Duna (1984)

Crítica – Duna 1984

Sinopse (imdb): O filho de um duque lidera aos guerreiros contra o imperador galáctico e liberar seu mundo do seu reinado.

Esta semana estreia a esperada nova versão de Duna. Aproveitei pra rever a versão de 1984, dirigida por David Lynch.

O livro Duna, escrito por Frank Herbert, foi publicado originalmente em 1965, e, segundo a wikipedia, “é continuadamente apontada como uma das mais renomadas obras de ficção e fantasia já lançadas, e um dos pilares da ficção científica moderna”. O próprio Frank Herbert escreveu cinco continuações, e seu filho continuou o legado, lançando mais livros.

Mas, e no cinema?

No início dos anos 70, o diretor Alejandro Jodorowsky tentou adaptar, mas a produção teve diversos problemas e o filme nunca foi terminado – este é um daqueles filmes que a gente gostaria de ver um dia, mas infelizmente nunca vai conseguir, tipo o Superman do Tim Burton, ou a versão de Han Solo dirigida por Phil Lord e Chris Miller, ou a Liga da Justiça do George Miller, ou o Alien do Neil Bloomkamp, ou ainda o Watchmen do Terry Gilliam com Robin Williams. O projeto de Jodorowsky era megalomaníaco, contava com Moebius e HR Giger na concepção visual, Salvador Dali e Orson Welles no elenco, e trilha sonora do Pink Floyd. Seria um filme de mais de 12 horas, com um orçamento três vezes maior do que a média da época. Existe até um documentário sobre este Duna do Jodorowsky, lançado em 2013. Olha, já vi filmes do Jodorowsky, se heu fosse produtor, não sei se confiaria um projeto deste tamanho nas mãos dele…

No início dos anos 80, uma nova tentativa estava sendo feita. Ridley Scott seria o diretor, mas se afastou por problemas familiares – seu irmão morreu, e ele queria começar a trabalhar logo, e a produção de Duna ainda ia demorar; Scott acabou assumindo Blade Runner, que estava prestes a ser filmado.

O produtor Dino de Laurentiis (Flash Gordon, King Kong, Conan) resolveu então chamar um jovem promissor, um tal de David Lynch, que tinha chamado a atenção com seus dois primeiros filmes, Ereaserhead (77) e O Homem Elefante (80). Inclusive, Lynch foi sondado para dirigir O Retorno do Jedi, mas recusou o convite dizendo a George Lucas “é a sua obra, não é a minha obra”.

Lynch assumiu, mas o resultado final foi mais um daqueles diversos exemplos de briga entre produtor e diretor… Mais tarde volto a esse ponto. Primeiro vamos ao que funciona.

A produção é grandiosa. Mesmo revisto hoje, 37 anos depois, os cenários e figurinos ainda chamam a atenção. A maquiagem também é muito boa. Carlo Rambaldi, que já tinha dois Oscars, por ET e Alien, foi chamado pra fazer as criaturas.

Por outro lado, os efeitos especiais perderam a validade. Ok, a gente tem que entender que muito tempo se passou, e os efeitos evoluíram muito. Mas, O Retorno de Jedi foi lançado um ano antes, e não me parece tão tosco.

Em Flash Gordon, o Queen foi chamado para fazer a trilha sonora e a combinação deu certo. Tentaram repetir a fórmula e aqui chamaram o Toto pra fazer a trilha. Mas, diferente de Flash Gordon, a trilha aqui é esquecível.

Ah, revisto hoje em dia, muita coisa ainda funciona. Mas a batalha final não. Tanto na parte dos efeitos especiais quanto na parte de roteiro. É uma batalha bem mal feita.

O elenco tem vários grandes nomes, mas é daquele formato de filme onde não tem nenhuma grande atuação O elenco conta com Virginia Madsen, Sean Young, Patrick Stewart, Sting, Max Von Sydow, Dean Stockwell, Brad Dourif, Linda Hunt, Silvana Mangano, Jurgen Prochnow, Everett McGill, Kenneth McMillan, José Ferrer, Alicia Witt, e, claro, o protagonista Kyle MacLachlan, em sua estreia no cinema. Depois MacLachlan faria Veludo Azul e Twin Peaks com David Lynch.

Como falei lá em cima, houve atritos entre diretor e produção (Dino de Laurentiis e sua filha Raffaella de Laurentiis). Lynch queria um filme maior, mas a produção queria o formato comercial de duas horas. Muita coisa foi cortada, e Lynch se desligou completamente da produção – até hoje, ele considera o único fracasso de sua carreira. O rompimento foi tal que, quando foi lançada uma versão estendida em dvd, não foi assinada por Lynch (a direção da versão estendida é de “Alan Smithee”, que é um nome fictício que usam quando um diretor se desliga de um filme e não colocam outro no lugar).

Resultado: o filme é confuso, e chato. Não sei se foi por causa dos cortes, mas o filme é repleto de narrações em off, quase todas desnecessárias. O resultado da bilheteria não foi o esperado, e as ideias de continuação foram engavetadas.

Agora vamos ver o resultado do novo Duna, do Villeneuve…

Star Wars Visions

Crítica – Star Wars Visions

Sinopse (imdb): Uma série de curtas animados dentro do universo Star Wars que verá os melhores animadores de anime do mundo darem vida a esta amada franquia.

