Matrix: Ressurrections

Crítica – Matrix: Ressurrections

Sinopse (imdb): Regresse a um mundo de duas realidades: uma, a vida quotidiana; a outra, o que fica para trás. Para descobrir se a sua realidade é uma construção, para se conhecer a si próprio, o Sr. Anderson terá que seguir o coelho branco.

Alguns amigos estavam com expectativa alta para este novo Matrix, mas preciso dizer que minha expectativa era zero. O primeiro é realmente muito muito bom, mas suas continuações são bem fracas.

A gente tem que reconhecer que o Matrix de 1999 é um marco na história do cinema. O filme levantava questões filosóficas ao mesmo tempo que explodia cabeças com efeitos especiais nunca vistos anteriormente. Mas, as Wachowski parecem ser diretoras de um filme só, seu currículo é repleto de filmes ruins (além dos Matrix 2 e 3, elas fizeram Ligadas Pelo Desejo, Speed Racer, Destino de Júpiter e Cloud Atlas – ou seja, nenhum filme relevante).

Com expectativa lá embaixo, fui ao cinema ver o novo, Matrix Ressurrections, agora dirigido só por Lana Wachowski (primeiro longa sem a irmã Lilly Wachowski). E, olha, gostei da primeira parte do filme!

O filme começa numa boa sacada de metalinguagem. Os anos se passaram, e a gente vê um Thomas Anderson que criou uma trilogia de videogames Matrix e ganhou vários prêmios em 1999, e hoje vive com a sombra do passado brilhante enquanto vive um presente medíocre, ao mesmo tempo que sofre pressão para voltar à franquia e criar o Matrix 4. Não li sobre bastidores da produção, mas provavelmente deve ser um reflexo do que a diretora Lana Wachowski vive hoje.

Enquanto o filme está nessa onda de metalinguagem, rolam várias sacadas muito boas. Tem uma sequência excelente alternando reuniões de brainstorm e um Thomas Anderson desnorteado, tudo isso ao som de White Rabbit do Jefferson Airplane.
Mas aí Thomas Anderson resolve tomar a pílula vermelha e o filme resolve voltar a ser igual ao Matrix de 99…

(Sei não, mas nos últimos 20 anos o significado de “pílula azul” mudou, mas deixa pra lá).

Não sei se é correto dizer que a segunda parte de Matrix Ressurrections é ruim. Mas é uma cópia barata do primeiro Matrix – assim como os outros dois, Matrix Reloaded e Matrix Revolutions.

E aí a gente lembra que o primeiro filme foi 22 anos atrás, e que muita coisa tecnológica evoluiu de lá pra cá. Se Matrix falava de máquinas controlando homens, o novo filme poderia atualizar esse tema entrando nas Inteligências Artificiais que tanto se intrometem na nossa vida atual. Que nada, o filme nem entra nesse assunto.

E a gente fica se perguntando pra que ver mais um filme da franquia, se não traz nada de novo. E ainda tem uma parte no fim onde tem um plano tão enrolado e tão explicado que me senti num filme do Christopher Nolan.

Pelo menos o filme é tecnicamente bem feito. A parte técnica dos filmes das Wachovski sempre foi muito bem cuidada, e, se aqui o filme não traz nada de novo como o efeito bullet time de 1999, pelo menos os efeitos são bons (teve um detalhe que aparece no início que achei bem legal, mas não voltaram a isso, que são portais que não estão no mesmo eixo). Agora, teve uma cena que me pareceu fora do “estilo Matrix”. A cena do trem é confusa e as lutas são mal coreografadas. Achei uma cena fora da curva – no mau sentido.

Outra coisa me incomodou: o Keanu Reeves com visual de John Wick. Sei que às vezes um ator precisa manter um visual por um personagem, mas não acredito que uma super produção como Matrix tenha problemas em pedir para um ator mudar o visual. Ficou muito estranho.

Reeves está ok, ele não é um grande ator, mas sempre funciona. Gostei da volta da Carrie-Anne Moss, ela está muito bem. Por outro lado, não gostei da substituição do ator do Morpheus, Laurence Fishburne não voltou, sei lá por qual motivo, e ele foi substituído por Yahya Abdul-Mateen II. Até aí, ok, atores são substituídos desde sempre na história do cinema. O problema é que o tempo todo aparecem imagens do Morpheus do Laurence Fishburne – tem até uma estátua dele! Se é pra trocar o ator, que se troque de uma vez, ficar mostrando os dois foi esquisito. Também voltam ao elenco Jada Pinkett Smith, e Lambert Wilson aparece numa divertida participação pequena. De novidade, temos Neil Patrick Harris, Jonathan Groff, Jessica Henwick e Priyanka Chopra Jonas, e uma rápida aparição da Christina Ricci.

No fim, fica sensação de oportunidade perdida. Pena. Fiquem com o primeiro.

Finch

Crítica – Finch

Sinopse (imdb): Finch, o único sobrevivente do apocalipse em St. Louis, constrói um robô para seu cão. Eles viajam para o oeste para escapar do tempo severo. O robô aprende com Finch.

