Bem Vindo Aos 40

0-BemVindoAos40Crítica – Bem Vindo Aos 40

Filme novo do Judd Appatow.

Pete e Debbie estão prestes a completar 40 anos, e enfrentam várias crises: suas filhas se odeiam, seus negócios estão à beira da falência, eles estão quase perdendo a sua casa, e sua relação está aos pedaços.

Reconheço qualidade na obra de Judd Apatow, mas admito que não sou muito fã do seu estilo de “dramédia” – seus filmes nunca são muito engraçados. Além disso, seu humor muitas vezes apela para a escatologia, não gosto muito disso.

Novo projeto de Apatow, Bem Vindo Aos 40 (This is 40, no original) é uma “continuação” (assim mesmo, entre aspas) de Ligeiramente Grávidos – os personagens principais aqui, Pete e Debbie, eram coadjuvantes daquele filme.

O filme acerta em alguns dos problemas da “crise dos 40” – tenho 43 anos, já vivi algumas daquelas situações. Mas, por outro lado, a narrativa é inchada com vários personagens inúteis. Por exemplo, a Megan Fox só está no filme para vermos uma gostosona na tela – não estou reclamando disso, mas temos que reconhecer que sua personagem não tem nenhuma importância na trama. Resultado: o filme é longo (e chato) demais – são 134 min!

Além do excesso de personagens desnecessários, a trama insiste em alguns temas que não interessam ninguém, como a sub-trama do cantor Graham Parker (que deve ser um amigo do diretor, é a única explicação para um cara desconhecido ganhar tanto destaque). Outra coisa: os personagens tentam vender uma ideia de que o fim de Lost foi bom – e todo mundo sabe que foi um dos piores fins de série de todos os tempos.

De ponto positivo, podemos citar o casal protagonista – Leslie Mann e Paul Rudd são bons atores e têm boa química juntos. O resto do elenco tem vários bons nomes, mas quase todos estão mal aproveitados em sub-tramas bobas: John Lithgow, Albert Brooks, Jason Segel, Megan Fox, Chris O’Dowd, Melissa McCarthy, e as meninas Maude e Iris Apatow, filhas do casal Judd Apatow e Leslie Mann.

Resumindo: se Bem Vindo Aos 40 tivesse uma hora a menos, seria um filme melhor. Do jeito que ficou, só os fãs de Apatow vão gostar.

p.s.: Parece que a nudez de Leslie Mann é fake…

Boyhood – Da Infância à Juventude

boyhoodCrítica – Boyhood – Da Infância à Juventude

Que tal um filme cujas filmagens demoraram 12 anos?

Boyhood é simples: conta a história de Mason, desde os 5 anos até os 18 anos de idade.

Boyhood – Da Infância à Juventude vai entrar pra história, acho difícil outro diretor repetir tal feito: foram apenas 45 dias de filmagem, mas espalhados ao longo de 12 anos – 3 ou 4 dias por ano! Nunca antes na história do cinema acompanhamos o desenvolvimento de um personagem de maneira tão perfeita!

Claro, existe todo um marketing em torno disso – “o filme que demorou 12 anos para ser completado”. Mas, se não fosse o talento de Richard Linklater (Escola de Rock), Boyhood não chamaria a atenção. Seria apenas um filme experimental, que poucos cinéfilos iam conhecer. Nada disso, Linklater nos apresenta um dos melhores filmes do ano.

Na verdade, não há muita história a ser contada. Linklater sabe fazer filmes simples, baseados em pessoas e em diálogos – vide a trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Por do Sol e Antes da Meia Noite, onde apenas acompanhamos Ethan Hawke e Julie Delpy, muitas vezes em diálogos improvisados na hora.

Linklater, também autor do roteiro, deve ter usado um esquema parecido aqui. Não vemos grandes eventos da vida de Mason, e sim situações do cotidiano. Pontuando aqui e ali, temos músicas de cada época e citações à cultura pop, como Harry Potter e Lady Gaga. Simples, não? E apenas isso, filmado com talento, ficou ótimo!

