Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

Warcraft - posterCrítica – Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

O reino pacífico de Azeroth está à beira da guerra quando sua civilização enfrenta temíveis invasores: orcs guerreiros que fogem do seu mundo que está morrendo para colonizar outro.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei o videogame Warcraft, de onde este filme é baseado. Acredito que devem existir várias referências ao jogo ao longo do filme. A boa notícia é que pode-se ver o longa sem conhecer o jogo. Para estes, trata-se de mais um filme de fantasia medieval.

E aí temos um dos principais problemas de Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos (Warcraft, no original): a comparação inevitável com O Senhor dos Anéis – afinal, temos um mundo onde habitam anões e elfos e onde humanos brigam contra orcs. E, na comparação, Warcraft perde, mesmo tendo um concorrente lançado 15 anos antes.

Mesmo inferior a Senhor dos Anéis, acredito que Warcraft vai agradar os menos exigentes. Alguns cenários digitais são muito bem feitos, e a trilha sonora é muito boa! Mas, por outro lado, não vemos nenhuma batalha épica, nenhum momento “Abismo de Helm” (se é pra comparar com Senhor dos Anéis…). E o filme não precisava ter mais de duas horas, ficou cansativo.

Saber que este é o novo filme de Duncan Jones me causou surpresa. Jones chamou a atenção do mundo com seu primeiro filme, Lunar, uma ficção científica independente bem diferente do padrão. Seu segundo filme, Contra o Tempo, já era uma super produção, mas também não era nada convencional. Warcraft é seu terceiro filme. Não sei se foi culpa do estúdio ou falta de inspiração de Jones, mas ele agora parece estar no “modo genérico”. No futuro, Warcraft não entrará nas listas dos seus melhores filmes…

Tenho coisas boas e ruins pra falar sobre o cgi. Se por um lado é interessante termos quase uma animação por computador com alguns atores humanos inseridos, por outro lado o cgi soa artificial em algumas cenas. Mas apesar disso achei o resultado positivo. Seria inimaginável um filme desses sem o cgi!

O elenco não tem nenhum grande nome. O protagonista é Travis Fimmel, da série Vikings. Paula Patton faz uma orc fêmea com traços humanos, bem diferente de todas as outras orcs fêmeas do filme – será que vão explicar isso no(s) próximo(s) filme(s), ou será que é só pra gente simpatizar mais quando ela tem um flerte com um humano? Ainda no elenco, Ben Foster, Dominic Cooper e as vozes de Toby Kebbell, Clancy Brown e Daniel Wu.

No final do filme, em vez de uma conclusão da história, temos ganchos para a(s) continuação(ões). Muito chato isso, depois de duas horas arrastadas, o filme poderia ao menos terminar…

Alice Através do Espelho

Alice - posterCrítica – Alice Através do Espelho

Ao atravessar um espelho, Alice volta ao País das Maravilhas, onde encontra o Chapeleiro Maluco doente. Para salvá-lo, ela precisa viajar no tempo e alterar o passado.

Em primeiro lugar, um esclarecimento: Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, no original) parece, mas não é um filme do Tim Burton, que aqui está só como produtor. A direção é de James Bobin, o mesmo dos dois recentes longas dos Muppets. Mas o visual continua chamando a atenção.

O visual é o que Alice Através do Espelho tem de melhor. Bobin conseguiu manter a identidade visual que Tim Burton criou para o primeiro filme, Alice no País das Maravilhas, de 2010. Vemos aqui vários cenários e figurinos bem elaborados – e por mais que a gente saiba que boa parte é cgi, isso não atrapalha.

Por outro lado, a história é fraca. Nunca li o “Através do Espelho” original, não sei o quanto do que vemos na tela está no livro (li por aí que o livro é completamente diferente, e tem lógica, acho difícil um livro antigo ter uma personagem feminina tão forte). Mas essa história da Alice viajando no tempo ficou bem sem graça.

O elenco é ótimo. Todos que estavam no primeiro filme voltaram: Mia Wasikowska, Johnny Depp, Anne Hathaway, Helena Bonham Carter e as vozes de Alan Rickman, Timothy Spall e Stephen Fry. A única novidade é Sacha Baron Cohen, que está bem como o Tempo. Ah, este foi o último filme de Rickman, homenageado nos créditos.

Alice Através do Espelho não vai desagradar os fãs do filme anterior. Mas é bom não esperar muito.

