Agente Stone

Crítica – Agente Stone

Sinopse (Netflix): Uma agente especial de uma organização que busca manter a paz no mundo faz de tudo para impedir que uma hacker roube um bem valioso e extremamente perigoso.

E a Netflix continua com a tradição de filmes de ação meia boca. Às vezes a gente consegue alguns bons momentos, como no recente Resgate 2, um filme genérico mas com um plano sequência sensacional. Mas na maioria das vezes o resultado é fraco, que nem a última tentativa de parceria entre Gal Gadot e Netflix, Alerta Vermelho. E que nem este Agente Stone (Heart of Stone, no original).

Agente Stone chegou como promessa de uma nova franquia, seguindo o estilo de Missão Impossível. Mas, precisava copiar a premissa do último Missão Impossível? Ambos os filmes falam sobre uma inteligência artificial capaz de prever o futuro baseada em probabilidades. Lembrei da piada “copia mas não faz igual”.

Um dos roteiristas é Greg Rucka, que também escreveu o bom The Old Guard. Mas aqui ele não foi bem sucedido, o roteiro de Agente Stone é bem fuen. Algumas coisas que são tão tatibitati que dão nervoso. Um exemplo: os personagens falam da Carta, uma agência super secreta que eles nem sabem se existe na realidade ou se é uma lenda urbana. E a chave pra entrar no prédio dessa agência é uma carta de baralho! Gente, isso é um filme pra adultos ou um episódio de Backyardigans?

Tenho reclamações em dois níveis sobre os personagens, um nível básico e um mais avançado. O básico é que os diálogos são muito ruins. São três personagens centrais (estão no poster!): a Gal Gadot é a mocinha, linda, habilidosa, perfeita. Aí tem um vilãozão malvadão e outro personagem que está no meio do caminho – começa do mal mas tem a redenção e vira do bem. Não sei se isso é exatamente um spoiler, porque isso é algo extremamente previsível. Mas, ok, até aí tudo bem, podemos ter filmes razoáveis baseados em clichês. O que não gosto é de diálogos ruins, tipo o vilãozão malvadão mandar a ordem “matem todos!”, e a personagem da redenção ficar numa de “você não disse que era pra matar inocentes!”. Voltamos ao padrão Backyardigans.

Tem outra crítica aos personagens, aqui um pouco mais complexa. O vilãozão malvadão é um personagem péssimo. A gente não sabe quais são as suas motivações, a gente não sabe como ele banca aquela organização. Mas o que mais me incomodou foi que ele liderava uma mega organização, e ao mesmo tempo era agente infiltrado em outra organização.

Sobre o elenco, comentei outro dia sobre estrelas que têm talento e estrelas que têm carisma. Algumas têm ambos, mas muitas estrelas se baseiam só no talento ou só no carisma. Aqui fica muito claro, Gal Gadot tem muito carisma, é agradável vê-la em tela. Mas ela não é uma boa atriz, ela passa o filme inteiro com a mesma cara de super modelo que saiu da passarela e caiu sem querer num set de filmagem. Ok, funciona para o que o filme pede, mas, lembrando do início do texto, quando falei de The Old Guard, a Charlize Theron tem carisma e também talento. Charlize se entrega aos seus papéis de uma forma muito mais intensa que Gal.

Outro comentário sobre o elenco: pra que chamar uma atriz do porte da Glenn Close só pra aquilo? Ainda no elenco, Jamie Dornan, Alia Bhatt e Matthias Schweighöfer.

Gal Gadot precisa repensar suas parcerias com a Netflix. Alerta Vermelho foi fraco; Agente Stone foi pior ainda. Será que acertam na próxima?

 

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Top 6 pontos ruins de Invasão Secreta

Sinopse (imdb): Nick Fury e Talos estão tentando deter os Skrulls que se infiltraram nas esferas mais altas do universo Marvel.

Quando estreou Invasão Secreta, nova série da Marvel na Disney+, pensei em esperar acabar a série e fazer um texto comentando toda a temporada. Mas, o resultado final foi tão decepcionante que mudei de ideia e vou fazer um top 6 de momentos ruins da série.

