Megalopolis

Crítica – Megalopolis

Sinopse (imdb): A cidade de Nova Roma é palco de um conflito entre Cesar Catilina, um artista genial a favor de um futuro utópico, e o ganancioso prefeito Franklyn Cicero. Entre os dois está Julia Cicero, com a lealdade dividida entre o pai e o amado.

Poucos filmes realmente merecem o rótulo de “aguardado”. Megalopolis, novo filme de Francis Ford Coppola, é um desses. Não sei exatamente há quanto tempo, mas o projeto de Megalopolis já existe há décadas. E Coppola resolveu vender um vinhedo e bancar o custo de 120 milhões de dólares do próprio bolso!

E o resultado? Olha, não gostei do filme, mas gostei que ele foi feito. Já explico.

Vamulá. Francis Ford Coppola é um nome gigante na história do cinema. Ele dirigiu O Poderoso Chefão 1 e 2, presentes em qualquer lista de melhores filmes da história (ele também dirigiu o 3, mas este passa longe de listas de melhores). Ele arriscou tudo num projeto pessoal, Apocalypse Now, e ganhou muitos frutos com isso (incluindo dois Oscars e a Palma de Ouro em Cannes). Dois anos depois, arriscou de novo em outro projeto pessoal, O Fundo do Coração, mas desta vez foi um grande flop. Mesmo assim continuou, e nos anos 90 ainda fez o excelente Drácula de Bram Stoker, um dos melhores filmes de vampiro de todos os tempos.

Um cara talentosíssimo, com um currículo gigante, mas que me fazia pensar naquela frase do Tarantino, que disse que pretendia se aposentar depois do décimo filme. Porque os últimos Coppola que vi foram bem decepcionantes.

(Essa frase do Tarantino serve pra alguns diretores. John Carpenter, autor de vários clássicos, encerrou a carreira com Aterrorizada, um filme com cara de Supercine.)

Coppola estava no mesmo barco. Vi Tetro, com a presença do próprio, numa sessão lotada em Botafogo, mas o filme parece uma novela mexicana. Dois anos depois vi Twixt num Festival do Rio, outra decepção. Nem tive ânimo de ver Distant Vision, que ele fez em 2015 que nem sei se foi lançado no Brasil (no imdb não tem nem poster do filme!).

Pensando por este ângulo, foi uma agradável surpresa ver Megalopolis. É um filme confuso, muita coisa não funciona, mas… É um grande filme, com um grande elenco, e várias cenas memoráveis. Ou seja, se a gente for pensar em um último filme de um diretor octogenário (Coppola está com 85 anos!), Megalopolis é bem melhor que Tetro ou Twixt.

Depois dessa longa introdução, vamos ao filme? Em Nova Roma, uma cidade fictícia (segundo o que li, baseada em Nova York), rola uma briga política entre o prefeito e um arquiteto visionário que quer construir uma nova cidade baseada em um novo elemento criado por ele, o Megalon.

Tudo é contado em tom de fábula (assumido em uma frase de introdução ao filme), tudo é meio onírico, tem muitos simbolismos e muita coisa exagerada.

Mas achei o roteiro muito bagunçado. Por exemplo, a filha do prefeito se envolve com o arquiteto que é seu inimigo, e às vezes ela está com um, outras vezes com o outro, e o filme não deixa claro qual é a dela. Tem cenas que se estendem demais, como aquela cena do coliseu, tão longa que chega a cansar. Tem um narrador, vivido pelo Laurence Fishburne, que de repente some e não volta mais. Tem uma trama paralela de uma cantora que era valorizada por ser jovem e virgem, aí descobrem que ela não é jovem nem virgem, aí ela muda de estilo mas o filme esquece dela. E por aí vai…

Mas por outro lado, o elenco é repleto de grandes estrelas, e algumas sequências são belíssimas. É um filme grandioso, digno da carreira de um nome como Francis Ford Coppola.

Diferente dos últimos filmes do Coppola, Megalopolis conta com um grande elenco: Adam Driver, Giancarlo Esposito, Nathalie Emmanuel, Aubrey Plaza, Shia LaBeouf, Jon Voight, Laurence Fishburne, Talia Shire e Jason Schwartzman, entre outros. As atuações são exageradas, entendi que fazia parte da proposta de fábula onírica.

Quando acabou a sessão (sessão normal, não teve sessão pra imprensa), fiquei dividido. Não, não gostei do filme. Mas gostei de ver que Coppola continua grande.

Alien: Romulus

Crítica – Alien Romulus

Sinopse (imdb): Enquanto exploram as profundezas de uma estação espacial abandonada, um grupo de jovens colonizadores espaciais se depara com a forma de vida mais aterrorizante do universo.

E vamos a mais um Alien!

