Reencontrando a Felicidade

Crítica – Reencontrando a Felicidade

Um casal tenta reconstruir a vida depois de perder o filho de quatro anos, morto atropelado.

Confesso que tinha dois receios para ver este filme. Um receio cinematográfico (pé atrás com o diretor John Cameron Mitchell), outro receio pessoal.

Vou abrir um “cantinho do desabafo” aqui. Este assunto é muito delicado pra mim. Minha filha mais velha nasceu com problemas cardíacos, e faleceu em 2003, com os mesmos quatro anos que o garoto do filme tinha. É sempre difícil pra mim ver um filme com o tema “morte de filho”. É complicado fazer uma crítica, porque o emocional sempre fala alto. Dito isso, posso dizer que entendo tudo o que Becca, a personagem de Nicole Kidman, está passando. Me vi na tela diversas vezes. Compartilho com Becca vários questionamentos, inclusive religiosos. Dá pra se escrever uma crítica assim? Bem, vou tentar…

Antes de tudo, preciso falar que o meu receio cinematográfico era infundado. Meu pé atrás com John Cameron Mitchell é porque o seu Hedwig é muito irregular, e o seu Shortbus pode até ser divertido, mas é uma grande picaretagem. Mas aqui ele faz um belo trabalho. Reencontrando a Felicidade é um filme sensível e bonito, dentro do que o assunto permite.

O roteiro, escrito por David Lindsay-Abaire (baseado na sua própria peça), é muito eficiente ao apresentar os traumas que afligem o casal. A história é triste, triste, mas em momento nenhum o filme é monótono.

O elenco é um dos pontos fortes do filme. Nicole Kidman arrebenta, foi até indicada para o último Oscar por este papel. Aaron Eckhart não fica pra trás, também está bem seguro como o pai que quer seguir com a vida. Ainda no elenco, Diane Wiest, Miles Teller e Sandra Oh.

Preciso ainda falar do título em português. Onde diabos está a tal felicidade? O garoto morreu, a família está caindo aos pedaços… Abaixo os nomes inventados!

Não tenho condições de recomendar este filme para ninguém. Mas admito que foi uma experiência forte.

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Jogo de Poder

Jogo de Poder

Responsável por várias operações secretas da CIA, a agente Valerie Plame (Naomi Watts) tem sua identidade revelada de propósito, em represália a um artigo escrito por seu marido (Sean Penn), criticando a invasão do Iraque pela administração Bush.

Dirigido por Doug Liman (Jumper, A Identidade Bourne), Jogo de Poder foi vendido como um thriller. O trailer era emocionante: Valerie Plame seria perseguida por reviravoltas em sua vida. Ok, essas reviravoltas realmente acontecem, mas o ritmo do filme é bem lento. A emoção foi deixada de lado…

O roteiro conta os fatos coretamente, mas tudo parece didático, documental. E fica tudo chato demais!

Pena, porque a história, baseada em fatos reais, é boa (a verdadeira Valerie Plame aparece durante os créditos) – é legal ver a administração Bush ser cutucada por causa das mentiras sobre as supostas armas de destruição em massa do Iraque. Além disso, o casal de protagonistas faz um excelente trabalho – Naomi Watts e Sean Penn, ambos em grande forma, mostram porque são dois dos maiores atores do cinema mundial.

Apesar de um pouco confuso, Jogo de Poder não é ruim. Mas, com um roteiro melhor, poderia ser mais interessante. Do jeito que ficou, é apenas um filme mediano. E meio chato…

Conspiração Xangai

Conspiração Xangai

Meses antes do ataque a Pearl Harbor, a cidade de Xangai vive sob a tensa sombra da ocupação japonesa, e é palco de traições entre espiões de diversas nacionalidades.

Trata-se do filme novo do diretor sueco Mikael Håfström, dos recentes O Ritual e 1408. Mas aqui não tem nada de terror, Conspiração Xangai parece aquelas super produções à moda antiga, com bom elenco e cenários grandiosos. Pena que a história é simples e previsível, apesar das reviravoltas no roteiro.

Achei curiosa a escolha de um diretor sueco. O elenco internacional se justifica, afinal, temos americanos, chineses, japoneses e até uma alemã, cada um com um personagem com a mesma nacionalidade – escolhas acertadas. Mas não entendi por que um diretor sueco. Pelo menos ele fez um bom trabalho.