Escolhi 6 momentos ruins. Podia ser mais, mas a decepção de Invasão Secreta me lembrou a decepção que tive com Obi Wan, e fiz um post com As 6 tosqueiras mais toscas de Obi Wan Kenobi. Então mantive o número 6. E acho que foi uma boa escolha, Invasão Secreta tem mais coisas ruins, mas deu preguiça de rever a série só pra aumentar a lista.

Antes de entrar na lista, uma crítica e um elogio. A crítica é que tudo é arrastado demais, dava tranquilamente pra se cortar as gorduras e fazer um filme de longa metragem em vez de uma série de seis episódios. Conheço várias pessoas fãs do MCU, e quase todos “se esqueciam” de ver os novos episódios a cada semana – diferente de outras séries onde todos corriam logo pra ver.

Agora, nem tudo é ruim. Olivia Colman está ótima, e sua personagem Sonya Falsworth foi a melhor coisa da série. Ela aparece pouco, mas todas as vezes são cenas boas. Uma boa personagem que espero que continue no MCU.

Vamos à lista? Claro, spoilers liberados a partir de agora!

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

– Não acho ruim quando matam um personagem se isso causar um grande impacto na trama e nos personagens. Aquela morte significou algo! Um exemplo dentro do MCU foi a morte da Viúva Negra, que foi um evento bem trabalhado dentro do filme e que causou um enorme impacto em todo o MCU. Agora, quando matam a Maria Hill e o Talos e isso não causa nenhum impacto, aí é ruim. Principalmente a Maria Hill – se o Gravik queria uma imagem do Fury atirando na Maria Hill, causaria o mesmo impacto se o tiro atingisse algo grave e ela precisasse ir para o hospital. Ok, entendo que nem a Maria Hill nem o Talos são personagens muito importantes, a gente nunca veria um filme solo de nenhum deles, mas, mesmo assim, acho que foi desrespeito com o fã.

– A gente descobre que quando um skrull é ferido, aparece a pele real verde dele. Isso acontece algumas vezes ao longo da série. Pra que todo aquele “mexican standoff” entre o Fury e o Rhodes na frente do presidente? Não era só atirar na mão ou na perna do Rhodes?

– A Emilia Clarke é ruim. Existem atores que têm talento, outros têm carisma, e outros têm talento e carisma. Emilia Clarke não tem nenhum dos dois. Acho que está na hora de Hollywwod repensar a carreira dela. Talvez ela funcione melhor como coadjuvante.
(Pra piorar, no fim dá a entender que ela vai trabalhar com a Olivia Colman, que tem talento e carisma. Essa dupla não vai funcionar!)

– Admito que gostei da batalha final, quando usam poderes de vários heróis misturados. Mas, tem uma coisa que ficou estranha: eles aprenderam a dominar os poderes muito rapidamente. Em um filme com o modelo clássico de “filme de origem de super herói”, sempre tem uma parte do filme que é o personagem aprendendo a usar seus novos poderes. Aqui não, os dois já conseguem dominar tudo, automaticamente.

– O local da batalha final era radioativo. Como é que eles guardavam prisioneiros humanos lá?

– Nick Fury foi o cara que organizou a Iniciativa Vingadores. Ele conhecia todos os heróis. Se nenhum herói aparece na série, isso precisa ser verbalizado, senão é um furo de roteiro. Ok, verbalizaram. Existe a pergunta “por que você não chama os seus amigos?”. O problema é a resposta “porque é algo pessoal”. O mundo está à beira da terceira guerra mundial e essa foi a melhor desculpa que os roteiristas pensaram?

Extraordinary

Crítica – Extraordinary

Sinopse (imdb): Jen, uma mulher jovem e consciente de si mesma, vive em um mundo onde todos têm superpoderes, exceto ela.

Por recomendação de um amigo, fui ver a série Extraordinary – que aparentemente está fora do radar de todos que conheço. Não ouvi NINGUÉM comentando sobre esta série. Estranho, principalmente porque usa o tema “super heróis”.

A ideia é boa: estamos numa sociedade onde todos ganham um superpoder aleatório quando completam 18 anos. Alguns têm poderes “normais”, como voar ou super força; outros têm poderes inúteis, como atrair peixes ou transformar coisas em pdf. No meio deste ambiente, a protagonista, aos 25 anos, ainda não ganhou seus superpoderes, e vive frustrada com todos em volta.

