A Profecia Celestina

Crítica – A Profecia Celestina

Sinopse (imdb): Uma adaptação do romance de James Redfield sobre a busca de um manuscrito sagrado na floresta tropical peruana.

Sabe quando nada dá certo?

Dirigido por Armand Mastroianni (que tem uma extensa carreira, com dezenas de filmes para a tv, mas nenhum digno de nota), A Profecia Celestina (The Celestine Prophecy, no original) é a adaptação do best seller homônimo de James Redfield. Mas falha – e muito – tanto na parte cinematográfica quanto ao mandar uma mensagem.

O roteiro é péssimo. Personagens rasos, situações forçadas, cenas desconexas, A Profecia Celestina é um caso a ser estudado em escolas de roteiro – como exemplo do que não fazer. O elenco até tem alguns nomes bons, mas não sei se por culpa do roteiro ou da direção, estão todos mal. O protagonista é o desconhecido Matthew Settle; mas o elenco também conta com Sarah Wayne Callies, Joaquim de Almeida, Hector Elizondo, Thomas Kretschmann, Annabeth Gish, Jürgen Prochnow e Obba Babatundé

O filme é baseado no best seller, né? Mas a mensagem é tão confusa que quando o filme acaba, tem uns textos explicando! Não me lembro de outro filme assim, que precisa de um texto pra explicar ao fim.

Se o livro é um best seller, deve ser melhor. Aliás, não é difícil ser melhor…

Minha Obra Prima

Crítica – Minha Obra Prima

Sinopse (imdb): Arturo é um negociante de arte inescrupuloso e Renzo um pintor socialmente desajeitado e amigo de longa data. Dispostos a arriscar tudo, desenvolvem um plano extremo e ridículo para se salvarem.

Perdi o novo filme do argentino Gastón Duprat quando passou no Festival do Rio. Por sorte, entrou no circuito!

O melhor de Minha Obra Prima (Mi obra maestra, no original) está nos dois personagens principais. A princípio não tinha gostado muito do marchand Arturo, mas ele conquista o espectador ao longo do filme – já o rabugento pintor Renzo é um daqueles personagens que a gente gosta logo de cara. É não só os personagens são bons, como os atores Luis Brandoni e Guillermo Francella também estão ótimos.

O roteiro (de Gastón Duprat e seu irmão Andrés) tem algumas escorregadas (não gostei da mudança da personalidade de um dos personagens), mas traz um plot twist bem legal (não vou me aprofundar por spoilers). E o filme, apesar de ser um drama, tem toques de humor negro, e algumas cenas engraçadíssimas (Renzo sem dinheiro no restaurante é impagável!).

Não dá pra fazer o trocadilho óbvio, Minha Obra Prima não é uma obra prima. Mas, apesar dos escorregões, os dois personagens principais valem o ingresso.

Creed II

Crítica – Creed II

Sinopse (imdb): Sob a tutela de Rocky Balboa, o peso pesado Adonis Creed enfrenta Viktor Drago, filho de Ivan Drago.

Quando surgiu Creed, achei que a franquia Rocky estava “passando o bastão”. Nada disso. Creed II podia ser chamado de Rocky XIII.

Tudo aqui segue a fórmula da franquia. Creed II é previsível, maniqueísta e cheio de clichês – como os outros filmes. Ou seja, isso não deve incomodar os fãs. E Creed II tem outro problema: é um filme longo demais, são duas horas e dez minutos, toda aquela parte do filho é arrastaaaada…

O grande lance aqui é a volta de Dolph Lundgren no papel de Ivan Drago. Seria legal vê-lo junto com Stallone – se não existisse a franquia Mercenários – onde, inclusive, os dois têm mais interação do que aqui. Ou seja, o grande atrativo de Creed II é um prato requentado.

Agora, os fãs vão gostar. As lutas são empolgantes e bem filmadas (infelizmente sem um plano sequência como no filme anterior, deve ser pela troca de diretor, agora é o desconhecido Steven Caple Jr.). E Michael B. Jordan mostra mais uma vez que é uma grande estrela.

