A Felicidade Não se Compra

Crítica – A Felicidade Não se Compra

Quando montei o Top 10 de filmes de Natal, prometi que veria A Felicidade Não se Compra no Natal seguinte. Visto!

George Bailey é um homem de bom coração, mas é um cara frustrado por não ter tido a vida que imaginou. Durante uma crise, tenta se matar, mas um anjo é mandado à Terra para lhe mostrar como o mundo seria bem pior sem a sua presença.

Admito a minha falha: sou um cinéfilo que conhece muito pouco do cinema “clássico”. Este foi o meu primeiro filme do diretor Frank Capra! Bem, se vi poucos filmes de décadas atrás, pelo menos posso dizer que já li muita coisa – já sabia que Capra era o “cineasta do otimismo”. O que é legal é que ele consegue fazer isso sem parecer piegas.

A gente precisa entender a época que o filme foi feito. Era 1946, a Segunda Guerra Mundial tinha acabado um ano antes, e, apesar de os EUA terem saído “vencedores”, muita gente morreu, muita gente perdeu amigos e parentes. Numa sociedade assim, um filme como A Felicidade Não se Compra cai como uma luva, as pessoas precisavam do otimismo. O curioso é ver que 65 anos se passaram, mas o tema continua atual: George Bailey passa por problemas financeiros, e tem um banqueiro inescrupuloso lhe perturbando a paciência.

A Felicidade Não se Compra é um dos mais tradicionais “filmes de Natal” da história do cinema, acho que só perde para o conto de Natal de Charles Dickens, que tem “trocentas” versões por aí. Uma clássica história de otimismo, pra gente acreditar que as pessoas podem e devem ser boas umas com as outras.

No elenco, não gostei do anjo Clarence de Henry Travers. Mas ele pouco aparece, o filme é de James Stewart, que manda bem como o George Bailey. O roteiro é curioso. Logo depois de uma breve introdução, temos um longo flashback que toma mais de dois terços do filme! Mas, apesar de previsível, o filme flui bem. E o final do filme é emocionante!

Feliz Natal atrasado para os leitores daqui. Andei uns dias sem postar nada, mas tô com uns textos engatilhados, em breve o fluxo volta ao normal!

Harry Potter e as Reliquias da Morte Parte 2


Crítica – Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2

E chega ao fim a bem sucedida saga do bruxinho Harry Potter!

Na segunda parte do final, finalmente a ação começa. A batalha entre o bem e o mal no mundo da magia se torna uma guerra entre centenas de bruxos. O confronto final entre Harry Potter e Lorde Valdemort se aproxima.

Diferente da enrolação que aconteceu nos dois últimos filmes (O Enigma do Príncipe e As Reliquias da Morte Parte 1), aqui tudo funciona direitinho, a trama é bem amarrada e o filme, mais uma vez dirigido por David Yates, é muito bom.

Uma coisa que sempre gostei na saga foi o “amadurecimento”. Assim como o público cresceu e amadureceu, o mesmo aconteceu com os personagens e com o clima dos filmes. Este oitavo filme é sério, sombrio, nem de longe lembra o clima leve e infantil dos primeiros filmes.

A onda agora é resolver todas as pontas soltas. Gostei da solução que deram para Snape (Alan Rickman), um personagem que sempre foi dúbio – achei coerente o seu motivo para ser como era. Por outro lado, achei que Neville (Mathew Lewis) ganhou espaço demais, e com isso Ron (Rupert Grint) e Hermione (Emma Watson) foram meio que deixados de lado – nem rola direito o tradicional alívio cômico de Grint. Até entendi o maior foco em Neville, mas heu preferiria se mantivesse nos dois de sempre.

O elenco é um dos pontos fortes de toda a saga. Enquanto todo o elenco juvenil foi mantido ao longo dos dez anos, vários grandes atores ingleses passaram por Hogwarts. Aqui não tem nenhuma novidade, Maggie Smith, Alan Rickman, Helena Bonham Carter, Ralph Fiennes, Michael Gambon, John Hurt e David Thewlis, entre outros, voltam aos seus papeis. (Só um ator foi trocado ao longo da saga, mas por motivos de força maior – Richard Harris, o primeiro Dumbledore, morreu depois do segundo filme…)

Sobreo elenco juvenil, agora que acabou a saga, espero rever em outros filmes atores que despontaram aqui, como Tom Felton (Draco Malfoy), que teve participação discreta aqui, e, claro, Emma Watson, a Hermione, que cresceu e virou uma bela mulher.