Claro, o filme não é perfeito. São quase três horas, e não precisava de tanto…

Sobre o elenco, Richard Linklater deu sorte com o ator Ellar Coltrane, o protagonista, que se revelou um bom ator. Pena que Lorelei Linklater (a filha do diretor) não é tão talentosa, em algumas cenas ela deixa a desejar (inclusive a menina chegou a desistir do projeto lá pelo terceiro ou quarto ano de filmnagem, e pediu para seu pai matar o seu personagem – mas Linklater a convenceu a ficar). Completam a família Patricia Arquette, e, claro, Ethan Hawke (acho que este é a sexta parceria entre o ator e o diretor).

Por fim, um fato curioso. Lá pelo meio do filme, numa cena filmada em 2008, Mason e seu pai conversam sobre um possível Star Wars 7. E eles acertaram: ano que vem teremos o sétimo Star Wars!

p.s.: Com Boyhood, encerro minha participação no Festival do Rio 2014. Por problemas pessoais, vi pouca coisa, apenas 11 filmes… Ano que vem compenso!

Primavera / Spring

spring-posterCrítica – Primavera / Spring

Depois que sua mãe morre, um jovem de vinte e poucos anos decide realizar o sonho de fazer uma viagem pela Europa com destino incerto. Chegando à Itália, descobre uma pequena cidade no sul do país onde conhece uma linda habitante local. Os dois iniciam um romance delicado que é ameaçado por um sinistro e avassalador segredo dela.

Dirigido pela dupla Justin Benson e Aaron Moorhead, Primavera (Spring, no original) traz um novo conceito de “monstro” – mas não vou entrar em detalhes pra não dar spoilers. Só digo que é um conceito interessante, apesar de me parecer meio furado (Ela usa injeções para controlar, mas como fazia antes de inventarem a seringa? E como ela aprendeu sobre as células tronco no passado?). Mesmo assim, gostei da nova criatura.

Mas o problema é que o filme parece que quer focar mais no relacionamento amoroso do casal do que na criatura fantástica. Aí, em vez de filme de terror, Spring vira um romance ensolarado, aproveitando belas paisagens italianas… Nada contra, mas, poxa, heu preferia ver mais a criatura e menos “DR” turística. Parecia um filme do Richard Linklater, uma espécie de “Before the Twilight Zone”…

O casal principal (Lou Taylor Pucci e Nadia Hilker) está ok, e os efeitos especiais são discretos e funcionam bem. Pena que tudo é muito lento, pouca coisa acontece ao longo do filme.

Por fim, um comentário parecido com o de Deus Local: mais uma vez a música brasileira atrapalha o clima. Sempre que leio o título brasileiro, começo a ouvir, na minha cabeça, os versos da música do Cassiano – “É primavera / Te amo / É primavera…”

O Dia Seguinte (1983)

O Dia SeguinteCrítica – O Dia Seguinte

Há muito tempo heu queria rever O Dia Seguinte, só tinha visto uma vez, no cinema, lá nos anos 80. Aproveitei o podcast de filmes catástrofe e catei o dvd.

Anos 1980, auge da guerra fria. Em meio à vida cotidiana e normal, são apresentados ao espectador os fatos que culminam na tão temida guerra nuclear, que acontece depois de uma crise diplomática que se agrava entre os EUA e a URSS após esta ter invadido a parte ocidental de Berlim, Alemanha.

Hoje, em 2014, é difícil de se visualizar o tamanho do impacto que O Dia Seguinte teve na época do lançamento. O mundo vivia o auge da guerra fria – que tinha, de um lado, os EUA com várias armas nucleares apontadas para a URSS, e, do outro, a URSS com o mesmo potencial bélico apontado para os EUA. A gente sabia que se um dos lados “apertasse o botão”, ia ser lançada uma quantidade de bombas suficientes para detonar várias vezes todo o planeta.

O Dia Seguinte (The Day After, no original) foi dirigido por Nicholas Meyer, que foi um nome importante no universo trekker. Um ano antes Meyer dirigira aquele que é considerado por trekkers o melhor dos filmes de Star Trek, o Star Trek 2 – A Ira de Khan; depois, Meyer também escreveria o roteiro de Star Trek IV e dirigiria Star Trek VI. Mas aqui ele ficou só no drama, o filme, apesar dos efeitos especiais, é um drama, não tem nada de ficção científica.

