Pequena Grande Vida

Pequena Grande VidaCrítica – Pequena Grande Vida

Sinopse (imdb): Uma sátira social onde um homem percebe que ele teria uma vida melhor se ele fosse encolhido a doze centímetros de altura, permitindo-lhe viver em riqueza e esplendor.

Sabe quando uma ótima ideia se perde ao longo do filme?

Achei genial a premissa de Pequena Grande Vida (Downsizing, no original). Pessoas muito menores consomem muito menos, o dinheiro para sustentar uma pessoa normal proporciona vida de luxo para os pequenos. E a ideia ainda melhora quando vemos a “favela” e começamos a ver as imperfeições deste mundo utópico. Pode-se discutir o quanto é válido o procedimento, questões sociais e econômicas, como ficariam relações familiares… Ei, essa premissa é tão rica que poderia virar uma série

Mas não. Pequena Grande Vida começa bem, mas se perde completamente. Entram ideias desinteressantes, como um romance improvável e uma subtrama apocalíptica. E o filme termina com o espectador se questionando pra onde foi a boa ideia.

Pra piorar, o roteiro tem personagens que estão na história sem nada acrescentar, tipo o Konrad interpretado por Udo Kier (tire o personagem, nada se perde). Isso sem contar com personagens que somem, tipo a mãe do Matt Damon ou o personagem do Jason Sudeikis.

O diretor e roteirista Alexander Payne tem um currículo impressionante. Foi indicado ao Oscar de melhor diretor em seus três últimos filmes, Sideways (2004), Os Decendentes (2011) e Nebraska (2013) – e ganhou os Oscars de melhor roteirista pelos dois últimos (os três filmes ainda foram indicados ao Oscar de melhor filme). Nada mal. Mas acho que desta vez ele vai passar longe de premiações.

O elenco está ok. Matt Damon faz o de sempre; assim como Christoph Waltz, repetindo o “Hans Landa / King Schultz” (mas isso não me incomoda, gosto do seu “personagem único”). Também no elenco, Hong Chau, Kristen Wiig e Rolf Lassgård, além de uma divertida ponta de Neil Patrick Harris e Laura Dern.

No fim, fica a frustração. Aposto como cada espectador vai pensar num modo melhor de terminar o filme.

Onde Está Segunda?

Onde está segundaCrítica – Onde Está Segunda?

Sinopse (imdb): Em um mundo em que as famílias são limitadas a um único filho devido à superpopulação, sete gêmeas idênticas devem evitar ser descobertas pelo governo ao investigar o desaparecimento de uma delas.

Rodando o “cardápio” do Netflix, encontrei um filme sobre uma sociedade distópica, onde a Noomi Rapace interpreta sete gêmeas, dirigido pelo norueguês Tommy Wirkola, o mesmo cara que fez Dead Snow e João & Maria: Caçadores de Bruxas. Taí, um filme assim com certeza entra no meu radar!

Antes de tudo, preciso falar que o clima em Onde Está Segunda? (What Happened to Monday, no original) não tem um pé no trash, como os dois filmes citados no parágrafo anterior. A ambientação aqui é mais séria, o filme é bem mais palatável para o grande público.

Gostei muito do conceito da sociedade distópica proposta aqui. O cinema atual está cheio de distopias “sub Jogos Vorazes“, com jovens bonitinhos, mas essa aqui me lembrou mais um 1984 com tecnologia “blackmirrorana”.

O elenco é outro ponto positivo. Quer dizer, a Noomi Rapace é o ponto positivo. Não que Willem Dafoe e Glenn Close estejam mal, mas é que a Noomi interpreta as sete irmãs, e são sete personalidades bem diferentes. Talvez este seja seu melhor trabalho até hoje. Ah, a personagem criança também é interpretada pela mesma atriz, a menina Clara Read. Também no elenco, Marwan Kenzari e Christian Rubeck.

Onde Está Segunda? tem uma trama empolgante, mas o roteiro tem umas falhas brabas, tipo quando a Glenn Close pede discrição e seu funcionário leva dezenas de soldados que atiram antes e perguntam depois. Mas apesar disso, achei que o resultado final vale a pena.

