Os Produtores

Os produtoresCrítica – Os Produtores (2005)

Depois de mais um fracasso na Broadway, o produtor Max Bialystock se junta ao contador Leo Bloom para montarem o pior musical da história e ganhar dinheiro com uma fraude.

Anos atrás, comprei o dvd Os Produtores (The Producers, no original), comecei a ver, mas patroa não gostou do estilo, e parei logo na primeira cena, guardando o filme na prateleira junto com os outros Mel Brooks. Aproveitei o podcast de musicais e resolvi encarar de novo.

Logo lembrei por que não tinha terminado. O filme é bobo demais. Impressionante como mesmo com gente talentosa como Mel Brooks, Matthew Broderick, Uma Thurman e Nathan Lane, o resultado ficou tão decepcionante.

Durante o podcast, um dos convidados falou de uma versão brasileira da peça “Os Produtores”, que a peça não era boa porque era um humor caricato no estilo do Zorra Total. Olha, arrisco a dizer que o tom da peça estava certo. Porque o humor do filme é caricato no estilo do Zorra Total!

Os Produtores é a versão para cinema do musical da Broadway – que, por sua vez, é uma versão do filme Primavera Para Hitler, escrito e dirigido por Mel Brooks em 1967, com Gene Wilder e Zero Mostel no elenco. Vi o filme original muitos anos atrás, nem me lembro, não sei se tinha humor pastelão como no musical, ou um humor mais inteligente, como Mel Brooks mostrou em outros filmes (como O Jovem Frankenstein, Alta Ansiedade ou A Última Loucura de Mel Brooks). O fato é que Brooks deve ter alguma culpa, já que foi ele quem fez a adaptação para o teatro.

A direção do filme ficou com Susan Stroman – com grande experiência no teatro, mas que só dirigiu este filme. Segundo a wikipedia, ela ganhou 17 prêmios como coreógrafa. Deve ser por isso que Os Produtores parece uma peça filmada. Tudo: as atuações, as coreografias, os cenários, ao longo do filme parece que estamos diante de um palco. Acho que deviam ter chamado alguém com alguma experiência em cinema…

Curiosamente, o filme repetiu a dupla de atores principais da Broadway. Não vi a peça, mas já vi Nathan Lane e Matthew Broderick em outros filmes (principalmente Broderick – o cara é o Ferris Bueler!), e sei que eles são muito melhores do que o que vemos na tela. Will Ferrell está mal como sempre; Uma Thurman está mal como nunca. Deu pena dos atores, acho que eles devem ter vergonha deste filme…

Por fim, a parte musical é tão chata que fiquei torcendo para o filme acabar logo. Gosto de várias trilhas, de vários musicais. E não gostei de nenhuma das músicas deste Os Produtores.

Dispensável…

Caminhos da Floresta

caminhos-da-florestaCrítica – Caminhos da Floresta

Perdi o lançamento de Caminhos da Floresta, mas aproveitei o podcast de musicais pra ver.

Uma mistura dos conhecidos contos de fada dos irmãos Grimm em formato musical. Um padeiro e sua esposa, que não conseguem ter filhos por causa da maldição de uma bruxa, interagem com Cinderela, Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão e Rapunzel.

Antes de tudo, preciso avisar que não vi o musical de Stephen Sondheim no teatro, então não sabia nada sobre o filme. E até achei a ideia interessante: misturar vários contos clássicos – vemos interação entre a Cinderela, a Rapunzel, a Chapeuzinho Vermelho e o João do Pé de Feijão.

Mas… Caminhos da Floresta (Into The Woods, no original) tem um problema básico: é chato. A narrativa se arrasta pelos contos conhecidos, e quando chega no segundo ato, que seria a história “inédita”, ninguém mais tem saco para acompanhar o filme. Não vi o musical, mas pelo que li, no teatro é ainda mais longo. Talvez funcione no teatro, mas a adaptação pras telas não ficou legal.

(Também li que o musical tem uma forte conotação sexual na música entre Chapeuzinho Vermelho e o Lobo Mau. Isso foi mudado no filme, aqui está tudo no padrão Disney. Por outro lado, a Madrasta da Cinderela corta os pés das filhas pra tentar calçar o sapatinho de cristal – fato que foi ignorado no desenho e no recente filme da Disney.)