The Lobster

The Lobster - posterCrítica – The Lobster

Quando a gente lê “futuro distópico” em uma sinopse, a gente logo lembra de filmes como Jogos Vorazes, Maze Runner ou Divergente. Bem, esqueça isso!

Vamos a uma das sinopses mais estranhas dos últimos tempos: nesta sociedade distópica, as pessoas não podem ficar sozinhas. Quem está solteiro (ou separado, ou viúvo) é levado para um hotel, onde tem 45 dias para arranjar um par (e tem que ser “pra valer”, não existe a opção de namorar por namorar). Se não conseguir um(a) companheiro(a), será transformado(a) em um animal de sua escolha. Sim, um animal, de verdade.

Depois de chamar a atenção com títulos como Dente Canino e Alpes, o diretor grego Yorgos Lanthimos partiu para uma produção mais internacional – The Lobster é uma co-produção entre Grécia, Inglaterra, Irlanda, França e Holanda, e é falado em inglês e francês.

The Lobster é um conto bizarro, parece até os filmes surrealistas do Buñuel. A sociedade apresentada no filme é absurda, mas as interpretações são sérias – os personagens levam aquilo a sério, o absurdo é só para o espectador. Isso gera cenas geniais – e engraçadíssimas!

O elenco também é bem internacional: o irlandês Colin Farrell, os ingleses Rachel Weisz e Ben Whishaw, a francesa Léa Seydoux e o americano John C. Reilly. De um modo geral, o elenco parece um pouco apático, mas é exatamente o clima que o filme pede.

The Lobster tem um problema: o ritmo cai na parte final. Enquanto a narrativa está no hotel, a trama flui bem; quando vamos para a floresta, o foco muda, mas continua fluindo. Quando a história se fecha no casal, o filme perde o fôlego. Pena.

Mesmo com o fim mais fraco, The Lobster foi um dos melhores filmes do Festival do Rio 2015. Tomara que entre em cartaz!

Peter Pan

Peter Pan - posterCrítica – Peter Pan

Que tal um reboot da história do Peter Pan?

Peter, um órfão de 12 anos de idade, é levado por piratas voadores até a Terra do Nunca, onde ele descobre seu destino: virar o herói que será para sempre conhecido como Peter Pan.

Vamulá. Nunca li o livro original de J. M. Barrie, e sei que a Disney tradicionalmente muda vários detalhes nas suas adaptações. Estou escrevendo como alguém que conhece apenas a versão Disney do Peter Pan. E digo: a história está bem diferente daquela que todos se lembram.

Acredito que a ideia do diretor Joe Wright era exatamente essa: um reboot do Peter Pan. Mais ou menos assim: “esqueçam a versão da Disney, vamos recomeçar do zero”.

Agora, não sei se foi intencional, mas Peter Pan (Pan, no original) é quase um filme trash. Não na produção, os efeitos especiais são excelentes, a cenografia é toda bem cuidada, assim como os figurinos. Mas, na essência, estamos diante de um filme trash. Tive esta certeza quando chegamos à Terra do Nunca através dos navios voadores, e todos estão cantando Smells Like Teen Spirit, do Nirvana (mais tarde, eles cantam Blitzkrieg Bop, dos Ramones). Depois disso, a gente não se espanta quando vê um Capitão Gancho que quer ser Indiana Jones, ou índios que viram nuvens de fumaça coloridas.

Acredito que esta “essência trash” vai afastar boa parte do público. Talvez os realizadores quisessem fazer um novo Barão de Munchausen, mas não tinham um Terry Gilliam à disposição. Acaba o filme, e o espectador fica se perguntando “o que diabos foi isso que acabei de assistir???”

No elenco, Hugh Jackman rouba a cena, com um pirata que nem de longe lembra “o Wolverine de sempre”. Fecham o elenco principal Levi Miller, Rooney Mara (Ela), Garrett Hedlund (Tron: O Legado), além de uma ponta de Amanda Seyfried.

Vários pontos conhecidos da história não aparecem aqui. Provavelmente os realizadores pretendem começar uma nova franquia, e mostrar o que faltou em um ou mais próximos filmes. Aguardemos pra saber se o grande público vai comprar esta ideia.

Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível

TomorrowlandCrítica – Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível

Ligados por um destino em comum, uma jovem com curiosidade científica e um ex-garoto prodígio inventor embarcam em uma missão para descobrir os segredos de uma outra dimensão.

