Mapas para as Estrelas

Mapas para as estrelasCrítica – Mapas Para As Estrelas

Um tour pelo coração de alguns personagens de Hollywood, procurando a fama e fugindo dos fantasmas dos seus passados.

Pensei em começar o texto falando da carreira do diretor David Cronenberg nos anos 80, época de filmes como Scanners, Videodrome e A Mosca. Mas, caramba, o seu último filme fantástico foi eXistenZ, de 99, ele faz filmes “normais” há mais de dez anos!

(Obs: não vi Spider, de 2002, não sei dizer qual das fases ele pertence.)

Enfim, Mapas Para as Estrelas (Maps to the Stars, no original) segue o estilo atual de Cronenberg. Um filme baseado num bom e inspirado elenco, e com um roteiro que coloca personagens disfuncionais em situações de conflito.

O roteiro escrito pelo bissexto Bruce Wagner é envolvente e divide equilibradamente a trama entre alguns personagens, todos interligados, num interessante retrato da podridão que os famosos de Hollywood escondem debaixo dos seus tapetes.

O elenco é ótimo. Julianne Moore (que acabou de ganhar o Oscar por outro filme) ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes por este filme. Mia Wasikowska e John Cusack também estão bem. Nem o “vampiro purpurina” Robert Pattinson chega a atrapalhar. Ainda no elenco, Olivia WIlliams, Evan Bird, Sarah Gadon, e Carrie Fisher numa ponta, interpretando ela mesma.

Pena que a conclusão é fraca. Acompanhamos aquele mundinho de pessoas desequilibradas, mas, ao fim, parece que o filme não leva a lugar algum. Não só a cena final do filme é fraca, como a cena onde um personagem pega fogo é ruim – tanto na parte técnica, quanto na narrativa (ao lado da piscina? Sério?).

E aí volto ao início do texto. Não que Mapas Para as Estrelas seja ruim, mas bate uma saidade da fase fantástica de Cronenberg…

O Abutre

0-OAbutreCrítica – O Abutre

Um homem descobre que pode ganhar dinheiro filmando matérias sensacionalistas, e resolve montar uma equipe para vender material para um telejornal.

Estreia na direção do roteirista Dan Gilroy, O Abutre (Nightcrawler, no original) conta uma história sórdida sobre um anti-herói que ignora a moral e a ética, e faz tudo para vender seus vídeos. Todo mundo sabe o quanto atraente e ao mesmo tempo repugnante uma matéria sensacionalista pode ser. O Abutre é um excelente retrato disso.

Mas o nome do filme é Jake Gyllenhaal. Mais magro que o habitual (idéia do ator, que achou que o personagem seria mais sinistro se fosse cadavérico), Gyllehaal entrega uma das melhores interpretações de sua carreira, com um cara ao mesmo tempo carismático e repugnante. Também no elenco, Rene Russo, Bill Paxton e Riz Ahmed.

Ainda podemos citar a bem cuidada fotografia, que consegue excelentes takes noturnos, neste triste retrato do lado “feio” do jornalismo…

Livre

0-LivreCrítica – Livre

Um pouco atrasado, mas vamos de mais uma cinebiografia visando o Oscar.

Depois de uma tragédia pessoal, Cheryl Strayed decide encarar uma trilha de 1100 milhas pela costa do oceano Pacífico, numa jornada de auto-conhecimento.

A premissa lembra Na Natureza Selvagem – personagem de mochila nas costas sai sozinho por belas paisagens em jornada de auto-conhecimento. Mas na verdade os filmes são bem diferentes. Neste filme, dirigido por Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas), a protagonista tem um objetivo bem diferente na sua jornada.

O visual é bonito, a edição é empolgante, mas Livre (Wild, no original) tem um problema básico: parece um livro de auto-ajuda. E a trilha sonora cheia de clichês só reforça isso. O chato é quando a gente lê os créditos e vê que o roteiro foi escrito por Nick Hornby, o mesmo que escreveu o excelente Alta Fidelidade!

Tem outra coisa que me incomodou, mas não é do filme, e sim da história. Cheryl teve um problema pessoal e por isso se meteu com drogas e sexo promíscuo. Sua jornada acontece em função disso. Ora, conheço muita gente que passou por problemas muito piores e não precisou de “jornadas de auto-conhecimento”…

De positivo, podemos dizer que esta é uma das melhores atuações da carreira de Reese Witherspoon – ela foi indicada ao Oscar pelo papel. Laura Dern, também indicada ao Oscar, também está bem. E admito que algumas paisagens são realmente bonitas.