Quando a gente lê sobre este Finch, a gente logo lembra de um dos papéis mais famosos do Tom Hanks, o náufrago que passa quase o filme inteiro sozinho. Só que Finch lembra mais filmes como Moon ou Ex Machina, onde há uma grande interação com um robô / inteligência artificial.

Digo isso porque o robô Jeff é uma das melhores coisas do filme dirigido por Miguel Sapochnik (Repo Men). Tanto pela parte técnica quanto pelo personagem em si. Não vi nenhum making of, não sei o que é animatronic e o que é cgi (desconfio que devia ter um boneco no set para interagir com o ator, e que toda a movimentação seja cgi). Mas, não importa. O que interessa é o resultado que ficou perfeito.

E não é só a parte técnica. Ingênuo, curioso e colaborativo, o robô tem mais carisma que muito ator de pele e osso. Em sua jornada para entender como um humano pensa, ele conquista o espectador.

Agora, o roteiro é fraco. A jornada de Finch, seu cachorro e seu robô é muito simplificada. A gente não tem nenhum aprofundamento sobre o que aconteceu com o mundo, ou sobre outras pessoas neste mundo pós apocalíptico. Determinado momento do filme, parece que a trama vai seguir esse caminho do confronto com outros sobreviventes, mas logo abandonam esse plot. Aliás, toda essa sequência ficou jogada de qualquer maneira, se tirassem esse trecho, não mudava nada no filme.

Vale pelo robô. Mas tem coisa melhor por aí.

Oats Studios

Crítica – Oats Studios

Wikipedia: Oats Studios é um estúdio de cinema independente fundado em 2017 pelo cineasta sul-africano indicado ao Oscar Neill Blomkamp. O estúdio foi criado com o objetivo de distribuir curtas experimentais via YouTube e Steam, a fim de avaliar o interesse da comunidade e feedback sobre quais deles são viáveis para expansão em longas-metragens. Os atores apresentados nos filmes incluem Sigourney Weaver, Carly Pope, Sharlto Copley, Kellan Lutz e Dakota Fanning.

Quando fiz o texto sobre Demonic, pesquisei a página do imdb do Neill Blomkamp e vi que tinham vários curtas feitos nos últimos anos. Foi uma agradável surpresa ver que os curtas estão disponíveis na Netflix, como se fosse uma temporada de série, este Oats Studios.

São dez curtas, entre 4 e 26 minutos de duração. Nove foram dirigidos por Neill Blomkamp: Rakka, Base, Cozinhando com Bill, Deus: Serengeti / Chicago, Zigoto, Adam ep 2, Adam ep 3, Gdansk e Kapture: Gafanhotos. Presidente Ruim é o único que não sei se é dirigido por ele – no imdb não tem créditos de diretor!

De um modo geral, achei que todos têm um ponto positivo e um ponto negativo. O positivo é que o visual, a ambientação e os efeitos especiais são excelentes. Por outro lado, o ponto negativo é que quase todos parecem boas ideias, mas sem nenhum desenvolvimento. É uma introdução, quando parece que a história vai começar, o filme acaba. É meio frustrante, queria ver mais de algumas das histórias.

Na minha humilde opinião, três dos curtas não têm muito a ver com os outros, Deus: Serengeti / Chicago, Cozinhando com Bill e Presidente Ruim – aliás este Presidente Ruim é muito bom, principalmente nos dias de hoje. Curiosamente, os dois últimos têm o mesmo elenco, Alec Gillis e Carly Pope. Esses três fogem um pouco da proposta de futuros distópicos e invasões alienígenas que os outros trazem.

Um breve comentário sobre cada um:

Rakka – A Terra foi invadida e os alienígenas estão transformando o planeta e exterminando humanos. Um grupo de resistência se prepara para reagir.
Base – Vietnã, 1970, a CIA investiga o deus do rio e os eventos sobrenaturais que ele evoca.
Cozinhando com Bill – São 4 historinhas satirizando programas de culinária, mas com receitas e equipamentos bizarros. Engraçado, mas bobinho, e não tem muito a ver com os outros.
Deus: Serengeti / Chicago – Dois curtas onde Deus controla as pessoas em uma maquete. Esse é bem sem graça.
Zigoto – Duas pessoas estão em uma base isolada, com quase tudo destruído em volta, e estão fugindo de um ser assustador.
Adam ep 2 – Animação com robôs. História besta, animação excelente.
Adam ep 3 – Uma mulher procura abrigo num mundo pós apocalíptico
Gdansk – Animação curtinha que mistura idade média com ficção científica.
Kapture: Gafanhotos – Duas animações curtinhas com experiências bélicas.
Presidente Ruim – Um presidente americano caricato, vai agradar muita gente, só achei que não tem a ver com os outros curtas.

Alguns curtas são de alguns anos atrás, lembro de ter visto Zigoto no youtube em 2017.

Não é nenhuma novidade, mas é legal ter isso organizado pela Netflix. E foi legal ter visto algo do Neill Blomkamp depois da catástrofe que foi. Demonic.

Duna (2021)

Crítica – Duna Parte 1 (2021)

Sinopse (imdb): Adaptação do romance de ficção científica de Frank Herbert, sobre o filho de uma família nobre encarregada de proteger o bem mais valioso e o elemento mais vital da galáxia.

