Crítica – Moulin Rouge

Crítica – Moulin Rouge

Há tempos queria rever Moulin Rouge. Aproveitei que estou numa “onda musical” enquanto lapido o roteiro do meu primeiro longa (Você Não Soube Me Amar – O Filme).

Paris, 1899. Um escritor se apaixona pela estrela do badalado clube noturno Moulin Rouge. O problema é que ela também é cortejada por um poderoso duque, que investe dinheiro no clube.

Moulin Rouge é um grande filme. O diretor Baz Luhrmann já tinha chamado a atenção com seu filme anterior, Romeu + Julieta, quando filmou atores e cenários contemporâneos recitando os versos clássicos originais de Shakespeare – o contraste era usar o visual moderno com o inglês arcaico. Agora a sua “novidade” era contar uma história passada em 1899, mas usando músicas atuais.

A trilha sonora é de longe o melhor de Moulin Rouge. Músicas de Elton John, Madonna, Beatles, U2, Kiss, Nirvana, Queen e The Police, entre outros, estão revistas e misturadas em arranjos muito inspirados. Só a trilha sonora já vale o filme.

Outro destaque é o visual do filme, muito bem cuidado, assim como os figurinos, tudo muito colorido, tudo meio estilizado. Luhrmann foi um pouco exagerado ao compor o visual de Moulin Rouge, mas admito que gostei disso.

Infelizmente, nem tudo funciona. O filme é longo, pouco mais de duas horas, e cansa – principalmente na segunda metade. E o exagero característico do diretor atrapalha quando o filme está cansativo.

No elenco, destaque para o casal principal, Nicole Kidman e Ewan McGregor, que inclusive cantam as suas músicas – Nicole está lindíssima, acho que esse é um dos filmes que melhor souberam aproveitar sua beleza. John Leguizamo faz um anão (!), usando cgi e truques de câmera (depois de O Senhor dos Aneis, acho que ficou mais fácil para atores altos interpretarem pessoas pequenas). Ainda no elenco, Jim Braodbent, Richard Roxburgh e uma ponta da cantora Kylie Minogue, como a fada verde.

Depois deste filme, de 2001, Lurmann só foi lançar um novo filme em 2008, o épico não tão bem falado Austrália. Mas este ainda não vi – e nem tenho muita vontade…

Rock Of Ages – O Filme

Crítica – Rock Of Ages

Um musical recheado de músicas de rock farofa dos anos 80 e 90, estrelado por Tom Cruise e dirigido por Adam Shankman, o mesmo de Hairspray? Pára tudo, preciso ver isso!

1987. Sherrie, uma menina do interior, vai até Los Angeles para tentar a carreira de cantora. Consegue um emprego de garçonete no famoso Bourbon Club, às vésperas do aguardado show de despedida da banda Arsenal, já que Stacee Jaxx, seu vocalista, está prestes a sair em carreira solo.

Rock Of Ages – O Filme não é perfeito. Comecemos pelo que não funcionou: os personagens são todos caricatos, e a história é clichê e previsível. Além disso, o filme é um pouco longo demais, com pouco mais de duas horas – algumas “gorduras” poderiam ter sido cortadas. Mesmo assim, apesar das falhas, achei o filme divertidíssimo. Forte candidato a um dos melhores lançamentos de 2012!

Assim como acontece com Hairspray, Rock Of Ages – O Filme é leve, divertido e super alto astral. A gente sai do cinema com vontade de procurar os velhos vinis de rock farofa, para ouvir e cantar tudo aquilo batendo cabeça!

Aviso logo: o formato é o “musical clássico” – a cena inicial do filme já deixa isso claro, quando Sherrie começa a cantar no ônibus e todos em volta resolvem cantar interagindo com ela. Tem gente que não curte esse estilo, entendo isso. Mas quem curte vai ouvir novos arranjos de um monte de músicas legais de artistas conhecidos como Bon Jovi, Poison, Journey, Guns’n’Roses, Whitesnake, Extreme, Twisted Sister, Foreigner, Def Leppard, REO Speedwagon, Starship, Scorpions, Joan Jett, Pat Benatar, entre outros. Mais: algumas músicas estão inteiras, outras estão em “mashups” – duas (ou mais) músicas misturadas como se fossem apenas uma. Não é todo dia que temos algo assim!