O elenco tem um problema. Dolph Lundgren não é um grande ator, mas pelo menos é carismático. Florian Munteanu, que interpreta seu filho, não é um bom ator, e tem carisma zero. Também no elenco, Tessa Thompson, Milo Ventimiglia, Phylicia Rashad e uma ponta que os fãs da franquia vão gostar..

Recomendado apenas para os fãs da franquia. Que são muitos, não duvido que em breve tenhamos um Rocky IX – quer dizer, Creed III.

A Favorita

Crítica – A Favorita

Sinopse (imdb): No início do século XVIII na Inglaterra, uma frágil rainha Anne ocupa o trono e sua amiga mais próxima, Lady Sarah, governa o país em seu lugar. Quando chega uma nova serva, Abigail, seu charme a leva a Sarah.

Estranhei quando vi o nome do diretor Yorgos Lanthimos aqui. Lembro de quando vi O Lagosta no Festival do Rio, gostei do estilo esquisitão do diretor e fiquei de catar outros filmes dele, como Dente Canino ou O Sacrifício do Cervo Sagrado (filme que já me foi recomendado mais de uma vez). Ok, ainda não vi os outros, mas aproveitei para conferir este A Favorita, badalado na atual temporada de prêmios (está concorrendo a dez Oscars).

Olhando de longe, A Favorita (The Favourite, no original) parece ser mais próximo de um Ligações Perigosas ou um Valmont, dramas de época com tramas cheias de intrigas. Sim, é um drama de época com trama cheia de intrigas. Mas… olhando de perto, também é esquisitão – como gosta o diretor.

Duas coisas chamam a atenção logo de cara. Primeiro, o cuidado com a produção. Os figurinos são exuberantes, e os cenários, grandiosos. Quase toda a luz usada é natural (luz do dia para externas, lareiras e velas para internas), o que deu um charme todo especial à fotografia do filme.

A outra coisa que chama a atenção são as lentes usadas. Temos várias cenas com lente grande angular, em algumas, os cantos da tela chegam a ficar arredondados (aquele efeito “olho de peixe”). Se isso já parece estranho com a câmera parada, quando temos uma câmera rodando dentro do cenário, o desconforto é ainda maior.

O trio principal de atrizes é excelente. Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz estão ótimas, é até difícil destacar qual está melhor – tanto que as três estão indicadas ao Oscar. Também no elenco, Nicholas Hoult, James Smith e Mark Gattis.

É. Gostei de O Lagosta e de A Favorita. Preciso ver O Sacrifício do Cervo Sagrado assim que possível…

Green Book: O Guia

Crítica – Green Book: O Guia

Sinopse (imdb): Um leão-de-chácara da classe operária ítalo-americana se torna o motorista de um pianista clássico negro em uma turnê por cidades no sul dos Estados Unidos, ao longo da década de 1960.

Sabe quando uma história é tão fascinante que já vale um filme? Agora, coloque dois grandes atores para contar essa história. Passa a ser um filme imperdível.

Achei estranho ver o nome do diretor Peter Farrelly nos créditos do ganhador dos Globos de Ouro de melhor filme, roteiro e ator coadjuvante. Farrelly é conhecido por fazer, sempre em parceria com seu irmão Bobby, comédias no limite da baixaria, algumas muito boas, como Quem Vai Ficar com Mary ou Debi & Loide, outras nem tanto, como Para Maiores ou Passe Livre. Agora sem Bobby, Green Book: O Guia (Green Book, no original) é seu primeiro drama. E, olha, temos que reconhecer que ele manda muito bem na sua “nova proposta”.

Green Book: O Guia fala de racismo de uma maneira leve. A gente consegue entender os problemas que os personagens estão passando, e como a convivência entre os dois vai aos poucos mudando cada um deles. Ok, os rabugentos podem reclamar que há uma certa previsibilidade na trama, mas mesmo assim gostei do resultado final.

Claro que ter dois grandes atores ajuda – não à toa, os dois estão concorrendo ao Oscar. Provavelmente porque a história é contada pelo ponto de vista do Tony Lip, Viggo Mortensen concorre a melhor ator enquanto Mahershala Ali, a ator coadjuvante. Mas ambos têm importância igual na trama, e ambos estão sensacionais nos seus papéis – um italiano bronco e grosseiro e um negro super culto e educado. E, importante: diferente do resto da carreira do diretor, nenhum dos dois está caricato.