É curioso ver um novo filme logo depois de ver uma versão anterior. Na verdade, este filme não tem nada a ver com aquele, mas como os dois são baseados no mesmo livro, várias cenas são bem parecidas. Aliás, diria que quem está com a outra versão fresca na cabeça vai saber mais ou menos dois terços do que acontece aqui.

Mas, em defesa da nova versão, aqui tudo é mais bem feito. Este novo Duna acerta em quase tudo o que o outro errou.

Mas, começarei o meu comentário com uma crítica. Logo no início, vemos o título “Duna Parte 1”. Ou seja, já começamos sabendo que é um filme sem fim.

Claro que O Senhor dos Anéis vem à lembrança. São dois clássicos da literatura fantástica (um de fantasia, outro de ficção científica), duas obras com fama de serem difíceis de adaptar, e duas obras que já tiveram uma adaptação cinematográfica que não deu muito certo (o sucesso do Senhor dos Anéis do Peter Jackson foi tanto que muita gente esqueceu da versão em animação feita por Ralph Bakshi em 1978). A diferença é que Peter Jackson bateu o pé para que se filmassem logo os três filmes da trilogia Senhor dos Anéis – coisa que o estúdio não queria (porque se o primeiro flopasse, o que fazer com as continuações?). Duna só tem a primeira parte filmada; a continuação ainda não foi confirmada pelo estúdio…

Enfim, a gente tem que trabalhar com o que tem nas mãos. Não sabemos se o filme terá fim, mas, pelo menos esta metade que está pronta trouxe um resultado muito positivo.

Dirigido por Denis Villeneuve (Blade Runner 2049 e A Chegada), Duna é um filmão. A fotografia é um espetáculo. Tudo é grandioso, os cenários (digitais ou não, não sei) são gigantescos, os diferentes planetas são mostrados em planos abertos, tem um monte de  personagens com armaduras e trajes diferentes (quem coleciona action figures vai ter um prejuízo com esse filme). Tudo passa a sensação de que estamos diante de um “filme evento”.

(De vez em quando falam coisas como “o streaming vai matar o cinema”. Olha, a não ser que você seja muito rico e tenha uma sala de cinema especialmente construída na sua casa, não tem como barrar a experiência de ver um filme desses numa sala de cinema, com uma tela grande e um som equilibrado em volta. Duna é filme pra se ver no cinema!)

Não curti muito a trilha sonora do Hans Zimmer. Reconheço que é uma trilha épica, coerente com a proposta do filme. Mas achei a pegada muito parecida com o tema da Mulher Maravilha no Snydercut – composta pelo mesmo Hans Zimmer.

O elenco é cheio de estrelas. Assim como na versão de 84, este formato não cabe grandes atuações, mas podemos dizer que Timothée Chalamet é perfeito para o papel – ele tem cara de novo e seu tipo físico aparenta fragilidade, mesmo assim tem agilidade para as cenas de ação, e, principalmente, tem carisma para carregar o protagonismo de um filme desse porte. Se tiver que escolher um destaque para o resto do elenco, fico com Jason Momoa, seu personagem aqui tem muito mais relevância que no filme de 84. Também no elenco, Rebecca Ferguson, Zendaya, Oscar Isaac, Stellan Skarsgård, Josh Brolin, Javier Bardem, Dave Bautista, Charlotte Rampling e David Dastmalchian. A Zendaya tem muito pouco tempo de tela, mas sua personagem deve ter destaque no próximo filme.

Teve um detalhe que achei bem legal, um cuidado com as legendas. Não li o livro, mas sei que existem termos criados pelo autor, e que estão num glossário dentro do livro. O tradutor teve o cuidado de procurar palavras como trajestilador, dagacris e ornitoptero e incluir nas legendas.

Nem todo mundo vai curtir. É um filme longo – pouco mais de duas horas e meia – e lento. Várias cenas contemplativas. E, pela divulgação, sei que tem gente que vai ao cinema atrás de um novo Star Wars. Esses vão sair do cinema decepcionados. Cometi o mesmo erro quando adolescente, quando fui ver Blade Runner querendo ver uma aventura espacial e me decepcionei com o que vi (anos depois revi e virei fã de Blade Runner).

Agora é torcer pro estúdio bancar a segunda parte!

Duna (1984)

Crítica – Duna 1984

Sinopse (imdb): O filho de um duque lidera aos guerreiros contra o imperador galáctico e liberar seu mundo do seu reinado.

Esta semana estreia a esperada nova versão de Duna. Aproveitei pra rever a versão de 1984, dirigida por David Lynch.

O livro Duna, escrito por Frank Herbert, foi publicado originalmente em 1965, e, segundo a wikipedia, “é continuadamente apontada como uma das mais renomadas obras de ficção e fantasia já lançadas, e um dos pilares da ficção científica moderna”. O próprio Frank Herbert escreveu cinco continuações, e seu filho continuou o legado, lançando mais livros.

Mas, e no cinema?