Star Wars Visions são animes de Star Wars. 9 historinhas, entre 14 e 21 minutos, feitas por estúdios diferentes, independentes entre si, todas dentro do universo de Guerra nas Estrelas.

Admito que não sou fã de animes. Nada contra, mas o formato nunca me seduziu, vi muitos poucos animes na minha vida. Lembro de ter visto A Viagem de Chihiro no cinema, gostei, e pensei “vou catar mais filmes do studio Ghibli”, mas até hoje ainda não vi nenhum outro.

E por que curti a ideia deste Visions? É porque me lembrou do universo expandido, que existia antes da Disney comprar a Lucasfilm.

Nos anos 90 existia muito pouco material de Guerra nas Estrelas. Mas, quem era fã, procurava o universo expandido, que tinham livros, HQs e videogames contando histórias dentro do mesmo universo. Às vezes usando os mesmos personagens, outras vezes não. Acho que o exemplo mais famoso desse universo são os livros Herdeiros do Império, que contam o que teria acontecido depois de O Retorno de Jedi – livros excelentes, são tão marcantes que alguns elementos criados no livro entraram na saga oficial, como o planeta Coruscant.

Mas quando a Disney chegou, disse “não existe mais Universo Expandido, pode jogar tudo fora”. Até entendo o ponto de vista comercial disso, mas é uma pena porque muita coisa bacana foi deixada de lado.

Enfim, uma coisa legal que tinha no Universo Expandido era trazer novas histórias e novos personagens dentro do universo de Guerra nas Estrelas. Mais ou menos que nem Mandalorian e Rogue One, que são histórias que não são focadas na família Skywalker. Isso acontece aqui em Visions – acho que o único personagem dos filmes é o Jabba, que aparece no episódio Balada de Tatooine. O resto é tudo novidade.

Mas, novidades dentro do universo que a gente conhece e gosta tanto. Tipo,o já citado Balada de Tatooine, que traz uma banda que se apresenta antes de uma corrida de pod racers, aquela que o Anakin correu no Ep 1. Ou o A Noiva Aldeã, onde alguns personagens se conectam com a natureza de uma maneira que me lembrou o Chirrut, de Rogue One, que ficava falando “I’m one with the Force and the Force is with me”.

Alguns episódios trazem algumas ideias realmente novas, como TO-B1, que traz um robô jedi; ou O Nono Jedi, que tem sabres de luz que mudam suas características de acordo com quem os empunha. Talvez algum fã chato se incomode com essas inovações, mas heu achei muito legais – e de quebra esses dois episódios estão entre os meus favoritos.

(Os meus favoritos são TO-B1, O Nono Jedi e O Duelo, que quebra o clássico maniqueísmo entre o bem e o mal que permeia toda a saga Guerra nas Estrelas, quando traz um cara que não é nem Jedi nem Sith.)

Tenho minhas dúvidas se Visions pode ser visto por um “leigo”. Um exemplo simples: alguns episódios citam cristais kyber, que são usados para construir sabres de luz (não me lembro se algum filme chegou a falar desses cristais). Agora, quem é fã provavelmente vai curtir e muito.

Caminhos da Memória

Crítica – Caminhos da Memória

Sinopse (imdb): Um cientista descobre uma maneira de reviver seu passado e usa a tecnologia para procurar seu amor perdido há muito tempo.

Escrito e dirigido por Lisa Joy, que é uma das criadoras da série Westworld, mas ainda não tinha dirigido nenhum longa até então, Caminhos da Memória (Reminiscence, no original) é uma mistura de ficção científica distópica com filme noir. Caminhos da Memória traz elementos do filme noir, como narrações em off, um protagonista mal humorado e uma femme fatale misteriosa, mas o que mais me chamou a atenção aqui foi a ambientação num mundo onde as águas estão subindo.

O filme não entra em detalhes (e nem precisa), mas a gente entende que algo aconteceu e o planeta está mais quente. As pessoas trocaram o dia pela noite, porque os dias são quentes demais; e o filme se passa em uma Miami parcialmente tomada pelo mar. Alguns prédios estão “dentro” do mar, e parte da cidade tem barreiras segurando a água. Também sabemos que aconteceu uma guerra, mas não sabemos muito sobre isso, se tem a ver com o problema climático ou não.

O filme explora pouco essa ambientação do mar invadindo, o que achei uma pena, porque isso pareceu muito mais interessante do que a história do filme em si. Fiquei imaginando o Rio de Janeiro com o mar subindo. O bairro onde moro ia ficar quase todo com água alcançando os prédios.

(Aliás, não entendo de geografia da Florida, mas será que não seria melhor a população se mudar para regiões mais altas? Aqui no Rio isso ia ser fácil, a serra não é longe.)