Depois que terminou o filme, corri para o Google e verifiquei: Don Shirley e Tony Lip são pessoas reais (inclusive, um dos roteiristas é Nick Vallelonga, filho do Tony Lip verdadeiro). Lip fez papeis pequenos em filmes e séries de gangster, como Os Bons Companheiros, Donnie Brasco e Família Soprano. E claro que vou catar discos do Don Shirley.

(Mahershala Ali aparece tocando piano, mas os dedos não são dele, o autor da trilha sonora Kris Bowers foi o dublê de mãos.)

Green Book: O Guia está concorrendo a cinco Oscars – filme, roteiro e edição, além dos dois atores principais. Como Mahershala Ali já tem o dele (por Moonlight), estou torcendo mais pelo Aragorn!

Lizzie

Crítica – Lizzie

Sinopse (imdb): Um thriller psicológico baseado nos infames assassinatos de 1892 da família Borden.

Momento de confessar aqui: heu não conhecia a história da Lizzie Borden original. Confundi com a banda quase homônima, Lizzy Borden (com certeza o nome da banda foi inspirado na personagem histórica), mas nem a banda heu conhecia direito…

Enfim, agora já pesquisei. Inclusive descobri que o filme dirigido pelo pouco conhecido Craig William Macneill traz uma versão levemente modificada da que está nos livros, que não mencionam o romance entre Lizzie e Bridget (não temos como saber ao certo, me pareceu que isso foi incluído pra reforçar o discurso feminista).

A história da Lizzie Borden é famosa – tanto que já rendeu outras duas adaptações para o cinema / tv (uma de 1975, com Elizabeth Montgomery no papel; outra em 2014, com Chistina Ricci). Mas o problema desta nova versão é que o filme é chaaato…

São uma hora e quarenta e cinco minutos de um drama monótono, onde temos alguns momentos interessantes aqui e acolá. E o curioso é que, nos poucos momentos onde o filme mostra alguma violência, o filme vira quase gore.

No elenco, Chloë Sevigny manda bem, mas Kristen Stewart mostra mais uma vez que atuação não é o seu forte. Também no elenco, Fiona Shaw, Kim Dickens, Denis O’Hare e Jamey Sheridan.

Talvez fosse melhor uma edição, transformando em um média metragem de meia hora. Todos conheceriam a história da Lizzie Borden, e ninguém dormiria no meio do filme…

Roma

Crítica – Roma

Sinopse (imdb): Uma história que narra um ano na vida de uma empregada da família de classe média na Cidade do México no início dos anos 70.

De repente, eis que surge no Netflix um novo filme do Alfonso Cuarón. E que, além disso, aparece entre os indicados para melhor roteiro, melhor diretor e melhor filme em língua estrangeira no Globo de Ouro de 2019. Pára tudo, um filme assim fura a fila de “filmes para ver no streaming”.

E aqui está o pior problema de Roma (idem, no original): ser “o novo filme do diretor de Gravidade e Filhos da Esperança“. Roma é muito bom, mas, na minha humilde opinião, é um degrau abaixo dos dois anteriores.

Roma tem uma proposta bem diferente dos outros dois – é um drama autobiográfico, que conta uma história através de uma empregada doméstica de uma família com quatro crianças (Cuarón dedica o filme “para Libo, que foi empregada da sua família, e provavelmente viveu algumas daquelas histórias). Claro que, no meio da trama, podemos ver críticas sociais e raciais, além de um pouco da história do México.

Além de produzir, dirigir, escrever o roteiro e editar, Cuarón também foi o diretor de fotografia. Uma bela fotografia em preto e branco, um dos destaques do filme – mas que talvez incomode parte dos espectadores, principalmente porque Roma não vai ser exibido nos cinemas, vai ter muita gente vendo em telinhas pequenas.