No início dos anos 70, o diretor Alejandro Jodorowsky tentou adaptar, mas a produção teve diversos problemas e o filme nunca foi terminado – este é um daqueles filmes que a gente gostaria de ver um dia, mas infelizmente nunca vai conseguir, tipo o Superman do Tim Burton, ou a versão de Han Solo dirigida por Phil Lord e Chris Miller, ou a Liga da Justiça do George Miller, ou o Alien do Neil Bloomkamp, ou ainda o Watchmen do Terry Gilliam com Robin Williams. O projeto de Jodorowsky era megalomaníaco, contava com Moebius e HR Giger na concepção visual, Salvador Dali e Orson Welles no elenco, e trilha sonora do Pink Floyd. Seria um filme de mais de 12 horas, com um orçamento três vezes maior do que a média da época. Existe até um documentário sobre este Duna do Jodorowsky, lançado em 2013. Olha, já vi filmes do Jodorowsky, se heu fosse produtor, não sei se confiaria um projeto deste tamanho nas mãos dele…

No início dos anos 80, uma nova tentativa estava sendo feita. Ridley Scott seria o diretor, mas se afastou por problemas familiares – seu irmão morreu, e ele queria começar a trabalhar logo, e a produção de Duna ainda ia demorar; Scott acabou assumindo Blade Runner, que estava prestes a ser filmado.

O produtor Dino de Laurentiis (Flash Gordon, King Kong, Conan) resolveu então chamar um jovem promissor, um tal de David Lynch, que tinha chamado a atenção com seus dois primeiros filmes, Ereaserhead (77) e O Homem Elefante (80). Inclusive, Lynch foi sondado para dirigir O Retorno do Jedi, mas recusou o convite dizendo a George Lucas “é a sua obra, não é a minha obra”.

Lynch assumiu, mas o resultado final foi mais um daqueles diversos exemplos de briga entre produtor e diretor… Mais tarde volto a esse ponto. Primeiro vamos ao que funciona.

A produção é grandiosa. Mesmo revisto hoje, 37 anos depois, os cenários e figurinos ainda chamam a atenção. A maquiagem também é muito boa. Carlo Rambaldi, que já tinha dois Oscars, por ET e Alien, foi chamado pra fazer as criaturas.

Por outro lado, os efeitos especiais perderam a validade. Ok, a gente tem que entender que muito tempo se passou, e os efeitos evoluíram muito. Mas, O Retorno de Jedi foi lançado um ano antes, e não me parece tão tosco.

Em Flash Gordon, o Queen foi chamado para fazer a trilha sonora e a combinação deu certo. Tentaram repetir a fórmula e aqui chamaram o Toto pra fazer a trilha. Mas, diferente de Flash Gordon, a trilha aqui é esquecível.

Ah, revisto hoje em dia, muita coisa ainda funciona. Mas a batalha final não. Tanto na parte dos efeitos especiais quanto na parte de roteiro. É uma batalha bem mal feita.

O elenco tem vários grandes nomes, mas é daquele formato de filme onde não tem nenhuma grande atuação O elenco conta com Virginia Madsen, Sean Young, Patrick Stewart, Sting, Max Von Sydow, Dean Stockwell, Brad Dourif, Linda Hunt, Silvana Mangano, Jurgen Prochnow, Everett McGill, Kenneth McMillan, José Ferrer, Alicia Witt, e, claro, o protagonista Kyle MacLachlan, em sua estreia no cinema. Depois MacLachlan faria Veludo Azul e Twin Peaks com David Lynch.

Como falei lá em cima, houve atritos entre diretor e produção (Dino de Laurentiis e sua filha Raffaella de Laurentiis). Lynch queria um filme maior, mas a produção queria o formato comercial de duas horas. Muita coisa foi cortada, e Lynch se desligou completamente da produção – até hoje, ele considera o único fracasso de sua carreira. O rompimento foi tal que, quando foi lançada uma versão estendida em dvd, não foi assinada por Lynch (a direção da versão estendida é de “Alan Smithee”, que é um nome fictício que usam quando um diretor se desliga de um filme e não colocam outro no lugar).

Resultado: o filme é confuso, e chato. Não sei se foi por causa dos cortes, mas o filme é repleto de narrações em off, quase todas desnecessárias. O resultado da bilheteria não foi o esperado, e as ideias de continuação foram engavetadas.

Agora vamos ver o resultado do novo Duna, do Villeneuve…

Star Wars Visions

Crítica – Star Wars Visions

Sinopse (imdb): Uma série de curtas animados dentro do universo Star Wars que verá os melhores animadores de anime do mundo darem vida a esta amada franquia.

Star Wars Visions são animes de Star Wars. 9 historinhas, entre 14 e 21 minutos, feitas por estúdios diferentes, independentes entre si, todas dentro do universo de Guerra nas Estrelas.

Admito que não sou fã de animes. Nada contra, mas o formato nunca me seduziu, vi muitos poucos animes na minha vida. Lembro de ter visto A Viagem de Chihiro no cinema, gostei, e pensei “vou catar mais filmes do studio Ghibli”, mas até hoje ainda não vi nenhum outro.

E por que curti a ideia deste Visions? É porque me lembrou do universo expandido, que existia antes da Disney comprar a Lucasfilm.