Enfim, temos uma boa ambientação, mas isso pouco importa para a trama, que foca mais no clichê do cara obcecado pela mulher misteriosa…

Nada contra a trama seguir por este caminho, mas, aqui, tivemos um problema: o filme ficou chato. Tão chato que a gente pára de se importar com os personagens. No meio do filme me peguei brincando de “Seis Passos para Kevin Bacon” – lembrei que Bacon foi vilão em um X-Men, mas não me lembrava se o Hugh Jackman estava neste X-Men. Aí lembrei que Thandiwe Newton e Rebecca Ferguson estiveram em filmes da série Missão Impossível, ambas trabalharam com Tom Cruise – que fez Questão de Honra com Kevin Bacon. E acabou a minha diversão enquanto esperava o filme passar… 😛

(Heu fiz um curta com o Fernando Caruso, que fez o filme do Pelé com o Diego Boneta, que fez Rock Of Ages com Tom Cruise, que fez Questão de Honra com Kevin Bacon. Estou a 4 passos do Kevin Bacon!)

O elenco está ok. Hugh Jackman está competente como sempre. Thandiwe Newton (que mudou a grafia do nome a partir deste filme) também está bem, mas teve uma cena em particular que achei sua personagem exagerada. Rebecca Ferguson, que foi dublada em O Rei do Show, aqui finalmente mostra sua voz cantando. (Teve uma cena que achei que ela estava igual à Jessica Rabbit, será que foi proposital?) Também no elenco, Cliff Curtis, Marina de Tavira, Daniel Wu e Angela Sarafyan.

No fim, fica aquela sensação de belo visual, mas num filme vazio. Não quero ver uma continuação, mas veria um prequel mostrando como o mundo chegou naquele estado.

Top 5 Plágios de Guerra nas Estrelas

Top 5 Plágios de Guerra nas Estrelas

Guerra nas Estrelas – ou Star Wars, como é mais conhecido hoje em dia (sim, sou velho) foi um grande sucesso desde o seu lançamento, lá em 1977 (aqui no Brasil foi em 1978). E o que acontece quando algo faz muito sucesso? Aparecem cópias.

Às vezes Hollywood tem “filmes gêmeos”, mas aí não é exatamente uma cópia de um filme que fez sucesso. Um grande estúdio anuncia um filme sobre um tema, aí outro estúdio desenvolve outro filme no mesmo tema, e um acaba surfando no sucesso do outro. Filmes como Armagedom e Impacto Profundo, ambos lançados em 1998, que são filmes catástrofe com um asteroide ou cometa que vai se chocar com o planeta. Ou Inferno de Dante e Volcano, ambos de 1997, ambos filmes catástrofe com vulcões. Ou ainda Robin Hood Príncipe dos Ladrões e Robin Hood Herói dos Ladrões, ambos de 1991 – e ainda teve o Robin Hood do Mel Brooks em 1993!

Mas, o vídeo de hoje não é sobre esses filmes. Esses não são plágios. Mas, se o assunto te interessa, aqui tem um Podcrastinadores sobre esse tema.

O vídeo de hoje é sobre cópias. Muitas delas, plágios na maior cara de pau. Acho que todos os brasileiros se lembram daqueles DVDs lançados nas Lojas Americanas – a Pixar lançou Carros, apareceu o DVD Carrinhos; a Pixar lançou Ratatouile, apareceu o DVD Ratatoing. Outro bom exemplo é a produtora Asylum, que produz títulos como Transmorfers ou The Terminators. Quando anunciam um novo filme, a Asylum pega o título e a sinopse, e faz um filme rapidinho pra lançar no mercado antes do lançamento do oficial. É assim que eles conseguem escapar de processos – como o filme deles é feito antes, não é uma cópia do filme em si, e sim em cima da ideia.

Ainda preciso citar outro exemplo, que é a paródia, filmes como Top Gang, Máquina Quase Mortífera e Todo Mundo em Pânico. Preciso citar paródias porque provavelmente muita gente vai pensar em Spaceballs, do Mel Brooks. Não dá pra chamar de plágio, porque, propositalmente, Spaceballs usa elementos de Guerra nas Estrelas pra fazer piadas. Tipo ter um capacete parecido com o Darth Vader, e a gente ouve a respiração, e quando abre o capacete, é o Rick Moranis, de óculos e com dificuldade de respirar. Genial!

Vamos aos plágios? Desta vez não tem exatamente uma ordem. É complicado pensar numa ordem, seria de pior pra melhor? De mais tosco pra menos tosco? De mais plágio pra menos plágio? Vamos sem ordem mesmo.

Message From Space (1978)

George Lucas se inspirou em elementos da cultura japonesa para o seu filme. Message From Space pode ser uma espécie de revanche. Até então o filme mais caro produzido pela Toei (entre 5 e 6 milhões de dólares), Message From Space traz um planeta escravizado por um tirano espacial, e sua população pede ajuda para um time intergalático.
Message From Space tem uma trama diferente da trama de Guerra nas Estrelas, mas são vários elementos visuais que lembram. Tem uma princesa, um robô, um vilão imponente, um exército do mal, naves em trincheiras…

Mercenários das Galáxias / Battle Beyound the Stars (1980)

Se George Lucas se inspirou em A Fortaleza Escondida, de Akira Kurosawa, Roger Corman fez uma aventura espacial baseada em outro clássico do Kurosawa, Os Sete Samurais. O filme conta a história de um jovem fazendeiro que precisa de ajuda pra impedir que um ditador destrua o seu planeta. Apesar de plágio descarado, Mercenários das Galáxias não é um filme ruim. E tecnicamente, tem dois nomes que se tornariam muito mais importantes no futuro: James Cameron nos efeitos especiais e James Horner na trilha sonora.