Antes de tudo, preciso avisar que a última vez que fui à Disney foi há uns trinta anos atrás. Sei que existe uma área chamada Tomorrowland que inspirou o filme, mas não tenho ideia se a trama deste filme tem algo a ver com o parque temático ou não.

Tomorrowland: Um Lugar Onde Nada é Impossível (Tomorrowland, no original) é aquilo que a gente espera de uma super produção da Disney: uma bem cuidada ficção científica, uma boa aventura infanto juvenil. Claro, com mensagem positiva no fim – algo diferente da moda atual de futuros distópicos (Mad Max, Jogos Vorazes, Maze Runner, Insurgente, The Walking Dead, etc).

A direção é de Brad Bird, o mesmo de Missão Impossível Protocolo Fantasma, mais conhecido pelos seus filmes da Pixar, Os IncríveisRatatouille – ou seja, o cara sabe falar com o público mais novo. Nisso, Tomorrowland é bem eficiente. Mas talvez os mais velhos se cansem por ser um pouco didático demais (mais uma vez vemos o discurso “estamos maltratando o nosso planeta”).

Os efeitos especiais, como eram de se esperar, são de cair o queixo. Prestem atenção na cena onde Casey entra na cidade de Tomorrowland: um único plano-sequência de quase cinco minutos! Claro, com várias intervenções digitais, mas não tiro o mérito de quem bolou isso. Também gostei do foguete steam punk que sai da Torre Eiffel. E me amarrei nas piscinas em camadas!

Um parágrafo à parte para falar da “Blast From The Past”, uma loja de colecionáveis que aparece no filme. Caramba! Tem MUITA coisa legal! E ainda estava com até 70% de desconto!!! Quando sair o blu-ray, vou rever esta cena com o dedo no pause, só pra explorar a loja…

No elenco, o veterano George Clooney divide o foco principal com as menos conhecidas Britt Robertson (Under the Dome) e Raffey Cassidy (Branca de Neve e o Caçador). Também no elenco, Hugh Laurie, Tim Mcgraw, Kathryn Hahn, Keegan-Michael Key e Judy Greer.

Pena que o roteiro, escrito por Bird e Damon Lindelof (Lost) é um pouco confuso e se perde no final – a gente sai do cinema se perguntando quais eram as reais intenções do “vilão” e por que ele mandou os robôs assassinos. Além disso, algumas coisas ficaram meio jogadas, como as paredes dos prédios na nossa dimensão que só atrapalham quando é conveniente para o desenrolar da trama…

Mesmo assim, achei o resultado positivo. E digo mais: Tomorrowland é um artigo raro nos dias de hoje – uma ideia nova! Vejam a lista dos blockbusters dos últimos anos, temos várias adaptações, continuações, remakes e reboots. Um viva para quem nos traz um filme original!

Cinderela

CinderelaCrítica – Cinderela

E a onda dos remakes continua!

Quando seu pai morre inesperadamente, a jovem Ella passa a viver sob as garras da sua cruel madrasta e suas filhas. Sem nunca desistir, sua sorte pode mudar depois que ela encontra um estranho.

Ano passado tivemos Malévola, uma releitura da história da Bela Adormecida, mas vista sob outro ângulo, o ponto de vista da vilã. A dúvida agora era: será que a Disney também iria mudar a história da Cinderela? Não podemos nos esquecer que estamos diante de um ícone tão forte, que o castelo e a trilha do desenho original viraram a vinheta da Disney!

Para os fãs, fiquem tranquilos. Toda a mitologia da Cinderela foi respeitada. Agora, para os não fãs… Toda a mitologia é respeitada – demais.

Cinderela não é ruim, longe disso. É um filme “correto”, tudo está no lugar esperado. E aí está o seu problema: todo mundo já conhece essa história. Será que era necessário fazer uma versão live action tão igual ao desenho?

(Os fãs vão apontar uma diferença aqui e outra acolá, mas é basicamente a mesma coisa.)

Em defesa do filme: é uma boa adaptação live action. Boa ambientação, bons efeitos especiais, etc. Mas me pareceu um desperdício ter um diretor com o talento de Kenneth Branagh para um filme tão careta, qualquer diretor meia boca faria um filme igual.