Maze Runner: A Cura Mortal

Maze RunnerCrítica – Maze Runner: A Cura Mortal

Sinopse (imdb): O jovem herói Thomas embarca em uma missão para encontrar uma cura para uma doença mortal conhecida como “Fulgor”.

Aparentemente, chega ao fim a saga cinematográfica baseada nos livros escritos por James Dashner.

Mais uma vez dirigido por Wes Ball (o mesmo dos outros dois), Maze Runner: A Cura Mortal (Maze Runner: The Death Cure, no original) sofreu um grande atraso, devido a um acidente sofrido pelo protagonista Dylan O’Brian. O primeiro filme foi lançado em 2014; o segundo, em 2015. Mas, apesar do longo tempo, os problemas da produção não aparecem na tela. Tecnicamente, é bem feito, e traz alguns momentos empolgantes. O atraso também não atrapalhou o elenco, que aparentemente traz de volta todos os atores que estavam nos outros filmes (não me lembro de detalhes, só vi cada filme uma vez).

Na verdade, o que incomoda são as inúmeras conveniências do roteiro. Não vou detalhar para não entrar em spoilers, mas posso citar um exemplo logo na cena inicial, quando os mocinhos conseguem descarrilar um vagão de um trem em alta velocidade, e seus amigos estavam escondidos num matinho exatamente ao lado do vagão parado. Coisas assim acontecem ao longo de todo o filme…

O filme se apoia no elenco juvenil, rostos bonitinhos pra atrair o público mais novo: Dylan O’Brien, Thomas Brodie-Sangster, Kaya Scodelario, Rosa Salazar, Ki Hong Lee, Dexter Darden, Will Poulter. É uma boa, porque os mais velhos parecem deslocados, como Giancarlo Esposito e Barry Pepper; ou estão caricatos, como Patricia Clarkson e Aidan Gillen,

Li na wikipedia que na verdade são seis livros. Mas como a história fechou bem, espero que parem por aqui.

Star Wars Ep 8 – Os Últimos Jedi – COM SPOILERS

Star-Wars-8-outraCrítica – Star Wars Ep 8 – Os Últimos Jedi – COM SPOILERS

COM SPOILERS!

Acabei meu texto sobre Star Wars Episódio 8 – Os Últimos Jedi, fiquei com vontade de comentar mais, mas me segurei por causa dos spoilers. Então, assim como fiz com Rogue One, resolvi escrever um segundo post, desta vez repleto de spoilers.

Tenho lido por aí que muita gente odiou o filme porque esperava outra coisa. Pra mim, isso se chama “head canon”. É quando você imagina uma história dentro da sua cabeça, e, se você vê algo diferente, pode se decepcionar. Mas, ora, isso é culpa do espectador, e não do filme!

Meus problemas com Os Últimos Jedi não têm nada a ver com head canon. Gosto de ser surpreendido, não é à toa que sou fã do Tarantino. Vou explicar alguns problemas aqui. E também vou comentar coisas que gostei, claro.

Qurm quiser ler o texto convencional, está aqui. O que está abaixo são alguns trechos comentados. Não leia se não viu o filme!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

– Achei a Leia longe demais da nave na hora da explosão. Entendo que queriam criar um momento dramático, e entendo que queriam mostrá-la usando a Força. Mas se ela estivesse mais perto teríamos o mesmo efeito numa cena menos forçada.

– Esse plano da Primeira Ordem de ficar seguindo as naves dos rebeldes é um plano ruim. Era só mandar umas naves na velocidade da luz para frente e cercar os rebeldes.

– Desnecessária a participação da Maz Kanata. Se é pra ter a personagem, criem uma cena melhor.

– Todo o plot do cassino foi fraco. E ainda criou uma expectativa errada entre os fãs, porque TODOS imaginaram que apareceria o Lando.

– Não achei ruim a morte do Snoke. Mas acho ruim um personagem tão poderoso sem explicação, num universo que a gente já conhece. Acho ruim porque provavelmente só vão explicar em livros.