Ok, entendo que não é uma série pra qualquer um. O humor usado às vezes é meio bobo – humor inglês não é pra qualquer um. Mas por outro lado, a ambientação é muito boa – inclusive, de vez em quando vemos ao fundo divertidas cenas com personagens figurantes com dificuldades com os próprios superpoderes. Também gostei do uso da trilha sonora, e olha que heu não conhecia quase nenhuma das músicas!

O elenco tem um ponto positivo e outro negativo. O personagem Jizzlord é muito bom, e o ator Luke Rollason traz a esquisitice exata pro que o personagem pede. Por outro lado, a protagonista frustrada é um dos problemas da série. Não só ela é egoísta, como o um dos episódios reforça esse traço de sua personalidade. Fica difícil acompanhar uma série com uma protagonista tão antipática. A atriz Máiréad Tyers tem zero carisma e não ajuda.

O roteiro também tem seus problemas. Algumas das situações não se sustentam, e a gente fica vendo um desenvolvimento de piada que já começou dando errado – tipo toda a sequência do concurso do gato, sequência que não tem graça, e, pior, não tem lógica dentro da proposta da série. E todo o plot da criação do super grupo é um plot ruim.

O fim do último episódio traz um gancho pra uma segunda temporada, que já foi confirmada.

A boa notícia é que é uma série curta, 8 episódios de meia hora cada, ou seja, mesmo com os problemas, passa rapidinho. A série está no Star+.

Daisy Jones & The Six

Crítica – Daisy Jones & The Six

Sinopse (imdb): Siga o sucesso da banda de rock Daisy Jones e The Six através da cena musical de Los Angeles da década de 1970 em sua busca para se tornar um ícone global.

Há umas semanas, atrás me indicaram lá no grupo de apoiadores do Podcrastinadores uma nova série musical: Daisy Jones and The Six, da Amazon Prime, que mostra uma banda fictícia dos anos 70 que estava no auge do sucesso, quando algo aconteceu durante uma turnê e a banda se separou e nunca mais fizeram nada. Anos depois, eles estão sendo entrevistados (separadamente), para contar o que aconteceu. A série alterna momentos dessa entrevista com flashbacks, num formato que parece uma mistura de This is Spinal Tap com Quase Famosos.

A reconstituição de época está perfeita, e a parte musical é muito boa. A banda é inspirada no Fleetwood Mac, banda que conheço pouco. Tenho um grande elogio e um mimimi pra fazer sobre a parte musical. O elogio é que poucas vezes vi um filme ou série com músicos tão bem representados. Sou chato e presto atenção no ator interpretando um músico – ele não precisa tocar, mas precisa fingir bem que toca (caso do De Volta para o Futuro) (um ator interpretando um cirurgião não precisa fazer a cirurgia, apenas precisa convencer no seu fingimento). E, tirando um detalhe aqui, outro detalhe ali, aqui os atores estão excelentes! Inclusive, segundo o imdb, eles chegaram a fazer um show como se fossem uma banda de verdade, como laboratório! Digo mais: em mais de um momento ao longo da série, a gente vê uma música sendo executada num estúdio ou num palco, e o volume dos instrumentos varia conforme a câmera anda – o que aconteceria na vida real.

Agora, posso fazer um mimimi? Todos os atores convencem (inclusive Riley Keough quando toca violão meio sem jeito enquanto compõe – ela não domina o violão, mas toca os acordes pra apresentar a música para os companheiros de banda), menos a Suki Waterhouse como tecladista. Ok, um tecladista ou pianista pode interpretar bem sem mostrar as mãos, mas, teve uma cena em particular onde parece que ela está usando pick up de DJ, enquanto mexe em drawbars de um órgão Hammond!

A série é baseada no livro “Daisy Jones and The Six, Uma história de amor e música”, da escritora Taylor Jenkins Reid. Não li o livro, não sei se a série é fiel, mas tenho algumas críticas. A história da banda é muito boa, mas tem uma história paralela sobre a Simone, amiga da protagonista Daisy Jones, que tenta carreira como cantora disco. E essa história paralela é bem mais fraca que a história principal. Digo mais: o episódio onde Daisy vai pra Grécia e se casa é completamente dispensável. Podia ter um episódio a menos, e quando ela aparecesse com o marido, era só apresentá-lo.