Antes, um breve recap: o primeiro Alien, de 1979, dirigido por Ridley Scott, é um clássico absoluto, um dos melhores filmes de terror e ficção científica da história. O segundo, de 86, dirigido por James Cameron, é uma ótima continuação. Tivemos um terceiro em 92 dirigido por David Fincher e um quarto em 97 dirigido por Jean Pierre Jeunet, ambos com algumas qualidades mas também alguns problemas. Tem dois Alien versus Predador, uma ideia que no papel era ótima, mas os dois filmes são muito ruins. E em 2012 o próprio Ridley Scott voltou à franquia, com Prometheus, e cinco anos depois, com Covenant, dois filmes com mais problemas do que méritos.

Agora é a vez de Fede Alvarez, que surgiu fazendo o novo Evil Dead (que é um bom filme, mas NÃO É Evil Dead!!!), e depois fez o bom O Homem nas Trevas. E Alvarez consegue um resultado muito melhor que os últimos filmes!

(Falei dos outros filmes só pra avisar que é bom ver ou rever o primeirão antes de ver este aqui, que se passa entre os dois primeiros. Alien: Romulus traz algumas referências ao Alien de 1979.)

Alien: Romulus (idem, no original) parte de uma premissa parecida com O Homem nas Trevas: um grupo de jovens precisa invadir um local pra roubar uma coisa. A princípio algo simples, entrar, pegar e sair. Mas eles acabam presos junto com algo perigoso dentro desse local.

Alien: Romulus começa num planeta minerador, onde pessoas são oprimidas pela corporação Weyland Yutani (do primeiro filme), e um grupo de jovens quer sair de lá para tentar a vida num lugar melhor. Só que o lugar mais perto está a 9 anos de distância, então eles precisam de cápsulas de criogenia para se congelarem durante a viagem. Invadem então uma estação abandonada, mas não sabem que a nave está cheia de “face huggers”.

Fede Alvarez conseguiu criar um clima e um visual fantástico para o seu filme. É uma ficção científica “velha” e “suja”, muitas coisas lembram o primeiro filme, de 45 anos atrás, tudo meio retrô. Os efeitos especiais são perfeitos, tanto na parte das naves, quanto nos face huggers e xenomorfos (que não custa lembrar, foram criados por H R Giger!). E outro mérito de Alien: Romulus é que voltou a ser um filme de terror como o Alien original, tem algumas cenas bem tensas e alguns jump scares.

Ouvi críticas com relação a alguns pontos do roteiro serem cópias dos filmes anteriores. Verdade, algumas cenas realmente repetem ideias que já vimos antes em outros filmes da franquia. Mas não achei isso algo negativo. Já falei aqui no heuvi diversas vezes: o problema não é reciclar uma ideia, o problema é quando você recicla essa ideia e o resultado fica ruim. Alien: Romulus recicla ideias e entrega um resultado empolgante e num clima excepcionalmente bem construído.

No elenco, a “final girl” da vez é Cailee Spaeny (Guerra Civil, Priscilla), que se esforça pra ser a “nova Ripley”. Ouvi comentários de que ela não tem o carisma da Sigourney Weaver. Isso pode até ser verdade, mas, por outro lado,  Sigourney Weaver está com 74 anos, não tem como trazê-la de volta num novo filme! Vamos abrir espaço pra galera mais nova!

Agora, preciso dizer que não gostei da parte final. Sem spoilers aqui, mas achei o “monstro final” inferior aos que aparecem ao longo do filme.

Mesmo com o problema no final, ainda achei um filmão. Merece ser visto nos cinemas!

Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo

Critica – Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo

Sinopse (imdb): Uma infame caçadora de recompensas retorna ao lugar onde cresceu, o caótico planeta Pandora, e forma uma aliança inesperada com uma equipe de desajustados para encontrar a filha desaparecida do homem mais poderoso do universo.

Confesso que rolava uma certa curiosidade sobre esse filme. Baseado em videogame, com direção de Eli Roth, e com Cate Blanchet, Jamie Lee Curtis e Jack Black no elenco. Mas, uma sessão de imprensa na véspera da estreia, com embargo até o dia da estreia, era um sinal claro de que a distribuidora não confiava no potencial do filme.

E infelizmente a distribuidora estava certa. Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo (Borderlands, no original) não é bom.

Me pareceu que o principal problema é que estamos diante de um trash, mas que tem medo de se reconhecer como tal. Tudo aqui é caricato. Se a produção se assumisse trash, o filme seria bem mais divertido. Abracem o trash, galera!

E tem uma coisa que sinceramente não entendi: pra que chamar uma atriz do porte da Cate Blanchett, ganhadora de dois Oscars (O Aviador e Blue Jasmine) para um filme desses? Qualquer atriz meia boca servia pro papel. Foi um grande desperdício de talento. (E nem estou falando de Jamie Lee Curtis, que ganhou Oscar ano passado por Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, mas que acho que está num momento da carreira que aceitaria um filme desses).

A direção é de Eli Roth, que ficou conhecido nos anos 2000 por ter dirigido O Albergue e por ter feito um dos principais papéis de Bastardos Inglórios. Roth tem um bom currículo no terror e no gore, e ano passado fez o bom Feriado Sangrento. Taí, Roth podia ter puxado o espírito do filme pro trash e pra galhofa. Pena que não o fez.