Nos anos 90 existia muito pouco material de Guerra nas Estrelas. Mas, quem era fã, procurava o universo expandido, que tinham livros, HQs e videogames contando histórias dentro do mesmo universo. Às vezes usando os mesmos personagens, outras vezes não. Acho que o exemplo mais famoso desse universo são os livros Herdeiros do Império, que contam o que teria acontecido depois de O Retorno de Jedi – livros excelentes, são tão marcantes que alguns elementos criados no livro entraram na saga oficial, como o planeta Coruscant.

Mas quando a Disney chegou, disse “não existe mais Universo Expandido, pode jogar tudo fora”. Até entendo o ponto de vista comercial disso, mas é uma pena porque muita coisa bacana foi deixada de lado.

Enfim, uma coisa legal que tinha no Universo Expandido era trazer novas histórias e novos personagens dentro do universo de Guerra nas Estrelas. Mais ou menos que nem Mandalorian e Rogue One, que são histórias que não são focadas na família Skywalker. Isso acontece aqui em Visions – acho que o único personagem dos filmes é o Jabba, que aparece no episódio Balada de Tatooine. O resto é tudo novidade.

Mas, novidades dentro do universo que a gente conhece e gosta tanto. Tipo,o já citado Balada de Tatooine, que traz uma banda que se apresenta antes de uma corrida de pod racers, aquela que o Anakin correu no Ep 1. Ou o A Noiva Aldeã, onde alguns personagens se conectam com a natureza de uma maneira que me lembrou o Chirrut, de Rogue One, que ficava falando “I’m one with the Force and the Force is with me”.

Alguns episódios trazem algumas ideias realmente novas, como TO-B1, que traz um robô jedi; ou O Nono Jedi, que tem sabres de luz que mudam suas características de acordo com quem os empunha. Talvez algum fã chato se incomode com essas inovações, mas heu achei muito legais – e de quebra esses dois episódios estão entre os meus favoritos.

(Os meus favoritos são TO-B1, O Nono Jedi e O Duelo, que quebra o clássico maniqueísmo entre o bem e o mal que permeia toda a saga Guerra nas Estrelas, quando traz um cara que não é nem Jedi nem Sith.)

Tenho minhas dúvidas se Visions pode ser visto por um “leigo”. Um exemplo simples: alguns episódios citam cristais kyber, que são usados para construir sabres de luz (não me lembro se algum filme chegou a falar desses cristais). Agora, quem é fã provavelmente vai curtir e muito.

Caminhos da Memória

Crítica – Caminhos da Memória

Sinopse (imdb): Um cientista descobre uma maneira de reviver seu passado e usa a tecnologia para procurar seu amor perdido há muito tempo.

Escrito e dirigido por Lisa Joy, que é uma das criadoras da série Westworld, mas ainda não tinha dirigido nenhum longa até então, Caminhos da Memória (Reminiscence, no original) é uma mistura de ficção científica distópica com filme noir. Caminhos da Memória traz elementos do filme noir, como narrações em off, um protagonista mal humorado e uma femme fatale misteriosa, mas o que mais me chamou a atenção aqui foi a ambientação num mundo onde as águas estão subindo.

O filme não entra em detalhes (e nem precisa), mas a gente entende que algo aconteceu e o planeta está mais quente. As pessoas trocaram o dia pela noite, porque os dias são quentes demais; e o filme se passa em uma Miami parcialmente tomada pelo mar. Alguns prédios estão “dentro” do mar, e parte da cidade tem barreiras segurando a água. Também sabemos que aconteceu uma guerra, mas não sabemos muito sobre isso, se tem a ver com o problema climático ou não.

O filme explora pouco essa ambientação do mar invadindo, o que achei uma pena, porque isso pareceu muito mais interessante do que a história do filme em si. Fiquei imaginando o Rio de Janeiro com o mar subindo. O bairro onde moro ia ficar quase todo com água alcançando os prédios.

(Aliás, não entendo de geografia da Florida, mas será que não seria melhor a população se mudar para regiões mais altas? Aqui no Rio isso ia ser fácil, a serra não é longe.)

Enfim, temos uma boa ambientação, mas isso pouco importa para a trama, que foca mais no clichê do cara obcecado pela mulher misteriosa…

Nada contra a trama seguir por este caminho, mas, aqui, tivemos um problema: o filme ficou chato. Tão chato que a gente pára de se importar com os personagens. No meio do filme me peguei brincando de “Seis Passos para Kevin Bacon” – lembrei que Bacon foi vilão em um X-Men, mas não me lembrava se o Hugh Jackman estava neste X-Men. Aí lembrei que Thandiwe Newton e Rebecca Ferguson estiveram em filmes da série Missão Impossível, ambas trabalharam com Tom Cruise – que fez Questão de Honra com Kevin Bacon. E acabou a minha diversão enquanto esperava o filme passar… 😛

(Heu fiz um curta com o Fernando Caruso, que fez o filme do Pelé com o Diego Boneta, que fez Rock Of Ages com Tom Cruise, que fez Questão de Honra com Kevin Bacon. Estou a 4 passos do Kevin Bacon!)