Sobre o elenco, tem um problema recorrente em Hollywood, que é a idade dos atores. Sam Claffin tem 36 anos, e precisa convencer como um jovem recém saído da escola no início da banda. E como temos todo o elenco em diferentes épocas, esse problema acontece com todos. Mas, se a gente relevar esse detalhe, o elenco está bem.

Riley Keough é filha de Lisa Marie Presley e neta de Elvis Presley, e nunca tinha interpretado uma cantora (ela estava no filme The Runaways, mas interpretava a irmã da vocalista). Ela convence aqui como um dos dois principais nomes, e ela funciona bem ao lado de Sam Claffin, que também está bem. Sobre o resto da banda, tive um problema com Will Harrison e Josh Whitehouse, que fazem o guitarrista e o baixista, porque achei os personagens muito parecidos (só consegui diferenciar um do outro no décimo episódio!). Completam a banda Suki Waterhouse e Sebastian Chacon, o baterista, que é um dos melhores personagens. Um nome relativamente conhecido num papel menor é Timothy Olyphant, como um empresário que ajuda a banda. Ainda no elenco, Camila Morrone, Tom Wright e Nabiyah Be.

O último episódio traz um plot twist que achei bem legal, mas não contarei por aqui porque não gosto de spoilers.

Cidade Invisível – segunda temporada

Crítica – Cidade Invisível – segunda temporada

Sinopse (wikipedia): Após um bom tempo ausente, Eric aparece em um santuário natural protegido por indígenas e procurado por garimpeiros, perto de Belém do Pará. Ele descobre que sua filha, Luna, e a Cuca estavam morando na região com o objetivo de trazê-lo de volta à vida. Embora queira retornar imediatamente para o Rio de Janeiro com Luna, Eric percebe que a menina tem uma missão maior a cumprir na região. Ao mesmo tempo, ao tentar protegê-la, ele se torna uma ameaça para o delicado balanço entre natureza e as entidades.

Não escondo de ninguém que sou fã de folclore nacional, inclusive fiz um curta de câmera encontrada com o Boitatá em 2012. Claro que gostei de Fábulas Negras, e claro que gostei da primeira temporada de Cidade Invisível. E agora temos a segunda temporada, em um lugar diferente, e com entidades diferentes!

Comecei a temporada empolgado, cheguei a gravar uma dica pro Instagram do Podcrastinadores, mas, preciso reconhecer que não gostei da conclusão da temporada. Mas, vamos por partes, vou trazer os elogios e depois falo por alto do que não gostei (pra não dar spoilers).

Uma coisa que achei bem legal foi trocarem a ambientação da série. Se a primeira temporada se passava no Rio de Janeiro, agora a trama está no Pará, onde uma entidade misteriosa quer achar uma reserva de ouro escondida por mágica. E se antes a gente tinha o Saci, a Iara, o Boto e o Curupira, agora temos contato com outros seres fantásticos do folclore brasileiro, como um lobisomem, a Matinta Pereira, e tem até uma mula sem cabeça!

Um parágrafo à parte pra falar da Matinta Pereira, interpretada pela Letícia Spiller. A Matinta é uma personagem misteriosa e assustadora; e a Letícia Spiller, irreconhecível, está ótima! E os efeitos especiais do personagem são discretos e eficientes.

Já que entrei no elenco… São poucos os nomes da primeira temporada que voltam aqui. Marco Pigossi e Alessandra Negrini estão de volta como Eric e a Cuca; Luna, a filha do Eric, trocou a atriz, agora é interpretada por Manu Diegues. Julia Konrad também reaparece aqui, mas só em poucas cenas. Além da Letícia Spiller, temos outra atriz conhecida, Simone Spoladore. Não gostei do ator mirim Tomás de França, que faz o Bento, achei ele bem ruim. Também no elenco, Zahy Guajajara, Tatsu Carvalho, Mestre Sebá e Rodrigo dos Santos.