Borderlands parece uma mistura de Mercenários das Galáxias com Esquadrão Suicida, e é literalmente um “filme baseado em videogame”. O roteiro não segue o “formato Syd Field” com três atos, parece mais que estamos vendo seguidas fases de um videogame. Acabou uma fase, começamos a fase seguinte. Chega ao ponto de ter uma espécie de “regeneração” – vejam que em uma das fases o robô leva muitos tiros, mas num passe de mágica ele volta ao visual anterior.

Claro, como num videogame, várias coisas não fazem sentido, como por exemplo um líquido super corrosivo, que “destrói tudo, menos os cristais que já estavam na caverna” – mas que depois vemos esse líquido dentro de encanamentos. Afinal, deve correr tudo, menos os cristais e aqueles canos.

E o pior está guardado pro final, quando acontece uma espécie de plot twist e um dos personagens ganha super poderes e o Borderlands vira filme de super herói. “De longe, o final parece ruim, de perto, parece que está de longe”.

O filme se passa em uma realidade paralela à nossa, então não temos muitas músicas pop embalando as cenas, coisa que costuma ser bastante comum nos dias de hoje. Mas tem uma cena usando Ace of Spades, do Motörhead, que é uma cena muito boa, talvez a melhor do filme. Ok, clichê, música rock’n’roll rolando enquanto vemos tiro porrada e bomba. Clichê, mas funciona. Mas, ora, se tem Motörhead em uma cena, por que não usar outras músicas conhecidas? É uma cena boa, mas parece fazer parte de outro filme.

O elenco é muito bom, mas… Todos estão exagerados. Fica difícil julgar o trabalho de um ator quando o filme é tão caricato assim. Além das já citadas Cate Blanchett e Jamie Lee Curtis, Borderlands conta com Ariana Greenblatt, Kevin Hart, Florian Munteanu e Edgar Ramírez. Nenhum deles está bem. Do elenco, heu só salvo o Jack Black, que faz a voz do robô. É o alívio cômico, ele faz piada o filme inteiro, talvez esteja um pouco demais. Mas reconheço que gostei de algumas. Ri alto na cena da flor.

Enfim, Borderlands não e um total lixo. Mas fica a sensação de que podia ter sido muito melhor. Esperamos que não vire franquia!

Arcadian / Depois do Apocalipse

Crítica – Arcadian / Depois do Apocalipse

Sinopse (imdb): Um pai e seus filhos gêmeos adolescentes lutam para sobreviver em uma casa de fazenda remota no fim do mundo.

Filme pós apocalíptico, de monstro, e estrelado pelo Nicolas Cage. Claro que entra no meu radar!

Parece uma versão de Um Lugar Silencioso, mas com monstros sensíveis à luz em vez do som. Não tenho nada contra ideias recicladas, mas o filme precisa ser bom, e Arcadian tem algumas ideias boas, outras nem tanto.

Dirigido pelo pouco conhecido Benjamin Brewer, Arcadian explica pouca coisa. O filme começa com o Nicolas Cage fugindo, e ouvimos ao fundo gritos e sons de tiros, mas não vemos nada. Passam-se alguns anos e agora nosso protagonista vive num lugar isolado, acompanhado pelos seus dois filhos. E sabemos que, quando a noite cai, algo espreita a casa, mas não sabemos o que.

A primeira cena onde vemos algo do monstro é sensacional, quando vemos a “mão” da criatura tentando entrar por um buraco na porta. Mesmo assim, continuamos sem saber como é o tal monstro! Gosto desse conceito, de se manter o mistério sobre o que é a criatura, defendo isso desde o primeiro Alien, de 1979. É muito mais assustador quando não sabemos o que está atacando!

Quando o monstro finalmente aparece, tem uma coisa que gostei, outra nem tanto. Gostei da velocidade das mandíbulas quando eles atacam, aquilo ficou realmente assustador. Por outro lado, não entendi o lance deles se juntarem e virarem uma grande roda. É o mesmo tipo de criatura ou tem outra espécie capaz de fazer aquilo?

Os efeitos especiais são apenas ok. Muitas cenas escuras, provavelmente pra esconder falhas no cgi. E em algumas cenas, o cgi dos monstros fica muito aparente. Além disso, a câmera é tremida o tempo todo. Às vezes dá nervoso.

Agora, Arcadian tem um problema na segunda metade. Acontece uma coisa com o personagem do Nicolas Cage e ele passa a ser um coadjuvante. Coincidência ou não, o ritmo do filme cai bastante depois que muda o protagonismo.

No elenco Jaeden Martell e Maxwell Jenkins fazem os filhos do Nicolas Cage, os atores não são ruins, mas os personagens são fuen. Sadie Soverall faz o único outro papel relevante.

Arcadian não é ruim, mas é uma ideia reciclada que fica alguns degraus abaixo da ideia original. Vamos ver se vai ter continuação pra gente saber um pouco mais sobre esses monstros.

