Assalto Ao Banco Central

Crítica – Assalto Ao Banco Central

Assalto Ao Banco Central mostra um audacioso roubo, onde, sem dar um único tiro, sem disparar um alarme, os bandidos entraram e saíram por um túnel de 84 metros cavado sob o cofre, carregando três toneladas de dinheiro.

Primeiro filme para o cinema do diretor Marcos Paulo, Assalto Ao Banco Central foi inspirado em um assalto real que aconteceu em 2005 em Fortaleza. Não me lembro de detalhes desse assalto, mas pelo que li, a trama do filme só pegou a ideia geral do assalto, o resto foi inventado.

A boa notícia: apesar da longa experiência do diretor na televisão, Assalto Ao Banco Central não tem cara de especial de tv (como acontece com quase todas as comédias feitas por aqui). O filme tem cara de cinema!

Gostei da proposta do roteiro de usar uma narrativa não linear – a linha temporal fica indo e vindo o tempo todo, o filme se passa no “antes” e “depois” do assalto. Mas a narrativa é bem construída e não chega a ser confusa, a compreensão do filme se faz sem dificuldades.

Milhem Cortaz lidera um bom elenco, que consegue construir uma interessante galeria de personagens distintos e que precisam conviver juntos. No elenco, Eriberto Leão, Hermila Guedes, Lima Duarte,Giulia Gam, Tonico Pereira, Gero Camilo, Vinícius de Oliveira, Cadu Fávero, Duda Ribeiro, Heitor Martinez, Juliano Cazarré, Antonio Abujamra, Cássio Gabus Mendes e Paulo César Grande.

Infelizmente, nem tudo funciona. Se por um lado a narrativa não linear é bem feita, por outro tira parte do suspense da trama, já que o espectador já sabe de antemão parte do que vai acontecer. E algumas sequências não são muito bem feitas, tecnicamente falando – a perseguição do caminhão cegonha ficou bem mal feita, na minha humilde opinião.

Apesar desta sequência, a parte técnica do filme ficou muito boa, bem acima da média que se faz por aqui no Brasil. Assalto Ao Banco Central pode não entrar pra história como um dos melhores filmes de assalto a banco. Mas tampouco vai decepcionar ninguém.

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Pólvora Negra

Crítica – Pólvora Negra

Seguindo o RioFan 2012…

Anos depois de ter sido quase morto, Castilho Paredes volta à sua cidade atraído por um contrato como matador. Marcado e esquecido, ele cai no meio de um jogo de manipulações em uma disputa familiar por uma herança.

Não sei exatamente por que Pólvora Negra estava na programação do RioFan. É um filme independente, mas não tem nada de fantástico . Enfim, mesmo fora do perfil, trata-se de um bom filme…

Escrito e dirigido por Kapel Furman, Pólvora Negra foi classificado como um “western moderno”. É por aí, o filme é ambientado hoje em dia, em uma pequena cidade do interior – mas fora isso segue a lógica dos faroestes: um pistoleiro movido por vingança.

O visual do filme é bem legal. A fotografia usa cores sem vida, e a edição traz algumas sequências bem boladas (como a luta de boxe). A trilha sonora é outro ponto positivo. Os efeitos especiais nos tiroteios também não fazem feio, como acontecia com produções nacionais de décadas atrás.

A trama é um pouco confusa, não consegui entender alguns lances, como por que existia um terceiro pistoleiro na cena da praça. Mas nada que atrapalhe o desenrolar da história do anti-heroi. Também não gostei do fim, mas respeito a opção do diretor.

Só reconheci um nome do elenco: Suzana Alves, a “Tiazinha”, que tem um papel menor. Sendo que ela ficou conhecida por andar com pouca roupa, até que ela está bem como atriz vestida (o filme só tem uma breve cena de nudez, e não é com ela). Alguns dos atores estão um pouco caricatos, mas acho que essa era a intenção. Ainda no elenco, Nicolas Trevijano, Thais Simi, Ricardo Gelli e Munir Kanaan.

Dos três longas que vi no RioFan, este Pólvora Negra é o único que tem cara de que pode chegar no circuito. Tomara que sim!

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Nervo Craniano Zero

Crítica – Nervo Craniano Zero

O novo filme da Vigor Mortis, companhia que fez o genial Morgue Story – Sangue, Baiacu e Quadrinhos!