– A luta entre Rey, Kylo Ren e guardas do Snoke é sensacional. Um dos melhores momentos de toda a saga. A única coisa ruim dessa cena é que quero saber mais sobre esses guardas, coisa que dificilmente vai acontecer. Detalhe: Snoke estava morto, os guardas poderiam simplesmente ir embora.

– Quando o Luke aparece como a projeção da Força, na hora do duelo com Kylo Ren, ele aparece com o visual mais novo – cabelo mais curto e barba “Tyrion”. Isso foi uma dica muito na cara. Acho que seria bem melhor se fosse algo mais sutil, tipo só o sabre de luz (que tinha quebrado). A surpresa final ia ser muito maior.

– Achei que não precisavam matar o Luke. Pelo menos não daquele jeito. A morte do Han Solo foi épica, uma das cenas mais marcantes de 2015. A morte do Luke foi fuén.

FIM DOS SPOILERS!

Enfim, gostei do filme. Só queria ter gostado mais. Sei que tem muito “fã” por aí revoltado com o que viu, mas afirmo que não sou um desses. Só que gosto muito de Star Wars. Se um filme da DC ou da Marvel tem um roteiro fraco, ok. Mas num filme de Star Wars, quero mais!

Star Wars Ep 8 – Os Últimos Jedi

Star Wars 8Crítica – Star Wars Episódio 8 – Os Últimos Jedi

(SEM SPOILERS!)

Sinopse (imdb): Depois de dar os primeiros passos no mundo Jedi, Rey junta-se a Luke Skywalker em uma aventura com Leia, Finn e Poe, que desbloqueia os mistérios da Força e segredos do passado.

Finalmente, o filme mais aguardado do ano!

O complicado ao falar de Star Wars Episódio 8 – Os Últimos Jedi (Star Wars: Episode VIII – The Last Jedi, no original) é a expectativa. Porque, depois dos excelentes Star Wars: O Despertar da Força (2015) e Rogue One (2016), fica difícil ir ao cinema sem nenhuma expectativa.

Com relação a isso, podemos dizer que, para o bem ou para o mal, a história andou pra frente. As maiores críticas que li sobre o Ep. 7 falavam que era tudo muito parecido com o Ep. 4; e todos sabem que o final de Rogue One foi catártico para os fãs. Neste aspecto, Os Últimos Jedi tem menos coisas repetidas.

Como tem sido comum nas mega produções da Disney, mais uma vez há um diretor pouco conhecido: Rian Johnson, que fez Looper cinco anos atrás, e de lá pra cá, só dirigiu três episódios de Breaking Bad. Johnson não só dirigiu, como também foi o roteirista. E aqui talvez esteja o maior problema do filme: um roteiro que tem uma enorme barriga no meio. Além de Os Últimos Jedi ser longo demais (duas horas e trinta e dois minutos, o mais longo de todos os nove até agora), o meio do filme é arrastaaado…

Sorte que o início e o fim são excelentes, além do filme ser repleto de bons momentos ao longo da projeção. Ok, algumas cenas parecem cópias dos outros filmes (como a Millenium Falcon dentro da Estrela da Morte em O Retorno do Jedi), mas vemos soluções que nunca apareceram em nenhum momento da saga, tanto no espaço (o “momento boliche” foi genial!), quanto em terra (a luta de sabres de luz no salão vermelho foi tão boa que desde já peço: quero um spin off sobre a academia que forma aqueles guardas!).

Hoje, em 2017, numa produção deste porte, não tem mais o que se falar sobre os efeitos especiais, são simplesmente perfeitos. O visual do filme é bem legal – toda a parte no planeta branco e vermelho é sensacional, e adorei o cenário vermelho da sala do Líder Supremo Snoke, me lembrou o Flash Gordon dos anos 80. E a trilha sonora, mais uma vez nas mãos de John Williams, é fantástica ao retomar velhos temas – em certo momento, a história é contada pela trilha, primeiro com o tema “Luke and Leia”, depois com “Han Solo and the Princess”. Emocionante!