Mas no geral, fica devendo.

Força Maior

0-Força MaiorCrítica – Força Maior

Uma família passa as férias em uma estação de esqui nos Alpes Suíços. Depois de um incidente durante uma avalanche, as relações de confiança entre marido e mulher começam a ruir.

Vencedor do Prêmio do Júri na mostra paralela Un Certain Regard no último Festival de Cannes, indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro, e representante da Suécia na indicação para o Oscar de filme estrangeiro, Força Maior (Force Majeure, no original) tem dois problemas básicos na sua divulgação. O primeiro é o uso de uma avalanche como ponto de partida do conflito, porque o espectador pode achar que se trata de um filme catástrofe. Nada disso, a avalanche não afeta em nada a integridade física do local ou dos personagens, apenas o lado psicológico – como será a sua reação em uma situação limite?

O segundo problema é que o filme está sendo vendido como uma comédia. E li vários pessoas no fórum do imdb defendendo que é uma comédia. Mas vou ser sincero, não vi nenhum momento engraçado em todo o filme. Força Maior é um drama, sério e lento. Muito lento.

E aí vem uma característica do filme que não é exatamente um problema, mas me incomodou bastante: o filme é lento demais! O diretor Ruben Östlund gosta de planos com a câmera parada, sem cortes, onde ficamos vendo longos diálogos entre os atores. De vez em quando é legal, mas quando é sempre, cansa. Algumas cenas ficam insuportavelmente chatas, como aquela onde as crianças brigam com os pais à beira da cama.

Os atores estão bem, não conhecia ninguém do elenco, gostei das atuações do casal principal Johannes Kuhnke e Lisa Loven Kongsli.

Força Maior vale pela discussão sobre os relacionamentos. Mas merecia uma edição mais ágil. Do jeito que ficou, precisa de muita paciência pra chegar ao fim do filme.

Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

foxcatcherCrítica – Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo

Continuemos com “cinebiografias visando o Oscar”…

Dois irmãos, ambos medalhistas de ouro por luta greco-romana, entram para o time Foxcatcher, liderado pelo multimilionário patrocinador John E. du Pont, para treinarem na equipe que vai aos jogos de Seul em 88 – uma união que leva a circunstâncias imprevistas.

Dirigido por Bennett Miller (Capote), Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo (Foxcatcher, no original) traz um trio de atores inspiradíssimos – três atuações dignas de prêmios. Pena que o roteiro é fraco. Além de ser extremamente arrastado, o roteiro ainda é previsível – ora, o cara era atleta medalhista olímpico, se envolveu com álcool e drogas, claro que vai perder a próxima luta, né? Isso tudo torna as pouco mais de duas horas em um longo e arrastado programa – o único plot twist que foge do óbvio acontece logo antes do filme acabar.

Pra piorar, o filme me pareceu cortado, fiquei com a sensação de que estava faltando algo que esclarecesse o conflito entre Mark e John. O filme dá a entender que Mark e John tinham uma relação homossexual, mas não fala o que levou Mark a se afastar – e foi algo tão grave que precisou da intervenção do irmão David. Desconfio que deve ter rolado alguma pressão de algum dos retratados, ou do lutador Mark Schulz, ou da família do já falecido Du Pont.

Pena, porque o elenco está fantástico. Quase irreconhecível, Steve Carell faz um papel sério, completamente fora da sua zona de conforto – não foi surpresa sua indicação ao Oscar de melhor ator. Channing Tatum também está impressionante, num papel onde usa muito mais expressões corporais do que diálogos. Mark Rufallo tem menos espaço na trama, mas também está excelente, tanto que também está indicado ao Oscar, de ator coadjuvante (o filme ainda concorre a direção, roteiro original e maquiagem). O trio está muito bem, gosto de ver atores fazendo papeis que se distanciam do que fazem sempre, tanto pela maquiagem quanto pela atuação. O sumido Anthony Michael Hall também está aqui, mas não sei se ele está diferente por causa do filme ou apenas envelheceu e ainda estou acostumado com o seu “visual Clube dos Cinco. Ainda no elenco, Vanessa Redgrave e Sienna Miller.

Por fim, o subtítulo. Como assim, “a história que chocou o mundo”??? Vivi os anos 80, lembro das olimpíadas de 84 em Los Angeles e 88 em Seul, mas não me lembrava dessa história. De repente o subtítulo podia ser “a história que chocou os EUA”, porque teve zero repercussão por aqui…

Elenco bom, filme fraco. Fica a dica: se você curte um dos três atores, ou se apenas gosta de ver grandes atuações, veja Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo. Mas prepare-se pra ver bons atores num filme fraco.

Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Still CrazyCrítica – Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Imagine um filme que quase ninguém conhece, mas que é tão simpático, que todos os que vêem viram fãs?

Nos anos 70, a banda Strange Fruit foi uma lendária banda de rock: fama, dinheiro, groupies, drogas, brigas internas e um ex front man morto de overdose. Até o fim da banda foi épico, quando um raio atingiu o palco em um show, durante um festival ao ar livre. 20 anos se passaram e os ex-membros da banda passaram a viver no ostracismo, até que a ideia de uma turnê revival pode dar uma segunda chance à banda.

Não sei o motivo, mas Still Crazy – Ainda Muito Loucos (Still Crazy, no original) permanece desconhecido do grande público. Apoiado por um elenco inspirado, o filme dirigido por Brian Gibson (Tina) traz uma história despretensiosa e cativante.

O roteiro foi escrito pela dupla Dick Clement e Ian La Frenais – coincidentemente (ou não), autores do roteiro de um dos “filmes de banda” mais simpáticos da história, The Commitments (a dupla também escreveu Across The Universe, os caras são bons neste estilo). O roteiro usa muito bem os clichês de bandas de “dinossauros”, às vezes o filme lembra os exageros de This Is Spinal Tap. E li por aí “pelas internetes da vida” que as (boas) músicas presentes no filme teriam sido compostas por Mick Jones, guitarrista da banda Foreigner, mas acho que é lenda, não consegui confirmar isso nem no imdb, nem na wikipedia do próprio Jones.

Mas Still Crazy não seria o que é sem o elenco que tem. Bill Nighy faz uma espécie de David Lee Roth e tem alguns dos melhores momentos do filme com seu personagem, um cantor que não conseguiu sucesso na carreira solo e que tem seu espaço questionado na própria banda. Timothy Spall também protagoniza ótimos momentos com o seu baterista irresponsável e inconsequente. A banda ainda tem Billy Connolly como um roadie / técnico de som e Stephen Rea nos teclados (o cara carrega um Hammond e um sintetizador pra tudo quanto é gig! Aliás, que synth é aquele? Parece um Prophet V, mas acho que vi um logo da Moog…). O filme ainda conta com Jimmy Nail, Juliet Aubrey, Helena Bergstrom, Bruce Robinson e Hans Matheson.

Se você gosta de rock e não conhece este filme, fica a dica!

De Olhos Bem Fechados

De Olhos Bem FechadosCrítica – De Olhos Bem Fechados

Para o podcast sobre Tom Cruise, revi De Olhos Bem Fechados, filme que heu só tinha visto uma única vez, na época do lançamento.

Um médico novaiorquino, casado com uma curadora de arte, se vê em uma perigosa odisseia noturna de descobertas morais e sexuais depois que sua esposa admite que quase o traiu.

De Olhos Bem Fechados (Eyes Wide Shut, no original) foi o último filme de Stanley Kubrick – segundo o que foi noticiado na época, Kubrick morreu quatro dias depois de entregar o filme pronto. Mas a recepção, tanto do público, quanto da crítica, não foi boa, e muita gente se questiona se a versão oficial é realmente o filme que Kubrick pretendia fazer.

A produção de De Olhos Bem Fechados foi bem conturbada. Boatos na época diziam que Harvey Keitel e Jennifer Jason Leigh teriam papeis importantes na trama. Mas por causa dos atrasos (o filme demorou mais de dois anos pra ficar pronto), Keitel brigou com Kubrick e se desligou do projeto. Kubrik então resolveu reescrever e refilmar tudo, para não usar nenhuma imagem com Keitel. Aí foi a vez de Jennifer se pronunciar: ela tinha contrato para filmar eXistenZ com David Cronenberg e não tinha tempo pra refazer tudo. Resultado? Os papeis foram reduzidos e entregues a Sydney Pollack e Marie Richardson.

Outro problema foi que a divulgação na época dizia que o filme teria tórridas cenas de sexo entre o casal “namoradinho da América”, Tom Cruise e Nicole Kidman, que eram casados na época mas se separaram pouco depois. Nada, o filme até mostra bastante nudez e sexo, mas pouca coisa entre Tom e Nicole.