A parte técnica é muito boa, como era de se esperar. Rola uma cena onde um grande dragão tenta levantar vôo e sai quebrando telhados, com um detalhamento impressionante. A batalha dentro de Hogwarts também enche os olhos.

Uma coisa importante foi que a história realmente acabou. Numa época de histórias prolongadas demais por ganância (principalmente com seriados de tv que não sabem a hora de parar), deve ter sido uma decisão difícil para todos os envolvidos na produção, já que Harry Potter é uma das sagas mais lucrativas da história do cinema.

Outra coisa boa foi a manutenção do nível ao longo dos oito filmes. Ok, nem tudo foi perfeito, mas, entre altos e baixos, o saldo foi positivo. Harry Potter pode figurar entre as maiores sagas do cinema.

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Se você gostou de Harry Potter e as Reliquias da Morte Parte 2, Blog do Heu recomenda:
A Pedra Mágica
Alice no País das Maravilhas
Percy Jackson e o Ladrão de Raios

Sucker Punch – Mundo Surreal

Crítica – Sucker Punch – Mundo Surreal

Oba! Filme novo do Zack Snyder (300, Watchmen) em cartaz nos cinemas!

Uma jovem garota, logo após perder a mãe, é internada em um hospício pelo padrasto. Lá, ela imagina uma realidade alternativa e usa isso como refúgio.

Filme do Zack Snyder, com várias meninas frágeis e bonitinhas, vestidas com muitos decotes, e empunhando espadas de samurai e armas de grosso calibre, em cenários viajantes e maneiríssimos, num roteiro que parece montado como fases de videogame? É, esse é um daqueles filmes que se tornam obrigatórios!

A história? Ué, precisa? Releia o parágrafo acima… 😉

O que chama a atenção em Sucker Punch – Mundo Surreal é o visual. Zack Snyder é um artesão de imagens, cada cena, cada ângulo, cada fotograma tem o visual bem cuidado. Uma exposição fotográfica com stills do filme já seria interessante de se ver.

Isso inclui todos os detalhes do filme. Cenários, figurinos, até as cores vistas na tela são pensadas para contribuir com o efeito – as cenas no “mundo real” têm cores diferentes daquelas nos “mundos imaginários”.

A história não é lá grandes coisas, inclusive, não gostei do fim do filme (apesar de achar interessante a mudança de foco). O objetivo do roteiro parece ser conseguir encaixar todas as cenas de sonho, que passeiam por diversos estilos, como filme de kung fu, guerra, fantasia e ficção científica. Assim, o filme consegue ter espaço para brigas de espadas, castelos com orcs e dragões e exércitos de zumbis nazistas.

(E, já que falei de vários estilos diferentes, durante os créditos rola um número musical, cantado pelos atores Oscar Isaac e Carla Gugino…)

Outra coisa que precisa ser citada é o bom uso da trilha sonora. As músicas em si não são nada demais, são músicas pop comuns. Mas existe uma perfeita sintonia entre som e imagem, como pouco visto no cinema hoje em dia. Melhor que muito videoclipe!

No elenco, nenhum nome do primeiro escalão. Ninguém faz feio, mas também ninguém será lembrado por grandes atuações neste filme. Das cinco meninas principais, talvez a mais famosa seja Vanessa Hudgens, estrela dos três High School Musical. Além dela, Emily Browning (O Mistério das Duas Irmãs), Abbie Cornish (Sem Limites), Jena Malone (Na Natureza Selvagem) e Jamie Chung (Gente Grande). Além deles, Jon Hamm e os já citados Oscar Isaac e Carla Gugino. E um papel menor e bem legal de Scott Glenn como o “homem sábio”.

Com mais forma do que conteúdo, Sucker Punch – Mundo Surreal não vai agradar a todos. Mas é imperdível para quem curte um bom visual!

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Se você gostou de Sucker Punch – Mundo Surreal, o Blog do Heu recomenda:
Watchmen
Scott Pilgrim Contra o Mundo
Alice no País das Maravilhas

A Loja Mágica de Brinquedos

A Loja Mágica de Brinquedos

O sr. Magorium (Dustin Hoffman) é um estranho senhor de 243 anos de idade, dono de uma loja de brinquedos onde tudo ganha vida. Um dia, ele diz que seu tempo acabou, e resolve passar a loja para a sua jovem gerente Molly Mahoney (Natalie Portman). Mas parece que nem a loja nem seus brinquedos querem se despedir do sr. Magorium…

A Loja Mágica de Brinquedos (Mr. Magorium’s Wonder Emporium, no original) é um filme simpático. Mas não passa disso, é tudo muito clichê, muito previsível.