Aliás, boa notícia sobre a parte musical: os atores cantam! Se os dois que formam o casal principal, Julianne Hough e Diego Boneta, não são muito conhecidos e podem ter sido escalados por terem boa voz, o que dizer de Tom Cruise, Alec Baldwin, Malin Akerman, Catherine Zeta-Jones, Paul Giamatti e Russel Brand? Esses são atores, e alguns nunca tinham cantado antes em filmes. E aqui todos fazem um excelente trabalho. Quem diria que Tom Cruise teria voz para cantar Paradise City, do Guns?

Aliás, falando em Tom Cruise… Dois meses atrás fiz aqui um Top 10 de atores que envelheceram bem. O Top 10 já estava certo ao trazer Cruise em primeiro lugar, mas heu ainda não tinha visto Rock Of Ages. Aqui ele está ainda mais impressionante. Agora um cinquentão (fez 50 anos mês passado), Cruise passa o filme inteiro sem camisa e com um físico de dar inveja a muitos caras de trinta anos na cara. Só pra ter uma ideia: Alec Baldwin é apenas quatro anos mais velho que Tom Cruise. Vejam os dois no filme e me digam se são só quatro anos de diferença… Só tenho uma única crítica ao seu personagem: o achei muito parecido com o Axl Rose, acho que o seu Stacee Jaxx poderia misturar outros “bad boys” do rock.

O elenco está ótimo. Além dos já citados, o filme ainda conta com Bryan Cranston (que acho que é o único dos principais que não canta) e a cantora Mary J. Blige, além de pontas de músicos de bandas citadas no filme, como Nuno Bettencourt (Extreme), Sebastian Bach (Skid Row), Kevin Cronin (REO Speedwagon) e Debbie Gibson, além do Eli Roth (O Albergue) como o diretor do videoclipe. Só não gostei muito do papel de Mary J.Blige, era pra ser um papel bem menor, me pareceu que ela só teve mais tempo de tela por causa de sua poderosa voz.

Na minha humilde opinião, esta super valorização do personagem de Blige é uma das falhas do roteiro escrito por Justin Theroux, Chris D’Arienzo e Allan Loeb. Também achei forçada a cena com Alec Baldwin e Russel Brand (apesar da música ter ficado engraçadíssima!). Sei lá, de repente cortando esses lances, o filme teria meia hora a menos e seria mais ágil… Além disso, tem o lance dos personagens caricatos. Mas acho que isso foi de propósito, alguns personagens foram construídos para serem clichês: o “rockstar”, a “falsa puritana”, etc.

Apesar dos defeitos, Rock Of Ages – O Filme é delicioso, pelo menos para aqueles que viveram esta onda de “hair metal” dos anos 80 e 90. Se você curte um bom rock farofa, é um programa imperdível!

.

.

Se você gostou de Rock Of Ages – O Filme, o Blog do Heu recomenda:
Rock Star
Quase Famosos
Across The Universe

Burlesque

Crítica – Burlesque

A jovem Ali vai para Los Angeles, em busca do sonho de viver como cantora e dançarina. Logo que conhece o clube Burlesque, se apaixona pelo local e faz de tudo para trabalhar lá.

Em sua estreia cinematográfica, a cantora Christina Aguilera parece que não quis ficar atrás de colegas como Mariah Carey e Britney Spears. Sim, seu filme decepcionou. Burlesque pode até não ser tão ruim quanto Glitter e Crossoroads (primeiros filmes de Mariah e Britney, respectivamente). Mas é tudo tão clichê que fica difícil gostar do filme.

Por si só, o enredo do filme escrito e dirigido pelo desconhecido Steven Antin já é batido ao extremo: jovem do interior que sonha com o estrelato vai para a cidade grande, começa a trabalhar no bar de um clube noturno e acaba virando a estrela. Some a isso vários personagens unidimensionais: o barman galã com um relacionamento complicado, o milionário que quer comprar tudo em volta, a dançarina rival, a ex-estrela que hoje é dona do clube, seu ex-marido sempre preocupado com a parte financeira… Tudo aqui é extremamente previsível.