O elenco é muito bom. Meryl Streep (que foi indicada ao Oscar pelo papel) mais uma vez mostra que é uma das melhores atrizes contemporâneas, e mais uma vez, canta de verdade (como já fizera antes em Mamma Mia) – todo o resto do elenco atuava dublando as músicas, enquanto Meryl cantava ao vivo. Também no elenco, Anna Kendrick, Emily Blunt, James Corden, Chris Pine, Daniel Huttlestone, Christine Baranski, Tracy Ullman, Lilla Crawford, Billy Magnussen e Mackenzie Mauzi. A nota ruim vai para Johnny Depp, que pouco aparece e está muito caricato com seu lobo mau caricato.

Caminhos da Floresta tem seus fãs, mas acredito que são fãs da peça de teatro que queriam ver a peça nas telas…

Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Still CrazyCrítica – Still Crazy – Ainda Muito Loucos

Imagine um filme que quase ninguém conhece, mas que é tão simpático, que todos os que vêem viram fãs?

Nos anos 70, a banda Strange Fruit foi uma lendária banda de rock: fama, dinheiro, groupies, drogas, brigas internas e um ex front man morto de overdose. Até o fim da banda foi épico, quando um raio atingiu o palco em um show, durante um festival ao ar livre. 20 anos se passaram e os ex-membros da banda passaram a viver no ostracismo, até que a ideia de uma turnê revival pode dar uma segunda chance à banda.

Não sei o motivo, mas Still Crazy – Ainda Muito Loucos (Still Crazy, no original) permanece desconhecido do grande público. Apoiado por um elenco inspirado, o filme dirigido por Brian Gibson (Tina) traz uma história despretensiosa e cativante.

O roteiro foi escrito pela dupla Dick Clement e Ian La Frenais – coincidentemente (ou não), autores do roteiro de um dos “filmes de banda” mais simpáticos da história, The Commitments (a dupla também escreveu Across The Universe, os caras são bons neste estilo). O roteiro usa muito bem os clichês de bandas de “dinossauros”, às vezes o filme lembra os exageros de This Is Spinal Tap. E li por aí “pelas internetes da vida” que as (boas) músicas presentes no filme teriam sido compostas por Mick Jones, guitarrista da banda Foreigner, mas acho que é lenda, não consegui confirmar isso nem no imdb, nem na wikipedia do próprio Jones.

Mas Still Crazy não seria o que é sem o elenco que tem. Bill Nighy faz uma espécie de David Lee Roth e tem alguns dos melhores momentos do filme com seu personagem, um cantor que não conseguiu sucesso na carreira solo e que tem seu espaço questionado na própria banda. Timothy Spall também protagoniza ótimos momentos com o seu baterista irresponsável e inconsequente. A banda ainda tem Billy Connolly como um roadie / técnico de som e Stephen Rea nos teclados (o cara carrega um Hammond e um sintetizador pra tudo quanto é gig! Aliás, que synth é aquele? Parece um Prophet V, mas acho que vi um logo da Moog…). O filme ainda conta com Jimmy Nail, Juliet Aubrey, Helena Bergstrom, Bruce Robinson e Hans Matheson.

Se você gosta de rock e não conhece este filme, fica a dica!

Whiplash – Em Busca da Perfeição

WhiplashCrítica – Whiplash – Em Busca da Perfeição

Imagine o que acontece quando um aluno de música obcecado com a perfeição encontra um professor rígido demais, a ponto de agredir física e psicologicamente os seus alunos?

Andrew, um jovem e talentoso baterista, estudante de uma prestigiada universidade de música, entra na banda do professor Fletcher, o mais conceituado da escola, mas que costuma abusar psicologicamente dos seus alunos, sempre forçando os limites de cada um.

Antes de tudo, um comentário vindo de um músico semi-profissional (toco em bandas há quase trinta anos): sou contra os métodos do professor Fletcher, assim como sou contra a obsessão de Andrew. Mas admito que, no filme, a exploração desta relação de amor e ódio funcionou muito bem.

O filme é dos dois, de Andrew versus Fletcher – aliás, o filme é dos atores Miles Teller e J.K. Simmons. Ambos estão impressionantes!