Acolyte – primeiras impressões

Acolyte – primeiras impressões

Hoje é quarta, Acolyte acabou ontem, heu deveria fazer um texto analisando a série. Mas preciso rever tudo, são 8 episódios, e vou viajar amanhã, os filhos estão de férias e vou passar 4 dias offline com eles. E o texto seria mais um pra falar mal, porque é um consenso de que Acolyte é a pior coisa já feita dentro do universo de Star Wars. Então, em vez de um texto “chutando cachorro morto”, vou preparar pra semana que vem um texto semelhante ao que fiz com a série Obi Wan, citando “6 tosqueiras toscas em Obi Wan”.

Em primeiro lugar, a série é feita por quem não gosta de Star Wars. A showrunner (e também roteirista e diretora) Leslye Headland resolveu criar polêmicas como quando disse que “R2D2 é uma lésbica”. Vem cá, em algum momento dos nove filmes onde o R2D2 aparece, tem alguma única cena ligada à sexualidade dele? É um robô! Não estou nem entrando no mérito sobre heterossexualidade vs homossexualidade, a parada aqui é mais básica: É UM ROBÔ! NÃO TEM SEXO! Uma pessoa que dá uma declaração dessas, na verdade, não quer provar uma teoria, o que ela quer é agredir todo um fandom. Pra que levantar uma bandeira onde não existe espaço pra isso? Agora, ela pode dizer que quem não gosta da série é homofóbico. Dona, não tem nada a ver. Não force a barra.

Mas, esse não é o pior problema de Acolyte. Tem algo pior: não respeita o canon de Star Wars. Se você vai escrever uma história que se passa dentro de um universo onde existem vários filmes, séries, desenhos, livros e videogames, você precisa estudar esse universo, pra poder encaixar a sua historia sem entrar em conflito com outras coisas que já existem lá. E Acolyte não fez o dever de casa, como, por exemplo, quando coloca o Ki-Adi-Mundi, personagem que estava em Star Wars Ep 1 – e que não tinha idade para estar vivo na época em que se passa a série. Isso dentre várias outras coisas…

Mas, na verdade, esse também não é o pior problema de Acolyte. Uma história no estilo “What If”, num universo paralelo, fora do canon, pode ser boa. O pior problema é que é uma série ruim. A história é ruim, mal contada. Tecnicamente tem vários erros, é uma série mal dirigida e mal editada. É mal escrita, várias coisas no roteiro não fazem sentido. E o pior de tudo: é uma história chata. São episódios de pouco mais de meia hora, que cansam, com personagens sem carisma carregando uma história sem graça. Se não fosse Star Wars, heu teria parado no segundo episódio.

Enfim, semana que vem providencio o texto com tosqueiras da série. E fico na torcida pra não ter uma segunda temporada.

Biônicos

Crítica – Biônicos

Sinopse (imdb): Em um futuro distópico em que as próteses robóticas dominam os esportes, duas irmãs competem no salto em distância. Só que essa rivalidade leva a um caminho sinistro.

Opa, ficção científica feita no Brasil!

Biônicos é o novo filme de Afonso Poyart. Poyart é um cara que merece o meu respeito, em 2012 ele fez 2 Coelhos, um dos melhores filmes nacionais que heu já vi. Três anos depois ele dirigiu Anthony Hopkins e Colin Farrell em Presságios de um Crime, e lembro de ter ido numa sessão no Roxy com presença do próprio Poyart. No ano seguinte, 2016, Poyart dirigiu Mais Forte Que o Mundo, contando a história do lutador José Aldo, outro filmão. Só por esses três títulos, Poyart já merece espaço no hall de melhores diretores brasileiros.

De lá pra cá, Poyart deu uma sumida. Vi no imdb que ele fez coisas pra TV. Até que estreou este Biônicos no streaming, anunciado como “o filme nacional mais caro da Netflix”. E apareceram alguns canais de youtube falando mal do filme. Realmente, Biônicos chama a atenção por ser extremamente bem feito. Mas por outro lado, o roteiro deixa a desejar. Vamulá.

O filme se passa num futuro próximo onde atletas amputados usam próteses biônicas que os deixam melhores que os atletas “normais”, a ponto de ter atletas que querem se amputar como uma espécie de “doping tecnológico”. Mas algumas coisas não fazem muito sentido, tipo um amputado tem direito a próteses, mas é acusado criminalmente se for responsável pela própria amputação. E isso acaba gerando uma das coisas mais forçadas do filme: a protagonista quer uma perna biônica, então ela força um acidente onde ela está de moto e um carro bate violentamente nela. Caramba! Como é que alguém vai conseguir controlar um acidente desses pra ser só um ferimento na perna? Ela podia ter morrido!

Agora, pra mim, o pior do roteiro é a personagem Maria, justamente a protagonista. Ela é antipática e invejosa. Sua irmã mais nova era uma atleta pcd, e sempre chegava em segundo lugar quando as duas competiam – por motivos óbvios. Quando surgiram as próteses biônicas, a irmã mais nova passou a chegar em primeiro lugar, e a protagonista nunca aceitou isso. E, pra piorar, a irmã mais nova é simpática e está sempre tratando bem a irmã. Acho que escolheram a protagonista errada.