Pelo menos os números musicais são quase todos bons, e Aguilera canta muito bem. Na parte musical, Burlesque é bastante eficiente, tanto nas performances vocais quanto nas coreografias.

(Falando nos números musicais, um dos pontos fracos do filme, na minha humilde opinião, foi justamente o da cantora Cher. Claro que ela iria cantar, mas a sua música não teve nada a ver com o momento do filme – o clube está se reerguendo, e a dona do clube sobe a um palco vazio para cantar uma música deprê?)

O elenco é bom, além de Christina Aguilera e Cher, temos Kristen Bell, Cam Gigandet, Peter Galagher, Eric Dane, Diana Agron, Julianne Hough, Alan Cumming e Stanley Tucci. Pena que quase nenhum dos atores consegue desenvolver algo convincente, devido aos clichês do roteiro.

Como show, Burlesque seria interessante. Mas como filme, ficou devendo. E, sobre a carreira cinematográfica de Christina Aguilera, aguardemos para saber se será fraca como as duas citadas acima ou como Justin Timberlake, que veio da indústria musical e já contabiliza alguns sucessos em sua carreira de ator…

Pink Floyd – The Wall

Crítica – Pink Floyd – The Wall

Quinta agora tem show do Roger Waters aqui no Rio, com o show The Wall. Bom momento pra rever o filme do Alan Parker, não?

O filme mostra o popstar Pink e seus problemas com drogas, com a perda do pai na guerra, com os professores na época da escola e com as mulheres.

O disco The Wall, lançado em 1979, é um clássico, um dos melhores discos da história do rock, tanto que Roger Waters (baixista do Pink Floyd e autor da maior parte das músicas do disco) está com uma grande turnê mundial lotando estádios com um show onde toca só este disco – e isso hoje, em 2012, 33 anos depois do lançamento. Mas, e o filme? Será que o grande diretor Alan Parker (Coração Satânico, The Commitments) conseguiria fazer um bom trabalho com tão rico material em mãos?

Infelizmente não. Se o disco merece frequentar listas de melhores, o filme lançado em 1982 passa longe disso.

Pink Floyd – The Wall é compostos de sequências com imagens viajantes sem sentido em cima de um fiapo de história. O roteiro é do próprio Roger Waters, ele deveria ter sido mais humilde e ter chamado um escritor mais experiente. Tanto que o próprio Alan Parker, que pensou em desistir do projeto algumas vezes por causa de brigas de ego com Waters, declarou que este era “the most expensive student film ever made” (“o mais caro filme de estudante já feito”).

Pink Floyd – The Wall parece um longo videoclipe de uma hora e meia. Ou talvez uma coleção de videoclipes. Claro que tem bons momentos, como a parte da música mais famosa (Another Brick in The Wall), com os alunos indo pro moedor de carne. Algumas animações, a cargo de Gerald Scarfe, também são bem legais.

Mas o problema é que alguns momentos não salvam um filme – principalmente quando a história é mal contada. Tudo bem que a boa música ajuda a passar o tempo, mas, como filme, Pink Floyd – The Wall fica devendo.

Sobre o elenco: o único papel importante é o personagem Pink (todo o resto é bem secundário), interpretado por Bob Geldof. Geldof nunca mais atuou em um longa para o cinema. Mas ele é muito famoso por ter organizado o projeto Band Aid (a versão inglesa do USA For Africa) e depois o mega-show Live Aid. Ah, e o próprio Roger Waters aparece numa ponta, como o padrinho de Pink no seu casamento.

Só recomendado aos fãs de Pink Floyd, ou àqueles que gostam de ver filmes enquanto estão com a mente alterada…

.

.

Se você gostou de Pink Floyd – The Wall, o Blog do Heu recomenda:
Across The Universe
The Doors
Quase Famosos

Footloose (1984)

Crítica – Footloose (1984)

A refilmagem de Footloose já está disponível para download. Resolvi então rever o original, um dos meus filmes preferidos dos anos 80.