Star Crash (1978)

Se é uma lista de plágios, não podemos deixar de ter um italiano!
Não sei como funcionam as leis de direitos autorais na Itália. Mas lembro que quando comecei a procurar cds piratas de artistas que gosto, quase todos eram italianos.
Antes de seguir, um parênteses pra explicar a diferença entre compartilhamento de arquivos e bootlegs. Hoje em dia a pirataria na internet consiste basicamente em você compartilhar um arquivo sem pagar pelos direitos. Existe aos montes, com filmes e com músicas. Mas trata-se de cópia de material oficial. Bootlegs não eram oficiais. Eram gravações de shows, muitas sem qualidade, e quase sempre sem o artista saber da existência.
Ambos são pirataria, ambos são ilegais. Mas são coisas diferentes.
Aproveito pra contar uma história pessoal. Uma vez encontrei pra vender uns cds piratas dos Mutantes. Sou muito fã de Mutantes, claro que comprei. Supostamente, era uma gravação bootleg do último show deles, em 1978.
Anos depois, fiz um trabalho de transcrição de partituras para songbook com o Luciano Alves, que era o tecladista dos Mutantes nessa época. Pensei “será que ele ia gostar de saber que tenho um cd pirata com ele tocando?” Resolvi contar pra ele, e ele ficou feliz, porque já tinha ouvido falar da existência dessa gravação, mas não sabia se era real ou não. Ele me pediu uma cópia, e disse que ia repassar pro Rui Motta, que era o baterista nessa ocasião.
Fiz a “volta completa” no bootleg: adquiri um cd pirata, e depois copiei pro próprio artista que foi pirateado!
Voltando ao cinema… Claro, o cinema italiano tem vários casos de cópias de filmes hollywodianos – tanto que criaram o termo “western spaghetti” pra falar de faroestes feitos na Itália. E o que é curioso é que teve gente talentosa que surgiu no meio desses filmes copiados, gente como Sergio Leone e Dario Argento.
Star Crash é uma “ficção científica spaghetti”. É uma aventura espacial com cara de Guerra nas Estrelas. Sabe a frase “A long time ago in a galaxy far far away”? Que tal trocar por “Into the farthest reaches of space and time”? É uma cópia tão descarada que tem até um sabre de luz! Bem, uma coisa Starcrash fez antes de Guerra nas Estrelas. Anos antes do biquini dourado, a personagem Stella Star passa quase o filme inteiro com poucas roupas.
The Man Who Saves The World – Turkish Star Wars (1982)

Este The Man Who Saves The World deve ser um dos maiores casos de plágio descarado da história do cinema. O filme simplesmente usa cenas de Guerra nas Estrelas ao fundo. E ainda usa a trilha sonora de Caçadores da Arca Perdida! Sério, não tem muito mais o que falar. Cara de pau nível máximo.

Battlestar Galactica (1978)

Battlestar Galactica, ou BSG, é um caso à parte. Vamos por partes.
Em primeiro lugar, o roteiro já existia antes do lançamento de Guerra nas Estrelas, mas a produção só conseguiu luz verde depois.
Em segundo lugar, porque a série ganhou um reboot em 2004, e esse reboot é muito muito bom – arrisco a dizer que é – dentre todas as séries que já vi – a melhor série de todos os tempos. Então fica estranho algo de tão boa qualidade ser chamada de plágio.
Além disso ainda tem o lance que BSG é uma série, e aqui estou falando de filmes. Mas, tem uma área cinzenta aí. Os três primeiros episódios juntos fazem “o filme que deu origem a série”, e passou nos cinemas em alguns lugares. Lembro de ter visto no cinema do Barra Shopping!
Mas… A série de 1978 tem tantos elementos parecidos que George Lucas chegou a processar a Universal, detentora dos direitos sobre BSG. (Sério, Lucas? Processa BSG e deixa o Turkish Star Wars passar?). Ralph McQuarrie e John Dykstra inclusive trabalharam nos efeitos especiais das duas produções.
Bem, como fã de Guerra nas Estrelas e também de BSG, preciso dizer que a versão de 2004 não tem nada de plágio, é uma série fortemente recomendada. E a versão de 1978 tem cara de plágio sim, mas era divertida.

A Guerra do Amanhã

Crítica – A Guerra do Amanhã

Sinopse (imdb): O mundo fica chocado quando um grupo de viajantes do tempo chega em 2022 para entregar uma mensagem urgente: Trinta anos no futuro, a humanidade está perdendo uma guerra global contra uma espécie alienígena mortal. A única esperança de sobrevivência é que os soldados e civis do presente sejam transportados para o futuro e se juntem à luta.

Primeiro filme live action dirigido por Chris McKay (que dirigiu Lego Batman e editou Uma Aventura Lego), A Guerra do Amanhã (The Tomorrow War, no original) é muito divertido. Parece uma mistura de Independence Day com Aliens o Resgate. Mas, assim como Independence Day, a gente não pode se ligar muito em detalhes do roteiro, porque aí podemos descobrir várias inconsistências.