O roteiro ainda tem mais alguns problemas aqui e ali, tipo um vilão caricato que tem atitudes sem sentido (além de um envolvimento romântico muito forçado com a protagonista), ou provas paralímpicas que mais parecem um videogame. Mas são problemas comuns de filmes desse  estilo, nada muito grave.

Agora, o visual é digno de ser um marco do cinema nacional. Não só toda a ambientação em um futuro meio cyberpunk, com figurinos e props que parecem coerentes com a proposta do filme (ficção científica nacional a gente pensa em figurinos com cara de Castelo Rá Tim Bum), como o cgi das próteses biônicas é muito bom! Essa parte ficou realmente muito bem feita!

(Só reclamo do cgi de um personagem que aparece na cena final, que parece uma cópia tosca do Ciborgue da Liga da Justiça. Aquele ficou com cara de novela do SBT.)

Além disso, tem algumas cenas muito boas. Lembro pouco de 2 Coelhos (não sei onde posso revê-lo, e não tenho o dvd!), mas lembro que tinha uma câmera lenta muito bem executada. Em tempos de Rebel Moon com câmera lenta mal aproveitada, Poyart mostra que ainda sabe usar o efeito. Tem uma cena onde chutam uma mesa que é daquelas pra guardar a cena e rever de vez em quando!

Tive um problema com o final. Como é na conclusão do filme, vou colocar avisos de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Na parte final aparece o grande vilão, interpretado por Miguel Falabella. Aí, na cena final, pelo que heu entendi, os irmãos se unem ao vilão. Péra, no fim do filme eles viram “do mal”? Heu entendi direito???

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com os problemas, gostei de ver uma ficção científica brasileira tecnicamente bem feita. Só espero que em uma próxima vez caprichem um pouco mais no roteiro.

Furiosa: Uma Saga Mad Max

Crítica – Furiosa: Uma Saga Mad Max

Sinopse (imdb): Após ser sequestrada do Vale Verde de Muitas Mães, enquanto os tiranos Dementos e Immortan Joe lutam por poder e controle, a jovem Furiosa terá que sobreviver a muitos desafios para encontrar e trilhar o caminho de volta para casa.

Bora pro quinto filme da saga Mad Max, desta vez sem o Max!

Antes, uma pequena recapitulação. Tivemos três Mad Max, todos dirigidos por George Miller e estrelados por Mel Gibson. O primeiro, de 1979, é bom; o segundo, de 1981, é muito bom; o terceiro, de 1985, é muito ruim. Trinta anos se passaram e Miller fez um novo filme, Mad Max Estrada da Fúria, com Tom Hardy no lugar de Mel Gibson. Este quarto filme tinha uma personagem secundária, Furiosa, que era melhor que o protagonista Max. E acho que não fui o único a pensar assim, porque agora temos um prequel contando a história da Furiosa.

Mais uma vez dirigido por George Miller, Furiosa: Uma Saga Mad Max (Furiosa: A Mad Max Saga, no original) começa com a Furiosa ainda criança morando no Vale Verde, até que é sequestrada por um novo vilão, Dementos.

(Sabe quando a gente vê nomes como “lord Sifo Dyas” ou “conde Dooku” e acha que tem algum brasileiro de sacanagem na Lucas Film? Poizé, os nomes aqui fazem a gente pensar algo parecido. Furiosa, Dementos, Scrotus, Erectus…)

Assim como fez nove anos atrás em Estrada da Fúria, mais uma vez George Miller entrega um espetáculo visual impressionante. O cara acabou de completar 80 anos de idade, dois meses atrás, e dirige um filme com muitas cenas de tirar o fôlego. São diversas cenas de perseguições de carros, todas muito bem filmadas, a câmera sempre bem posicionada. Não sei o que foi efeito pratico e o que foi cgi, mas digo que, pelo menos pra mim, os efeitos funcionaram muito bem.

George Miller é tão detalhista que uma das cenas de ação, que dura 15 minutos na tela, demorou 78 dias para ser filmada, envolvendo perto de 200 profissionais diariamente, com Miller apresentando storyboards sobre cada detalhe a ser filmado!

A fotografia é um espetáculo. Quase todo o filme se passa no deserto, e temos inúmeras cenas belíssimas, daquelas que dá pra tirar um frame e fazer um quadro. A cenografia e os figurinos também enchem os olhos. Mad Max sempre teve personagens exóticos e veículos exóticos. Aqui continua com a tradição – inclusive alguns dos veículos dá até pena de aparecerem tão pouco, como uma “Kombi com carreta” que só aparece por poucos segundos. E vemos cenários com riqueza de detalhes, tanto na Citadel quanto nos outros dois locais que não lembro se aparecem no filme de nove anos atrás, a Bullet Farm e o Gas Town (além de vermos algo do Verde Vale). Também gostei da trilha sonora que usa o didgeridoo, instrumento aborígene.