São só cinco episódios, e assim como acontece na primeira temporada, a história fecha mas abre uma porta para uma possível nova temporada. Não gostei do fim, não entendi por que todo mundo precisava ir para o Marangatu, achei tudo muito forçado. Não chegou a estragar a boa experiência que a série proporcionava até então, mas quando um filme / série termina mal, perde pontos na avaliação.

Sobre o gancho: um dos últimos frames da temporada traz de volta um personagem da primeira temporada. Por que? Como? Bem, este é aquele tipo de gancho que, se tiver uma terceira temporada, será explicado. Mas se deixarem pra lá, ok, não atrapalha.

Gangs Of London – Segunda Temporada

Crítica – Gangs Of London – Segunda Temporada

Sinopse (Amazon Prime): Um ano após a morte de Sean Wallace, o mapa de Londres foi reescrito e existe uma nova e brutal força no poder. Mas com uma rebelião sendo fermentada, quem vai ganhar a batalha pela alma de Londres?

Heu achei que tinha falado ano passado sobre a primeira temporada de Gangs Of London, mas não achei nem aqui nem no youtube. Devo ter comentado alguma coisa no Podcrastinadores, mas certamente apaguei minhas anotações. Vou comentar a segunda temporada, mas antes aproveitarei pra falar um pouco sobre a primeira.

Gangs Of London e uma série violentíssima, criada por Matt Flannery e Gareth Evans (responsáveis pelos dois Operação Invasão). Na primeira temporada a gente acompanha uma família irlandesa que lidera gangues de várias etnias, como nigerianos, paquistaneses, libaneses e albaneses, no submundo do crime da Londres dos dias de hoje.

A segunda temporada traz um novo e perigoso personagem que quer tomar o posto de líder dos criminosos. E se você não viu, recomendo não ler muita coisa porque existem surpresas ao longo da temporada.

Uma coisa que senti falta foi de um “previously”. Começou a temporada sem nada pra resumir o que tinha sido exibido um ano atrás. Tive que rever o último episódio da primeira temporada antes de seguir com a segunda.

Gangs Of London tem dois pontos fortes. Um, o mais claro é a qualidade e quantidade de violência gráfica. Não me lembro de nenhuma outra série de TV tão violenta. Vou além: arriscaria dizer que não existe nada mais brutal do que o episódio 5 da primeira temporada, uma das peças mais violentas da história do audiovisual, um espetáculo de tiros, explosões e sangue. A segunda temporada não tem nenhum episódio dirigido pelo Gareth Evans (o responsável pelos momentos de maior violência gráfica), mas tem alguns momentos com bastante gore.

O outro ponto a ser citado é o xadrez de poder que vemos na série. Vemos jogadas ousadas, onde os personagens não têm problema em sacrificar peças do tabuleiro para alcançar o objetivo. E aqui não tem ninguém bonzinho, o protagonista Elliot está longe de ser um cara “do bem”.

Tenho um mimimi sobre o novo personagem, Koba. Ok, a gente vê que ele é mau muito mau, mas quando ele surge em cena, um cara magrelo com o cabelo oxigenado, a gente lembra do Rafael Portugal. E lembrar do Rafael Portugal não é nada amedrontador.

Queria fazer outro comentário sobre o elenco. No sexto episódio a gente vê a Lale lutando contra vários oponentes. Quero ver um filme de ação com a atriz Narges Rashidi!

Heu preferia que a história tivesse terminado aqui, mas o último episódio deixa um gancho para uma terceira temporada. Que mantenham a qualidade!

That ’90s Show

Crítica – That ’90s Show

Sinopse (imdb): Agora é 1995 e Leia Forman está visitando seus avós durante o verão, onde irá conhecer a nova geração de Point Place, Winsconsin. As crianças estarão sob o olhar atento de Kitty e severo de Red.

Sou muito fã da série That ’70s Show. Talvez seja a minha sitcom favorita. Claro que vou ficar empolgado com um revival!

That ’90s Show cai naquela classificação de “requel” que a gente viu no último Pânico: é um reboot, porque temos novos personagens em uma nova história, mas ao mesmo tempo é um “sequel”, porque temos personagens do anterior reprisando os seus papeis. A série traz a filha adolescente de Eric e Donna indo passar as férias de verão na casa dos avós. E assim abrem-se os portões pra inúmeras referências à série antiga!