Algumas coisas funcionam bem, outras nem tanto. Gostei muito dos alienígenas, tanto do visual, quanto do cgi. O conceito é bem legal, são bichos com seis patas e dois rabos que soltam espinhos, e são muitos, e são rápidos. Conseguiram criar um novo monstro, e que é assustador! E, sobre o cgi, muitas cenas são claras, de dia. A gente sabe que muitos filmes usam cenas escuras pra esconder falhas no cgi. Isso não acontece aqui.

Agora, o roteiro… Esse lance de viagem no tempo é complicado. O mais lógico seria voltarem no tempo pra logo antes do surgimento dos monstros, mas eles explicam que não conseguem escolher a data exata. Mas, ora, como é que escolheram a data da final da Copa do Mundo?

(Aliás, cena engraçada pros brasileiros. Logo no início, as pessoas estão vendo pela TV o jogo da final da Copa do Mundo no Qatar, ano que vem. Brasil contra um time de azul que não consegui identificar. Mas vemos o nome do jogador brasileiro: “Peralta”.)

Mas, ok, eles não conseguem ajustar a data. Mas, então, por que mandar pessoas do presente pra morrerem no futuro, numa guerra que não tem como ganhar? Não seria mais lógico voltar e se preparar para o dia e local onde os monstros apareceriam, para evitar que se espalhassem pelo mundo, e assim ninguém morreria nessa nova linha temporal?

(Cada vez que penso mais na viagem no tempo, mais desenvolvo outras soluções melhores que a apresentada. Melhor parar por aqui.)

Ainda no roteiro, um breve spoiler quase inofensivo. Ter um estudante do ensino médio como especialista em vulcões é uma solução que hoje em dia não cola mais. Mais uma vez, me lembrei do Independence Day com os alienígenas sendo derrotados por um vírus de computador. Os anos 80 ligaram, e pediram essa cena de volta!

A Guerra do Amanhã é longo, duas horas e vinte, e tem um bom ritmo nas cenas de ação. Agora, as partes de drama no meio são um pouco cansativas. Tem uma cena na praia onde rola quase uma DR onde fiquei pensando “por que tanta problematização?”

Chris Pratt está bem, apesar de seu personagem não ser muito diferente do Starlord que a gente está acostumado. Uma surpresa positiva foi ver o JK Simmons boladão – um tempo atrás, viralizou uma foto dele malhando, com barba branca, e o diretor, quando o procurou, disse que queria um visual como o daquela foto. Ele aparece pouco, mas está ótimo. Por outro lado, toda vez que aparecia o Sam Richardson, ele atrapalhava. Um dos piores alívios cômicos do cinema recente. Ele realmente travava as cenas com as piadas sem graça e fora de hora. Também no elenco, Yvonne Strahovski, Betty Gilpin, Jasmine Mathews e Keith Powers. Ah, pra quem via 24 Horas, Mary Lynn Rajskub, a Chloe, tem um papel pequeno mas importante.

Por fim, recomendo que você não pense muito nas inconsistências e se divirta. Fiquei até com pena de não ter visto no cinema, algumas cenas com vários aliens pediam uma tela grande!

Infinite

Crítica – Infinite

Sinopse (imdb): Uma ficção científica que examina o conceito de reencarnação por meio de visuais notáveis e personagens bem estabelecidos que precisam usar suas memórias e habilidades aprendidas no passado para garantir que o futuro seja protegido de “infinitos” que buscam acabar com toda a vida no planeta.

(Esse “infinito” da sinopse é como chamam essas pessoas, que são capazes de reencarnar trazendo todas as habilidade das vidas anteriores.)

Infinite traz uma boa ideia inicial, mas falha miseravelmente no seu desenvolvimento. Me parece que quiseram criar um novo Matrix, mas o conceito foi tão mal desenvolvido que não só não convence ninguém, como cansa o espectador no meio do caminho. O filme até lembrou Tenet, que precisa ficar se explicando o tempo todo.

Não sei se isso vai acontecer com outros espectadores, mas esse conceito não me convenceu, de quando uma pessoa morre ela reencarna, mas só depois de um tempo é que descobre os seus “poderes”. Num mundo com 7 bilhões de pessoas, fica difícil de saber onde o cara vai reencarnar e continuar a vida ao lado dos companheiros também infinitos.

E ter o Mark Wahlberg no papel principal atrapalha. Vejam bem, gosto dele, ele é um bom astro de ação, ele tem carisma o suficiente pra segurar um filme desse porte, mas… Ele acabou de fazer 50 anos, este mês, tinha 48 na época das filmagens. Você não pode ter uma história que se baseia em uma pessoa trazer conhecimentos de vidas anteriores, e colocar um “velho” pro papel principal. Faria muito mais sentido se fosse um cara novo.

(Um pequeno parênteses pra explicar: heu tenho 50 anos, nasci no mesmo ano que o Mark Wahlberg. Não me considero velho, ainda acho que tenho muita coisa pra viver. Mas, hoje, se heu descobrisse que tenho várias habilidades de vidas passadas, não sei se mudaria muita coisa na minha vida atual. Agora, se heu descobrisse com 20 anos de idade, aí sim, seria uma nova vida completamente diferente.)

A direção ficou com Antoine Fuqua, que tem alguns bons filmes no currículo, como Dia de Treinamento, O Protetor e a refilmagem de Sete Homens e um Destino. Pelo menos Fuqua manda bem nas cenas de ação. A história é mal desenvolvida, mas pelo menos as cenas de ação são bem filmadas.