A trama é simples, e até meio clichê. Jovem meio rebelde se muda para uma cidadezinha de população com mentalidade retrógrada e bate de frente com uma lei local que proíbe a dança. Claro que rola um romance com a menina bonitinha que é filha do pastor que manda na comunidade. Claro que rola uma briga com o valentão ex-namorado da bonitinha. E claro que tudo acaba bem com todos dançando, agora dentro da lei. Previsível, mas nem por isso ruim.

O diretor é Herbert Ross, de Flores de Aço e O Segredo do Meu Sucesso, nada muito famoso hoje em dia. Já sobre elenco, tenho algumas coisas a falar. Em primeiro lugar, é curioso ver Kevin Bacon praticando ginástica olímpica e dançando daquele jeito. O cara tá aí até hoje, fez dezenas de filmes famosos, e não me lembro dele fazendo nada parecido em nenhum outro filme. Não é um John Travolta, por exemplo, que também tem uma carreira extensa, mas aparece dançando em vários filmes. E olha que Bacon dança muito bem!

Falando em Travolta, diz a lenda que ele foi chamado antes para o papel, mas recusou. Tom Cruise teria sido chamado, mas preferiu fazer All The Right Moves; Rob Lowe também, mas teria machucado o joelho. E Bacon teria largado Christine, o Carro Assassino para fazer Footloose. Já para o papel que ficou com Lori Singer, a lista é ainda maior: teria sido recusado por Daryl Hannah, Elizabeth McGovern, Michelle Pfeiffer, Jamie Lee Curtis, Meg Ryan, Jodie Foster, Tatum O’Neal e Brooke Shields.

Outro comentário é sobre os coadjuvantes. Todo mundo lembra dos principais, Kevin Bacon, Lori Singer, John Lithgow e Dianne Wiest. Mas poucos se lembram dos amigos, interpretados por Chris Penn e Sarah Jessica Parker. Sim, eles mesmos, o gordo Nice Guy Eddie de Cães de Aluguel e a líder das peruas de Sex And The City são os melhores amigos dos protagonistas aqui.

Um último comentário sobre o elenco: Lori Singer, que parecia uma Daryl Hannah genérica, sumiu. Antes disso, ela tinha feito O Homem do Sapato Vermelho, pouco depois fez Warlock – O Demônio, e em 93 esteve em Shortcuts. Nos anos 90, fez uns filmes meio vagabas como Sunset Grill e F.T,W., e depois sumiu. Pelo imdb, de 1998 pra cá ela fez um curta e um episódio de Law & Order. Só.

A trilha sonora é sensacional. Até hoje a música Footloose anima qualquer festa dançante. A música do Kenny Loggins é tão boa que aparece na cena final e na divertida abertura, que mostra closes de pés dançando. E não é só a música tema, o filme é recheado de músicas boas, como Almost Paradise (Mike Reno e Ann Wilson), Holding Out for a Hero (Bonnie Tyler), Let´s Hear It For The Boy (Deniece Williams) e I’m Free (outra do Kenny Loggins).

Não sei se falo só por mim, mas Footloose foi um dos filmes mais marcantes da minha adolescência. Momento “mico do blogueiro”: por causa deste filme, usei os cabelos arrepiados, num corte imitando o Kevin Bacon… Meu álbum de formatura na escola, em 1988, é uma prova disso…

.

.

Se você gostou de Footloose, o Blog do Heu recomenda:
Curtindo a Vida Adoidado
Ruas de Fogo
A Hora do Espanto

The Doors

Crítica – The Doors

Nos anos 90 tive uma banda cover de The Doors, chamada The Windows (bom nome, não?). Rolou uma proposta pra talvez uma reunião agora em 2012. Me empolguei e peguei o filme pra rever.

Cinebiografia da banda californiana The Doors, um dos maiores nomes da música americana do fim dos anos 60 e início dos anos 70. O filme é focado no vocalista Jim Morrison, um dos ícones da época, que faleceu em 1971 com apenas 27 anos.

Dirigido por Oliver Stone e lançado em 1991, The Doors tem uma característica que é ao mesmo tempo boa e ruim: o filme é “a maior viagem”. Isso é ruim porque às vezes o filme se torna enfadonho; por outro lado, isso é bom, porque Jim Morrison era assim mesmo.