Com medo de uma possível crise criativa, uma escritora de sucesso chama um antigo namorado, neuro-cirurgião com o registro cassado, para reativar sua fracassada experência que usa um chip indutor de criatividade ligado ao cérebro. Mas antes de testar nela mesma, ela contrata uma ingênua garota do interior como cobaia.

A dúvida que heu tinha era se Nervo Craniano Zero seria do mesmo nível do ótimo Morgue Story. Boa notícia: sim, é tão bom quanto!

Nervo Craniano Zero segue a linha de terror / comédia, com fortes (e visíveis) influências de quadrinhos e de filmes dos anos 80. O clima é bem trash, boa solução para o apertado orçamento de apenas R$ 180 mil. Claro, o filme não é pra qualquer um. Mas quem entrar no espírito, vai se divertir muito. O filme tem vários momentos antológicos, a plateia dava gargalhadas ao longo da projeção.

Depois do filme, o diretor Paulo Biscaia Filho, acompanhado dos atores Leandro Daniel Colombo e Uyara Torrente, falou um pouco com a pequena porém lotada sala de cinema do CCJF. Ele explicou que os atores sabem que tudo é sátira, o público sabe que tudo é sátira – mas os personagens não sabem. Os personagens levam aquilo a sério! Isso proporciona ao filme uma série de diálogos sensacionais, todos no limite da caricatura.

O elenco está ótimo. Leandro Daniel Colombo, um dos destaques de Morgue Story, e Guenia Lemos, mezzo americana, mezzo curitibana, que já fez alguns filmes e seriados em Hollywood, mas nunca tinha feito nada aqui no Brasil, estão excelentes como o médico perturbado Bartholomeu Bava e a escritora de moral duvidosa Bruna Bloch. Mas o melhor de Nervo Craniano Zero é Uyara Torrente, que ficou famosa um tempo atrás por um video de sua banda que virou viral de internet. Aqui ela mostra que é uma excelente atriz, com sua Cristi, que começa como uma ingênua (e engraçadíssima) caipira, para depois mostrar que o personagem tem muito mais a oferecer.

A trilha sonora é outro destaque. Demian Garcia compôs várias trilhas eletrônicas com um delicioso ar oitentista. E a cereja do bolo é a única música que não foi composta para o filme: Total Eclipse Of The Heart, da Bonnie Tyler, vira a trilha pefeita para uma cena completamente imprevisível de cirurgia craniana. Nunca mais ouvirei Bonnie Tyler como antes!

A exibição do filme era pra ser em alta definição, Paulo Biscaia Filho trouxe uma cópia em blu-ray. Mas o projetor do cinema não deixou a imagem ficar boa. Paulo disse para vermos isso como algo positivo: a qualidade da imagem ia nos lembrar dos velhos vhs dos anos 80… Ainda quero rever Nervo Craniano Zero com imagem boa, mas posso dizer que isso não atrapalhou a boa fotografia do filme, cheia de cenários estilizados e com muito contra-luz. Soma-se a isso a boa maquiagem e os efeitos especiais, poucos e simples, mas eficientes para o que o filme pede.

A notícia ruim é que não sei quando nem como o leitor vai conseguir ver Nervo Craniano Zero. Até onde sei, Morge Story só passou aqui no Rio no Festival do Rio de 2009, e foram poucas sessões mal divulgadas. Paulo Biscaia Filho deu a dica: o dvd está à venda na Livraria da Travessa. Mas sem divulgação, pouca gente vai saber disso…

Que Nervo Craniano Zero consiga um espaço no circuito cinematográfico, ou pelo menos um bom lançamento no mercado de home video!

Porto dos Mortos

Crítica – Porto dos Mortos

E vamos ao RioFan 2012!

Em um mundo devastado por um apocalipse zumbi, um policial vingativo persegue um serial killer, sem saber que este está possuído por um demônio.

Dirigido por Davi de Oliveira Pinheiro, Porto dos Mortos tem algumas falhas. Na minha humilde opinião, a maior delas é se classificar como um “filme de zumbi”. Não só os atores que interpretam os zumbis usam algumas das maquiagens mais mal feitas que já vi, como todos os personagens vivem tranquilamente com os zumbis em volta – porque os zumbis não atacam! Aí quando a gente vê que o mais importante no filme é a trama do serial killer possuído, a gente se pergunta: pra que os zumbis?