No elenco o outro grande nome é Chiwetel Ejiofor (Filhos da Esperança, 12 Anos de Escravidão, Doutor Estranho), que está péssimo aqui. Ele, como líder do grupo inimigo, não convence ninguém dos seus propósitos. Também no elenco, Sophie Cookson, Dylan O’Brien, Jason Mantzoukas, Rupert Friend e Toby Jones.

Claro que o filme termina com um gancho pra continuação, com a vantagem de poder trocar todo o elenco (estamos falando de reencarnação, nenhum ator precisa voltar). Mas, se o primeiro filme foi tão fraco, nem sei se quero ver o que vem depois.

Oxigênio

Crítica – Oxigênio

Sinopse (imdb): Uma mulher acorda em uma câmara criogênica sem se lembrar de como chegou lá. Como ela está ficando sem oxigênio, ela deve reconstruir sua memória para encontrar uma maneira de sair de seu pesadelo.

Antes de tudo, é importante falar: Oxigênio (Oxygen, no original) é um filme que vale ser visto sem você saber nada. A protagonista acorda sem saber o que está acontecendo, e o espectador vai aos poucos descobrindo junto com ela. E as informações são bem dosadas, proporcionando alguns plot twists bem colocados.

Oxigênio é um filme pequeno. Quase todo o filme tem um cenário diminuto e uma única atriz em tela (interagindo com a voz de uma Inteligência Artificial). Até tem algumas poucas cenas mostrando outros cenários e outros personagens em flashbacks, mas é pouca coisa – quase tudo se passa dentro da câmera criogênica, e em tempo real.

A ideia lembra Enterrado Vivo, aquele onde Ryan Reynolds passa o filme todo dentro de um caixão (um filme ainda mais radical, porque, se não me falha a memória, não tem nenhuma cena fora do caixão).

O diretor é Alexandre Aja – gosto dele, ele dirigiu Alta Tensão, da onda do cinema francês ultra violento; a refilmagem de Viagem Maldita; Piranha, que é galhofa mas divertido. Aja também escreveu os roteiros de P2 Sem Saída e Maníaco, aquele do assassino serial em câmera pov. Ok, reconheço que não tem nenhum filmaço, mas são vários bons filmes, digamos que ele passa na média.

Oxigênio é uma produção bem mais modesta, e mesmo assim tem um resultado melhor que o último do diretor (Predadores Assassinos). Aliás, esse é um filme com a cara da pandemia – mesmo nos poucos flashbacks, não vemos muitas pessoas juntas. Dá pra filmar se aglomerar!

Ok, entendo que a gente precisa de uma suspensão de descrença pra aceitar tudo o que a IA consegue fazer. Mas, se a gente embarcar na premissa que sim, a IA tem aquele poder, Oxigênio flui bem.

O grande lance aqui é a claustrofobia e a tensão – o oxigênio está acabando a cada minuto que passa! Apesar de ser um espaço minúsculo, Aja consegue vários ângulos dentro da câmara criogênica, e o filme nunca cai no marasmo.

Claro que a atuação da Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios, Truque de Mestre) ajuda. Com vários closes no seu rosto, Mélanie passa o desespero de quem tem pouco tempo pra descobrir o que está acontecendo. O único outro ator que precisa ser citado é Mathieu Almaric (O Som do Silêncio), que não aparece, mas empresta a sua voz pra IA que conversa com ela durante todo o filme.

Heu poderia falar mais, mas, como falei no início, Oxigênio é daqueles filmes que é bom a gente não saber muito, então, como propus fazer comentários sem spoilers, vou ficando por aqui. Mas confirmo: pra mim foi uma agradável surpresa ver cada pequeno plot twist.

Star Wars: The Bad Batch

Crítica: Star Wars The Bad Batch

Sinopse (imdb): O ‘lote ruim’ de clones experimentais e de elite abrem caminho por uma galáxia em constante mudança logo após as Guerras Clônicas.

Até um tempo atrás, a gente estava acostumado a esperar uma semana para o novo episódio da série que estávamos acompanhando. Veio o streaming, e algumas séries tiveram a temporada inteira lançada de uma vez, levando a galera a fazer binge watch. A Disney voltou a trazer episódios semanais e mostrou pra gente as vantagens de uma série vista assim. Depois de Mandalorian, veio Wandavision, depois Falcão e o Soldado Invernal, sempre às sextas. Menos esta semana. Por que guardaram a estreia de Star Wars The Bad Batch pra terça?

Pra quem não sabe, dia 4 de maio é considerado o “dia de Star Wars”, por causa do trocadilho em inglês – May the fourth, aí guardaram o Star Wars novo pro dia 4.

(Curioso que tem uma galera que acha que o dia de Star Wars deveria ser 25 de maio, porque o filme estreou 25/05/77. Mas 25/05 acabou virando dia do orgulho nerd, ou dia da toalha (em referência ao Guia do Mochileiro das Galáxias).)