(Diferente de Jennifer e Keitel, Tom e Nicole assinaram contratos onde garantiam que esperariam o tempo que fosse necessário até Kubrick liberar o casal. De Olhos Bem Fechados está no Guiness como o recorde de maior tempo de filmagem, 400 dias. Tom Cruise não lançou nenhum filme em 97 e 98…)

Cinematograficamente falando, o resultado final de De Olhos Bem Fechados ficou impecável (afinal, Kubrick gastou tanto tempo porque era perfeccionista). Quase todas as cenas têm muitas luzes dentro dos cenários, criando um visual incomum e onírico, e a trilha sonora com poucas notas no piano ajuda a criar o clima tenso – e toda a sequência do baile de máscaras é muito boa. Mas, por outro lado, o desenvolvimento da história não agradou a quase ninguém na época do lançamento – houve muitas críticas vindas de todos os lados, me lembro que saí do cinema (em 1999) perplexo, sem entender nada, e com muita raiva de ter esperado tanto tempo por aquilo.

Revi agora sob outra ótica, que ajuda um pouco a compreensão. Precisa de aviso de spoilers para um filme de dezesseis anos atrás?

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Imaginem que o dr. Bill é um sujeito muito certinho, e um dia, ouve sua esposa falando de uma possível traição (ela não chega a admitir que traiu). Bill pira com isso, e resolve sair à procura de uma transgressão. Mas ele é tão certinho que não consegue – ele mesmo sabota as próprias transgressões (a prostituta, a filha do lojista, a orgia). Ou seja, tudo a partir daquele papo com a esposa seria uma viagem na cabeça de Bill.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo revendo sob este ponto de vista, o fim do filme continua ruim, na minha humilde opinião.

De Olhos Bem Fechados, assim como acontece com toda a carreira de Kubrick, é repleto de simbolismos. Mas não vou entrar nesse aspecto do filme, quem tiver interesse é só dar uma googlada…

Grandes Olhos

Grandes OlhosCrítica – Grandes Olhos

Filme novo do Tim Burton!

Cinebiografia da pintora Margaret Keane, seu sucesso nos anos 50, e as subsequentes dificuldades legais que ela teve com seu marido, que levou crédito pela autoria dos seus quadros nos anos 60.

De vez em quando falo aqui sobre alguns raros autores que ainda sobrevivem no cinema contemporâneo. Gente como Wes Anderson (que concorre ao Oscar este ano!), Terry Gilliam e Tim Burton. Diretores que conseguem ter um estilo próprio: você vê o filme e logo identifica quem é o diretor.

Pena. Grandes Olhos (Big Eyes, no original) não parece um filme do Tim Burton…

Burton tem uma filmografia que foge do lugar comum, seus filmes sempre têm um pé no dark, no gótico, no estranho, no esquisito. E Grandes Olhos é exatamente o oposto disso: um filme convencional e linear – e previsível. (Pra não dizer que não tem nada no estilo de Tim Burton no filme, a “cena dos olhos”, no supermercado, é a cara do diretor. E é um dos melhores momentos do filme. Pena que passa rapidinho…)

Se salvam as atuações do casal principal. Amy Adams está ótima como a protagonista, inclusive ganhou o Globo de Ouro de melhor atriz por este filme no mês passado. E é sempre delicioso ver Christoph Waltz, mesmo que esteja no limite da caricatura com o seu “quase vilão”. Por outro lado, os coadjuvantes são fracos, mas não culpo o elenco, e sim o roteiro – tire as cenas com a Krysten Ritter, e o filme continua igual. Ainda no elenco, Danny Houston, Terence Stamp e Jason Schwartzman.

Grandes Olhos não chega exatamente a ser ruim, mas vai decepcionar muita gente. Principalmente os fãs do Tim Burton.

A Teoria de Tudo

A Teoria de TudoCrítica – A Teoria de Tudo

Cinebiografia do físico Stephen Hawking, abordando mais o lado humano do que o acadêmico: seu relacionamento com sua primeira esposa e sua doença degenerativa.

Stephen Hawking é um cara impressionante, um dos caras mais inteligentes da história, e que vive há décadas com um problema degenerativo que debilita o seu corpo (e pelo qual, segundo a medicina, ele só teria mais dois anos de vida). Que tal contar esta história num filme?

