios de cena) com cara de vintage – mas o filme é contemporâneo, até o youtube é citado! E os personagens também são todos esquisitos. A troupe de mendigos é repleta de ótimos personagens: uma contorcionista, um homem-bala de canhão que esteve no Guiness, uma mulher que consegue calcular qualquer coisa só com o olhar, um inventor meio professor pardal…

No elenco, só reconheci um ator, Dominique Pinon. Coincidência ou não, Pinon esteve em TODOS os filmes de Jeunet, e também no “filme solo” de Caro, Dante 01. Além de Pinon, temos Dany Boon, André Dussollier, Nicolas Marié, Jean-Pierre Marielle, Yolande Moreau, Julie Ferrier, Omar Sy, Michel Crémadès e Marie-Julie Baup.

Micmacs não vai agradar a todos. Arrisco a dizer que vai agradar a poucos!Aliás, nem sei em que estilo ele se estaria numa locadora – acho que só cult serve. É um filme estranho, porém, leve e divertido. Heu gostei!

Infelizmente, não existe previsão de lançamento no Brasil, nem nos cinemas, nem em dvd… Viva o download!

B13 – 13º Distrito

B13 – 13º Distrito

Depois de ter visto, por acidente, a segunda parte antes da primeira, consegui ver desta vez o filme certo, B13 – 13º Distrito.

Num futuro próximo, Paris isolou os seus subúrbios mais violentos, cercando-os com altos muros. Dentro do 13º Distrito (um destes subúrbios cercados), o destino coloca lado a lado Damien (Cyril Raffaelli), um policial incorruptível, e Leito (David Belle), morador de lá que luta para ter uma boa vizinhança.

B13 – 13º Distrito é um excelente filme de ação. Como falei no post sobre B13-U: 13º Distrito Ultimato, a escolha dos dois atores principais foi muito boa. Cyril Raffaelli é especialista em artes marciais e David Belle é um dos criadores do parkour. Inicialmente antagonistas, depois lado a lado, os dois são carismáticos e protagonizam cenas de tirar o fôlego. E tudo isso em menos de uma hora e meia de projeção!

Detalhe: trata-se de um filme francês! Com roteiro e produção de Luc Besson, a estreia de Pierre Morel (Busca Implacável, Dupla Implacável) na direção é um daqueles casos que a França não deve nada a Hollywood. B13 – 13º Distrito é melhor que muito filme americano!

Lançado em 2004, ainda hoje é uma boa opção para os fãs do gênero.

(p.s.: O início do segundo filme é o fim deste. Bem que reparei que algo estava mal explicado…)

B13-U: 13º Distrito Ultimato

B13-U: 13º Distrito Ultimato

Empolgado com Dupla Implacável, resolvi baixar o primeiro filme do diretor Pierre Morel, 13º Distrito. Mas acho que fiz uma pesquisa mal feita nos torrents – baixei a segunda parte, B13-U: 13º Distrito Ultimato. E o pior é que só reparei nos créditos finais…

A trama é simples: o policial Damien e o marginal gente boa Leito se reencontram para tentar trazer a paz ao 13º Distrito, que está dividido por cinco gangues de diferentes etnias.

Mesmo tendo visto a segunda parte sem ter visto a primeira, deu pra sacar que B13-U: 13º Distrito Ultimato é muito bom. O roteiro e a produção continuam nas mãos de Luc Besson, como na primeira parte. Mas a direção aqui não é de Morel, é de Patrick Alessandrin.

Boa parte da graça do filme está na dupla de atores principais. Cyril Raffaelli (Damien) é especialista em artes marciais; David Belle (Leito) é um dos criadores do parkour. Ou seja, temos boa qualidade na ação, tanto nas cenas de pancadaria quanto nas criativas cenas de parkour.

Claro, às vezes as situações parecem forçadas, como era de se esperar – por exemplo, um homem sozinho, desarmado, dentro de uma delegacia, não conseguiria bater em tantos policiais. Mesmo assim, achei tudo na dose exata. Várias cenas são de perder o fôlego, dávontade de voltar o filme para ver de novo. E o ritmo do filme é todo assim, frenético. Muito bom para aqueles quesabem apreciar um bom filme de ação.

Agora, já baixei o filme certo. Em breve falarei dele aqui!

Humains

Humains

Recentemente, a França tem nos dado alguns bons filmes de terror, como por exemplo Haute Tension, A l’Interieur e Martyrs. Claro que heu tinha vontade de ver este Humains, né?

Atravessando os Alpes Suíços, um grupo de pessoas sofre um acidente, e seu carro acaba caindo por uma grande ribanceira. Sem ter como voltar à estrada, se perdem numa floresta, até que descobrem que não estão sozinhos…

O filme, que passou aqui no Brasil no festival SP Terror do ano passado, mas não tem previsão de lançamento, foi dirigido pela dupla Jacques-Olivier Molon e Pierre-Olivier Thevenin, que trabalharam na maquiagem de A l’Interieur. Ou seja, mais um motivo para vermos Humains. Pena que nem tudo funciona…

É difícil falar mais sem spoilers. Então, lá vai o aviso!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Você conhece o termo “suspensão da descrença”? É quando, numa obra de ficção, a gente acredita que algo impossível pode acontecer. Por exemplo, é quando aceitamos que o Super-Homem pode voar por ter nascido em Krypton, ou então que humanos podem se juntar a elfos, anões e hobbits para proteger um anel mágico.