Sobre os novos personagens, alguns foram bons, outros nem tanto. Gostei muito da Holdo (Laura Dern), uma personagem fora do maniqueísmo habitual da saga. Por outro lado, a Rose (Kelly Marie Tran) não me convenceu. E Benicio Del Toro foi algo desnecessário – um grande ator para um papel fuén. O resto do elenco repete os nomes do ep. 7: Daisy Ridley, Oscar Isaac, John Boyega, Adam Driver, Mark Hamill, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Domhnall Gleeson, Gwendoline Christie, Andy Serkis e Lupita Nyong’o (numa cena curta e completamente desnecessária com a sua Maz Kanata).

Ainda preciso falar sobre o merchandising. Foi o primeiro Guerra nas Estrelas que, quarenta anos atrás, inventou essa coisa de ganhar dinheiro com merchandising em torno do filme. E é claro que a venda pra Disney só aumentou a quantidade de produtos ligados à saga. Assim, vemos várias coisas no filme que parecem estar lá só pra “vender bonequinho”. E vários fãs estavam com medo dos porgs, bichinhos fofinhos que aparecem no trailer. Mas, olha, assim como aqueles “cachorros de cristal”, os porgs não atrapalham. E aposto que serão um grande sucesso nas vendas de bichos de pelúcia…

Ainda podia falar mais, afinal, Guerra nas Estrelas sempre foi um dos meus assuntos preferidos. Mas chega, vá ao cinema e volte, porque vou postar um outro texto, com spoilers!

Thor: Ragnarok

ThorCrítica – Thor: Ragnarok

Sinopse (imdb): Aprisionado, o todo-poderoso Thor encontra-se em uma disputa mortal de gladiadores contra o Hulk, seu ex-aliado. Thor deve lutar pela sobrevivência e correr contra o tempo para evitar que a poderosa Hela destrua sua casa e a civilização Asgardiana.

Hoje, em 2017, todo mundo já sabe o modus operandi do MCU (Marvel Cinematic Universe). O espectador sabe que vai encontrar um filme com ação e humor, muito bem feito tecnicamente, e com referências ao universo Marvel. Gostem ou não, a Marvel descobriu uma fórmula eficiente e vai continuar investindo neste formato.

Bem, quem costuma reclamar são os fãs da DC. Heu acho ótimo. Enquanto mantiverem a máxima luisseverianoribeira “cinema é a maior diversão”, continuarei vendo e curtindo os filmes.

Thor: Ragnarok (idem, no original) é muito bom. Parece uma continuação de Guardiões da Galáxia – uma aventura espacial divertida e colorida. Sim, este terceiro filme tem um pé fortemente fincado na comédia, bem mais que os dois primeiros.

Mais uma vez, a Marvel mostra que faz “filmes de produtor” e não “de diretor”. Se o primeiro Thor teve Kenneth Brannagh, a direção aqui coube a Taika Waititi, um neo zelandês com um currículo bem modesto. E, pelo resultado final, parece que a Marvel estava certa.

O visual do filme é muito legal. Planetas diferentes, personagens esquisitos, tudo muito colorido, o visual lembra os filmes dos anos 80 (mas com efeitos especiais de hoje). A trilha sonora de Mark Mothersbaugh (que era do Devo) ajuda a manter o clima oitentista. Detalhe: não é que nem Guardiões, que traz músicas antigas conhecidas – Mothersbaugh compôs temas instrumentais inéditos, mas com cara de anos 80. O visual só pisou na bola em alguns efeitos de maquiagem digital – talvez fosse melhor menos cgi e mais maquiagem “de verdade” em algumas cenas.

Um parágrafo pra falar do trailer spoilerento. Quem me conhece sabe que de um tempo pra cá tenho evitado trailers, mas não consegui escapar desta vez. O trailer é muito bom, super empolgante. Mas traz duas cenas que seriam muito mais empolgantes se vistas direto no filme. Mais um caso de filme que vale mais pra quem não viu o trailer…

O elenco, como sempre, é muito bom – o prestígio e o dinheiro do MCU tornam o casting uma tarefa fácil. Cate Blanchett, com seus dois Oscars, disse que queria fazer um filme da Marvel porque seus filhos são fãs – claro que ela ia mandar bem. Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Mark Ruffalo, Idris Elba, Anthony Hopkins e Benedict Cumberbatch voltam aos seus papeis; Tessa Thompson, Jeff Goldblum e Karl Urban são as novidades do elenco.