Com pouco mais de duas horas de duração, o ritmo do filme não é bom, principalmente na primeira parte. Somos apresentados aos personagens, enquanto ouvimos trechos de noticiários que falam da tensão entre os países e a iminente guerra. E tudo é muito arrastado, são 45 minutos intermináveis!

Sobre o momento chave, a parte das explosões atômicas: alguns efeitos especiais “perderam a validade”, mas no geral, o filme continua impactante. E a terceira parte do filme, com o que acontece nos meses depois das bombas (e não apenas no “dia seguinte”, como sugerido pelo título), continua desoladora e pessimista. No fim do filme, lemos uma mensagem que um ataque nuclear provavelmente seria ainda pior do que o que foi mostrado no filme.

O Dia Seguinte foi originalmente uma produção para a tv, feita pelo estúdio ABC. Mas aqui no Brasil, foi lançado nos cinemas. Me lembro perfeitamente de sair do cinema Petrópolis e estranhar que o mundo ainda estava inteiro lá fora, ainda estava de dia, ainda tinham árvores nas ruas… Sim, o filme foi muito impactante na época!

Paixão Inocente

breathe_inCrítica – Paixão Inocente

Uma estudante de intercâmbio vai para uma cidade no subúrbio de Nova York e acaba mudando a dinâmica dos relacionamentos da família que a acolhe.

Sabe quando um filme é “correto”, mas está longe de ser bom? Co-escrito e dirigido por Drake Doremus, Paixão Inocente (Breathe In, no original) é assim. A história é simples e previsível (quem não previu o acidente de carro?). A gente já viu esse enredo um monte de vezes…

O elenco também está apenas ok. Guy Pearce é um bom ator, mas o papel não ajuda. Felicity Jones é bonitinha, mas seu papel é bobinho. Completam a família Amy Ryan e Mackenzie Davis. E ainda rola uma participação especial não creditada de Kyle MacLachlan em uma cena.

Se salva a parte musical. A cena que Sophie toca piano é a única cena do filme que me surpreendeu. Mas surpreendeu apenas pela técnica da atriz (ou dublê), porque todo mundo já sabia que a personagem ia revelar que tocava piano.

Enfim, quem for pouco exigente pode gostar. Mas quem quiser algo com mais “substância” pode procurar outra coisa.

 

A Vida Secreta de Walter Mitty

walter mittyCrítica – A Vida Secreta de Walter Mitty

Filme novo dirigido pelo Ben Stiller. Seu último foi o bom Trovão Tropical, será que ele manteve o nível?

Walter Mitty é um sonhador, que vive perdido em aventuras dentro da sua cabeça, sempre cheias de ação, heroísmo e romantismo. Quando seu emprego está ameaçado, ele acaba embarcando em uma viagem real por paisagens exóticas que se revelará mais extraordinária do que os seus sonhos.

Dirigido e estrelado por Ben Stiller, A Vida Secreta de Walter Mitty (The Secret Life of Walter Mitty, no original) começa muito bem. Mas infelizmente não segura a onda.

A melhor coisa de Walter Mitty são as viagens internas do protagonista, que só acontecem no início do filme. Quando ele parte para a viagem real, o filme muda de tom – em vez da divertida farsa, o filme fica com cara de livro de auto-ajuda.

A segunda parte não é ruim, visitamos belas locações na Islândia (Walter Mitty também vai para a Groenlândia e o Afeganistão, mas tudo foi filmado na Islândia), e temos um bom uso da trilha sonora (gostei do “momento Space Oddity”, usando a música do David Bowie, parcialmente cantada pela Kristen Wiig). Mas é bem menos interessante do que a primeira parte.

A parte final força um pouco a barra, dificilmente o carinha da barba ia usar aquela foto na primeira página. Mas isso é a minha opinião.

O elenco está bem. Ben Stiller não é um grande ator, mas funciona perfeitamente para o que o papel pede. Kristen Wiig mais uma vez mostra que deveria ganhar papeis de destaque nas comédias contemporâneas (assim como tínhamos visto em Paul). Sean Penn pouco aparece, e está ótimo como o excêntrico fotógrafo Sean O’Connel. Ainda no elenco, Shirley MacLaine e Adam Scott

Stiller não pode não ter feito um filme tão bom quanto Trovão Tropical, mas este A Vida Secreta de Walter Mittyh vai agradar boa parte do público.