E o resultado? Bem, algumas coisas funcionam, outras não. Heu admito que a nostalgia me pegou em cheio e reconheço que adorei, mas consigo ver algumas falhas. Vamos a elas.

Tenho minhas dúvidas se o “formato sitcom” funciona hoje. Depois da piada, o ator precisa dar um tempo para a claque reagir. Não me lembro quando foi a última vez que tinha visto um programa assim, com claque. Achei muito estranho revisitar o formato.

Mas acho que o principal problema é a falta de desenvolvimento dos personagens. That ’70s Show tinha seis personagens principais e a gente conhecia a personalidade e as características de cada um deles. Já em That ’90s Show, temos dois personagens “iguais” – o Jay e o Nate estão fazendo o papel do “novo Kelso” (isso porque não estou falando sobre as meninas Gwen e Nikki, que também são bem parecidas). Some-se a isso a falta de carisma. Me parece que queriam criar um “novo Fez” com o Ozzie, mas o Fez original do Wilmer Valderrama era muito melhor.

Além disso, tem outro problema: vemos poucas coisas com a cara dos anos 90. Não sei se por culpa do roteiro preguiçoso, ou se porque os anos 90 são menos caricatos que os anos 70. O fato é: a outra série tinha cara de algo passado nos anos 70, essa não tem cara de algo passado nos anos 90.

Dito tudo isso, adorei voltar a Point Place e ao porão dos Forman. Adorei cada referência, como o Vista Cruiser ou um Kelso gritando “BURN!”. Adorei rever as geniais cenas de “roda de maconha”; adorei ver piadas repetidas, como o nome do país do Fez. Reconheço todas as falhas, mas adorei toda a temporada. E, poxa, é curtinha, são dez episódios, o primeiro tem meia hora, os outros têm vinte minutos cada.

Sobre a volta dos atores da outra série: Kurtwood Smith (Red) e Debra Jo Rupp (Kitty) são personagens centrais, estão em todos os episódios. De participações especiais, temos cinco dos seis principais: Topher Grace (Eric), Ashton Kutcher (Kelso), Mila Kunis (Jackie), Laura Preppon (Donna) e Wilmer Valderrama (Fez). Também temos participações de Tommy Chong (Leo) e Don Stark (Bob) (Tanya Roberts, que fazia a mãe da Donna, deu declarações de que queria participar, mas infelizmente faleceu oito meses antes de anunciarem o revival). Tem mais uma participação especial ligada a Barrados no Baile, mas essa não vou dizer aqui.

Por fim, vou esclarecer duas dúvidas que tive durante a temporada, relativas a participações. Temos um personagem, Fenton, que seria um rival do Fez, mas não me lembro dele. Fui catar no imdb, nem o personagem existiu na série anterior, nem o ator participou. Não entendi a reação da claque quando aparece o personagem. A outra dúvida é: cadê o Hyde? Fiquei esperando até o último episódio pra ver se ele aparecia, e nada. Aí fui ver o imdb, o ator Danny Masterson está sendo julgado por casos de estupro! Por isso ele não foi convidado…

Adorei revisitar, mas não sei se a série tem fôlego para mais uma temporada. Aguardemos.

The Last of Us – E01S01

Crítica – The Last of Us – E01S01

Sinopse (imdb): Joel e Ellie, uma dupla conectada pela dureza do mundo em que vivem, são forçados a suportar circunstâncias brutais e assassinos implacáveis em uma jornada pela América pós-pandemia.

Estreou no domingo passado uma série na HBO baseada no famoso videogame The Last Of Us. Como nunca joguei o game – nem sei do que se trata – nem me interessei pela série. Mas, ouvi elogios em mais de um grupo, e reparei que alguns dos youtubers que acompanho estão comentando, então resolvi ver qualé.

E preciso dizer que rolou uma certa decepção. A série não é exatamente ruim, mas… falta muito pra ser tão boa quanto estão falando por aí. Vamos por partes.