Falando no elenco, todos estão bem: os americanos John Cusack, David Morse e Jeffrey Dean Morgan; os chineses Chow Yun-Fat e Gong Li; o japonês Ken Watanabe; e a alemã Franka Potente…

(Aliás, tenho uma dúvida sobre nomes chineses. Sempre li Chow Yun-Fat e Gong Li, mas aqui nos créditos está escrito Yun-Fat Chow e Li Gong – e não é a primeira vez que vejo assim. Afinal, qual é o certo?)

Conspiração Xangai é um filme correto, tudo funciona direitinho. Mas não espere muito, porque o resultado não é nada demais.

Amor e Outras Drogas

Amor e Outras Drogas

Conquistador, Jamie Randall (Jake Gyllenhaal) trabalha como representante comercial de um grande laboratório farmacêutico. No seu convívio entre hospitais, conhece a bela Maggie Murdock (Anne Hathaway), que, apesar de apenas 26 anos, já sofre de mal de Parkinson. Um romance começa entre os dois, inicialmente só pela atração física, já que Maggie não quer se envolver por causa da sua doença.

Amor e Outras Drogas é uma interessante mistura de comédia com drama, usando como pano de fundo os bastidores da indústria farmacêutica na época do lançamento do Viagra na segunda metade dos anos 90.

O melhor de Amor e Outras Drogas é a química entre o casal de protagonistas Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal. Inclusive, rolam muitas cenas de nudez – a nudez foi tanta que incomodou parte da puritana plateia americana. Esses americanos não tão com nada, Anne Hathaway está lindíssima!

O resto do elenco também está muito bem – o filme conta com Oliver Platt, Hank Azaria, Gabriel Macht e Judy Greer, entre outros. Só não gostei de Josh Gad como o caricato irmão de Gyllenhaal, um alívio cômico desnecessário, na minha humilde opinião.

O filme tem um problema: o ritmo cai na segunda parte, quando o foco maior passa a ser na doença de Maggie.

O diretor Edward Zwick é mais lembrado por filmes épicos e grandiosos como O Último Samurai, Coragem Sob Fogo ou Nova York Sitiada, os mais desavisados podem achar estranho vê-lo num filme assim. Mas heu não achei estranho, lembro que ele dirigiu Sobre Ontem À Noite, romance de 1986 que coloca Demi Moore e Rob Lowe sem roupa, como Anne Hathaway e Jake Gyllenhaal aqui.

Não sei se Amor e Outras Drogas pode ser classificado como comédia romântica, apesar de seguir o formato “casal-se-conhece-se-estranha-se-separa-descobre-que-está-apaixonado-volta-a-ficar-junto”. Afinal, apesar de seguir a fórmula, a parte final do filme é um drama pesadão…

Apesar da queda de ritmo, Amor e Outras Drogas é um bom programa.

Os Garotos Estão de Volta

Os Garotos Estão de Volta

Inspirado num caso real, Os Garotos Estão de Volta conta a história de Joe Warr, que teve que cuidar sozinho do filho pequeno depois que a esposa morreu de câncer, e pouco depois ganhou também a guarda do filho adolescente do primeiro casamento.

Acho que Os Garotos Estão de Volta tenta ganhar simpatia por causa dos perrengues enfrentados por Joe, o pai interpretado por Clive Owen. Porque é tudo tão clichê, tudo tão previsível…

O roteiro do filme dirigido por Scott Hicks segue todos os clichês possíveis. Pai antes ausente mas que depois vira “pai modelo”; irmãos que antes brigam pra depois se adorarem e virarem inseparáveis; mulherzinha por perto que vai se aproximar, mas com vários pés atrás; eterno “morde e assopra” com a sogra; problemas profissionais…

Isso sem falar da incoerência do filho mais velho. Primeiro o garoto diz que tá tudo ok e convence o pai a ir pra Melbourne, pra logo depois ele fazer besteira e jogar a culpa no pai. Aí ele reclama da mãe, pra depois dizer que não quer se separar da mãe porque seria ruim pra ela. Caraca, moleque, decida-se!