É impossível pensar em Filhos da Esperança e não lembrar daquele plano sequência sensacional do carro sendo atacado. Pois bem, Roma também tem um plano sequência impressionante, mas bem mais discreto. Uma cena começa na areia da praia, a câmera entra no mar, e depois volta para a areia – e a câmera mantém a estabilidade enquanto está dentro d’água. Cuarón disse numa entrevista que eles construíram um pier para levar a câmera até o ponto certo dentro do mar. E, pra aumentar a importância da cena, é uma cena chave na trama do filme. Resultado: uma cena belíssima, tanto técnica quanto dramaticamente.

Mesmo assim, acho que Roma vai decepcionar algumas pessoas. Cinematograficamente falando é um grande filme – cada plano, cada take, cada posicionamento de câmera, tudo é milimetricamente bem feito. Mas, por outro lado, a história se arrasta ao longo de duas horas e quinze minutos. Tem várias cenas que poderiam facilmente ser cortadas sem prejuízo do resultado final. Mas, no atual momento da carreira de Cuarón, ele deve ter dito “vai ser do meu jeito e ponto final”. Ok, Cuarón, você tem esse crédito. Vamos torcer para o “espectador comum” comprar a sua ideia.

Infiltrado na Klan

Crítica – Infiltrado na Klan

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): A história real de um herói americano. Nos anos 70, Ron Stallworth é o primeiro detetive afro-americano a servir no Departamento de Polícia de Colorado Springs. Determinado a se destacar, ele parte em uma missão perigosa: se infiltrar e expor a Ku Klux Klan. O jovem detetive logo recruta um colega mais experiente, Flip Zimmerman. Juntos, eles pretendem derrubar a organização que espalha o discurso de ódio pelo país.

O último filme do Spike Lee que me lembro de entrar no circuito foi a refilmagem de Oldboy, de 2013 (ele fez muita coisa de lá pra cá, mas não me lembro de ter passado aqui). Oldboy tinha uma proposta bem diferente do cinema que ele fazia no início da carreira – o racismo era tema frequente, em títulos como Faça a Coisa Certa (1989), Mais e Melhores Blues (90), Febre da Selva (91) e Malcom X (92). Com este Infiltrado Na Klan, podemos usar aquela frase clichê “Spike Lee está de volta!”.

Infiltrado Na Klan (BlacKkKlansman, no original), é um grande filme. Elenco afiado, personagens bem construídos, bom ritmo, reconstituição de época primorosa e uma forte denúncia racista, aproveitando a época que o filme se passa para incluir a Ku Klux Klan e cutucar os EUA de hoje em dia.

A princípio achei a história meio estranha – por que usar dois policiais, um negro ao telefone e um branco ao vivo? Não seria mais fácil ser um só? Mas aí descobri que o filme é baseado no livro escrito pelo próprio Ron Stallworth, ele realmente existe e realmente viveu essa história maluca.

Teve crítico chamando Infiltrado na Klan de comédia. Olha, o filme não é um drama sério, mas está bem longe da comédia, na minha humilde opinião. Outra coisa: achei o filme muito maniqueísta. Ok, como estamos falando da Ku Klux Klan, não tem nem como defender, mas acho que poderiam ter mais personagens “dentro dos tons de cinza” na trama.

Como falei, o elenco é muito bom. O papel principal é de John David Washington, filho de Denzel Washigton. Adam Driver (o Kylo Ren!) faz seu “par”; Laura Harrier (Homem Aranha de Volta ao Lar) tem o principal papel feminino. Topher Grace, o eterno Forman de That 70s Show, não convence muito como David Duke, um dos líderes da KKK, mas aí quando acaba o filme, vemos o David Duke original e entendemos por que chamaram o ator. Gostei dos coadjuvantes Michael Buscemi, Jasper Pääkkönen e Paul Walter Hauser. Alec Baldwin faz uma ponta na introdução do filme; Harry Belafonte está no centro de um dos momentos mais fortes, quando conta a um grupo sobre um caso bárbaro que ele presenciou no passado.

Do jeito que a última premiação do Oscar teve um forte pé na política, não será surpresa se Infiltrado na Klan aparecer no Oscar no início do ano que vem.

 

p.s.: Com este filme, me despeço do Festival do Rio 2018. Só seis filmes, acho que foi o meu pior ano desde que o Festival começou. Tomara que ano que vem tudo volte ao normal.