Uma coisa curiosa sobre o elenco. O filme é da Furiosa, a atriz principal é a Anya Taylor-Joy, mas ela só aparece em cena com 61 minutos de filme. A primeira hora de filme mostra Furiosa criança, interpretada por Alyla Browne, ótima atriz mirim que heu não conhecia (apesar de ver no imdb que ela estava em Era uma vez um Gênio, último filme dirigido por George Miller antes de Furiosa). Alyla Browne manda bem, Anya Taylor-Joy idem. Detalhe: Anya quase não fala no filme, segundo o imdb são apenas 30 linhas de diálogo.

O novo vilão é interpretado por Chris Hemsworth, com uma maquiagem que deixou ele mais parecido com o Charlie Hunnam do que com ele próprio. Conversei com alguns amigos que não gostaram dele, mas heu discordo, gostei de ter um vilão fanfarrão e caricato. Só achei que alguns elementos de cenografia deveriam ser pensados, porque é impossível não lembrar do Thor quando vemos Chris Hemsworth com uma capa, ao lado de um cara com chifres.

Cabe um mimimi? Charlize Theron tinha 40 anos quando Estrada da Fúria foi lançado; Anya Taylor-Joy tem 28 agora, no lançamento de Furiosa. Ok, é uma Furiosa mais nova, coerente ter uma atriz mais nova. Mas… O fim do filme conecta diretamente ao outro filme. É que nem Rogue One, que termina momentos antes de começar Guerra nas Estrelas. Furiosa termina momentos antes de começar Mad Max Estrada da Fúria. Precisava de uns anos pra personagem envelhecer…

Alguns dos atores do filme de nove anos atrás reaparecem aqui, então tem espaço pra outro mimimi. O filme se passa antes, os personagens estão mais novos. Nathan Jones, que faz Rictus Erectus, não parece mais novo… Mais uma curiosidade sobre o elenco: Angus Sampson, que está nos dois filmes como “Organic Mechanic”, tem um papel recorrente na franquia Sobrenatural.

São duas horas e vinte e oito minutos de filme, mas achei um ritmo ótimo, não cansou. Se tenho uma única crítica é que no finzinho tem uma cena entre a Furiosa e o Dementos que se estende demais. É um diálogo que achei desnecessário. Na minha humilde opinião, se tirasse aquele longo diálogo, seria melhor.

Claro, temos referências ao filme de 2015. Max aparece rapidinho,numa cena que se você piscar, perde – mas dá pra ver claramente que é ele. E durante os créditos vemos cenas do filme anterior.

Furiosa: Uma Saga Mad Max estreia esta semana nos cinemas, e é daqueles filmes que vale ser visto no cinema, com uma tela grande e um som alto.

Planeta dos Macacos: O Reinado

Crítica – Planeta dos Macacos: O Reinado

Sinopse (imdb): Muitos anos após o reinado de César, um jovem macaco embarca em uma jornada que o levará a questionar tudo o que lhe foi ensinado sobre o passado e a fazer escolhas que definirão o futuro de macacos e humanos.

E vamos para mais uma franquia que aparentemente não sabe a hora de parar. Bem, a boa notícia é que é uma franquia que consegue manter alguma qualidade.

Tivemos cinco filmes “clássicos”, entre 1968 e 1973. E teve a tentativa fracassada do Tim Burton em 2001. Em 2013, 14 e 17, tivemos a trilogia que era centrada no macaco Cesar, e agora começa uma nova história que se passa gerações depois de sua morte (segundo o imdb, são 300 anos depois). Conhecemos uma pequena comunidade que vive isolada dos humanos e de outros macacos, até que um novo vilão captura quase todo o clã. Noa, nosso novo protagonista, escapa, e com ajuda de um orangotango e uma humana inteligente, vai tentar libertar os seus.

O roteiro do filme dirigido por Wes Ball (que até hoje só tinha feito longas dentro da franquia Maze Runner) tem algumas escorregadas aqui e ali, tipo um macaco consegue cheirar de longe um cobertor que foi tocado por um humano, mas quando este mesmo humano está escondido na cabana do macaco, ele não sente o cheiro. Mas, de um modo geral, o roteiro flui bem na dinâmica entre os personagens, que precisam se unir por um objetivo em comum. Só achei que não precisava de quase duas horas e meia, o filme podia ser um pouco mais curto.

Um parágrafo à parte pra falar dos efeitos especiais. Sabe quando a gente vê um cgi e pensa “acho que esse cgi não sobrevive a alguns anos?” Aqui passa a impressão oposta. Os macacos são absolutamente perfeitos. Digo mais: tem uma sequência debaixo d’água, os macacos estão com os pelos molhados, e tudo parece muito real. A impressão que passa é que chegamos à perfeição.

Também gostei da ambientação, vemos florestas, praias e parte de cidades tomadas pela natureza, incluindo um grande navio encalhado e enferrujado. Aliás, as construções humanas cobertas de vegetação são bem legais, queria ver mais cenas neles, pena que são poucas.

Planeta dos Macacos: O Reinado traz algumas referências ao primeiro filme, de 1968, como a boneca que fala, ou a cena da praia, ou ainda citações na trilha sonora. Referências inteligentes, porque quem não viu o filme original não vai ficar perdido, mas quem viu vai abrir um sorriso.