Aqui em Humains, temos que aceitar que ainda existem Neandertais. Hoje, em pleno sec. XXI, no meio dos Alpes, uma região com intenso tráfego de pessoas nos últimos milênios. E mesmo assim, esses Neandertais nunca foram descobertos.

Ok, Neandertais ainda existem, “comprei” a ideia. Mas aí a gente descobre que eles são ajudados há décadas por pessoas locais. Aí não, né? Como assim, Neandertais estão lá, há milênios, tendo contato com a civilização, e não evoluíram nada???

Não entendo de Neandertais, mas achei isso forçado demais…

FIM DOS SPOILERS!

Se você conseguir não se incomodar com isso, o filme nem é ruim. Temos alguma tensão e interessantes reviravoltas no roteiro. Não rola muito gore, mas os efeitos e a maquiagem são bons. O filme demora um pouco pra engrenar, mas a parte final tem um ritmo muito bom.

Enfim, não é “um novo clássico do terror francês”, mas vai distrair os menos exigentes.

http://depositfiles.com/pt/files/q0onaazg

Haute Tension

hautetension

Haute Tension

Já tinha falado aqui da minha vontade de ver este Haute Tension, lembram? Heu tinha curiosidade de saber como Alexandre Aja se portava dirigindo um material original, já que até agora só tinha visto refilmagens feitas pelo próprio: Espelhos do Medo e Viagem Maldita. Por isso escolhi Haute Tension, filme de 2003, que não só é dirigido como também escrito por Aja. E foi uma ótima escolha!

Alex (Maïwenn Le Besco) e Marie (Cécile De France), colegas de faculdade, estão indo passar um fim de semana na casa de campo da família da primeira, para estudar. Só que um psicopata assassino resolve aparecer por lá.

A trama é simples, não? Na verdade, não tem nada demais, é uma mesma fórmula repetida há anos: um assassino misterioso que mata quase todo o elenco e passa o resto do filme atrás dos sobreviventes, que precisam se virar para fica vivos. Mesmo assim, o filme é bom – mérito do diretor Aja, que sabe muito bem criar as situações densas que o filme pede. O maluco psicopata dá mais medo do que os Jasons e Freddys da vida, pelo simples motivo que ele é bem mais crível. Um cara desses pode estar por aí. Pode estar ao seu lado. Ou pode estar seguindo você quando voltar para casa mais tarde… É melhor acelerar o passo!

O filme é MUITO violento e tem MUITO sangue. Bem, para mim isso não foi uma surpresa tão grande, afinal, vi recentemente A l’Interieur e Martyrs, dois filmes franceses muito violentos e com muito sangue. Mas, se a gente parar para pensar, Haute Tension é mais antigo. Ou seja, quem está fora da ordem sou heu!

Logo de cara, com menos de meia hora de filme, o filme já mostra ao que veio.  Mortes violentamente gráficas são exibidas – vemos tudo com detalhes! E o clima de tensão dura até o fim do filme. Aliás, o nome “alta tensão” foi uma boa escolha.

Outra coisa interessante e digna de nota é que o roteiro deixa de lado as piadinhas e os adolescentes sem graça que infestam os filmes de terror americanos. O filme é sério e desconfortável, como um bom filme de terror deve ser. E, de quebra, em vez de efeitos digitais, a equipe conta com o lendário maquiador italiano Gianetto de Rossi, que trabalhou com Lucio Fulci em filmes como Zombi. Resultado: muito sangue cenográfico para mostrar cenas que parecem reais.

Por fim, não posso deixar de citar que existe uma grande – e genial – reviravolta no fim. Mas aí não conto, porque senão perde a graça…

Eden Log

eden-log

Eden Log

Mais um filme francês surpreendente. Bem, depois de A L’Interireur e Martyrs, isso não chega a ser surpresa… A safra francesa de filmes fantásticos continua boa!

Eden Log conta a história de um homem que acorda sozinho no fundo de uma caverna, no meio da lama, sem se lembrar de nada, e sua busca para entender o que aconteceu.

O filme, dirigido pelo estreante Franck Vestiel, impressiona logo de cara. O personagem lá, sozinho, jogado na lama, sabe tanto quanto a plateia sobre o que está acontecendo. Aos poucos, descobre gravações que começam a explicar o que houve. E ele também descobre que não está sozinho…

O visual é impressionante. A fotografia usa poucas cores, é quase tudo em pb. E o cenário mostra laboratórios abandonados dentro cavernas tomadas por raízes de árvores. E, de quebra, ainda temos mais um destaque no ator Clovis Cornillac, que quase não fala, e fica boa parte do tempo sozinho em cena.