O problema é que o filme dirigido por James Marsh, baseado no livro autobiográfico de Jane Hawking (ex-esposa do protagonista), é burocrático demais. Tudo está lá, certinho, no seu lugar, parece que estamos vendo um telefilme. Achei um exagero A Teoria de Tudo estar indicado ao Oscar de melhor filme (são cinco indicações no total – filme, ator, atriz, roteiro adaptado e trilha sonora). Me parece que, por se tratar de um cara importante como Stephen Hawking, existe uma supervalorização aqui.

A única coisa que realmente se destaca em A Teoria de Tudo (The Theory of Everything, no original) é a atuação de Eddie Redmayne. “Anteontem” ele era um cara desconhecido (ele era um dos principais de Os Miseráveis, mas ninguém se lembra disso, afinal, ele estava ao lado de Hugh Jackman, Russel Crowe, Anne Hathaway, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter, né?); hoje ele deve ter boas propostas na mesa, mesmo se não levar o Oscar (ele já levou o Globo de Ouro este ano). E se levar, não será surpresa, a Academia gosta de premiar este tipo de atuação.

Felicity Jones também concorre ao Oscar de melhor atriz – no filme, seu papel é tão importante quanto o de Hawking (o filme foi baseado no livro escrito por ela). Mas ela não está tão impressionante quanto Redmayne. Ainda no elenco, David Thewlis, Emily Watson, Maxine Peake e Charlie Cox.

Pelo menos A Teoria de Tudo é bem feito, tem uma boa reconstituição de época e conta a história de um cara fascinante. Isso, aliado à grande interpretação de Redmayne, torna o filme uma boa opção – é só baixarmos a expectativa e não pensar como um filme candidato ao Oscar.

Whiplash – Em Busca da Perfeição

WhiplashCrítica – Whiplash – Em Busca da Perfeição

Imagine o que acontece quando um aluno de música obcecado com a perfeição encontra um professor rígido demais, a ponto de agredir física e psicologicamente os seus alunos?

Andrew, um jovem e talentoso baterista, estudante de uma prestigiada universidade de música, entra na banda do professor Fletcher, o mais conceituado da escola, mas que costuma abusar psicologicamente dos seus alunos, sempre forçando os limites de cada um.

Antes de tudo, um comentário vindo de um músico semi-profissional (toco em bandas há quase trinta anos): sou contra os métodos do professor Fletcher, assim como sou contra a obsessão de Andrew. Mas admito que, no filme, a exploração desta relação de amor e ódio funcionou muito bem.

O filme é dos dois, de Andrew versus Fletcher – aliás, o filme é dos atores Miles Teller e J.K. Simmons. Ambos estão impressionantes!

Miles Teller não é um rosto muito conhecido, mas passa a impressão de “já vi esse cara em algum lugar”. Bem, ele estava em Divergente, Projeto X e na nova versão de Footloose, e agora está escalado para o papel de Sr Fantástico no polêmico reboot do Quarteto Fantástico. Já J.K. Simmons é um eterno coadjuvante (quem não se lembra do seu JJ Jameson em Homem Aranha?). Com certeza o star power de ambos vai aumentar depois de Whiplash.

Ainda Teller: o ator toca bateria desde os 15 anos de idade. Para o filme fez 4 horas de aula, 3 vezes por semana. Boa parte do que vemos nas telas era o próprio ator tocando!

Whiplash foi escrito e dirigido pelo pouco conhecido Damien Chazelle. Sem fundos para realizar seu filme, Chazelle fez um curta homônimo (também estrelado por Simmons) e o inscreveu no festival Sundance. O curta acabou ganhando a competição, e assim Chazelle conseguiu seu financiamento.

Não vi o curta, mas pelo longa podemos atestar o talento de Chazelle, que consegue um excelente ritmo no seu duelo entre personalidades fortes, além de usar ótimos ângulos ao filmar os instrumentos da big band em closes.

Ah, tem a música, né? Não sou muito fã de jazz, mas curto big bands, assim como curto compassos compostos (a música Whiplash é em 7/8 – em vez de contar 1, 2, 3, 4, conta-se 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7). E, vamos combinar: é sempre legal ver boa música sendo bem tocada, independente do estilo. E Whiplash está repleto de música boa!

Diz a lenda que todas as sessões de Whiplash no Festival do Rio de 2014 terminaram com a plateia batendo palmas. Bem, o final do filme realmente pede palmas, isso deve acontecer em várias sessões por aí.

p.s.: Determinado momento rola uma alfinetada, onde o filme diz “quem não é bom músico vai tocar rock”. Bem, os 3 melhores bateristas que conheço – Ian Paice, Carl Palmer e Neil Peart – são de bandas de rock…