Claro que o objetivo do diretor e roteirista Zach Helm não era focar no clichê, e sim criar uma fábula. Se a gente olhar por este ângulo, A Loja Mágica de Brinquedos é um bonito filme, uma fantasia que lembra os filmes clássicos da Disney.

O elenco também está simpático. Dustin Hoffman usa seu grande carisma para criar um Magorium que nunca cai na caricatura, o que seria fácil pela natureza do personagem. Natalie Portman, Jason Bateman e o menino Zach Mills fazem os principais coadjuvantes.

A Loja Mágica de Brinquedos é daquele tipo de filme que não ia ter a mesma magia sem bons efeitos especiais. E os efeitos são excelentes, ninguém ficará decepcionado com os muitos detalhes animados da loja.

Pena que é tudo muito previsível. A gente antevê cada passo do roteiro bem antes de acontecer. O resultado final é fraco, a fábula ficou devendo…

Harry Potter e As Relíquias da Morte parte 1

Harry Potter e As Relíquias da Morte parte 1

E, finalmente, a saga Harry Potter chega ao fim! Quer dizer, quase…

Neste novo e incompleto filme, enquanto Harry foge de Voldemort e procura as Horcruxes, ele descobre a existência dos três objetos mais poderosos do mundo da magia: as Relíquias da Morte.

Vou explicar o “quase” do primeiro parágrafo. Todos sabem que o sétimo e último livro da saga foi dividido em dois filmes. Então, esta é só a primeira parte do último filme. O fim mesmo, só ano que vem. Entendo esta decisão dos produtores, afinal, a franquia Harry Potter é muito lucrativa. Então, a ideia é esticar a arrecadação por mais um ano. E o espectador é que saiu perdendo aqui, afinal, o sexto filme já é uma grande enrolação!

Mas, vamos ao filme, que, apesar disso tudo, não é ruim.

Como falei na crítica do sexto filme, uma das grandes vantagens da saga é a manutenção do elenco, que envelhece quase ao mesmo tempo que os personagens do livro. Assim, o clima do filme é mais sombrio, mais adulto. A saga infanto juvenil está cada vez menos infantil. Inclusive, parte do filme mostra uma política totalitarista – o novo Ministério lembra, acredito que intencionalmente, o nazismo de Hitler.

(Aliás, este “quase ao mesmo tempo” é um ponto negativo aqui neste filme, já que Harry precisava ter 17 anos, e Daniel Radcliff, com 21, está velho demais para isso. Deveriam ter feito os sete filmes em sete anos!).

Como já é quase uma tradição nos filmes da série, grandes atores britânicos marcam presença. O filme anterior trouxe Jim Broadbent, este traz Bill Nighy num pequeno mas importante papel. Além de, claro, Alan Rickman, Helena Bonham Carter, Ralph Fiennes, John Hurt, David Thewlis, Imelda Staunton e Timothy Spall, entre outros.

Também gostei da trama ter saído de Hogwarts. Ver a galera em Londres é interessante! E outro ponto positivo são os efeitos especiais. Um filme como Harry Potter sem os efeitos ia ser bem mais fraco. E aqui eles são bem usados. Inclusive, o filme traz uma interessante sequência em animação para contar a história das tais Relíquias da Morte.

O elenco cresceu, as meninas estão mais velhas. Hermione já é adulta, e virou uma mulher bonita. E Harry Potter tem bom gosto: tem uma namorada ruiva… 😉

No fim, como disse antes, só fica aquele gostinho de enganação. O filme é bom, não precisava de enrolação, principalmente porque cada filme tem duas horas e meia… Agora, só em 2011!

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Harry Potter e o Enigma do Príncipe

Estreou a primeira parte do último Harry Potter, e me toquei que ainda não tinha visto o anterior, o sexto filme, Harry Potter e o Enigma do Príncipe (Harry Potter and The Half Blood Prince, no original). Bem, fui ver este antes de ver o próximo.