The Doors traz vários acontecimentos ligados à história e à mística da banda. Muita gente questiona se o que aparece na tela é real ou não. mas não dei muita bola para isso. O que me pareceu mais importante foi ver como um grande talento da música foi desperdiçado por causa das drogas, tão comuns na época.

O talento do diretor Oliver Stone é inquestionável. O seu problema é que muitas vezes seus filmes são chatos – Pauline Kael, uma famosa crítica norte-americana, uma vez declarou que estava feliz ao se aposentar porque não precisaria mais ver filmes de Stone. Heu particularmente acho que ele faz muitos filmes políticos – só sobre a guerra do Vietnam foram três! Este The Doors é um dos poucos filmes que nada têm a ver com política. Coincidência ou não, é o meu Oliver Stone favorito.

Val Kilmer como Jim Morrison vale um texto à parte. Talvez esta seja uma das caracterizações mais perfeitas da história do cinema. Kilmer não ficou parecido, ele ficou IGUAL a Morrison. Uma das cenas mostra a sessão de fotos de onde saiu a famosa foto de Morrison sem camisa com os braços abertos, foto usada à exaustão em posters até hoje. E na cena é Kilmer, igualzinho a Morrison. E tem mais: é Kilmer quem canta as músicas no filme. Não só a aparência física estava igual, a voz também estava. Diz a lenda que, na época, levaram gravações com a voz de Kilmer para Ray Manzarek, tecladista do Doors, e este não teria reconhecido, num teste cego, quem era o cantor e quem era o ator.

Val Kilmer é o grande nome do filme, mas não é o único conhecido. O elenco é estelar: Meg Ryan, Kyle MacLachlan, Kathleen Quinlan, Kevin Dillon, Frank Whaley, Michael Madsen, Michael Wincott, Kelly Hu e Mimi Rogers, além de algumas pontas, como Crispin Glover de Andy Warhol, e o próprio John Densmore (baterista da banda) como o técnico do estúdio, quando Morrison já está gordo e barbudo.

A trilha sonora é basicamente composta de músicas do The Doors. Pra quem curte o som da banda, é um prato cheio. Pra quem não curte, pode cansar… Pelo menos as músicas estão muito bem regravadas.

Filme obrigatório para qualquer fã de rock’n’roll!

.

.

Se você gostou de The Doors, o Blog do Heu recomenda:
Ray
A Fera do Rock
Quase Famosos

Amor Debaixo D’Água

Crítica – Amor Debaixo D’Água

Tem uns filmes por aí que exemplificam perfeitamente o espírito da mostra Midnight Movies. O japonês Amor Debaixo D’Água (Onna no kappa, no original) é um desses.

Saca só a sinopse: Asuka encontra um kappa, ser mitológico japonês. Aí descobre que ele é Aoki, um colega que morreu afogado aos 17 anos.  Como se não bastasse, o filme é um musical erótico!

O tal kappa é um ator com uma máscara em formato de bico e um casco de tartaruga nas costas. Mas é uma máscara mal feita, e um casco colado na camisa. E ainda tem um chapeuzinho estranho. Tosco, tosco, tosco…

As músicas são bizarras, parecem tocadas por um teclado arranjador de churrascaria, com aquela bateriazinha eletrônica tosca. As coreografias são coerentes com a tosqueira – sensação de vergonha alheia.

E as cenas de sexo? O sexo entre humanos é até normal. Mas o kappa também faz sexo. Olha, é impossível não rir quando o kappa mostra suas “partes íntimas”…

O filme é tão esquisito que fica difícil de dizer se é bom ou ruim. É estranho demais pra ser bom; é bizarro demais pra ser ruim. Pelo menos é engraçado, algumas partes são hilárias!

Lembrei de As Bonecas Safadas de Dasepo, outro filme oriental bizarro que vi num Festival e depois nunca mais ouvi falar. Taí, Amor Debaixo D’Água faria uma boa sessão dupla com Dasepo

Rock Brasilia: Era de Ouro

Crítica – Rock Brasilia: Era de Ouro

Durante o Festival do Rio, costumo deixar de lado documentários musicais. Nada contra, é que priorizo filmes toscos com pouca chance de entrar no circuito. Mas quando li sobre este Rock Brasilia: Era de Ouro, achei que era a minha cara – pra quem não sabe, gosto tanto do estilo que fundei uma banda só de rock nacional anos 80, a Perdidos na Selva (a banda ainda existe, mas não toco mais nela).