Por outro lado, existe um problema comum no cinema pipoca de hoje em dia: a necessidade de continuações. Um exemplo é a cena do telescópio. Se o telescópio volta em uma segunda cena, é algo importante; mas como não mostram nada, é porque devem ter guardado para a provável continuação.

Agora temos que esperar a continuação. Rumores falam que será uma nova trilogia, que vai ligar ao filme de 1968 no fim. Aguardemos.

Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Crítica – Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes

Sinopse (imdb): Kora e os guerreiros sobreviventes se preparam para defender Veldt, seu novo lar, ao lado de seu povo contra o Realm. Os guerreiros enfrentam seus passados, revelando suas motivações antes que as forças do Realm ataquem.

Em 1991, Pauline Kael, crítica do The New York Times, ao se aposentar, declarou que estava aliviada de não precisar ver mais nenhum filme do Oliver Stone. Quando vi que a Netflix tinha lançado a segunda parte de Rebel Moon, lembrei da Pauline Kael. Porque se não fosse o heuvi, heu não veria o novo Zack Snyder.

Como falei no meu texto anterior Rebel Moon Parte 1 não é exatamente ruim, mas é fraco, parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Pelo menos é um filme bonito, mas só isso. Um fan filme vazio e bonito.

Mas, chega, né? Pra que fazer um segundo filme se você não tem história que justifique isso?

Parece que Zack Snyder não conhece esse conceito, e assim temos mais um Rebel Moon. E pior, ele quer mais, no fim do texto volto a esse assunto.

Rebel Moon Parte 2 se resume a duas partes. Primeiro “o vilãozão vai atacar, precisamos nos preparar”, depois tem o “ataque do vilãozão contra os fazendeiros ajudados pelos mercenários recrutados no primeiro filme”. Só. Não tem nada que mereça um destaque. Não tem uma trama cativante, nenhum personagem interessante ou carismático, nenhuma cena memorável, nada. Apenas um filme genérico. Tecnicamente bem feito, mas genérico.

E com MUITA câmera lenta, como era de se esperar. Tem tanta câmera lenta que banalizou o efeito. Se ele queria que a câmera lenta simbolizasse algo, esse símbolo se diluiu, porque todo o filme e em câmera lenta. Mas, vou repetir uma coisa que falei no outro texto: “Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.”

Agora, preciso criticar algumas coisas. Tem uma cena em particular que achei tão ruim que posso criticá-la em três camadas. É quando o Djimon Hounsou fala sobre seu passado e pede pra cada um fazer o mesmo. Em primeiro lugar, é uma cena ruim porque deveria estar no primeiro filme, que era o recrutamento da galera. Este segundo filme já era pra ser a ação, não precisa voltar para motivações. Mas, ok, seguimos, até o segundo problema: um personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí depois outro personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí um terceiro fala “o vilãozão malvadão…” CHEGA! Se as histórias são iguais, pra que repetir? Ou seja, é uma cena sem propósito e desnecessária. Mas, tem uma terceira camada: a cena podia ser sem propósito e desnecessária se fosse boa. Mas a cena é chaaaata. Nessa cena, juro, quase avancei o filme.

Heu ainda queria reclamar de duas coisas. Uma delas é que tem uma das cenas mais sem sentido que vi nos últimos tempos: a heroína organiza o plano, diz pra todos os fazendeiros enfrentarem o vilãozão, mas na hora de executar o plano ela desiste. Oi?!?!?!?

A outra é sobre o duelo de sabres de luz. Sim, tem sabres de luz aqui, falei que é um Star Wars genérico. Sr. Snyder, mocinhos não usam sabres vermelhos! Você errou na cor dos sabres!

Agora, se Rebel Moon Parte 2 fosse apenas uma cópia genérica e despretensiosa de Star Wars, heu até aceitava. Mas não, tem algo bem pior: é um projeto pretensioso. Primeiro, Zack Snyder disse que quer fazer mais vários filmes neste universo – tem um gancho pra Parte 3, apesar de NINGUÉM querer mais um filme. E ainda tem outro problema, tão grave quanto o anterior: Snyder disse que essas versões não são boas, porque ele vai lançar versões estendidas. Cara, na boa, ninguém quer ver um terceiro filme, e ninguém quer ver uma versão estendida!

Espero, sinceramente, que não tenha um terceiro filme. Pelo menos enquanto heu ainda escrever aqui no heuvi.

O Problema dos 3 Corpos

3 Problemas em O Problema dos 3 Corpos

Sinopse (imdb): Uma fatídica decisão tomada na China dos anos 60 ecoa através do espaço e do tempo até um grupo de cientistas no presente, forçando-os a enfrentar a maior ameaça à humanidade.

Tá todo mundo falando dessa nova série da Netflix. Heu ia retomar Magnatas do Crime, mas resolvi antes encarar O Problema dos 3 Corpos, nova série criada por David Benioff e D.B. Weiss, criadores de um tal Game Of Thrones. Coincidência ou não, outra série que começou bem, mas não segurou a qualidade até o fim.