O roteiro tem altos e baixos. Por um lado, alguns diálogos são fracos – a cena do jovem de capacete conversando com o zumbi dá vergonha. Mas por outro lado, no meio do filme há uma corajosa reviravolta de roteiro que muda radicalmente o rumo do filme – gostei disso, foi totalmente inesperado. Mesmo assim, o roteiro tem problemas no ritmo.

O elenco de nomes desconhecidos está bem. As locações também foram bem escolhidas – lembro de Capital dos Mortos, filme de zumbis feito em Brasília, que mostra carros em movimento no fundo das cenas – Porto dos Mortos se preocupou com esse detalhe e parece que estamos realmente vivendo uma situação pós apocalíptica. Já a trilha sonora só funciona às vezes, em outras ela parece inadequada – como no momento que os garotos aprendem a atirar.

Descobri que este filme já está no imdb, com o título Beyond the Grave, como se tivesse sido lançado em 2010. Mas nunca tinha ouvido falar, e não achei nada sobre ele em sites de torrent.

Apesar de não ser top, torço por um lançamento melhor de Porto dos Mortos. Entre altos e baixos, o saldo é positivo. Vida longa ao terror independente brasileiro!

Desaparecidos

Crítica – Desaparecidos

Versão tupiniquim (e vagabunda) de A Bruxa de Blair

Seis câmeras são encontradas, e explicam o desaparecimento de um grupo de jovens, que foi a uma festa em Ilhabela, no litoral paulista. O convite da festa era uma câmera de vídeo, que ligava e desligava aleatoriamente.

A premissa até que era boa, um filme nacional de terror com câmera subjetiva, no estilo “encontraram uma filmagem”. Primeiro filme de ficção de David Schurman, que dirigiu o documentário O Mundo em Duas Voltas, e que antes do filme criou contas falsas no Facebook e as atualizou durante um ano inteiro, até um suposto “evento” que seria a festa ocorrida em Ilhabela. Legal, a ideia era parecer que era de verdade.

Mas nada disso adianta se o filme não ajuda. Desaparecidos é ruim. Mas não é pouco ruim, é muito ruim!

Olha, heu queria gostar desse filme. Filme de terror nacional é artigo tão raro que quando aparece um, a gente tem mais boa vontade pra assistir. Mas no caso de Desaparecidos, fica difícil.

Pra começar, não existe nenhuma ideia nova aqui. Antes de ir para a floresta como em A Bruxa de Blair, as pessoas estão numa festa como em Cloverfield; rolam sustinhos pela câmera como em Atividade Paranormal; uma das vítimas parece ter saído de Cannibal Holocaust; e a última cena foi copiada de REC. Poxa, será que não dava pra gente ver algo diferente?

Mas, ok, de vez em quando vejo filmes sem nada de novo. Mas aí vem o outro problema: tudo é muito chato, muito confuso, muito desconexo. A primeira parte do filme é chata, porque nada acontece. Depois, fica chato, porque é só gritaria e correria na floresta escura. Alguém consegue se assustar vendo imagens escuras de galhos e folhas enquanto pessoas gritam?

Resultado: um filme de menos de uma hora e vinte, mas que demooora pra acabar…

Pra não dizer que nada há de se aproveitar, gostei de uma coisa. Costumo implicar com quase todos esses filmes de câmera subjetiva, filmados pelos personagens, porque em certas situações, o cara pararia de filmar para salvar a própria vida. Aqui não rola isso, as câmeras foram dadas pelos organizadores da festa, e ficam penduradas no pescoço, ou seja, os personagens teoricamente nem davam bola pro que estava sendo filmado. A única pergunta que fica é: e as imagens antes da festa? Como foram parar no filme? 😉

Por fim, fiquei triste de ver que Desaparecidos teve uma chance no circuito, enquanto A Noite do Chupacabras, muito melhor, não vai ser lançado nunca. Como o mercado é injusto!

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E Aí, Comeu?

Crítica – E Aí, Comeu?

Três amigos inseparáveis – um solteiro, um casado e um recém divorciado – se encontram sempre no mesmo bar, onde dividem experiências e problemas. Como não podia deixar de ser, boa parte do papo é sobre o sexo oposto.