Como sempre, cenas pós créditos. Não saia antes do fim!

Blade Runner 2049

BladeRunner2049Crítica – Blade Runner 2049

Sinopse (imdb): Um novo Blade Runner descobre um segredo escondido que o leva a rastrear o ex-Blade Runner Rick Deckard, que está há trinta anos desaparecido.

Ok, admito, estava com muito pé atrás com este Blade Runner 2049 (idem, no original). Sou muito fã do original de 1982. E quando li que o diretor ia ser Denis Villeneuve, me lembrei de O Homem Duplicado, um filme cabeça muito ruim, e a preocupação aumentou. Mas aí vi A Chegada, infinitamente melhor que o outro, e relaxei. Ok, Villeneuve, você agora tinha o meu aval. Vamos “pagar pra ver”.

Felizmente, Villeneuve fez um bom trabalho. Blade Runner 2049 é um espetáculo visual belíssimo, e toda a mitologia do primeiro filme é respeitada. Só acho que não precisava de mais de duas horas e quarenta minutos…

Existem três curtas feitos para situar o espectador sobre o que está acontecendo: uma animação com estilo de anime contando o blecaute; e dois filminhos apresentando os personagens de Dave Bautista e Jared Leto. Não rolam spoilers, quem quiser ver antes pode ser uma boa, tem no youtube.

Sobre spoilers: Harrison Ford está no cartaz do filme, então todos sabem da sua presença no filme. Mas posso dizer que era melhor que a sua participação fosse guardada – como foi com o Wolverine em X-Men Apocalipse. Seria uma agradável surpresa vê-lo sem ser anunciado.

O elenco é bom. Ryan Gosling normalmente tem cara de paisagem, mas pra este papel funcionou bem – afinal, ele é um androide (e não há dubiedade sobre isso). Com um enorme carisma, Ford mais uma vez volta a um papel icônico (como fizera antes com Indiana Jones e Han Solo); Leto e Bautista pouco aparecem. Gostei da personagem de Ana de Armas, e aquela cena de sexo entre humano, androide e holograma ficou muito boa. Também no elenco, Robin Wright, Sylvia Hoeks, Mackenzie Davis, e uma participação especial de Edward James Olmos

A trilha sonora de Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch às vezes tenta emular a trilha clássica do Vangelis, mas no resto do filme lembra mais as notas graves de A Chegada. Ficou ok. Mas Blade Runner é sintetizador, e não monges tibetanos. Senti falta do Vangelis…

Pelo menos o visual compensa. A fotografia de Roger Deakins é fenomenal. Alguns cenários lembram o filme original (como os gigantescos painéis de neon); enquanto os cenários novos chamam a atenção pela beleza e grandiosidade (como o prédio de Niander Wallace, ou os cenários em Las Vegas).

Findo o filme, fica a dúvida: será que vai virar franquia e vão fazer um terceiro (e um quarto, um quinto…), ou será que para por aí? Denis Villeneuve não me parece ser um diretor que combina com franquias. Mas, por outro lado, ainda dá pra aproveitar elementos que foram pouco usados.

Por fim, queria registrar que finalmente li o livro “Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?”, escrito por Philip K. Dick nos anos 60, e que deu origem ao primeiro filme. É curioso ver que o livro tem uma história bem diferente do filme. Me lembrei de fãs do livro “O Senhor dos Anéis” reclamando porque o personagem Tom Bombadil foi cortado do filme. Se a adaptação do “Ovelhas Elétricas” fosse hoje em dia, ia ter “muito mimimi pelas internetes” reclamando que “o filme não respeitou o livro”…

A Torre Negra

A Torre NegraCrítica – A Torre Negra

O último Pistoleiro ficou preso em uma batalha eterna com o Homem de Preto, determinado a impedi-lo de derrubar a Torre Negra, que mantém o universo unido. Com o destino dos mundos em jogo, o bem e o mal entrarão em colisão na batalha final.