E Joe Warr faz tudo errado. Fica difícil ter pena de um cara que, ao ver o filho dar um piti e quebrar toda a louça, em vez de colocar o garoto de castigo, vai lá e pede desculpas… Clive Owen tem um grande carisma, mas, não rola, né?

Mas, por incrível que pareça, Os Garotos Estão de Volta não é tão ruim quanto esses clichês todos fazem acreditar. Belas paisagens australianas e uma convincente atuação de Clive Owen ajudam, o filme é até interessante. É um clichê bem feito, com elementos bem colocados.

Mesmo assim, achei o resultado final dispensável. Claro, vai agradar a plateia feminina e os mais “sensíveis”. Mas tem coisa bem melhor por aí pra ver com a patroa.

Amor por Contrato

Amor por Contrato

Bonitos, ricos e simpáticos, os Jones se mudam para uma opulenta mansão, e passam a influenciar a moda no bairro onde moram. Só que os vizinhos não sabem o segredo: os Jones não são uma família de verdade, são empregados de uma empresa que promove as vendas – uma espécie de “marketing invisível”.

A ideia é genial! Contratar pessoas bonitas e charmosas para fingirem que são uma família e despertar inveja dos seus vizinhos é algo que “acho” que ainda não foi usado pela sociedade consumista. Mas heu não me espantaria se alguém usasse isso de verdade…

O filme, o primeiro dirigido por Derrick Borte, funciona muito bem, pelo menos na sua primeira parte. Porque depois os velhos clichês hollywoodianos acabam com o ritmo do filme. Acredito que Amor Por Contrato funcionaria melhor se o roteiro esquecesse o lado “comédia romântica” e usasse altas doses de cinismo.

O elenco, liderado por Demi Moore e David Duchovny, funciona bem. A química entre o casal é boa, e Demi, em ótima forma, nem aparenta os 48 anos que tem hoje. Ainda no elenco, Amber Heard (falei dela ontem em outro filme, And Soon The Darkness!), Ben Hollingsworth e Lauren Hutton.

(Pequeno parênteses: Duchovny está bem, mas não consigo vê-lo hoje em dia e não lembrar do Hank Moody de Californication. Duchovny não tem cara de vendedor de tacos de golfe!)

O ritmo do filme cai na parte final – a ponto de um dos personagens trazer uma revelação bombástica e esta ser deixada de lado. Mas o resultado final ainda é interessante, Amor Por Contrato vale ser visto, nem que seja pela originalidade do argumento.

Happythankyoumoreplease

Happythankyoumoreplease

Sou fã de How I Met Your Mother, sitcom estrelada por Josh Radnor que conta “causos” sobre casais na faixa dos trinta em Nova York. Quando soube de um filme escrito, dirigido e estrelado por Radnor, falando de casais na faixa dos trinta em Nova York, corri para baixar. Mas Happythankyoumoreplease é bem diferente de How I Met Your Mother, com todos os prós e contras que isso significa…

Sam Wexler (Josh Radnor) é um escritor que, num dia ruim, “salva” um garoto que estava perdido no metrô e o leva para casa, começando uma estranha amizade. Em volta de Sam estão seus amigos: Annie, uma mulher com uma doença que lhe causa problemas na aparência; Charlie e Mary Catherine, um casal que precisa se decidir sobre uma possível mudança para Los Angeles; e Mississippi, uma garçonete / cantora por quem Sam se apaixona.

Pra começar, Happythankyoumoreplease é um drama. Quem esperar uma comédia romântica vai se decepcionar. E quem esperar humor no estilo da sitcom também não vai encontrar. E, pra piorar, pelo menos duas das três histórias são bobinhas… O casal em dúvida se vai se mudar para Los Angeles é uma das sub tramas mais sem graça que vi recentemente no cinema; e o casal principal teve o desfecho mais previsível possível.

O elenco trouxe uma novidade, pelo menos para mim: Malin Akerman largou o habitual papel de bonitona, raspou o cabelo e aparece sem glamour nenhum, diferente de filmes como Watchmen e Antes Só do Que Mal Casado. Além de Radnor e Akerman, o elenco traz Kate Mara, Zoe Kazan, Tony Hale, uma ponta de Richard Jenkins e o garoto Michael Algieri.

