As Aventuras do Barão Munchausen

As Aventuras do Barão Munchausen

Inspirado pela pré estreia do novo filme do Terry Gilliam, O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus, na tela gigante montada à beira da Lagoa Rodrigo de Freitas, resolvi montar uma sessão dupla e rever As Aventuras do Barão Munchausen. Infelizmente, em dvd…

O Barão Munchausen realmente existiu, foi um militar alemão que serviu pelo exército russo e participou de duas campanhas contra os turcos. Quando voltou para casa, contava histórias fantásticas e exageradas sobre suas aventuras. Suas histórias eram tão boas que Rudolph Erich Raspe resolveu reuní-las e publicá-las em 1785, como um livro de aventuras infanto-juvenil. O filme não é baseado na vida real, e sim no livro exagerado de Raspe!

O filme é divertidíssimo! Acompanhamos o Barão enquanto ele viaja para a lua, para o interior do vulcão Etna e até para dentro da barriga de um enorme monstro marinho, tudo isso para reencontrar seus amigos Berthold (que corre tão rápido que precisa de bolas de ferro presas nos pés), Albrecht (muito, muito forte), Adolphus (dono de uma visão extraordinária) e Gustavus (com audição e fôlego fora do comum), e também seu cavalo Bucefalus, que o ajudarão a derrotar os turcos e recuperar a cidade.

Os efeitos especiais são excelentes. O ano era 1988, não existiam efeitos feitos por computador, era tudo “na mão”. E mesmo assim, os efeitos são deslumbrantes, e conseguem mostrar toda a grandiosidade exigida pelo roteiro.

O elenco é cheio de nomes dignos de nota, como Eric Idle (velho companheiro de Monty Python), Jonathan Pryce (“Brazil, O Filme”), Oliver Reed e Robin Williams. Os produtores queriam Sean Connery para interpretar o Barão, mas Gilliam bateu o pé, porque já tinha se decidido a dar o papel a John Neville. (Depois, Connery foi escalado para fazer o Rei da Lua, mas com os cortes financeiros na produção, Connery se desligou do projeto, e Robin WIlliams assumiu o papel). Heu me lembrava que tinha a Uma Thurman novinha, com 17 anos, em um de seus primeiros papéis. O que heu sinceramente não lembrava era que Sally, a menininha de oito anos que acompanha o Barão, é a Sarah Polley, a mesma de filmes como a nova versão de Madrugada dos Mortos!

Como disse lá em cima, desta vez vi Munchausen em dvd (a primeira vez vi no cinema, mas foi há uns 20 anos atrás!). Comprei há pouco o dvd duplo, e aproveitei para ver os extras. Tem um documentário muito interessante, algo como “As Desventuras do Barão Munchausen”, de pouco mais de uma hora, onde ficamos sabendo da enorme quantidade de problemas que rondou a produção. O filme chegou a ser cancelado! E, depois de pronto, o estúdio boicotou o lançamento, torcendo por um fracasso de público e crítica, como uma vingança ao diretor. Bem, todos sabem que a vingança não deu certo. Munchausen pode não ter sido um sucesso estrondoso, mas o filme está aí, reverenciado pela crítica até hoje!

Li que este filme fecha uma “trilogia informal” de Gilliam, sobre os impactos da imaginação nos três estágios do homem (juventude, idade adulta e velhice). Os outros dois filmes são Bandidos do Tempo (81) e Brazil – O Filme (85). Já tenho Brazil, mas Bandidos do Tempo nunca foi lançado em dvd aqui no Brasil. Encomendei um dvd gringo num site, assim que chegar, vou rever os dois filmes e resenhá-los aqui!

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus

Ontem fui naquele evento onde colocam uma tela gigante no Jóquei Clube, na Gávea, Rio de Janeiro. (Cada ano eles mudam de nome, ano passado era Vivo Open Air, este ano virou Vale Open Air. Qual será o nome ano que vem?) Era a pré estreia do novo filme do diretor Terry Gilliam, “O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus”!

A trama: nos dias de hoje, uma trupe teatral no estilo daquelas que a gente vê em filmes medievais circula por aí. É dirigida pelo Doutor Parnassus, que tem um misterioso pacto com o diabo.

Terry Gilliam tem um estilo visual único – aliás, foi por isso que escolhi este filme para ver na tela gigante. As imagens de sonho, no tal “mundo imaginário” do título, são fantásticas. Figurinos, fotografia, direção de arte, efeitos especiais, o cuidado do diretor neste sentido é enorme, vide obras como “Brazil”, “As Aventuras do Barão Munchausen”, “Os 12 Macacos” e “Medo e Delírio”. Os efeitos especiais de seus filmes já nos tiravam o fôlego numa era pré-computador, e agora, com os ilimitados poderes dos cgi, a sua criatividade atinge patamares nunca antes imaginados.

Gilliam é muito talentoso, mas é um cara azarado. Frequentemente, seus filmes têm problemas na produção. Se “Munchausen” chegou a ser cancelado antes de finalizado, e o filme sobre Dom Quixote que ele tentou fazer nem mesmo ficou pronto, “Doutor Parnassus” perdeu um de seus atores principais. Heath Ledger, que faz Tony, morreu durante as filmagens. Mas a solução encontrada foi muito boa: chamaram outros três atores diferentes, e cada vez que Tony entrava no “mundo imaginário”, ele mudava de cara. Talvez em outro tipo de filme isso não funcionasse, mas aqui, ficou genial! Assim, temos, além de Ledger, outros três Tonys, interpretados por Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell. Além deles, o elenco conta com Christopher Plummer como o Doutor Parnassus, Tom Waits, Lily Cole, Verne Troyer e Andrew Garfield.