O elenco é ok. Cinderela (Lilly James) e o Príncipe (Richard Madden) vêm de séries de tv (Downtown AbbeyGame of Thrones). O destaque fica com Cate Blanchett, ótima como a madrasta. Ainda no elenco, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi, Stellan Skarsgard, Ben Chaplin, Hayley Atwell, Holliday Grainger, Sophie McShera e Nonso Anozie. Ah, nos créditos a gente ouve a Helena Bonham Carter cantando Bibidi Bobidi Boo – me questionei pra que a atriz gravou a música, já que não aparece no filme.

Por fim, antes do filme passou o curta Frozen – Febre Congelante, que traz de volta Anna, Elsa, Olaf, Kristoff e Sven. Curtinho, engraçado, cantado (claro), foi mais divertido que o longa que passou depois…

O Estranho Mundo de Jack

O-Estranho-Mundo-de-JackCrítica – O Estranho Mundo de Jack

Que tal um filme de natal?

Jack Skellington, rei da cidade do Halloween, descobre a cidade do Natal e resolve sequestrar o Papai Noel para fazer o seu natal. Mas parece que Jack não entendeu muito bem o conceito.

Antes de tudo, vamos esclarecer uma confusão: afinal, O Estranho Mundo de Jack (Nightmare Before Christmas, no original) é Tim Burton ou não?

No início dos anos 80, quando ainda era um animador da Walt Disney Animation Studios, Tim Burton escreveu um poema de três páginas intitulado “The Nightmare Before Christmas”. Sua inspiração veio de especiais da tv como Rudolph, a Rena do Nariz Vermelho e Como o Grinch Roubou o Natal. Com o sucesso do curta Vincent (que mais tarde originaria o longa Frankenweenie) em 1982, a Disney começou a considerar O Estranho Mundo de Jack como um curta-metragem ou um especial de tv de 30 minutos. Burton criou a arte conceitual e o storyboard, além de trabalhar na modelação das personagens. Também queria ter Vincent Price como narrador.

Mas Burton estava enrolado com as filmagens de Batman O Retorno e a pré produção de Ed Wood, então apresentou o projeto a Henry Selick (James e o Pêssego Gigante, Coraline), que também era um animador da Disney no início da década de 1980, e que acabou assumindo a direção – Burton ficou no roteiro e na produção. Ou seja, é Tim Burton, mas também não é…

Independente de quem é “o pai da criança”, O Estranho Mundo de Jack é um grande filme, um clássico moderno da animação, e um dos melhores filmes na história do stop motion. Digo mais: hoje o personagem Jack Skellington é cultuado como um dos maiores ícones darks da cultura pop contemporânea.

É difícil classificar O Estranho Mundo de Jack . Talvez seja muito infantil para os adultos e muito dark para as crianças. Mas quem estiver de coração aberto vai ver uma deliciosa fábula. (É curioso notarmos que Jack não é malvado. Ele tinha boas intenções, mas se atrapalhou e acabou tomando caminhos errados. Ou seja, serve também para crianças.)

A parte técnica enche os olhos, mesmo visto hoje, mais de vinte anos depois do lançamento. O stop motion é perfeito, e os cenários são cheios de detalhes em cada cena. A fotografia chama a atenção, usando um contraste entre o escuro sombrio da cidade do Halloween contra o muito colorido da cidade do Natal.

Se O Estranho Mundo de Jack tem um defeito, é que na minha humilde opinião, não tinha história para preencher um longa metragem. A trilha sonora de Danny Elfman é boa, mas achei que são músicas demais, às vezes cansa – e olha que o filme tem apenas 76 minutos. Talvez fosse melhor um filme de 30 minutos mesmo…

Falando em Elfman, ele dubla Jack nas músicas. Durante os diálogos, a voz é de Chris Sarandon. Catherine O’Hara, que tinha feito Os Fantasmas se Divertem com Burton, dubla Sally.

O Estranho Mundo de Jack é a sugestão de filme pra hoje. Feliz natal pra todos!

O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

0-Hobit3-posterCrítica – O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos

Chega ao fim a trilogia d’O Hobbit!

Ao recuperar sua montanha do dragão Smaug, Bilbo Bolseiro, Thorin Escudo-de-Carvalho e a Companhia de Anões involuntariamente despertaram uma força mortal para o mundo. Enfurecido, Smaug espalha sua ira sobre homens, mulheres e crianças indefesas da Cidade do Lago.