O documentário de Vladimir Carvalho fala sobre o “rock de Brasília” – enquanto o rock nacional estourava no eixo Rio-SP, três bandas que vieram da capital alcançaram o sucesso: Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial.

Além de imagens de arquivo, o filme mescla entrevistas atuais com outras feitas anos atrás. Isso era essencial, afinal, Renato Russo, morto há exatos 15 anos, é um dos personagens principais dessa galera. Esse artifício da “entrevista de arquivo” funciona muito bem. Os relatos de Renato Russo se encaixam perfeitamente com os depoimentos atuais de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá (Legião), André Mueller e Philippe Seabra (Plebe), Dinho Ouro Preto, Fê e Felipe Lemos (Capital). Até parece que as entrevistas foram feitas na mesma época.

Se por um lado as entrevistas misturadas funcionam, por outro, o texto fica um pouco confuso, principalmente na parte final, quando acontecem os relatos do que aconteceu com cada uma das três bandas depois dos anos 80. São três histórias entrecortadas, e cada uma delas nada tem a ver com as outras.

Outra coisa que senti falta foi das pessoas que fizeram parte da história mas não estão no filme. André Pretorius, um dos fundadores da banda seminal Aborto Elétrico (junto com Renato Russo e Fê Lemos), é citado como um personagem importante, mas o filme não fala do que aconteceu com ele (pesquisei na wikipedia, ele faleceu de overdose, em 1987, na Alemanha, então com 26 anos). O mesmo posso falar sobre os outros componentes das três bandas – Negrete (Legião), Loro Jones e Bozo Barretti (Capital), e Jander e Gutje (Plebe), que foram deixados de lado no documentário – Gutje fala rapidamente em uma entrevista antiga, Jander e Negrete aparecem em imagens de arquivo, Loro Jones é ignorado, e Barretti é citado como alguém que atrapalhou o sucesso do Capital.

Apesar disso, gostei do filme, que documenta passagens históricas interessantes, como o famoso show de Brasília onde Renato foi atacado por um fã e depois comprou briga com os seguranças, ou um relato sobre a primeira viagem da Plebe, ou ainda as reações de Chico e Caetano ao verem a Legião pela primeira vez em seu programa de tv na Globo.

Imperdível para fãs de rock nacional anos 80!

The Rocky Horror Picture Show

Crítica – The Rocky Horror Picture Show

No fim de semana passado, tive a oportunidade de ver uma “sessão à carater” deste que é um dos mais cultuados filmes da história do cinema!

Primeiro falarei sobre o filme, depois sobre o que seria uma “sessão à carater”…

Quando o carro dos noivos Brad e Janet quebra, à noite, no meio de uma tempestade, o casal procura abrigo no castelo do Dr. Frank-N-Furter, um bizarro cientista louco travesti que está prestes a trazer ao mundo a sua nova criação: Rocky, um ser humano artificial.

É a versão para cinema da peça alternativa The Rocky Horror Show. E, analisando friamente, o filme não é bom. Na verdade, é muito trash! Sim, é muito cultuado, mas isso não o faz um filme melhor.

Nem tudo é ruim neste musical que mistura terror com comédia, com uma pitada de ficção científica ao fundo. As músicas de Richard O’Brien (que interpreta o corcunda Riff Raff) são muito boas, tenho o cd e ouço direto. A atmosfera bizarra do filme também é bem interessante. E Tim Curry, que estreava em longa-metragens, está ótimo na pele do andrógino Dr. Frank-N-Furter. E ainda tem a Susan Sarandon novinha…

O problema é que a história não faz o menor sentido! E além disso, o filme tem graves problemas de ritmo – a parte final é arrastada demais. Isso porque não falei das atuações e dos efeitos especiais, ambos muito toscos. Mas acho que isso era esperado num filme trash…

E por que o filme é tão cultuado?

Voltemos no tempo. Quando The Rocky Horror Picture Show foi lançado, em 1975, foi um retumbante fracasso nas bilheterias. O filme foi então estrategicamente colocado em sessões à meia-noite, visando plateias alternativas. E o filme foi “adotado” por um público que interagia com o filme.