Antes de tudo, queria falar que gosto do formato de um episódio por semana. Alguns streamings liberam de uma vez toda a temporada de uma série, e os espectadores mais afoitos fazem binge watching. Acho isso ruim, prefiro ver um episódio de cada vez, dá tempo de digerir o que a gente acabou de ver.

Vamos primeiro ao que deu certo. O criador do videogame, Neil Druckmann, é roteirista aqui. Isso já coloca The Last Of Us num patamar acima de muitas adaptações ruins – lembro de uma recente adaptação de Resident Evil que conseguiu a façanha de desagradar tanto quem jogou o game quanto quem apenas gosta de um bom filme ou série. Outro acerto foi trazer Gustavo Santaolalla, que fez a trilha sonora do videogame, para fazer a trilha sonora aqui.

Uma curiosidade: o diretor Craig Mazin não dirigia nada desde 2008, quando fez a comédia nonsense Super Herói: O Filme (e antes ele tinha escrito o roteiro de duas sequências de Todo Mundo em Pânico!). Mas, boa notícia: Mazin faz um bom trabalho aqui. E hoje ele é mais conhecido por ser o criador da série Chernobyl do que pelo seu passado no besteirol.

Algumas sequências são muito bem filmadas. Gostei muito da sequência do carro, onde o ponto de vista está sempre dentro do veículo enquanto o caos acontece lá fora, inclusive com alguns planos sequência no meio (me lembrei de Filhos da Esperança, que também tem um plano sequência sensacional envolvendo um carro e o caos em volta). E não é só isso, alguns detalhes são boas sacadas como a cena onde vemos uma personagem que está virando zumbi, mas em segundo plano, fora de foco.

Dito isso, precisamos reconhecer que a gente já viu tudo isso. Estou meio saturado com o tema “apocalipse zumbi”. E o episódio traz um “plot twist” com a Ellie, mas no primeiro diálogo onde ela aparece a gente já saca qual é o segredo dela.

Tem outro problema: tudo é muito lento. O episódio tem uma hora e vinte minutos, que se arrastam…

No elenco, Pedro Pascal mais uma vez mostra que é um nome em ascensão. O seu Joel é um cara complexo, tem seus problemas, seus traumas, trabalha com coisas dentro e fora da lei, é um personagem muito bem construído. Bella Ramsey, o outro nome principal, por enquanto não é um bom personagem, ela só faz uma adolescente chata. Isso pode ser do roteiro, ou pode ser um problema com a atriz, aguardemos os próximos. Anna Torv, de Fringe, tem um papel importante, mas também ainda não mostrou a que veio.

Bem, fiz essa análise vendo apenas um episódio. Ainda faltam oito. Ou seja, admito que é cedo pra tirar conclusões. Espero que a série traga algo de novo e seja realmente isso tudo o que prometeram.

Caleidoscópio

Crítica – Caleidoscópio

Sinopse (Netflix): Um ladrão magistral e sua equipe querem roubar 7 bilhões de dólares. Mas, para o plano dar certo, eles terão que lidar com traições, ganâncias e muitas outras ameaças.

Surgiu na Netflix uma série com um novo formato: oito episódios, e você pode vê-los em qualquer ordem.

A princípio achei que era o “formato antigo”, série com episódios fechados, como era na época que a gente acompanhava Supernatural e CSI, que traziam um arco ao longo da temporada, mas a maioria dos episódios eram independentes uns dos outros – hoje é tudo “novelinha”, o que, na minha humilde opinião, é pior pra assistir. Mas não, Caleidoscópio (Kaleidoscope, no original) conta uma única história, e conseguiram roteirizar e editar de maneira que você não precisa ver em uma ordem específica. A produção diz que tanto faz a ordem, mas recomenda deixar o episódio “Branco” para o fim. Realmente, este episódio encerra bem a história.

E agora a grande dúvida: funcionou?

Vamos por partes. Antes de tudo, preciso falar que gostei da proposta. É legal ver algo diferente do óbvio, vai ter muita gente vendo e comentando a série justamente pela novidade. Digo mais: em termos de marketing, é uma boa a Netflix inovar assim, aposto como Caleidoscópio terá mais views do que se fosse um seriado no mesmo formato dos outros.