O Primeiro Homem

Crítica – O Primeiro Homem

Sinopse (imdb): Um olhar sobre a vida do astronauta Neil Armstrong e a lendária missão espacial que o levou a ser o primeiro homem a caminhar na Lua em 20 de julho de 1969.

Damien Chazelle, de Whiplash e La La Land, dirigindo a cinebiografia do Armstrong… Ei, péra, como assim não é o músico Louis Armstrong? O filme é sobre o astronauta Neil Armstrong?!?!

Poizé. Na minha humilde opinião, Chazelle escolheu o Armstrong “errado”. E fez um filme correto, mas sem graça.

Ok, admito que achei o filme bobo, mas reconheço que ele cumpre os objetivos. O Primeiro Homem (First Man, no original) é um “filme pra Oscar”. Produção grandiosa, contando a história real de um herói norte americano, com nomes badalados na produção e no elenco. É, visto por esse ângulo, Chazelle mandou bem. E deve conseguir algumas indicações ao prêmio da Academia em 2019.

A reconstituição de época é bem cuidada, e os efeitos especiais são discretos e eficientes. O pouso na lua – momento chave no filme (e na História) – é uma sequência belíssima, com toques de jazz na trilha sonora. O público geral vai curtir.

O problema é que tudo é muito linear e sem graça. Apolo XIII contava uma história semelhante mas era muito mais emocionante. Estrelas Além do Tempo se passa na mesma época e local, e tem personagens muito mais cativantes. E a longa duração (duas horas e vinte e um minutos) torna tudo cansativo.

No elenco, Chazelle repete a parceria com Ryan Gosling, que faz cara de paisagem o tempo todo (como sempre, aliás), mas funciona porque o papel pede – será que vem outra indicação ao Oscar? Claire Foy faz sua esposa, num papel provavelmente adaptado para os dias de hoje – sua Janet Armstrong é uma mulher forte e desafiadora, diferente do que era comum nos anos 60 – mas coerente com a onda de mulheres fortes do cinema atual. Também no elenco, Jason Clarke, Kyle Chandler, Ciarán Hinds, Ethan Embry, Corey Stoll, Shea Whigham, Patrick Fugit e Lukas Haas.

O Primeiro Homem vai agradar muita gente (principalmente nos EUA). Mas ainda acho que que Chazelle faria melhor se escolhesse o outro Armstrong…

p.s.: Aposto como vai ter gente dizendo que é um filme de ficção científica…

Papillon (2017)

Crítica – Papillon (2017)

Sinopse (imdb): Erradamente condenado por assassinato, Henri Charriere forma uma improvável amizade com o colega falsificador Louis Dega, na tentativa de escapar da notória colônia penal na Ilha do Diabo.

Ninguém pediu, mas, olha lá, refilmagem do filme homônimo de 1973, estrelado por Steve McQueen e Dustin Hoffman.

A refilmagem é quase igual ao filme original. Aí fica a pergunta: precisa? O caso é parecido com o recente Assassinato no Expresso do Oriente. A refilmagem não traz nenhuma novidade com relação ao original. Mas por outro lado, dificilmente uma pessoa mais nova vai procurar um filme feito nos anos 70. E é aí que a refilmagem tem o seu espaço: mostrar um filme velho para uma nova geração.

Visto sob este ângulo, Papillon (idem, no original) cumpre o seu propósito. O filme dirigido por Michael Noer é um filme correto, com uma produção até muito bem feita (as locações na Sérvia e em Montenegro foram bem escolhidas).

No elenco, não tem como não pensar que a dupla principal foi escolhida pela semelhança física com os dois do filme de 73. Charlie Hunnam (Rei Arthur) está a cara do Steve McQueen. E, apesar de me lembrar do Freddy Mercury toda vez que aparecia o Rami Malek (desde que vi o trailer de Bohemian Rhapsody, não consigo vê-lo e não pensar no vocalista do Queen), ok, vamulá, ele tá parecido com o Dustin Hoffman.

Enfim, o original é melhor. Mas, na falta, a refilmagem quebra um galho.