Antes de tudo, preciso avisar uma coisa: nunca li nenhum dos livros “A Torre Negra”, do Stephen King. Minha crítica será somente sobre a adaptação cinematográfica.

Li comentários negativos de quem leu os livros – pudera, 7 ou 8 livros foram condensados em uma hora e meia de filme. Mas posso dizer que, visto como uma obra isolada, o filme A Torre Negra (The Dark Tower, no original) funciona redondinho. História curta e enxuta, bons atores em bons personagens, efeitos especiais eficientes e uma trama envolvente. Ok, muitos clichês, mas clichês bem usados.

Confesso que tinha receio de ver um filme confuso, cheio de pontas soltas e que só quem leu os livros seria capaz de entender. Sorte que estava errado. Conseguimos entender todos os elementos deste novo universo, sem precisar de muitas explicações.

A direção é de Nikolaj Arcel, também responsável pelo roteiro. Não conhecia esse nome, mas vou ficar de olho.

Como não li o livro, não sei quais referências estão presentes. Mas reconheci alguns easter eggs do universo stephenkinguiano, como o letreiro escrito Pennywise no parque de diversões ou o código 1408 para se usar o portal. Citações discretas, quem não conhece não vai ficar perdido. Ah, King é mais conhecido por escrever terror, mas A Torre Negra está mais perto da ficção científica e da fantasia do que do terror.

(Aliás, nada a ver com Stephen King, mas a luta final é muito jedi! E o final da luta parece John Woo – só faltou uma pomba voando ao fundo em câmera lenta…)

No elenco, Matthew McConaughey e Idris Elba mandam bem, como era esperado. A boa surpresa está no jovem Tom Taylor, garoto que divide o protagonismo com Elba. Mais um nome pra anotar no caderninho! Também no elenco, Dennis Haysbert, Jackie Earle Haley, Claudia Kim, Abbey Lee e Katheryn Winnick.

Existe um projeto de uma série de tv baseada na série de livros. Mas acredito que isso esteja atrelado a uma boa bilheteria. Aguardemos…

Zaschitniki / The Guardians

zashchitniki_posterCrítica – Zashchitniki / The Guardians

Durante a Guerra Fria, uma organização chamada “Patriot” criou um esquadrão de super-heróis, que incluía membros de múltiplas repúblicas soviéticas. Durante anos, os heróis tiveram que esconder suas identidades, mas em tempos difíceis eles devem aparecer novamente.

Um tempo atrás, “pelas internetes da vida”, rolou um trailer de um filme russo de super-heróis. Finalmente o filme está pronto e disponível!

É complicado julgar um filme como Zaschitniki (The Guardians, em inglês). A concorrência hollywoodiana é desleal, hoje temos muitas boas opções no estilo. Claro que um filme de um país sem tradição em blockbusters tende a ser inferior.

É o caso aqui. Dirigido por Sarik Andreasyan e estrelado por Sebastien Sisak, Anton Pampuchniy, Sanzhar Madiev, Alina LaNina, Valeria Shkirando e Stanislav Shirin, Zaschitniki tem algumas boas ideias, mas muita coisa parece reciclada de outros filmes de super heróis – tem um “Magneto”, mas que move pedras em vez de metais; um “Noturno”, que tem até as nuvenzinhas que ficam no ar quando se move; além de dois personagens com superpoderes “comuns” – uma mulher que fica invisível e um homem que vira urso. Mas o pior é o vilão, um fortão genérico, com um plano tão confuso que ninguém entendeu o que ele queria. Ah, tem um clone da Brigitte Nielsen da época do Rocky IV.

Sobre os efeitos especiais, alguns realmente não convencem, mas outros estão num nível excelente. Tem uma cena com a “Sue Storm genérica” na chuva que é mais bem feita que o último filme da Sue Storm oficial.