A expectativa era grande. Os dois primeiros filmes baseados no livro “O Hobbit” ficaram devendo. Mas quando o mesmo diretor Peter Jackson fez a trilogia O Senhor dos Aneis, o terceiro filme foi o melhor da série, e agora a gente esperava que acontecesse o mesmo com a trilogia do prequel.

Pena, desta vez Peter Jackson falhou. O Hobbit 3: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies, no original) é o mais fraco dos seis filmes dirigidos por ele baseados em J.R.R. Tolkien.

Vejam bem, o filme não é exatamente ruim. Tecnicamente perfeito, traz bons atores, bons personagens, batalhas bem filmadas, etc. Mas O Hobbit 3 perde – e muito – na comparação com a trilogia anterior, principalmente com o terceiro filme: depois uma batalha sensacional, O Retorno do Rei termina com Aragorn virando rei e dizendo aos Hobbits “you bow to no one”, num momento que arrepia até o nerd mais insensível. E agora, no fim do sexto filme, bem… Nada memorável acontece…

Aliás, mesmo os outros filmes da nova trilogia têm sequências memoráveis. Tem alguma aqui? A batalha que dá título ao filme é deixada de lado enquanto acompanhamos algumas lutas em particular. E o fim da batalha é besta…

Se fosse um filme “independente”, O Hobbit 3 seria um filme razoável, apenas com o mesmo defeito dos outros dois filmes do prequel: a lentidão – foi um erro grave transformar um único livro em três filmes de quase três horas cada, os três filmes têm muita encheção de linguiça. Mas, por ser mais um filme do Peter Jackson, baseado em Tolkien, repetindo atores e personagens, a comparação entre as duas trilogias é inevitável.

Se salvam alguns detalhes, como falei lá em cima. A parte técnica é fantástica, Jackson e a Weta conseguem perfeição nos efeitos especiais, o dragão mais uma vez enche os olhos, assim como as grandiosas batalhas. Existem versões em 48 quadros por segundo, mas não posso julgar isso, a sessão de imprensa foi nos tradicionais 24 qps.

O elenco também está bem, felizmente Jackson conseguiu manter os mesmos atores durante toda a saga. Martin Freeman mais uma vez faz um bom trabalho liderando o elenco, que conta com Ian McKellen, Richard Armitage, Evangeline Lilly, Luke Evans, Orlando Bloom, Lee Pace, Billy Connolly e Manu Bennett. Só achei que alguns atores aparecem pouco – Cate Blanchett e Benedict Cumberbatch (que não mostra a cara mas dá a voz para dois vilões) deveriam ter participações maiores, seus personagens foram sub-aproveitados. Ian Holm, Christopher Lee e Hugo Weaving fazem pontas nos papeis esperados.

No fim, fica a certeza: o livro “O Hobbit” não tinha como virar uma trilogia de quase 9 horas (na sua versão curta, porque existe uma versão estendida). Se fosse apenas um filme, ou, no máximo, dois, seria beeem melhor.

p.s.: Será que Jackson agora pensa na trilogia do Silmarillion? Ou será que a Disney vai comprar tudo e inventar episódios 7, 8 e 9? 😛

Labirinto – A Magia do Tempo

labirintoCrítica – Labirinto – A Magia do Tempo

Pro podcast de bonecos, fui rever Labirinto, filme que heu não via desde a época do lançamento nos cinemas.

A adolescente de 15 anos Sarah acidentalmente deseja que seu meio irmão bebê seja levado por Jareth, rei dos duendes, que ficará com o bebê e o transformará em um duende se Sarah não terminar o labirinto em 13 horas.

Lançado em 1986, Labirinto – A Magia do Tempo (Labyrinth, no original) foi o último filme dirigido por Jim Henson, o criador dos Muppets, que viria a falecer em 1990. Baseado num roteiro de Terry Jones (ele mesmo, do Monty Python), e com George Lucas como um dos produtores, Henson fez um dos melhores filmes de fantasia da década de 80.

Os bonecos são muito bem feitos, tanto os marionetes e fantoches, quanto os maiores, com gente dentro da fantasia. Jim Henson não ia dar mole na área onde é especialista, né? E a maior parte dos efeitos especiais continua convincente – a primeira entrada de Sarah no labirinto ainda impressiona!