 

Crítica – 12 Anos de Escravidão

12_anos_de_escravidaoCrítica – 12 Anos de Escravidão

Um pouco atrasado, vi o ganhador do Oscar de melhor filme de 2014.

EUA pré Guerra Civil. Solomon Northup, um negro livre, morador de Nova York, é sequestrado, levado para o sul e vendido como escravo.

12 Anos de Escravidão (12 Years a Slave, no original), é tudo aquilo que parece ser. Um excelente elenco em um filme apenas correto, e com uma história previsível, filmada de modo tão lento que beira o tédio. E, pra piorar, o título do filme já entrega um grande spoiler: já sabemos que ele será escravo por um bom período de tempo.

Muita gente incensou este filme porque ele se baseia numa história real, e realmente é uma história forte – um cara livre forçado a viver como escravo. Mas o desenvolvimento ficou tão didático que parece que o filme será adotado em escolas… Isso sem falar no “maniqueísmo de botequim”, onde querem que o homem branco se sinta culpado por erros históricos que nada têm a ver com ele.

Acho que uma das coisas que atrapalhou foi o azar de vir pouco depois do Django Livre do Quentin Tarantino, filme que também aborda o tema da escravatura, mas sob outro ângulo, mais ácido e irônico. Steve McQueen (o diretor contemporâneo, não o ator famoso nos anos 70) não é Tarantino, em todas as fotos de divulgação ele passa a impressão de ser um cara sisudo. Um sujeito sério, falando sobre um assunto sério. E parece que McQueen filmou tudo com o objetivo de ganhar prêmios, tudo é muito contemplativo, um monte de câmera parada filmando o nada, pro espectador “pensar”. Objetivo alcançado, levou o Oscar de melhor filme. Pena que o resultado, enquanto cinema, ficou devendo.

Apesar dos defeitos, 12 Anos de Escravidão não chega a ser ruim. Além de uma fotografia caprichada e um ou outro plano-sequência aqui e acolá, o filme tem um elenco inspirado. Michael Fassbender, em sua terceira contribuição com o diretor, mostra (mais uma vez) que é um dos maiores atores do cinema contemporâneo. Chiwetel Ejiofor também está muito bem, passa segurança no papel principal. Curiosamente, a única pessoa do elenco que ganhou o Oscar foi a Lupita Nyong’o, que não está mal mas tem um papel apenas burocrático. Ainda no bom elenco, Paul Giamati, Benedict Cumberbatch, Paul Dano, Sarah Paulson, Alfre Woodard, Garret Dilahunt e uma ponta de Brad Pitt, também produtor (ganhou seu primeiro Oscar este ano por isso!).

Pena que, no fim do filme, em vez de uma reflexão sobre a escravatura, a mensagem que fica é “por que Solomon esperou 12 anos para falar com alguém sobre o seu problema?”

Tudo Por Justiça

0-Tudo-Por-JustiçaCrítica – Tudo Por Justiça

Dá uma sacada no elenco desse filme: Christian Bale, Zoe Saldana, Forest Whitaker, Woody Harrelson, Willem Dafoe e Casey Affleck. Nada mal, hein?

Quando Rodney Baze misteriosamente desaparece e a lei se mostra incompetente, Russell, seu irmão mais velho, resolve procurar justiça com as próprias mãos.

Trata-se do segundo filme de Scott Cooper, que, quatro anos antes, com seu filme de estreia, Coração Louco, deu o Oscar a Jeff Bridges. Tudo Por Justiça (Out Of The Furnace, no original) tem um elenco excelente e inspirado, mas tem dois problemas básicos: previsibilidade e falta de ritmo.

Vamos ao que funciona: o elenco está quase todo muito bem. Disse quase todo, porque Zoe Saldana tem muito pouco tempo de tela, e o personagem de Forest Whitaker parece perdido – não me pareceu culpa do ator, e sim da (falta de) construção do personagem (tire Whitaker e coloque um extra qualquer, não muda nada na trama). Por outro lado Bale, Affleck, Dafoe e, principalmente, Harrelson, estão muito bem. O filme não fica cansativo, apesar de longo, por causa das inspiradas atuações.