Miles Teller não é um rosto muito conhecido, mas passa a impressão de “já vi esse cara em algum lugar”. Bem, ele estava em Divergente, Projeto X e na nova versão de Footloose, e agora está escalado para o papel de Sr Fantástico no polêmico reboot do Quarteto Fantástico. Já J.K. Simmons é um eterno coadjuvante (quem não se lembra do seu JJ Jameson em Homem Aranha?). Com certeza o star power de ambos vai aumentar depois de Whiplash.

Ainda Teller: o ator toca bateria desde os 15 anos de idade. Para o filme fez 4 horas de aula, 3 vezes por semana. Boa parte do que vemos nas telas era o próprio ator tocando!

Whiplash foi escrito e dirigido pelo pouco conhecido Damien Chazelle. Sem fundos para realizar seu filme, Chazelle fez um curta homônimo (também estrelado por Simmons) e o inscreveu no festival Sundance. O curta acabou ganhando a competição, e assim Chazelle conseguiu seu financiamento.

Não vi o curta, mas pelo longa podemos atestar o talento de Chazelle, que consegue um excelente ritmo no seu duelo entre personalidades fortes, além de usar ótimos ângulos ao filmar os instrumentos da big band em closes.

Ah, tem a música, né? Não sou muito fã de jazz, mas curto big bands, assim como curto compassos compostos (a música Whiplash é em 7/8 – em vez de contar 1, 2, 3, 4, conta-se 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7). E, vamos combinar: é sempre legal ver boa música sendo bem tocada, independente do estilo. E Whiplash está repleto de música boa!

Diz a lenda que todas as sessões de Whiplash no Festival do Rio de 2014 terminaram com a plateia batendo palmas. Bem, o final do filme realmente pede palmas, isso deve acontecer em várias sessões por aí.

p.s.: Determinado momento rola uma alfinetada, onde o filme diz “quem não é bom músico vai tocar rock”. Bem, os 3 melhores bateristas que conheço – Ian Paice, Carl Palmer e Neil Peart – são de bandas de rock…

Mesmo Se Nada Der Certo

Mesmo se nada der certo

Crítica – Mesmo se nada der certo

Um encontro ao acaso entre um executivo de gravadora desempregado e com problemas com bebida e uma jovem compositora que acabou de levar um fora do namorado que ficou famoso se torna uma promissora colaboração entre os dois talentos.

A princípio parece que Mesmo se Nada Der Certo (Begin Again, no original) é mais uma comédia romântica. Mas, em primeiro lugar, não é uma comédia, apenas um filme romântico. Em segundo lugar, a estrutura do filme não segue o “padrão comédia romântica mocinho não se dá bem com mocinha até o fim do filme quando ficam juntos”. Felizmente!

Mesmo se Nada Der Certo é muito legal, mas tem um problema: é parecido demais com Apenas Uma Vez (Once), filme anterior do mesmo diretor John Carney. Toda a estrutura do filme é a mesma – um casal ligado à música se conhece e ele ajuda ela a gravar, usando artistas de rua.

Mas, mesmo usando uma ideia reciclada, Mesmo se Nada Der Certo não parece uma “refilmagem com atores famosos” (o primeiro filme era estrelado pelos desconhecidos Glen Hansard e Markéta Irglova, enquanto este tem Keira Knightley e Mark Ruffalo como protagonistas). Mesmo se Nada Der Certo funciona muito bem por conta própria, é um filme simpático e cativante.

O roteiro escrito pelo próprio John Carney acerta ao contar a história do executivo de gravadora desempregado e da compositora avessa ao mainstream através de uma narrativa não linear e diálogos bem construídos. Mas preciso dizer que esse papo de gravação na rua, tecnicamente falando, é uma grande furada. Aquilo NUNCA funcionaria no mundo real! Mas… É um filme! Dentro do filme, ficou bem legal.

Por outro lado, a cena que mostra como funcionam os arranjos musicais dentro da cabeça do produtor ficou sensacional. Ver os instrumentos criando vida própria e entrando na música foi uma ideia excelente!

O elenco é outro dos destaques. Keira Knightley e Mark Ruffalo mostram boa química e estão muito à vontade nos seus papeis. Adam Levine, vocalista do Maroon 5, está perfeito como o projeto de estrela pop – não sei se o cantor é igual ao personagem, ou se ele é um bom ator. Também no elenco, Hailee Steinfeld, Catherine Keener, James Corden, Ceelo Green e Mos Def, creditado como Yasiin Bey.