No sexto ano da escola de Hogwarts, enquanto todo o elenco antes infantil agora virou adolescente, o Professor Dumbledore traz o aposentado Horace Slughorn para ser professor de poções. Harry Potter, ajudado por Dumbledore, descobre coisas importantes na luta contra Voldemort.

Harry Potter and The Half Blood Prince tem um problema sério. Pouca coisa acontece, é tudo uma grande enrolação de quase duas horas e meia, preparando para a parte final. E o pior é que o sétimo filme já vem em duas partes, um filme estreou agora e vem mais um ano que vem. E aí heu pergunto: como provavelmente este 7.1 vai ter que enrolar (afinal, serão dois filmes de duas horas e meia cada!), precisava de mais enrolação no sexto filme?

E o pior é que o início do filme engana – tem uma sequência inicial alucinante, um travelling aéreo onde Voldemort “toca o terror” em Londres. Mas depois, vamos pra Hogwarts, onde namoricos adolescentes viram o foco principal do filme.

Tem só uma vantagem nesta “fase adolescente”: uma das coisas muito boas da franquia Harry Potter é a manutenção do elenco. Daniel Radcliffe tinha 12 anos em 2001, ano do primeiro filme. O personagem creseceu quase junto com o ator. E o mesmo acontece com o resto do elenco infanto-juvenil.

Falando em elenco infanto-juvenil, Tom Felton, que interpreta o mini-antagonista Draco Malfoy, tem oportunidade de mostrar que pode investir tranquilamente na carreira de ator quando acabar a série. O jovem manda bem com seus dramas internos.

O resto do elenco, como em todos os outros filmes, traz grandes nomes, como Alan Rickman, Jim Broadbent, Helena Bonham Carter e David Thewlis. Ralph Fiennes, o Voldemort, nem aparece direito aqui…

Enfim, não é ruim. Mas poderia ser um prólogo de 30 minutos. Amanhã devo ver o 7.1, aí falo minhas impressões aqui.

A Pedra Mágica

A Pedra Mágica

Não me canso de falar aqui no blog o quanto sou fã do Robert Rodriguez. Este ano, o melhor filme dentre os 26 que vi no Festival do Rio foi o dele, o sensacional Machete. Isso porque antes ele fez Planeta Terror e Sin City. O cara é gênio. E tem mais: ele tem uma carreira paralela, de filmes infantis. Ele fez os três Pequenos Espiões e também Shark Boy e Lava Girl. A Pedra Mágica é o seu novo filme pra criançada.

Nesta fábula amalucada, um garoto descobre uma pedra colorida capaz de realizar qualquer desejo. Quando outras pessoas descobrem os poderes da pedra, o caos se instala no pequeno subúrbio de Black Falls, dominado por uma grande companhia que fabrica o Black Box, uma engenhoca que parece uma mistura de celular com videogame com mini-computador com mais um monte de coisas.

A Pedra Mágica é um filme divertido, com personagens bem construídos e um roteiro não linear muito bem escrito. E, assim como faz em seus filmes direcionados ao público adulto, Rodriguez faz de tudo. Aqui ele dirigiu, escreveu, produziu, editou e ainda trabalhou na fotografia e na trilha sonora.

Preciso falar do roteiro. O título original, Shorts, deve ser porque o filme é contado em seis pequenos episódios. Mas, como fez Quentin Tarantino (amigo e parceiro de Rodriguez) em Pulp Fiction, os episódios não estão na ordem cronológica! E, com uma edição bem feita, isso torna o filme ainda mais divertido.

O elenco adulto tem alguns nomes conhecidos, como William H. Macy, John Cryer, Leslie Mann e James Spader. Mas o melhor nome do elenco está no “time infantil”: a (ainda) desconhecida Jolie Vanier, de apenas 11 anos, como a vilã Helvetica Black. A menina é ótima!

(Mais uma bola dentro de Rodriguez: seus filhos estão no elenco, como em vários de seus outros filmes – Rebel Rodriguez esteve em Planeta Terror e Shark Boy e Lava Girl. Mas, diferente de muita gente adepta ao nepotismo, seus filhos são coadjuvantes. Os papéis principais ficam com as crianças realmente talentosas!)

Os efeitos especiais são bastante eficientes para mostrar esse mundo louco. Jacarés andando em duas patas, um pterodátilo, um monstro de meleca, alienígenas minúsculos, um robô gigante, dois personagens em um só corpo, um personagem que vira um besouro, outro com chocolates infinitos… A imaginação estava fértil quando escreveram o roteiro, e os efeitos especiais acompanham tudo isso.