Essa interatividade com a plateia ficou famosa entre o público de cinema underground. E, entra semana, sai semana; entra mês, sai mês; entra ano, sai ano, o filme continua nos cinemas – hoje The Rocky Horror Picture Show detém o verbete do Guiness de “filme em cartaz há mais tempo”. Já são 36 anos, e o filme continua com fôlego…

Lembro de uma vez, no então Cineclube Estação Botafogo – acho que foi em 1989 – onde, meio sem querer, fui parar numa dessas sessões interativas. Achei aquilo o máximo, mas nunca soube de outra sessão dessas, por isso, nunca tinha revisto. Até que, semana passada, soube que o recém reformado Cine Jóia estava planejando uma sessão, que aconteceu sábado passado – meia noite, claro!

O Jóia providenciou tudo o que o filme pede. Pessoas fantasiadas (com direito a explicações prévias feitas por um cosplay de Frankenfurter), e todo um “kit Rocky Horror” distribuído pra cada espectador (com arroz, confete, língua de sogra e um pedaço de jornal – acreditem, tudo faz sentido ao longo do filme!). E ainda levei um guarda-chuva!

O pequeno cinema (87 lugares) estava lotado, e ainda tinha um pessoal sentado no chão. E a sessão foi sensacional, todos no cinema estavam no clima, todos cantaram, gritaram e se divertiram! Parabéns ao Cine Jóia, que continue assim!

Só não sei se vale a pena ver o filme sem ser numa destas sessões. Tenho até o dvd, mas acho que ver o filme sozinho em casa deve ser sem graça. Mas, se você ouvir falar de uma sessão dessas perto da sua casa, não hesite e corra para o cinema!

p.s.: O poster aí em cima fala “a different set of jaws” – era uma citação ao Tubarão (Jaws, no original), da mesma época…

.

.

Se você gostou de The Rocky Horror Picture Show, Blog do Heu recomenda:
A Pequena Loja dos Horrores
Meet The Feebles
Hairspray

E Aí Hendrix?

E Aí Hendrix?

Já falei antes aqui no blog, não sou muito fã de documentários. Meu interesse no documentário é proporcional ao meu interesse no assunto tratado. Pra minha sorte, gosto do assunto de E Aí Hendrix?!

O documentário de Pedro Paulo Carneiro e Roberto Lamounier fala, claro, sobre o Jimi Hendrix. Liderada pela cantora Pitty, uma equipe foi até Londres, entrevistou contemporâneos do guitarrista, visitou lugares históricos (relacionados a Hendrix) e assistiu um show cover, feito por John Campbell e a banda Are You Experienced. Entremeando o “diário de bordo de Londres”, vemos trechos de  entrevistas com gente como Roberto Frejat, Pepeu Gomes, Robertinho do Recife e Davi Moraes.

O documentário não é careta. Alguns detalhes que poderiam ser classificados como defeitos técnicos dão ao filme um charme irresistível, coisas como tomadas não convencionais, câmera trêmula, ruídos no áudio – aparece o reflexo do diretor em uma tela de computador, durante uma entrevista por skype!

Uma decisão acertada dos realizadores, na minha humilde opinião, foi manter o foco apenas na música, sem mencionar nada da sua conturbada relação com as drogas. Se bem que o filme podia explicar um pouco – a Garotinha Ruiva estava comigo, e me perguntou como Hendrix morrera…

Em alguns momentos, a edição podia enxugar um pouco o filme. Por exemplo, achei o “momento Purple Haze” longo demais. Aliás, de um modo geral, rolou um excesso de imagens do cover de John Campbell. O cover é legal, mas acredito que seria mais interessante vermos mais imagens de arquivo.

Não sei se E Aí Hendrix? será lançado, o circuito para documentários é algo complicado hoje em dia. Mas vale a pena para quem curte este que foi um dos maiores guitarristas da história!

.

.

Se você gostou de E Aí Hendrix?, o Blog do Heu recomenda:
It Might Get Loud
Rush – Beyond The Lighted Stage
A Vida Até Parece Uma Festa