O final é um pouco confuso, mas não tira o brilho de mais um interessante filme francês.

Martyrs

martyrs

Martyrs

Vingança. Violência. Tortura. Sangue, muito sangue. E não se trata de mais um filme na onda de Jogos Mortais ou O Albergue!

Uma jovem procura vingança contra pessoas que a sequestraram e torturaram quando ela era criança. E, ao longo do filme, descobre-se que “o buraco é mais embaixo”…

Filme francês violentíssimo, lembra o recente A l’Interieur. Muito gore, mas num contexto diferente do que Hollywood sempre fez. Aqui o gore dá muito mais nervoso, porque as situações parecem muito mais reais!

Ou seja: recomendado pra quem gosta de “sangue e tripas”, e está atrás de algo diferente da mesmice hollywoodiana…

O filme é muito bom. Mas, na minha opinião, Martyrs tem um problema básico: a primeira parte é muito mais interessante que a segunda. A primeira parte é violenta e misteriosa, depois, na segunda parte, o ritmo cai e no fim tudo é explicado. Bem, pelo menos temos uma explicação do que está acontecendo…

O Pornógrafo

pornographer

O Pornógrafo

Houve um tempo em que heu via muito mais filmes cabeça. Hoje em dia tenho sido mais seletivo, minha paciência pra esse estilo não tem andado boa…

Mas a história desse aqui me chamou a atenção. Um ex-diretor de filmes pornô quer voltar a filmar, para fazer o filme que sempre quis: uma caçada, onde quem seria caçado seria uma mulher. E então vemos os bastidores disso. Inclusive, com algum sexo explícito rolando na tela.

Um bom roteirista aliado a um bom diretor poderia usar esse argumento e fazer um filme bem legal. Mas não é o caso. É um filme cabeça. E chaaato…

Em vez de termos uma história interessante, vemos longos planos de paisagens, em silêncio. E também longos planos da cara do ator Jean Pierre Leaud, o diretor, pensativo, também em silêncio. Planos longos em silêncio é algo cabeça…

O pior é que tem espaço pra coisas interessantes. Existe um conflito entre o diretor e outro cara, aparentemente é o produtor, e que quer palpitar no estilo de filmagem. Mas esse conflito é deixado de lado. Assim como também são deixados de lado detalhes de problemas com o elenco.

Em vez disso, o enfoque cai para uma desinteressante sub trama do relacionamento do diretor com o seu filho, que se afastou quando descobriu que o pai trabalhava com a indústria pornô…

Ah, sim, tem o sexo explícito! O povo cabeça gosta de um sexo explícito, né? Bem, são apenas duas cenas. A segunda nem sei se conta como sexo explícito, é lááá longe, não dá pra ver muita coisa. Já a primeira, com a atriz pornô Ovidie, é realmente explícita e importante para a trama. Ou melhor, seria importante se a trama desse bola pro conflito diretor vs produtor. Sem o conflito, ficou apenas uma cena jogada… Ficou parecendo jogada de marketing, tipo “ei, vejam o meu filme, ele tem sexo explícito!”. Afinal, cena de sexo por cena de sexo, existem filmes específicos pra isso que funcionam bem melhor!

Aliás, é curioso ver um filme cabeça, cheio de situações cabeça, e, que, ao recriar um diálogo de filme pornô, usa todos os clichês de sempre. Quando a mulher fala pros vaqueiros que quer ver a “pistola deles”, bem, heu já vi diálogos melhores em filmes pornôs de verdade!

Chaaato…

A l’Interieur / Inside

alinterieur

A l’Interieur / Inside

Sarah (Alysson Paradis) está grávida quando sofre um acidente de carro onde seu marido morre. Pulamos então para a véspera do parto. Sarah passará a noite sozinha em casa – é véspera de natal. E uma misteriosa estranha quer entrar em casa…

Atenção: esse é dos filmes mais gore da história do cinema! Poucas vezes rolou tanto sangue pelas telas!!!

É curioso, porque normalmente o gore está associado a filmes de terror sobrenatural. E aqui o terror não tem nada de sobrenatural: a violência – física e psicológica – é “real”: uma mulher louca e violentíssima simplesmente invade uma casa e começa a cometer barbaridades contra a moradora e todo e qualquer visitante.

Me lembrei de outro filme francês recente: Irreversível, com suas cenas ultra-violentas (duas, uma delas com o estupro mais real e incômodo da história). É, os franceses estão mandando ver na violência gráfica off-Hollywood… Aqui, o menu de cenas violentas é vasto! E muito bem filmadas, por sinal… Tanto que os diretores estreantes Alexandre Bustillo e Julien Maury estão cotados para refilmar o clássico Hellraiser

Outra coisa curiosa: essa “mulher louca” é interpretada pela Beatrice Dale, que esteve no imaginário popular masculino na segunda metade dos anos 80, quando protagonizou Betty Blue, e suas cenas de sexo quase explícito…

Bom filme, mas não recomendado para qualquer um, por motivos óbvios. Mas, para aqueles que apreciam um sangue cenográfico, vale o download – não foi lançado aqui… 🙁