Claro, tem gente que vai achar tudo aqui exagerado. E é sim, os personagens adultos são caricatos, os desejos pedidos à pedra são absurdos, o tal aparelho Black Box faz tudo… Mas, caramba! É um filme infantil!

Boa opção para quem quiser um filme infantil diferente do óbvio.

Ondine

Ondine

Syracuse (Colin Farrell) é um pescador irlandês pouco acostumado com a sorte. Mas isso muda quando ele encontra uma misteriosa mulher em sua rede de pesca. Ele desconfia que ela possa ser uma sereia, mas sua filha de dez anos – que, por causa de um problema de saúde vive numa cadeira de rodas – acha que ela é uma Selkie, uma espécie de mulher foca da mitologia local.

Colin Farrell voltou à sua Irlanda natal para esta simpática fábula, escrita e dirigida por Neil Jordan, outro irlandês ilustre. O que é mais legal em Ondine é a dúvida que o filme levanta: seria Ondine uma Selkie de verdade?

Além de Farrell, dois nomes se destacam no elenco: a bela e pouco conhecida Alicja Bachleda (mexicana, descendente de poloneses) como Ondine, e Alison Barry como a esperta filha do pescador. Claro, como é um filme do Neil Jordan, Stephen Rea, seu ator favorito, também está lá.

Neil Jordan é um grande diretor e já fez grandes filmes, como Entrevista Com um Vampiro, Traídos Pelo Desejo e Fim de Caso. Aqui, é um filme mais modesto, uma história romântica no formato de um conto de fadas moderno.

O roteiro anda por um caminho perigoso, mas consegue resolver de maneira satisfatória o mistério de Ondine. Pelo menos heu gostei da solução do filme!

Enfim, nada essencial. Mas um filme leve e agradável, quem for assistir não vai se arrepender.

Amor Além da Vida

Amor Além da Vida

Em tempos do sucesso de Nosso Lar e suas histórias sobre o pós morte, resolvi rever Amor Além da Vida, na minha humilde opinião, o melhor filme sobre o assunto.

Chris Nielsen perde os dois filhos num acidente, e, quatro anos depois, quando morre, vai parar num paraíso maravilhoso. Mas está faltando uma coisa: sua esposa, Annie. Quando Annie se suicida e vai para o inferno, Chris resolve arriscar sua permanência no paraíso atrás da redenção de sua alma gêmea.

Este filme, dirigido pelo neo-zelandês Vincent Ward e baseado num livro de Richard Matheson, tem um visual impressionante. Rendeu até o Oscar de Melhores Efeitos Especiais de 1999. Fiquei até com vontade de fazer um Top 10 de visuais deslumbrantes (Terry Gilliam? Tim Burton?).

Chris gosta de quadros. Quando morre, vai parar dentro de um. É um quadro vivo, os cenários são tinta! E este não é o único momento onde a parte visual se destaca. É ao longo de todo o filme. O cuidado com os quadros é tão grande que, nos créditos finais, aparece uma lista de quais obras foram citadas ao longo do filme.

O visual e os efeitos especiais ajudaram o filme a não ser piegas – poucos anos antes, Ghost – Do Outro Lado da Vida trazia uma trama parecida, sobre um casal separado por um falecimento, e virou um marco da pieguice. Aqui, em Amor Além da Vida, não só temos o visual extasiante, como também a história é mais bem construída – não se trata apenas do casal, também tem o amor pelos filhos.

O elenco se baseia na dupla Robin Williams e Cuba Gooding Jr. Ok, hoje, em 2010, ambos não emplacam sucessos há algum tempo (principalmente Cuba, já que Robin Williams continua com papeis menores em comédias de sucesso como os dois Uma Noite no Museu). Mas, em 98, quando Amor Além da Vida estava sendo feito, eram dois nomes em alta – Williams ganhara o Oscar de melhor ator coadjuvante em 1997 por Gênio Indomável; enquanto Cuba ganhara o mesmo prêmio no ano seguinte, por Jerry Maguire. Ainda no elenco, Annabella Sciorra, Max Von Sydow e Rosalind Chao.

Por fim, contarei uma experiência pessoal. Assim como o protagonista, heu também tive uma filha que faleceu, não por acidente, mas por problemas cardíacos. Por isso este filme é tão importante para mim!