O elenco está ok. Hugh Jackman está competente como sempre. Thandiwe Newton (que mudou a grafia do nome a partir deste filme) também está bem, mas teve uma cena em particular que achei sua personagem exagerada. Rebecca Ferguson, que foi dublada em O Rei do Show, aqui finalmente mostra sua voz cantando. (Teve uma cena que achei que ela estava igual à Jessica Rabbit, será que foi proposital?) Também no elenco, Cliff Curtis, Marina de Tavira, Daniel Wu e Angela Sarafyan.

No fim, fica aquela sensação de belo visual, mas num filme vazio. Não quero ver uma continuação, mas veria um prequel mostrando como o mundo chegou naquele estado.

Top 5 Plágios de Guerra nas Estrelas

Top 5 Plágios de Guerra nas Estrelas

Guerra nas Estrelas – ou Star Wars, como é mais conhecido hoje em dia (sim, sou velho) foi um grande sucesso desde o seu lançamento, lá em 1977 (aqui no Brasil foi em 1978). E o que acontece quando algo faz muito sucesso? Aparecem cópias.

Às vezes Hollywood tem “filmes gêmeos”, mas aí não é exatamente uma cópia de um filme que fez sucesso. Um grande estúdio anuncia um filme sobre um tema, aí outro estúdio desenvolve outro filme no mesmo tema, e um acaba surfando no sucesso do outro. Filmes como Armagedom e Impacto Profundo, ambos lançados em 1998, que são filmes catástrofe com um asteroide ou cometa que vai se chocar com o planeta. Ou Inferno de Dante e Volcano, ambos de 1997, ambos filmes catástrofe com vulcões. Ou ainda Robin Hood Príncipe dos Ladrões e Robin Hood Herói dos Ladrões, ambos de 1991 – e ainda teve o Robin Hood do Mel Brooks em 1993!

Mas, o vídeo de hoje não é sobre esses filmes. Esses não são plágios. Mas, se o assunto te interessa, aqui tem um Podcrastinadores sobre esse tema.

O vídeo de hoje é sobre cópias. Muitas delas, plágios na maior cara de pau. Acho que todos os brasileiros se lembram daqueles DVDs lançados nas Lojas Americanas – a Pixar lançou Carros, apareceu o DVD Carrinhos; a Pixar lançou Ratatouile, apareceu o DVD Ratatoing. Outro bom exemplo é a produtora Asylum, que produz títulos como Transmorfers ou The Terminators. Quando anunciam um novo filme, a Asylum pega o título e a sinopse, e faz um filme rapidinho pra lançar no mercado antes do lançamento do oficial. É assim que eles conseguem escapar de processos – como o filme deles é feito antes, não é uma cópia do filme em si, e sim em cima da ideia.

Ainda preciso citar outro exemplo, que é a paródia, filmes como Top Gang, Máquina Quase Mortífera e Todo Mundo em Pânico. Preciso citar paródias porque provavelmente muita gente vai pensar em Spaceballs, do Mel Brooks. Não dá pra chamar de plágio, porque, propositalmente, Spaceballs usa elementos de Guerra nas Estrelas pra fazer piadas. Tipo ter um capacete parecido com o Darth Vader, e a gente ouve a respiração, e quando abre o capacete, é o Rick Moranis, de óculos e com dificuldade de respirar. Genial!

Vamos aos plágios? Desta vez não tem exatamente uma ordem. É complicado pensar numa ordem, seria de pior pra melhor? De mais tosco pra menos tosco? De mais plágio pra menos plágio? Vamos sem ordem mesmo.

Message From Space (1978)

George Lucas se inspirou em elementos da cultura japonesa para o seu filme. Message From Space pode ser uma espécie de revanche. Até então o filme mais caro produzido pela Toei (entre 5 e 6 milhões de dólares), Message From Space traz um planeta escravizado por um tirano espacial, e sua população pede ajuda para um time intergalático.
Message From Space tem uma trama diferente da trama de Guerra nas Estrelas, mas são vários elementos visuais que lembram. Tem uma princesa, um robô, um vilão imponente, um exército do mal, naves em trincheiras…

Mercenários das Galáxias / Battle Beyound the Stars (1980)

Se George Lucas se inspirou em A Fortaleza Escondida, de Akira Kurosawa, Roger Corman fez uma aventura espacial baseada em outro clássico do Kurosawa, Os Sete Samurais. O filme conta a história de um jovem fazendeiro que precisa de ajuda pra impedir que um ditador destrua o seu planeta. Apesar de plágio descarado, Mercenários das Galáxias não é um filme ruim. E tecnicamente, tem dois nomes que se tornariam muito mais importantes no futuro: James Cameron nos efeitos especiais e James Horner na trilha sonora.