O resultado final do filme é meio confuso, não sei se a morte de Ledger teve algo a ver com isso. Mesmo assim, o filme merece ser visto, nem que seja só pelo visual deslumbrante.

Por fim, acredito que todos aqui sabem que Terry Gilliam é ex-membro do Monty Python, lendário grupo de humor inglês. Pois bem, uma das cenas é a cara do Monty Python, aquela que mostra policiais cantando e dançando. Muito boa esta cena!

As Crônicas de Spiderwick

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As Crônicas de Spiderwick

De um tempo pra cá, estão aparecendo vários filmes infanto-juvenis. Com a tecnologia hoje disponível ficou bem mais fácil se criar mundos de fantasia, e além disso os filmes estão se vendendo bem nas bilheterias. Minha filha de quase 8 anos agradece!

Baseado nos livros homônimos de Tony DiTerlizzi e Holly Black, o filme As Crônicas de Spiderwick mostra Arthur Spiderwick, 80 anos atrás, catalogando todo um “universo invisível” de fadas, trolls, goblins e outras criaturas fantásticas num livro mágico. Já nos dias de hoje, um garoto, seu sobrinho neto, encontra o livro e agora tem que lidar com todas essas criaturas.

Freddie Highmore, que antes protagonizou Arthur e os Minimoys e a refilmagem de A Fantástica Fábrica de Chocolates, é o grande nome aqui, interpretando os gêmeos Jared e Simon Grace. Detalhe: os personagens são gêmeos, mas não se parecem tanto assim; alguém desavisado pode pensar que são dois atores diferentes! Completam o elenco Sarah Bolger, Mary Louise Parker, Nick Nolte e David Strathairn, além das vozes de Martin Short e Seth Rogen.

À primeira vista, heu achei os goblins meio caricatos. Engraçadinhos e trapalhões demais, sabe? Mas aí me lembrei: estamos diante de uma fábula infanto-juvenil! É pra ser assim mesmo! E, tenho que reconhecer, no fim do filme os goblins engraçadinhos dão lugar ao grande vilão, o malvado ogro Mulgarath.

E, mesmo engraçadinhos, os efeitos especiais são um show à parte. Desde o simpático ser que vive na casa e protege o livro até todas as criaturas da floresta, incluindo até um grinfo que serve de meio de transporte.

Telvez os mais novinhos se assustem um pouco. Mas é uma boa opção se você tem alguma criança um pouquinho mais velha por perto. Mesmo que seja dentro de você…

Gremlins

gremlins

Gremlins

Quando você estiver pensando em filmes natalinos, que tal a fábula de humor negro Gremlins, de 84, dirigida por Joe Dante?

Às vésperas do Natal, um inventor frustrado consegue, numa loja de bugingangas chinesas, comprar para o seu filho um novo “bicho de estimação”: um Mogwai. Um bichinho fofinho, adorável. mas com 3 recomendações: evite luzes fortes, nunca o deixe perto da água e nunca, nunca mesmo, o deixe comer depois da meia noite.

A história todos já conhecem: o bichinho fofinho se multiplica em bichinhos fofinhos bagunceiros, que depois se transformam em pequenos monstros. E temos o nosso perfeito conto negro de Natal!

Joe Dante é um genial diretor, pena que recentemente só tenha feito coisas pra tv. Mas nos anos 80, apadrinhado por Steven Spielberg, nos presenteou com pérolas como Um Grito de Horror, Viagem Insólita, No Limite da Realidade, Viagem ao mundo dos Sonhos, Mulheres Amazonas na Lua… E podemos dizer que a sua obra prima é justamente esse Gremlins!

(Joe Dante também dirigiu Gremlins 2, em 90, mas essa continuação foi uma grande brincadeira em torno do primeiro. Muito divertido, mas longe de ser um grande filme)

Aliás, Spielberg dá uma de Hitchcock e aparece numa ponta cameo: quando o inventor está na convenção, ao telefone, quem passa na cadeira de rodas motorizada é o próprio diretor de Tubarão! Isso, ao lado de inúmeras citações ao longo do filme, do letreiro do programa de rádio imitando as letras de Indiana Jones, passando por um Gremlin escondido atrás de um boneco do E.T., e ainda mostrando uma sessão dupla no cinema local com os filmes A Boy’s Life (título provisório para E.T.) e Watch the Skies (título provisório para Contatos Imediatos do Terceiro Grau)!

O curioso de se ver esse filme hoje, na era dos efeitos digitais perfeitos, é comparar os efeitos “reais” da época. Por um lado, a animação do Mogwai e dos Gremlins – tudo marionete! – é perfeita! Gizmo, o “bichinho” principal, é impressionantemente articulado. “Atua” melhor que muita gente de carne e osso! Mas. por outro lado, é duro vermos hoje em dia efeitos de gelo seco e luz verde, como quando os casulos eclodem e os gremlins aparecem… Dá um ar de filme vagabundo…

Bem, esta é a minha recomendação de filme natalino.