O elenco tem basicamente três atores – outros aparecem, mas muito rapidamente. David Bowie já era um nome bem famoso na música, e ainda era um ator bissexto. Mas o nome a ser citado é Jennifer Connelly, então com 15 anos, em um de seus primeiros sucessos (ela tinha feito um papel pequeno em Era Uma Vez na América em 1985, e estrelado o underground Phenomena, do Dario Argento, em 86). E chega a dar pena do bebê Toby Froud – que depois, adulto, trabalharia nos efeitos especiais de Crônicas de NárniaParanorman. O menino chora boa parte do filme.

(Dentro dos bonecos, tem algumas pessoas conhecidas, como Frank Oz, Kenny Baker, Warwick Davis, Jack Purvis, Brian Henson e Ron Mueck – hoje conhecido como escultor. Mas não dá pra ver…)

Como ponto fraco, a parte musical de David Bowie perdeu a validade. Nada contra o som ser datado por ter muita cara de anos 80, mas, na boa, não rola um vilão que fica cantando e dançando. Pelo menos a cena com o labirinto “escheriano”, com gravidades em ângulos diferentes, ficou bem legal, apesar da música.

Existem pela internet alguns estudos psicológicos sobre o filme. Pode até existir um fundo psicológico, mas prefiro ver Labirinto como uma fábula. E uma fábula que continua gostosa de se ver.

Malévola

Malévola-posterCrítica – Malévola

Mais uma adaptação de conto infantil!

Desta vez, revemos a história da Bela Adormecida, desta vez, sob a ótica da antagonista Malévola, uma bela e ingênua jovem fada que acaba sendo vítima de uma traição, o que transforma seu coração em pedra e a torna numa vilã vingativa.

Diferente de outras adaptações recentes(João e Maria – Caçadores de Bruxas, Branca de Neve e o Caçador), Malévola é bastante fiel à versão mais conhecida – não estou falando da versão original, e sim o desenho animado de 1959 também da Disney.

Malévola (Maleficent, no original) tem seus pontos altos e baixos. Vamos primeiro ao que funciona.

O filme foi dirigido pelo estreante Robert Stromberg. Bem, estreante na cadeira de diretor, mas experiente na área de efeitos especiais – trabalhou nos efeitos de dezenas de filmes, e ganhou dois Oscars de Direção de Arte, por Alice no País das Maravilhas e Avatar. Ou seja, esteticamente, Malévola é um belo filme, e os efeitos especiais enchem os olhos – apesar de alguns personagens da floresta serem meio bobos e lembrarem Muppets mal feitos, alguns efeitos, como a Aurora flutuando, são impressionantes.

Mas o melhor de Malévola é a personagem título. Angelina Jolie e seus olhos brilhantes encarnam uma Malévola perfeita, que lembra a vilã da versão animada (que, convenhamos, era a melhor coisa do desenho). A cena em que ela amaldiçoa a Aurora é bem legal!

Agora vamos ao que “derrubou” o filme pra mim. Mas, antes, avisos de spoilers violentos!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Uma das coisas mais furadas que existe na história clássica é o lance da Aurora ser acordada por um “beijo de amor verdadeiro”. No desenho, um príncipe a vê dormindo e a beija. Na boa, isso não é amor verdadeiro. Digo mais: este príncipe é pervertido e tem um pé na necrofilia – quem se apaixona perdidamente por uma pessoa dormindo?

Malévola conserta isso. O “beijo de amor verdadeiro” aqui é muito mais coerente com o mundo real. Legal. Mas… A gente acabou de ver exatamente isso em Frozen!

FIM DOS SPOILERS!

Além disso, o filme traz algumas coisas que não têm muita lógica, tipo, por que o nome dela é “Malévola” se ela não é má? E por que o rei mandou Aurora passar mais de uma década longe, sob a guarda de três fadas atrapalhadas, se a maldição era só para o dia que ela completasse dezesseis anos? Aliás, o rei se preparou por dezesseis anos e aquilo foi tudo o que ele conseguiu?

Falando das fadas, há tempos não vejo personagens tão irritantes. Nada funciona. E olha que gosto da Imelda Staunton e da Juno Temple (a terceira fada é interpretada por Lesley Manville).

Ah, quase esqueço de falar do resto do elenco. O quase sempre bom Sharlto Copley aqui tem o pior papel de sua carreira (o rei burro e incompetente); Elle Fanning esbanja simpatia com seu belo sorriso; Sam Riley está bem como “escada” para Angelina Jolie.

Resumindo: mais uma boa releitura contemporânea de contos clássicos. Pena que tropeça às vezes.