Star Crash (1978)

Se é uma lista de plágios, não podemos deixar de ter um italiano!
Não sei como funcionam as leis de direitos autorais na Itália. Mas lembro que quando comecei a procurar cds piratas de artistas que gosto, quase todos eram italianos.
Antes de seguir, um parênteses pra explicar a diferença entre compartilhamento de arquivos e bootlegs. Hoje em dia a pirataria na internet consiste basicamente em você compartilhar um arquivo sem pagar pelos direitos. Existe aos montes, com filmes e com músicas. Mas trata-se de cópia de material oficial. Bootlegs não eram oficiais. Eram gravações de shows, muitas sem qualidade, e quase sempre sem o artista saber da existência.
Ambos são pirataria, ambos são ilegais. Mas são coisas diferentes.
Aproveito pra contar uma história pessoal. Uma vez encontrei pra vender uns cds piratas dos Mutantes. Sou muito fã de Mutantes, claro que comprei. Supostamente, era uma gravação bootleg do último show deles, em 1978.
Anos depois, fiz um trabalho de transcrição de partituras para songbook com o Luciano Alves, que era o tecladista dos Mutantes nessa época. Pensei “será que ele ia gostar de saber que tenho um cd pirata com ele tocando?” Resolvi contar pra ele, e ele ficou feliz, porque já tinha ouvido falar da existência dessa gravação, mas não sabia se era real ou não. Ele me pediu uma cópia, e disse que ia repassar pro Rui Motta, que era o baterista nessa ocasião.
Fiz a “volta completa” no bootleg: adquiri um cd pirata, e depois copiei pro próprio artista que foi pirateado!
Voltando ao cinema… Claro, o cinema italiano tem vários casos de cópias de filmes hollywodianos – tanto que criaram o termo “western spaghetti” pra falar de faroestes feitos na Itália. E o que é curioso é que teve gente talentosa que surgiu no meio desses filmes copiados, gente como Sergio Leone e Dario Argento.
Star Crash é uma “ficção científica spaghetti”. É uma aventura espacial com cara de Guerra nas Estrelas. Sabe a frase “A long time ago in a galaxy far far away”? Que tal trocar por “Into the farthest reaches of space and time”? É uma cópia tão descarada que tem até um sabre de luz! Bem, uma coisa Starcrash fez antes de Guerra nas Estrelas. Anos antes do biquini dourado, a personagem Stella Star passa quase o filme inteiro com poucas roupas.
The Man Who Saves The World – Turkish Star Wars (1982)

Este The Man Who Saves The World deve ser um dos maiores casos de plágio descarado da história do cinema. O filme simplesmente usa cenas de Guerra nas Estrelas ao fundo. E ainda usa a trilha sonora de Caçadores da Arca Perdida! Sério, não tem muito mais o que falar. Cara de pau nível máximo.

Battlestar Galactica (1978)

Battlestar Galactica, ou BSG, é um caso à parte. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, o roteiro já existia antes do lançamento de Guerra nas Estrelas, mas a produção só conseguiu luz verde depois.
Em segundo lugar, porque a série ganhou um reboot em 2004, e esse reboot é muito muito bom – arrisco a dizer que é – dentre todas as séries que já vi – a melhor série de todos os tempos. Então fica estranho algo de tão boa qualidade ser chamada de plágio.
Além disso ainda tem o lance que BSG é uma série, e aqui estou falando de filmes. Mas, tem uma área cinzenta aí. Os três primeiros episódios juntos fazem “o filme que deu origem a série”, e passou nos cinemas em alguns lugares. Lembro de ter visto no cinema do Barra Shopping!
Mas… A série de 1978 tem tantos elementos parecidos que George Lucas chegou a processar a Universal, detentora dos direitos sobre BSG. (Sério, Lucas? Processa BSG e deixa o Turkish Star Wars passar?). Ralph McQuarrie e John Dykstra inclusive trabalharam nos efeitos especiais das duas produções.
Bem, como fã de Guerra nas Estrelas e também de BSG, preciso dizer que a versão de 2004 não tem nada de plágio, é uma série fortemente recomendada. E a versão de 1978 tem cara de plágio sim, mas era divertida.

A Guerra do Amanhã

Crítica – A Guerra do Amanhã

Sinopse (imdb): O mundo fica chocado quando um grupo de viajantes do tempo chega em 2022 para entregar uma mensagem urgente: Trinta anos no futuro, a humanidade está perdendo uma guerra global contra uma espécie alienígena mortal. A única esperança de sobrevivência é que os soldados e civis do presente sejam transportados para o futuro e se juntem à luta.

Primeiro filme live action dirigido por Chris McKay (que dirigiu Lego Batman e editou Uma Aventura Lego), A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War, no original) é muito divertido. Parece uma mistura de Independence Day com Aliens o Resgate. Mas, assim como Independence Day, a gente não pode se ligar muito em detalhes do roteiro, porque aí podemos descobrir várias inconsistências.

Algumas coisas funcionam bem, outras nem tanto. Gostei muito dos alienígenas, tanto do visual, quanto do cgi. O conceito é bem legal, são bichos com seis patas e dois rabos que soltam espinhos, e são muitos, e são rápidos. Conseguiram criar um novo monstro, e que é assustador! E, sobre o cgi, muitas cenas são claras, de dia. A gente sabe que muitos filmes usam cenas escuras pra esconder falhas no cgi. Isso não acontece aqui.

Agora, o roteiro… Esse lance de viagem no tempo é complicado. O mais lógico seria voltarem no tempo pra logo antes do surgimento dos monstros, mas eles explicam que não conseguem escolher a data exata. Mas, ora, como é que escolheram a data da final da Copa do Mundo?

(Aliás, cena engraçada pros brasileiros. Logo no início, as pessoas estão vendo pela TV o jogo da final da Copa do Mundo no Qatar, ano que vem. Brasil contra um time de azul que não consegui identificar. Mas vemos o nome do jogador brasileiro: “Peralta”.)