Star Wars: The Bad Batch é a nova série de animação de Star Wars. Sim, animação. Sei que muita gente tem preconceito, e até entendo. Vi todos os filmes, mais de uma vez cada, e não vi tudo o que de animações – vi Rebels, vi parte de Clone Wars, não vi Resistance… Vou te falar que também tenho um certo preconceito, reconheço. Quando vi Mandalorian e a Ahsoka citou o nome do Grande Almirante Thrawn, pulei da cadeira só de pensar em vê-lo –  e esqueci que ele já tinha aparecido em Rebels. Mas, olha, vi e gostei muito deste novo Bad Batch.

Foram anunciados 16 episódios. Logo saem mais episódios, então não vou entrar muito na trama, porque certamente ficarei desatualizado.

A trama segue os acontecimentos de Clone Wars. Não vi todo Clone Wars, mas sei que os Bad Batch apareceram em alguns episódios daquela série, vou até catar o arco onde eles aparecem.

O primeiro episódio de Bad Batch começa no momento que a Ordem 66 é executada. O que a gente conhece da Ordem 66 foi no Star Wars 3, bem legal ver isso acontecer visto de outro ângulo. Uma curiosidade: o padawan que aparece no início quando crescer vai virar o Kanan, um dos principais personagens de Rebels (foi até dublado pelo mesmo ator, o Freddie Prinze Jr., que acho que é o único nome conhecido no elenco deste episódio). Tem outro personagem de filme / série que aparece aqui, mas desta vez não digo quem é por causa de spoilers.

Somos apresentados ao time dos Bad Batch, clones modificados (e por isso “defeituosos”, daí o nome “bad batch” / “lote ruim”), cada um com suas características, e, reconheço: são bons personagens, carismáticos, engraçados, e se não a série não fosse sobre eles, heu ia querer vê-los em algum outro filme ou série. Um episódio e já virei fã do time.

A parte técnica da animação é excelente. Os primeiros Clone Wars tinham um desenho quadradão, estilo do Genndy Tartakovsky, mas depois o traço foi se modernizando. Não sei se as últimas temporadas de BB já tinham o traço como esse BB, mas posso dizer que os detalhes enchem os olhos. Mas… Como fã chato, preciso reclamar de uma coisa: os uniformes dos Stormtroopers em Kamino são pintados de vermelho com uma textura que não combina muito com o Império. Parece uma pintura artesanal, combinaria mais com os Bad Batch do que com os Stormtroopers que sempre foram muito certinhos. Pelo menos ficou bonitão.

Agora aguardemos os outros episódios. A série começou bem, que continue mantendo o nível!

Mundo em Caos

Crítica – Mundo em Caos

Filme dirigido pelo Doug Liman e estrelado pelo Tom Holland e pela Daisy Ridley. Pára tudo! Como é que heu ainda não sabia da existência desse filme?

Sinopse (imdb): Um mundo distópico onde não há mulheres e todas as criaturas vivas podem ouvir os pensamentos umas das outras em um fluxo de imagens, palavras e sons chamados de Ruído.

Vi o filme sem ler nada, quando terminei fui catar informações. Trata-se de uma adaptação dos livros de Patrick Ness, mesmo autor do livro que gerou o filme Sete Minutos Depois da Meia-Noite. O filme foi anunciado em 2011, teve um rascunho de roteiro escrito por Charlie Kaufman, passou por outros 4 roteiristas (Jamie Linden, John Lee Hancock, Gary Spinelli, e Lindsey Beer) antes de chegar nos dois que estão creditados no filme (Christopher Ford e o próprio Patrick Ness). Robert Zemeckis foi sondado pra dirigir, mas em 2016 a direção acabou nas mãos de Doug Liman (No Limite do Amanhã, Jumper, Identidade Bourne), que filmou e terminou o filme em 2017. Depois de sessões teste resolveram refilmar algumas coisas, mas as agendas de Tom Holland e Daisy Ridley estavam complicadas (por causa das filmagens de Homem Aranha e Star Wars), então essas refilmagens só foram feitas em 2019.

E aí a gente entende porque algumas coisas parecem meio bagunçadas no filme. Vejam bem, heu gostei de Mundo em Caos. Curti, entrei na onda do filme. Mas dá pra ver algumas inconsistências. Vou falar com cuidado pra não dar spoilers.

Um dos principais plots do filme é o lance da sociedade sem mulheres. Isso é explicado, ok. Mas tudo fica muito superficial. O filme poderia ter explorado melhor esse plot.
Outro exemplo, ainda mais gritante, são os alienígenas, citados em determinado momento. Aí aparece um alienígena, mas ele logo some e deixam esse plot pra lá. Vem cá, se o plot dos ETs é pra ser deixado de lado, pra que ele mostrar um?

Mesmo assim, gostei do conceito apresentado no filme. Gostei desse lance dos pensamentos virarem sons e imagens, é um conceito muito interessante, tanto pelo visual, quanto pela ideia de que não existe mais intimidade, já que todos veem e ouvem os seus pensamentos. Os efeitos especiais também são bons, e a trilha sonora de Marco Beltrami é ótima.

No elenco, Tom Holland está apenas ok – ele mostrou em Cherry que é um ator versátil, mas Mundo em Caos não pede muito dele. Digo o mesmo sobre Daisy Ridley e Mads Mikkelsen, este é aquele tipo de filme que não tem muito espaço pra grandes atuações. Mas… Cabe uma crítica, pro David Oyelowo, que faz um fanático religioso louco. Quer dizer, não sei se a crítica é pra ele ou pro personagem, o fato é que ele está exagerado demais, ficou over.