Não gostei muito do fim do filme – além de não ter explicado o que aconteceu com a protagonista, ainda teve uma certa semelhança com o fim de Apenas Uma Vez. Mais não conto por causa de spoilers… Mesmo assim, Mesmo Se Nada Der Certo ainda foi uma agradável surpresa.

CBGB

0-CBGBCrítica – CBGB

Um filme contando a história do lendário clube novaiorquino CBGB? Quero ver!

A sinopse? Simples como um cara criou, meio sem querer, uma das casas mais importantes da história do rock’n’roll.

Em primeiro lugar, preciso falar que não sou muito fã da filosofia musical do punk rock – gosto de música bem tocada ;-). Mas reconheço a importância do movimento punk. E tem mais: o filme é sobre o CBGB, não sobre o punk. Então a gente vê o Talking Heads e o Blondie na tela…

Dito isso, vamos ao filme. Antes de ser um filme sobre o clube, CBGB é sobre Hilly Kristal, o dono do local. Um homem visionário, mas um péssimo administrador (o clube estava sempre lotado, e mesmo assim as contas viviam atrasadas).

(Aliás, o filme explica as inicias “CBGB OMFUG” – que sempre li, mas nunca tive ideia do que significava. Curiosamente, Hilly queria fazer um clube de country e blues, e chamou sua casa de “Country Blue Grass Blues”. Mas só conseguiu músics de outros estilos, então acrescentou “Other Music For Uplifting Gormandizers”…)

O filme escrito e dirigido por Randall Miller é sobre Hilly Kristal, e “o nome do filme” é Alan Rickman. Não sei nada sobre o Hilly original, não sei se a caracterização foi fiel. Rickman é um grande ator, a gente já sabia, e aqui ele constroi um personagem rico, um cara popular e bem sucedido, e, ao mesmo tempo, solitário e fracassado.

Aliás, o elenco inteiro está muito bem. Rupert Grint, o Ron de Harry Potter, impressiona como o guitarrista dos Dead Boys, completamente diferente do seu personagem mais famoso. Malin Akerman pouco aparece, mas ficou bem parecida com a Debbie Harry – outros músicos aparecem e estão ainda mais parecidos, mas são interpretados por atores desconhecidos. Ainda no elenco, Ashley Greene, Johnny Galecki, Stana Katic, Justin Bartha, Richard de Klerk, Freddy Rodríguez e Bradley Whitford.

Gostei muito de ver as bandas caracterizadas no palco do CBGB – Talking Heads, Blondie, Ramones, The Police, Iggy Pop, etc (e confesso que nunca tinha ouvido falar de Dead Boys…). Foi uma boa colocarem atores parecidos com os músicos dublando as músicas originais. O único problema é que o som ficou limpo demais – mas é melhor do que ouvir anônimos tocando e cantando músicas icônicas.

Também gostei da edição usando quadrinhos. Tudo a ver com o estilo do filme!

CBGB é baseado em fatos reais, mas nem tudo o que vemos no filme aconteceu de verdade. O próprio filme avisa isso, nos créditos finais, quando avisa que Iggy Pop nunca cantou no CBGB, e manda um “just deal with it”. Aliás, foi engraçado ler “nenhum animal foi maltratado durante as filmagens, as baratas esmagadas eram biscoitos Fig Newtons” (um biscoito recheado parecido com o nosso goiabinha).

Li no fórum do imdb algumas pessoas criticando a cenografia, porque usou vários props reais tirados do próprio CBGB. Se a gente prestar atenção, pode ver flyers dos anos 80 e 90, e o filme se passa na década de 70. Mas isso não me incomodou, achei que o visual do filme ficou mais rico assim.

Terminado o filme, fiquei com vontade de ver um filme semelhante sobre o Garage, da rua Ceará, aqui no Rio. Se heu tivesse os contatos certos, heu bem que tentava fazer este filme!

Imaginaerum

Crítica – Imaginaerum

Um musical baseado nas músicas da banda finlandesa Nightwish? Ok, vamos ver qualé.

Um velho compositor, em coma, precisa visitar o sinistro mundo de fantasia da sua infância, onde ele precisa recuperar suas memórias antes que seja tarde demais.