No fim, fica assim: se comparar com o cinema contemporâneo de super-heróis, perde feio. Mas se a gente pensar que é um filme russo, sem dinheiro hollywoodiano e sem atores conhecidos, até vale ser visto.

E quem venham mais filmes de super heróis off Hollywood!

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

ValerianCrítica – Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Uma força misteriosa ameaça Alpha, uma vasta metrópole espacial, lar de espécies de mil planetas. Os militares Valerian e Laureline devem correr para identificar a ameaça e salvar não apenas Alpha, mas o futuro do universo.

Sabe O Quinto Elemento? Luc Besson apresentando uma saga espacial com uma boa história, bons personagens e um visual alucinante? Poizé. Besson aqui acertou no visual alucinante. Só.

Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets, no original) é a adaptação dos quadrinhos franceses “Valerian e Laureline”, da década de 60 – diz a lenda que um tal Guerra nas Estrelas usou esta HQ como inspiração. Nunca li os quadrinhos, meus comentários serão só pelo filme em si.

Antes de tudo, preciso falar que sou fã do Luc Besson, desde os anos 80, quando vi Nikita no Estação Botafogo, e minha cabeça explodiu – um bom filme de ação pode ser em outra língua diferente do inglês! Desde aquela época, acompanho tudo o que Besson faz: Subway, Imensidão Azul, O Profissional, O Quinto Elemento, o fraco Joana D’Arc

Boa parte das pessoas não acompanhou sua carreira de diretor depois de Joana D’Arc, quando ele escreveu roteiros pra vários filmes de ação (Carga Explosiva, B13, Busca Implacável, Dupla Implacável…). Mas heu vi tudo. Vi o esquisito Angel-A (2010) no cinema e tenho o dvd (autografado pela atriz principal, Rie Rasmussen). Vi a divertida trilogia Arthur e os Minimoys (06, 09, 10). Vi a boa aventura As Múmias do Faraó (10); o drama Além da Liberdade; a comédia fraquinha A Família (13). E, claro, Lucy (14), a volta do diretor ao cinema de ação / ficção científica.

Claro que a expectativa era alta. Principalmente porque vi o trailer, e já sabia que teríamos mais uma vez imagens de encher os olhos, num visual que lembrava O Quinto Elemento!

Mas assim como Lucy é inferior a Niklita e O Profissional, Valerian não é O Quinto Elemento. Não adianta um visual elaborado se o roteiro (também escrito por Besson) é fraco. O roteiro de Valerian não tem fluidez. A história é previsível, e mesmo assim explicada demais (tem até um “momento Scooby Doo”, quando os mocinhos revelam o plano do vilão). E algumas partes são inúteis à trama – por exemplo, se você tirar toda a participação da Rihanna e do Ethan Hawke, o filme não perde nada.

O que se salva é o visual do filme. Desde as cenas iniciais, quando somos apresentados ao conceito de Alpha, a “cidade dos mil planetas”, passando por todos os mundos e espécies alienígenas. Aliás, gostei tanto de Alpha, que veria uma série inteira baseada nos seus mundos e submundos.

Alguns comentários sobre o elenco. Dane DeHaan nem é um ator ruim, mas o seu personagem é um galã conquistador. Na boa, DeHaan não tem o physique du rôle pra um papel assim! E, pra piorar, ele não tem o carisma necessário ao personagem. Cara Delevigne não está tão mal quanto em Esquadrão Suicida, mas ainda não dá pra elogiá-la como atriz. Mas o ponto é que ninguém vai se importar com os personagens principais.

(Isso porque não estou falando da atual tendência de personagens femininas fortes. Laureline combina bem com o estilo “donzela em perigo”, que era frequente no cinema décadas atrás…)

Ainda no elenco, além dos já citados Rihanna e Hawke, temos Clive Owen, Herbie Hancock, a voz de John Goodman, e uma participação rápida de Rutger Hauer no início do filme.

No fim, depois de mais de duas horas de história vazia, fica a sensação de que valeria mais a pena ter revisto O Quinto Elemento. Ei, seu Luc, ainda tô aguardando a sua volta, hein?