Sobre o estranho título – “Felizobrigadomaisporfavor” – é uma expressão usada pela personagem de Malin Akerman. Mas não entendi o “Happy” antes. De qualquer maneira, isso pouco importa para o filme…

No fim, Happythankyoumoreplease nem é ruim. Mas fica a impressão de que Radnor deve continuar com a seu trabalho na tv. Se a sua sitcom é uma das melhores da atualidade, o seu filme é apenas mediano.

Inverno da Alma

Inverno da Alma

E, com um pequeno atraso, vamos ao último dos dez filmes indicados ao Oscar 2011. É, atraso, a premiação foi ontem à noite…

Com apenas 17 anos, Ree (Jennifer Lawrence) assumiu a responsabilidade de tomar conta sozinha de sua família – seus irmãos mais novos e sua mãe doente. Foragido da justiça, seu pai colocou em risco a propriedade onde moram todos, e agora Ree precisa arriscar a vida e enfrentar hostilidades de vizinhos e parentes distantes para encontrar seu pai, vivo ou morto.

Inverno da Alma é daqueles filmes independentes que a gente fica se questionando “o que um filme desses está fazendo no meio dos indicados a Oscar de melhor filme?” Não me entendam mal, Inverno da Alma não é ruim. Mas, na minha humilde opinião, também não é isso tudo…

A indicação merecida foi a da jovem Jennifer Lawrence, a protagonista, que carrega a família e o filme nas costas. Ela teve azar de concorrer com Natalie Portman em Cisne Negro – covardia, né? Mas, guardemos esse nome. Essa menina promete.

O elenco teve outra indicação, John Hawkes. Ok, ele não está mal, mas acredito que a indicação só veio por causa da badalação em torno do filme. Já o resto do elenco não traz ninguém digno de nota: um monte de gente feia e mal cuidada, o puro “white trash” americano. Aliás, um nome chama a atenção: símbolo sexual anos atrás, uma acabada Sheryl Lee faz a mãe de Ree. Não sei o quanto é maquiagem, o quanto Sheryl Lee envelheceu precocemente – ela só tem 43 anos. Me senti mal por ela…

Já o roteiro não traz nada de novo. Ree procura encrenca, é ameaçada, Ree apanha. E assim, sucessivamente, até um fim bobo e previsível…

Inverno da Alma não é para qualquer um, nem para qualquer momento. Pode agradar o seu público alvo certo, pode ter seus fãs. E, com relação ao Oscar, estar entre os 10 indicados já é uma grande vitória – ninguém espere mais do que isso.

O Discurso do Rei

O Discurso do Rei

Existem grandes filmes feitos a partir de histórias simples. E existem filmes simples, que são engrandecidos porque contam grandes histórias. O Discurso do Rei é um exemplo do segundo caso.

O Discurso do Rei conta a história real do homem gago que virou o Rei da Inglaterra e enfrentou a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. O Príncipe Albert (Colin Firth), gago desde a infância, era o segundo na linha de sucessão, mas seu irmão abdicou do trono para se casar com uma americana divorciada (na Inglaterra, o rei é também o líder da Igreja). Albert precisava então lutar contra a gagueira e contra a desconfiança dos outros (afinal, ele “ganhou” o trono), e se preparar para se tornar o rei George VI e liderar a Inglaterra através da guerra. E, contra a gagueira, usa os métodos pouco convencionais do fonoaudiólogo Lionel Logue (Geoffrey Rush).

A história é muito boa. Toda a indecisão de Albert sobre o trono e sobre a luta contra a gagueira é muito interessante. E os meios como Lionel Logue consegue convencer Albert a continuar o tratamento geram cenas muito legais.

O filme, dirigido pelo semi-desconhecido Tom Hooper, traz uma boa história, mas é um filme simples demais. Acho que 12 indicações ao Oscar foi um certo exagero…

Se o filme não merece as 12 indicações, algumas são bem-vindas, como os dois atores principais, Colin Firth e Geoffrey Rush. Ambos estão excelentes. Helena Bonham Carter também foi indicada, mas achei um dos exageros… Ainda no elenco, Michael Gambon, Guy Pearce, Derek Jacobi e um impressionante Timothy Spall interpretando Winston Churchill!