Imaginaerum tem boas músicas e um belo visual. Mas não é um bom filme. O problema é que parece um longo videoclipe: música rolando enquanto vemos belas imagens – que nem sempre fazem sentido, mas sempre carregam vários simbolismos. Funciona em um videoclipe de quatro ou cinco minutos. Mas, como filme de longa metragem, cansa.

Me parece que o diretor Stobe Harju quis fazer um novo Pink Floyd – The Wall. Só que ele não tem a experiência do Alan Parker, e o Nightwish não tem nenhum disco conceitual do nível do The Wall. Imaginaerum tem bons momentos e algumas boas músicas, mas falta consistência ao filme.

Talvez os fãs de Nightwish curtam. Mas, para quem não é fã, tem coisa melhor por aí.

Peaches Does Herself

Crítica – Peaches Does Herself

Três dias atrás falei aqui de Os Encontros da Meia Noite, filme que tinha uma das duas sinopses mais bizarras do Festival do Rio 2013. Peaches Does Herself me chamou a atenção por ser a outra sinopse bizarra:

A estreia da cantora de electro atrás das câmeras impressiona pela coesão e extravagância que fazem o documentário parecer um filme de ficção – e vice-versa. Misturando gêneros e sexualidades numa saga de mentira, ela arrancou elogios da Rolling Stone (que comparou o filme a uma versão moderna de Rocky Horror Picture Show) e do Hollywood Reporter (que disse que o filme parecia a história de Lady Gaga se ela fosse escrita por John Waters). Travestis, sexo simulado e humor espalhafatoso transformam o musical em uma ópera bufa em pleno século XXI.

Repetindo o que falei naquele post, gosto de aproveitar o Festival do Rio para ver filmes completamente diferentes do que passa por aí. Mesmo que o resultado não seja satisfatório. Como aconteceu aqui.

Em primeiro lugar, preciso admitir que nunca tinha ouvido falar de Peaches. E Peaches Does Herself não é um documentário, como anunciou a programação, e sim um espetáculo musical da Peaches. Musical e performático, diga-se de passagem. Ou seja, os fãs da cantora devem gostar do filme.

O show vale pela performance – tem bailarinos bissexuais, uma stripper velha e um travesti enorme – nu. Quase tudo no show tem algum apelo sexual, parece que isso é uma constante na carreira de Peaches. Mas as músicas não são lá grandes coisas, e, pelo menos pra quem não é fã, cansa.

Pelo menos é curto – 80 minutos. Na hora que você pensa em desistir e ir embora, acaba.

Só vale pela bizarrice…

Os Miseráveis

Crítica – Os Miseráveis

Na França do século 19, Jean Valjean, ex prisioneiro, perseguido pelo policial Javert depois que quebrou a condicional, concorda em cuidar de Cosette, filha de sua funcionária Fantine. Esta decisão mudará sua vida para sempre.

Filme novo de Tom Hooper, elevado ao primeiro escalão pelos Oscars de O Discurso do Rei – bom filme, mas supervalorizado, não merecia as estatuetas de melhor filme e melhor diretor. Agora Hooper encarou o desafio de fazer mais uma versão do livro de Victor Hugo – são inúmeras versões por aí, acho que a mais recente para o cinema foi em 1998, dirigida por Billie August e com Liam Neeson, Geoffrey Rush, Uma Thurman e Claire Danes no elenco. Só que Hooper trouxe para os cinemas a versão musical, que funciona bem na Broadway, mas não necessariamente vai funcionar no cinema.

Este Os Miseráveis tem um problema básico: é um filme chato. São duas horas e trinta e oito minutos de música quase ininterrupta, fica cansativo demais. A parte musical aqui é diferente dos musicais convencionais, onde canções são cantadas ao longo de cenas onde acontecem diálogos. Aqui é quase tudo cantado, até quando não precisa, o ator emposta a voz e estica as sílabas, deixaaando tuuudo assiiim. Sei lá, na minha humilde opinião, acho que seria melhor ficarmos só com as canções e deixar estes diálogos falados.