Filmaço. Dá pra ver com patroa, pela belíssima história de amor, além de ter cenas de tirar o fôlego de tão bonitas. Até os marmanjos têm permissão para chorar aqui!

O Último Mestre do Ar

O Último Mestre do Ar

Estreou o novo Shyamalan. E aí? É bom como o seu primeiro filme, Sexto Sentido? Ou ruim, muito ruim, como o seu último, Fim dos Tempos?

Trata-se da adaptação do desenho Avatar: The Last Airbender, da Nickelodeon, que conta a história de um lugar onde existem “dobradores”, pessoas pessoa que têm poderes para manipular um dos quatro elementos (ar, água, terra e fogo).  O garoto Aang é o último “dobrador do ar”, e, segundo uma profecia, ele é o Avatar, um ser de habilidades extraordinárias e o único capaz de controlar todos os elementos. Com a ajuda dos irmãos Katara e Sokka, Aang tem de trazer novamente o equilíbrio entre os povos, finalizando assim o conflito iniciado pela Nação do Fogo.

Rola um grande pé atrás com relação ao diretor Shyamalan.Vou copiar aqui o que escrevi no Top 1o de estilos de filmes ruins: “Até hoje, não sei se M Night Shyamalan é um bom diretor passando por uma longa fase ruim; ou um picareta que conseguiu fazer um excelente filme de estreia. Vamos analisar os seus seis filmes até hoje? Seu primeiro filme, O Sexto Sentido, é muito bom, um dos melhores de 1999. Depois veio Corpo Fechado, bom filme, mas parecido demais com o primeiro. Depois veio Sinais, que começa bem, mas termina mal, muito mal. Aí veio A Vila, ideia interessante, mas que não sustenta um longa, seria um bom episódio de uma série tipo Twilight Zone. Dama na Água veio em seguida, e é ruim, ruim, ruim. Se fosse despretensioso, seria um bom trash. Por fim, veio Fim dos Tempos, que é tão ruim, mas tão ruim, que talvez seja pior que Dama na Água.”

O Último Mestre do Ar não é bom como Sexto Sentido, mas pelo menos não é tão ruim quanto os dois últimos…

De positivo, temos belíssimos cenários e excelentes efeitos especiais. Um filme desses seria impossível de ser feito sem os efeitos digitais de hoje em dia, já que os “dobradores” ignoram as leis da física ao manipularem seus elementos. Além disso, as lutas são bem coreografadas.

Mas isso não é o suficiente para um filme longa metragem. A história é fraca e o roteiro, mal escrito. E olha que foi a primeira vez que Shyamalan filmou um roteiro escrito por outra pessoa! Nunca vi o desenho animado, mas pelo que li na internet, os personagens lá são mais bem construídos. Também li que o desenho tinha humor, coisa que não rola aqui no filme – as poucas situações de alívio cômico são muito bobas.

Pra piorar, o elenco é cheio de nomes desconhecidos que não estão bem (o único nome que heu reconheci é Dev Patel, de Quem Quer Ser Um Milionário). Noah Ringer, que interpreta Aang, foi escolhido porque sabe lutar bem e é parecido com o Aang do desenho, mas é um ator ruinzinho… Os atores estão todos (sem excessão) acima do tom. Aí tudo fica parecendo caricato demais.

E parece que Shyamalan pretende fazer uma trilogia. Logo no início do filme, lemos que este é o “primeiro livro”…

Também preciso falar sobre o trailer. Assim como em Fim dos Tempos, o trailer aqui era empolgante, mostrava Aang praticando suas técnicas, num templo, cercado de velas. Depois a câmera saía do templo onde estava Aang e víamos que ele estava prestes a ser atacado por centenas de inimigos. ESTA CENA NÃO ESTÁ NO FILME!!!

Para finalizar, vou contar uma piada que ouvi. Shyamalan pretendia chamar o filme de “Avatar”, assim como o desenho. Mas o Avatar de James Cameron já estava em produção. Então, deve ter rolado um diálogo mais ou menos assim:
– Oi, eu sou o M Night Shyamalan, fiz um filme muito bom em 99, mas depois nunca mais consegui acertar, e meus dois últimos filmes foram fracassos de bilheteria.
– Oi, eu sou o James Cameron. Meu último filme é a maior bilheteria da história de Hollywood e ganhou 11 Oscars. E também fiz…
– Ok, sr. Cameron, pode ficar com o nome…