Mas, ok, eles não conseguem ajustar a data. Mas, então, por que mandar pessoas do presente pra morrerem no futuro, numa guerra que não tem como ganhar? Não seria mais lógico voltar e se preparar para o dia e local onde os monstros apareceriam, para evitar que se espalhassem pelo mundo, e assim ninguém morreria nessa nova linha temporal?

(Cada vez que penso mais na viagem no tempo, mais desenvolvo outras soluções melhores que a apresentada. Melhor parar por aqui.)

Ainda no roteiro, um breve spoiler quase inofensivo. Ter um estudante do ensino médio como especialista em vulcões é uma solução que hoje em dia não cola mais. Mais uma vez, me lembrei do Independence Day com os alienígenas sendo derrotados por um vírus de computador. Os anos 80 ligaram, e pediram essa cena de volta!

A Guerra do Amanhã é longo, duas horas e vinte, e tem um bom ritmo nas cenas de ação. Agora, as partes de drama no meio são um pouco cansativas. Tem uma cena na praia onde rola quase uma DR onde fiquei pensando “por que tanta problematização?”

Chris Pratt está bem, apesar de seu personagem não ser muito diferente do Starlord que a gente está acostumado. Uma surpresa positiva foi ver o JK Simmons boladão – um tempo atrás, viralizou uma foto dele malhando, com barba branca, e o diretor, quando o procurou, disse que queria um visual como o daquela foto. Ele aparece pouco, mas está ótimo. Por outro lado, toda vez que aparecia o Sam Richardson, ele atrapalhava. Um dos piores alívios cômicos do cinema recente. Ele realmente travava as cenas com as piadas sem graça e fora de hora. Também no elenco, Yvonne Strahovski, Betty Gilpin, Jasmine Mathews e Keith Powers. Ah, pra quem via 24 Horas, Mary Lynn Rajskub, a Chloe, tem um papel pequeno mas importante.

Por fim, recomendo que você não pense muito nas inconsistências e se divirta. Fiquei até com pena de não ter visto no cinema, algumas cenas com vários aliens pediam uma tela grande!

Infinite

Crítica – Infinite

Sinopse (imdb): Uma ficção científica que examina o conceito de reencarnação por meio de visuais notáveis e personagens bem estabelecidos que precisam usar suas memórias e habilidades aprendidas no passado para garantir que o futuro seja protegido de “infinitos” que buscam acabar com toda a vida no planeta.

(Esse “infinito” da sinopse é como chamam essas pessoas, que são capazes de reencarnar trazendo todas as habilidade das vidas anteriores.)

Infinite traz uma boa ideia inicial, mas falha miseravelmente no seu desenvolvimento. Me parece que quiseram criar um novo Matrix, mas o conceito foi tão mal desenvolvido que não só não convence ninguém, como cansa o espectador no meio do caminho. O filme até lembrou Tenet, que precisa ficar se explicando o tempo todo.

Não sei se isso vai acontecer com outros espectadores, mas esse conceito não me convenceu, de quando uma pessoa morre ela reencarna, mas só depois de um tempo é que descobre os seus “poderes”. Num mundo com 7 bilhões de pessoas, fica difícil de saber onde o cara vai reencarnar e continuar a vida ao lado dos companheiros também infinitos.

E ter o Mark Wahlberg no papel principal atrapalha. Vejam bem, gosto dele, ele é um bom astro de ação, ele tem carisma o suficiente pra segurar um filme desse porte, mas… Ele acabou de fazer 50 anos, este mês, tinha 48 na época das filmagens. Você não pode ter uma história que se baseia em uma pessoa trazer conhecimentos de vidas anteriores, e colocar um “velho” pro papel principal. Faria muito mais sentido se fosse um cara novo.

(Um pequeno parênteses pra explicar: heu tenho 50 anos, nasci no mesmo ano que o Mark Wahlberg. Não me considero velho, ainda acho que tenho muita coisa pra viver. Mas, hoje, se heu descobrisse que tenho várias habilidades de vidas passadas, não sei se mudaria muita coisa na minha vida atual. Agora, se heu descobrisse com 20 anos de idade, aí sim, seria uma nova vida completamente diferente.)

A direção ficou com Antoine Fuqua, que tem alguns bons filmes no currículo, como Dia de Treinamento, O Protetor e a refilmagem de Sete Homens e um Destino. Pelo menos Fuqua manda bem nas cenas de ação. A história é mal desenvolvida, mas pelo menos as cenas de ação são bem filmadas.

No elenco o outro grande nome é Chiwetel Ejiofor (Filhos da Esperança, 12 Anos de Escravidão, Doutor Estranho), que está péssimo aqui. Ele, como líder do grupo inimigo, não convence ninguém dos seus propósitos. Também no elenco, Sophie Cookson, Dylan O’Brien, Jason Mantzoukas, Rupert Friend e Toby Jones.

Claro que o filme termina com um gancho pra continuação, com a vantagem de poder trocar todo o elenco (estamos falando de reencarnação, nenhum ator precisa voltar). Mas, se o primeiro filme foi tão fraco, nem sei se quero ver o que vem depois.