Segundo o filmeB, a previsão era pra estreia nos cinemas esta semana, mas, tô achando que vai ser mais uma estreia adiada. Aguardemos.

Monster Hunter

Crítica – Monster Hunter

Sinopse (imdb): Quando a tenente Artemis e seus soldados leais são transportados para um novo mundo, eles se envolvem em uma batalha desesperada pela sobrevivência contra inimigos enormes com poderes incríveis. Filme baseado no videogame da Capcom.

Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame. Precisa dizer mais alguma coisa?

Sabe aquela expressão “pra bom entendedor, meia palavra basta”? Poizé, quase que este foi um texto curto. Era só parar nessa frase: “Filme novo do Paul WS Anderson, estrelado pela Milla Jovovich, baseado num videogame”. Já dá pra sacar o que vem por aí.

Mas… Vamulá. Paul WS Anderson dirigiu o filme Mortal Kombat lá atrás em 1995, mas é mais conhecido pela franquia Resident Evil – ele roteirizou todos os seis filmes e dirigiu quatro deles. Milla Jovovich é sua esposa, e é a estrela da saga Resident Evil (o casal também fez uma adaptação de Os 3 Mosqueteiros em 2011).

Gosto muito do primeiro Resident Evil. Mas, o segundo é pior que o primeiro, e o terceiro é pior que o segundo, e assim sucessivamente – chegou um ponto que desisti de tentar acompanhar a história, pra mim é que nem Jogos Mortais, só o primeiro é bom, o resto vejo no automático.

(Silent Hill nunca teve continuação. Fica a dica. 😉 )

Masss… Me parece que Paul WS Anderson descobriu uma fórmula que funciona. Que nem o Adam Sandler, que tem uma fórmula de filmes ruins de doer, mas baratos, e, principalmente, que vendem – sim, se tem um monte de filme ruim do Adam Sandler, a culpa é sua que vê esses filmes! Paul WS Anderson faz filmes baseados em videogames, com roteiros preguiçosos e efeitos especiais de segunda linha, e seus filmes vendem razoavelmente bem – o sexto Resident Evil custou 40 milhões de dólares e rendeu 312 milhões nas bilheterias. Nada mal, né?

Sendo assim, a gente já sabe o que esperar de Monster Hunter. Um visual legal, mas efeitos que nem sempre funcionam, e um roteiro bem ruim.

Vou falar primeiro do roteiro, depois falo do resto. Há tempos que não vejo um roteiro tão ruim. Chega ao ponto de ter personagens tão descartáveis que o filme esquece deles! A equipe que viaja junto com a Milla Jovovich some sem a gente saber o que aconteceu com eles; o outro grupo também tem personagens que aparecem e somem sem maiores explicações.

São dois atores principais, Milla Jovovich e Tony Jaa, e um coadjuvante, Ron Perlman. Todos os outros não têm nenhuma importância narrativa (inclusive, pena, tem uma brasileira no meio do elenco dispensável, a Nanda Costa). Me pareceu que eles só estão lá para aparecerem em uma provável continuação. Sim, continuação, preciso falar disso, cabe um spoilerzinho de leve? Filme baseado em videogame, chamado “caçador de monstros”, claro que vai ter um monstrão no final. Depois de enfrentar o monstrão, o filme acaba, certo? Não! Os personagens falam “agora vamos aos próximos”, aí aparece um novo, eles vão atacar – e aí acaba o filme. Sim, termina com gancho pra continuação.

Mas calma, ainda tem mais coisa pra falar mal do roteiro. Esse mundo dos monstros é uma montanha no meio de um deserto enorme. Tem uma cena que a Milla Jovovich sobe até o alto pra olhar em volta, e só vê areia pra tudo quanto é lado. E tem monstros escondidos debaixo da areia, em outra cena a Milla Jovovich joga uma pedra e logo surge um monstro subterrâneo pra atacar. Pois bem. A Milla Jovovich e o Tony Jaa matam UM monstro e andam um pouco, e logo chegam num oásis gigantesco. Tem uma cena do alto, os dois parecem formiguinhas chegando. Onde estava esse oásis na cena que a Milla Jovovich só olhou areia???

Tem mais coisa pra falar mal do roteiro, mas vou parar por aqui. Mas ainda preciso falar do gato. Ah, o gato. Tem um gato que é o cozinheiro. Tosco, tosco, tosco. Mas, essa tosqueira visual já estava avisada desde a primeira cena. Quando aparece o Ron Perlman de peruca loira, já dava pra sacar que não era pra levar a sério o visual.

Como falei lá atrás, o roteiro é bem ruim, mas o visual do filme é legal. Os cenários (deve ser tudo digital) são bonitos, os monstros são bem feitos, quase todos os efeitos de luta contra os monstros são convincentes (pena que ficou no quase, algumas cenas escorregam na qualidade). Ah, gostei da trilha sonora, mas deve ser porque curti os timbres de sintetizador.

Enfim, chega. Ia ser um texto curto, mas acabei falando demais. Quem quiser desligar o cérebro, pode curtir o visual. Mas procure não pensar muito. Monster Hunter estreia esta semana nos cinemas.