A violência física também está muito bem retratada. Tudo Por Justiça é um filme muito violento, os golpes soam secos e parecem doer mais do que os socos estilizados que estamos acostumados a ver.

Mas… O roteiro é tão previsível… Só de ler a sinopse e ver 10 minutos de filme, a gente já adivinha todo o caminho até a cena final. E o ritmo lento e arrastado não ajuda.

Enfim, os fãs do Christian Bale vão curtir, mais uma vez ele mostra que é muito mais do que “o Batman”. Mas ele já fez coisa melhor.

Blue Jasmine

BLUE-JASMINECrítica – Blue Jasmine

Um pouco atrasado, vi o novo Woody Allen.

Uma socialite de Nova York, falida, tem que se mudar para a casa da irmã de criação, que é pobre e mora em São Francisco.

Na crítica de Clube de Compras Dallas, falei que Matthew McConaughey fez um bom trabalho, mas nada excepcional. E citei este Blue Jasmine como um trabalho de ator que realmente se destaca. Cate Blanchett está excepcional aqui! Ela consegue construir um personagem difícil, a socialite decadente que a gente sente ao mesmo tempo pena e desprezo por ela.

Não só Cate, mas o elenco todo, de um modo geral, está bem nesta mistura de drama com comédia. O elenco conta com inspiradas atuações de Sally Hawkins, Alec Baldwin, Bobby Canavale, Louis C.K, Peter Sarsgaard e Michael Stuhlbarg.

O roteiro (também de Woody Allen) faz bom uso de flashbacks e valoriza os atores. Blue Jasmine é um filme “menor” na filmografia de Allen, não é tão bom quanto Meia Noite Em Paris, por exemplo. Mas “meio Woody Allen” ainda é melhor que muito cineasta “inteiro”…

(Li em algum lugar que a história é muito parecida com Um Bonde Chamado Desejo, mas como nunca vi a peça nem vi o filme, não posso palpitar aqui.)

Enfim, um filme leve, despretensioso e simpático. E essencial para os fãs de Cate Blanchett.

Clube de Compras Dallas

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Crítica – Clube de Compras Dallas

O filme que deu o Oscar a Matthew McConaughey!

Dallas, 1985. O eletricista texano Ron Woodroof é diagnosticado com AIDS e logo começa uma batalha contra a indústria farmacêutica, que passa por uma fase de testes atrás de algum remédio eficiente. Procurando tratamentos alternativos, ele passa a contrabandear drogas ilegais do México, e acaba criando um grande grupo de consumidores de remédios não aprovados pelo FDA: o Clube de Compras Dallas.

Dirigido pelo pouco conhecido Jean-Marc Vallée, Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club, no orginal) concorreu a seis Oscars em 2014 – inclusive melhor filme – mas achei um certo exagero. Não se trata de um filme ruim, longe disso, mas também não tem nada demais. É apenas um filme “correto”.

Ah, mas ganhou Oscars de melhor ator e ator coadjuvante! Verdade. Concordo em “gelo no mingau” com Jared Leto como ator coadjuvante. Mas será que Matthew McConaughey merecia? Ele está bem, mas não achei uma interpretação tão impressionante (diferente da Cate Blanchet em Blue Jasmine, onde realmente arrebenta).

O lance é que a Academia gosta de premiar atores que perdem ou ganham muito peso por um papel. Foi assim com Christian Bale em O Vencedor, Anne Hathaway em Os Miseráveis e Charlize Theron em Monster. E McConaughey perdeu 17 kg para interpretar Ron Woodroof! Só que, diferente do Robert de Niro (que engorda ao longo de Touro Indomável) e do Tom Hanks (que emagrece ao longo de Filadelfia), McConaughey emagreceu antes do filme. Quem não conhecia o ator vai achar que ele já era magro…

Ainda no elenco, precisamos falar de Griffin Dunne, irreconhecível como o médico no México. E Jennifer Garner faz o principal papel feminino.

Bem, fora os atores magros, Clube de Compras Dallas não tem muitos atrativos. A história é interessante, mas tudo é mostrado de modo muito convencional. O que salva é a gente saber que é baseado em uma história real, e que existiu um Ron de verdade, que comprou a briga e revolucionou o tratamento da aids.

Interessante. Mas nada essencial. A não ser para fãs do Matthew McConaughey e do Jared Leto.