Porque o roteiro não tem nada de mais. A gente já viu vários filmes e séries de “heist”, e a história de Caleidoscópio não traz nenhuma novidade. É vou além: o roteiro tem algumas coisas bem forçadas, como o lance das abelhas, que ninguém explicou como e por que funciona.

Teve uma coisa que heu não gostei. Determinado momento da série o Leo fala que eles precisam ter confiança nos outros membros da equipe. E o Bob é marrento, violento e desagregador, ele é o oposto da confiança. Ele deveria ser expulso do time. Mas, a série explica por que ele continua na equipe. A explicação não me convenceu, mas existe uma explicação, então não podemos falar de falha de roteiro.

A produção é muito boa. Não sei qual foi o orçamento, mas temos a sensação de uma série cara, com vários cenários, alguns deles grandiosos. A fotografia, claro, usa cores diferentes para cada episódio. Também gostei da trilha sonora.

O elenco também está bem. Ok, achei estranha a maquiagem (ou cgi) que usaram pra rejuvenescer o Giancarlo Esposito e o Rufus Sewell no episódio que se passa 24 anos antes, mas, ok, aceito. Além dos dois, Caleidoscópio conta com Paz Vega, Rosaline Elbay, Jai Courtney, Tati Gabrielle e Peter Mark Kendall.

Espero que Caleidoscópio traga um bom retorno à Netflix, e que eles arrisque mais vezes com formatos diferentes!

Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Crítica – Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Sinopse (Disney+): Com a missão de tornar o Natal inesquecível para Quill, os Guardiões vão à Terra em busca do presente perfeito.

James Gunn é “o cara”. Se antes já era impressionante o fato dele ter saído da Troma (sua estreia foi o roteiro de Tromeu & Julieta) e chegar na Marvel, agora ele está ligado a projetos simultâneos na Marvel e na DC!

Guardiões da Galáxia Especial de Festas (The Guardians of the Galaxy Holiday Special, no original) é uma divertidíssima brincadeira. Gunn aproveitou as filmagens de Guardiões 3 e juntou o elenco para filmar um especial de natal, independente dos filmes, de pouco mais de quarenta minutos. Pretensão zero, diversão nota 10.

O filme segue uma ideia maluca (e coerente com tudo o que o diretor já tinha feito com os Guardiões): tirando Peter Quill, todos são alienígenas e não sabem o que é o Natal. Então Mantis e Drax resolvem vir até a Terra para trazer um presente para Quill: o Kevin Bacon! Sim, afinal rolou uma piada no primeiro ou segundo Guardiões onde Quill fala que Kevin Bacon foi um herói que salvou uma cidade com a dança.

Uma coisa bem legal dessa fase atual da Marvel é que cabem experimentações em formatos diferentes. Depois de uma sitcom de uma advogada Hulk e de um filme sério com homenagem ao Pantera Negra, agora tem espaço para uma bobagem divertida.

Em sua incursão pela DC, em Esquadrão Suicida e na série Peacemaker, James Gunn usou muita violência gráfica, mas aqui em Guardiões da Galáxia Especial de Festas o clima é família, mantendo a linha dos filmes dos Guardiões. Outra característica constante em seus filmes, a trilha sonora é importante, e a música de Natal que toca no início é sensacional. Não achei informações no imdb, mas desconfio que seja a banda Old 97’s caracterizada interpretando a música no filme.

O elenco é fantástico. Mesmo sendo uma produção simples, direto para o streaming, Guardiões da Galáxia Especial de Festas traz de volta quase todo o elenco dos filmes (só Zoe Saldana não está aqui). Os principais são Pom Klementieff e Dave Bautista (que estão ótimos em sua incursão pela Terra), e temos também Chris Pratt, Karen Gillan, Michael Rooker, Bradley Cooper, Vin Diesel e Sean Gunn. De novidade, Maria Bakalova faz a voz do cachorro Cosmo, ela deve estar no próximo filme. Claro, Kevin Bacon também tem uma grande participação, e sua esposa Kyra Sedgwick é quem fala ao telefone com ele.

Por fim, não me lembro de personagens da DC sendo citados no MCU. E aqui falam do Batman! Olha, se alguém for fazer um crossover Marvel x DC nos cinemas, acho que já temos a pessoa certa para tocar o projeto!