O Problema dos 3 Corpos é a adaptação do livro homônimo escrito por Liu Cixin, que já tinha ganhado uma adaptação de 30 episódios pela TV chinesa. Não li o livro, não vi a série chinesa, meus comentários serão apenas sobre a série da Netflix.

É complicado falar dos problemas de O Problema dos 3 Corpos sem entrar em spoilers, então vou dividir o texto em duas partes. Primeiro falo da série de um modo geral, depois entro em detalhes, com spoilers.

A série começa muito bem. Em uma linha temporal acompanhamos uma história que se passa na China dos anos 60, enquanto em outra linha vemos um grupo de jovens cientistas lidando com mistérios que estão acontecendo no mundo. Não sabemos se estamos em uma realidade paralela, se existe algo sobrenatural, ou alguma outra coisa, mas definitivamente “algo errado não está certo”.

Ao mesmo tempo somos apresentados a uma espécie de videogame de realidade virtual onde o jogador precisa salvar uma população de um planeta que orbita três sóis, e por isso tem uma órbita caótica. E tudo flui bem até a sequência no Canal do Panamá, uma sequência muito boa, voltarei a ela na parte com spoilers.

O problema é que isso acontece no quinto episódio, e a série tem oito episódios. A partir daí, são dois problemas. Um deles é que focam tempo demais num plot chato sobre a doença de um dos personagens, e é um plot arrastaaado… Ok, a gente já entendeu, podemos seguir com a história? Parece que não, porque continua arrastaaado… E pra piorar, na parte final inventam um plano que não faz o menor sentido em várias camadas diferentes.

Na minha humilde opinião, a série podia seguir caminhos muito mais interessantes do que os escolhidos. Por exemplo: o roteiro mostra um grupo que é uma mistura de seita religiosa fanática com adoradores de alienígenas, mas esse plot, que poderia render muita coisa, é apenas pincelado. Pensa só: se acontece algo misterioso que todo o planeta vê, muita gente ia mudar de comportamento na mesma hora!

Vamos à parte com spoilers?

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Antes de entrar nos problemas, preciso fazer um elogio à cena do Canal do Panamá. Eles usam fios super fortes criados por uma nanofibra, e fatiam o navio, e tudo o que está dentro dele. A cena é sensacional, se você não quiser ver a série, vale catar essa sequência!

Vamulá. Tem uma coisa que me incomodou, mas não sou cientista, talvez tenha lógica, peço desculpas se o que vou falar é bobagem. Mas, o planeta dos aliens está orbitando em volta de três sóis, e por isso, acontece de vez em quando da população ser dizimada. E em um determinado momento da série os aliens falam que o desenvolvimento deles é mais evoluído que o nosso, mas esse desenvolvimento é mais lento, e que em 400 anos a tecnologia humana seria mais evoluída que a deles. Péra, como um planeta onde a população é dizimada de tempos em tempos consegue se evoluir tanto assim? Uma coisa que eles não têm é tempo!

Mas, não sou cientista. Talvez isso seja possível. Mesmo assim, achei que faltou uma linha de diálogo comentando isso.

Outra coisa estranha, mas não necessariamente uma falha, é a personagem Tatiana. A princípio é uma humana normal, mas ela parece que tem o super poder de se materializar onde ela quer. Pode ter explicação dentro do plano dos aliens? Pode. Faltou o roteiro desenvolver essa explicação.

Mais uma: depois do Canal do Panamá, aparece algo que cobre todo o planeta, o “olho do céu”. E no episódio seguinte, parece que isso nem aconteceu. Na boa, a sociedade ia mudar de vez depois daquilo. Várias pessoas iriam se dividir em grupos, ia ter a galera contra os aliens, a galera a favor dos aliens, a galera que ia dizer “tanto faz, já estarei morto quando chegarem”. O ponto é: o mundo não seria o mesmo.

Vamos aos problemas?

  • A sequência do Canal do Panamá é sensacional, mas tem uma falha grave. Eles falam que precisam abordar o navio de forma rápida, para não dar tempo de apagarem o HD. Mas, se o navio está sendo fatiado, como garantir que o HD não será fatiado também?
  • O alienígena que conversa com o líder da “seita” descobre que humanos mentem e, na mesma hora, cancela todo e qualquer contato. Vem cá, esse alien está em contato há anos, talvez décadas. Só agora descobriu que humanos mentem? Sério que essa é uma espécie mais inteligente? Vou além: o que aquela IA dentro do jogo faz, quando está testando as pessoas, não é uma espécie de mentira?
  • O plano final não faz o menor sentido. Eles vão mandar um cérebro, congelado, que vai se encontrar com o comboio dos alienígenas daqui a 198 anos (ou 398, não lembro). 1- Como o cérebro vai saber o momento de se descongelar? 2- Mesmo que se descongele, como o cérebro vai interagir com os aliens? 3- Se conseguir interagir, como vai mandar informações de volta pra Terra?

FIM DOS SPOILERS!

A série, claro, não tem fim. Gancho pra próxima continuação. Que espero que seja mais parecida com a primeira metade do que com a parte final.