Tem outro problema, pelo menos pra quem não conhece a história: tudo acontece meio sem explicação. Jean Valjean está foragido, sem dinheiro e sem documentos, e na cena seguinte, depois de um intertítulo “8 anos depois”, não só ele já é um próspero empresário, como também é o prefeito da cidade! Outro exemplo: Cosette e Marius se encontram uma única vez, por alguns minutos, mas é uma paixão tão avassaladora que os dois viram apaixonados para sempre. Bem, até aí, tudo bem, a gente já viu exageros semelhantes em outras histórias. A diferença aqui é que a paixão é tão hardcore que o pai da menina entra na guerra para proteger o garoto – sem contar pra ele quem é sua filha!

A parte musical tem outra peculiaridade, mas esta foi uma ideia interessante. Normalmente, as músicas são gravadas antes, e os atores dublam na hora de filmar. Aqui, os atores usavam pontos nos ouvidos, e a voz foi captada na hora. Se por um lado temos algumas pequenas imperfeições nas músicas, por outro lado isso ajudou a interpretação.

Apesar dos pontos negativos, Os Miseráveis tem seus bons momentos, como a cena onde Jean Valjean e Cosette fogem, e vemos quase todo o elenco cantando juntos, mas em lugares diferentes. E o “momento solo” de Fantine é belíssimo, se a Anne Hathaway ganhar o Oscar de melhor atriz coadjuvante no próximo domingo, podemos dizer que está cena ajudou muito.

O elenco está muito bem. Além de Hathaway, Hugh Jackman também concorre ao Oscar (mas não deve ganhar, dificilmente alguém tira a estatueta de Daniel Day-Lewis e seu perfeito Abraham Lincoln). Li críticas negativas relativas ao Russell Crowe, mas não achei ele ruim. Não gostei da voz de Amanda Seyfried, achei aguda demais; gostei da voz da desconhecida Samantha Barks (a Eponine adulta). E Sacha Baron Cohen e Helena Bonham-Carter estão mais uma vez juntos num musical fora dos padrões convencionais (eles fizeram Sweeney Todd), desta vez como o alívio cômico.

Enfim, mesmo com suas qualidades, ainda acho que Os Miseráveis não é pra qualquer público. Muitos vão achar cansativo. E alguns vão dormir…

A Pequena Loja dos Horrores – Versão Estendida

A Pequena Loja dos Horrores – Edição Estendida

Sou muito fã deste A Pequena Loja dos Horrores desde que vi no cinema na época do lançamento, na segunda metade dos anos 80. É um musical sobre uma planta carnívora, dirigido pelo Frank Oz (o Yoda!), baseado no musical da Broadway que por sua vez se baseou num filme de terror do Roger Corman feito em 1960.  Comprei o LP importado com a trilha sonora em 88 (não tinha aqui no Brasil); e este foi o primeiro vhs que pirateei, ainda nos anos 80, antes do filme ser lançado oficialmente por aqui – era bem mais difícil, a gente tinha que levar o videocassete pra casa de um amigo! (depois comprei o vhs “selado”). Já tenho o dvd oficial há anos, mas nunca tinha saído em blu-ray. Até agora…

Comprei o blu-ray gringo assim que saiu (sei lá quando vão lançar por aqui). Comprei pelo filme, para ter o filme na minha coleção, nem sabia de extra nenhum, muito menos de um final diferente. Foi uma agradabilíssima surpresa descobrir o final estendido. E que final estendido!

Trata-se de um filme de 27 anos atrás, mas mesmo assim cabem os avisos de spoilers. Vou falar do novo fim do filme!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

SPOILERS!!!

No fim “oficial”, depois de salvar Audrey, Seymour levanta dos escombros, pega um cabo de energia elétrica e eletrocuta a planta. Ok, final feliz. Neste “novo” final, Audrey morre, e Seymour a leva para a planta comer. Não satisfeita, a planta também come o Seymour. Ouvimos uma música nova (que não estava na trilha sonora nem vinil nem em cd), e vemos várias mudas sendo vendidas nas lojas. E depois vemos várias “Audrey 2” gigantescas destruindo a cidade!

Peguei no google uma cena da destruição. Vejam:

FIM DOS SPOILERS!

Não sei se A Pequena Loja dos Horrores vai ser lançado em blu-ray no Brasil. Tampouco sei se vai ser lançado com esta opção de final alternativo. Então fica a recomendação: se você é fã do filme como heu, encomende o seu blu-ray na “amazon mais próxima”. Mesmo sem legendas em português, vale a pena!