(Pequeno parênteses pra continuar o assunto de idades dos atores, que citei ontem, ao falar sobre as idades de Mark Wahlberg e Christian Bale e seus personagens em O Vencedor – por que usar Guy Pearce, um ator 7 anos mais novo que Colin Firth, pra fazer seu irmão mais velho?)

Hoje à noite rola o Oscar. Pela quantidade de indicações, são grandes as chances de vários prêmios para O Discurso do Rei. Veremos. Achei um bom filme, mas, na minha humilde opinião, tem opções melhores entre os dez indicados.

p.s.: ATUALIZAÇÃO – 28 / 02

Ontem rolou o Oscar, e realmente, O Discurso do Rei confirmou o favoritismo. Ganhou só 4 estatuetas, mas foram 4 importantes: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original e melhor ator (Colin Firth) – os cinco prêmios mais importantes são considerados filme, diretor, roteiro, ator e atriz.

A Origem também ganhou 4 Oscars, mas foram 4 prêmios técnicos: efeitos especiais, fotografia, som e edição sonora. A Rede Social ganhou roteiro adaptado, trilha sonora e edição; O Vencedor ganhou ator coadjuvante (Christian Bale) e atriz coadjuvante (Melissa Leo); Toy Story 3 ganhou longa de animação e canção; Cisne Negro ganhou atriz (Natalie Portman); Alice no País das Maravilhas ganhou direção de arte e figurino; e O Lobisomem ganhou maquiagem.

O Vencedor

O Vencedor

Mais um filme usando boxe como pano de fundo para contar um drama de superação. Parece que o cinema gosta mais de alguns esportes do que de outros…

O Vencedor mostra o início da carreira do boxeador Micky Ward (Mark Wahlberg), que é ao mesmo tempo apoiado e derrubado por sua possessiva mãe e por seu problemático irmão Dicky Eklund (Christian Bale), um ex-boxeador com algum sucesso no passado, mas envolvido com drogas e criminalidade no presente.

A narrativa de O Vencedor é bem convencional, o filme dirigido por David O. Russell em si não tem nada demais. O que chama a atenção aqui é a atuação de Christian Bale, com boas chances de levar o Oscar de melhor ator coadjuvante amanhã.

Bale está impressionante. Magérrimo, ele convence como o boxeador com algum sucesso no currículo, mas que perdeu a guerra para o crack. Nem parece o fraco protagonista de Exterminador do Futuro : A Salvação, onde ele é “engolido” pelos coadjuvantes…

É curioso notar que Bale concorre a coadjuvante, porque o protagonista de O Vencedor é Mark Wahlberg. Wahlberg é aquilo que a gente já conhece: um ator limitado, mas que funciona bem quando o roteiro ajuda – como aconteceu em Boogie Nights e Rock Star.

Dicky, personagem de Bale, é mais interessante que Micky, personagem de Wahlberg. Mas achei acertada a decisão do roteiro de focar o filme no irmão mais novo. Tenho minhas dúvidas se a história funcionaria tão bem se Dicky fosse o protagonista, ele precisava estar sob a sombra do próprio passado e da ascenção do irmão. Ele está tão mal que acha que a HBO está fazendo um documentário sobre o seu passado glorioso, não repara que o foco real do documentário é a sua atual decadência e seu envolvimento com as drogas.

O bom elenco ainda traz dois destaques femininos: Amy Adams e Melissa Leo. Mas traz um defeito comum em Hollywood: atores com idades incompatíveis com os seus personagens. Se entendi bem, Dicky é 9 anos mais velho que Micky. Ora, por que usar um ator de 39 anos pra fazer o caçula, e um de 36 para ser o seu irmão 9 anos mais velho? E Melissa Leo – a mãe – é apenas 11 anos mais velha que Wahlberg. Na verdade, isso nem atrapalha a fluência do filme, mas acho que seria mais interessante usar um ator mais novo para interpretar Micky. Porque, na tela, Dicky não parece ser mais velho que Micky…

Voltando ao filme… Como falei, a estrutura é bem convencional. Na maior parte do filme, a câmera segue o estilo de documentários. E, sobre as cenas de luta, não espere um novo Touro Indomável. O Vencedor não mostra nada demais, nada de novidades estilísticas.

O resultado final é satisfatório: um filme simples e eficiente. E a atuação de Christian Bale vale o ingresso.