Nova comédia nacional, E Aí, Comeu?, novo filme de Felipe Joffily, segue a mesma linha de “humor com cara de especial de tv”, já usado em tantos filmes recentes, como Cilada.com e Muita Calma Nessa Hora (dirigido pelo mesmo Joffily). E Aí, Comeu? é um pouco melhor que os dois exemplos citados, mas mesmo assim erra em cair na fórmula de sempre.

Como acontece freqüentemente, o forte aqui é como o elenco consegue desenvolver as gags. Baseado na peça homônima de Marcelo Rubens Paiva (co-autor do roteiro), E Aí, Comeu? não tem exatamente uma linha narrativa, o filme segue a sequência de piadas. Às vezes as piadas são boas, mas outras vezes, infelizmente, o filme se perde.

Marcos Palmeira e Bruno Mazzeo são grandes atores e têm bom timing para comédia; Emílio Orciollo Netto, o mais desconhecido do trio, não faz feio ao lado dos colegas. O cantor Seu Jorge também está muito bem, interpretando um garçom chamado, ironicamente, de “Seu Jorge” (rola até piada com isso no filme). Já o resto do elenco não está mal, mas está repleto de atuações burocráticas. Ainda no filme, Dira Paes, Tainá Müller, Laura Neiva, Juliana Schalch, Juliana Alves, Murilo Benício, Katiuscia Canoro e José de Abreu.

O roteiro de E Aí, Comeu? ainda sofre com alguns personagens desnecessários, como a de Juliana Alves, que senta à mesa, fala duas frases e levanta; pra depois voltar, falar mais duas frases e levantar de novo – e pra piorar, ela ainda fala uma piada desatualizada*.

Apesar disso tudo, o resultado final funcionou. A boa trilha sonora de Plinio Profeta ajuda o ritmo do filme, que flui leve entre as situações um pouco previsíveis, porém divertidas.

Boa opção nacional que estreia sexta agora (dia 22)!

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* Sobre a tal piada desatualizada: Juliana fala algo como “se formos falar de futebol, já saio em vantagem, porque meu time tem o Ronaldinho Gaúcho”. Timing fail – Ronaldinho saiu do referido time, e saiu brigado com a torcida…

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2 Coelhos

Crítica – 2 Coelhos

Uêba! Filme nacional com cara de blockbuster hollywoodiano!

Insatisfeito com a vida, Edgar resolve elaborar um plano que colocará criminosos e corruptos em rota de colisão, e assim matar 2 coelhos com uma “caixa d’água” só.

2 Coelhos mostra o cinema nacional como poucas vezes visto. Cenas de ação, tiroteios e explosões, trechos em animação e muita câmera lenta. E o melhor: tudo feito com boa qualidade. Os fãs dos blockbusters americanos não tem o que reclamar.

Méritos para o diretor/produtor/roteirista/editor Afonso Poyart, que soube misturar de maneira primorosa a linguagem de comerciais e videoclipes com um roteiro cheio de violência estilizada e referências nerds, e nos trazer o que seria uma continuação do caminho trilhado por Cidade de Deus e Tropa de Elite. E isso sem se basear apenas nos “primos” brasileiros badalados. Porque o liquidificador de Poyart traz, além dos nacionais, elementos do cinema hollywoodiano de Quentin Tarantino, Robert Rodriguez, Zack Snyder e Guy Ritchie.

Li pela internet alguns comentários sobre 2 Coelhos “pecar pelo excesso” – muita câmera lenta, muitos cortes rápidos, muita edição estilizada… Discordo. Acho que o objetivo de Poyart era exatamente este. E heu sou um dos que gosta deste tipo de excesso.

O roteiro é bem amarrado, a trama rocambolesca e os vários personagens são apresentados aos poucos, com o uso de vários flashbacks. Tudo funciona redondinho. Só tem um problema: achei que a trama dá tantas voltas que o plano de Edgar peca por precisar de muitos fatores improváveis para ser bem sucedido. Muita coisa diferente tinha que acontecer ao mesmo tempo, achei isso meio forçado. Para usar uma referência nerd, acho que Edgar precisaria de algo parecido com o gerador de improbabilidade infinita…

Os atores estão excelentes. Fernando Alves Pinto lidera um elenco que conta com Alessandra Negrini, Aldine Muller, Caco Ciocler, Marat Descartes, Thaide, Thogun, Neco Vila Lobos – todos estão bem. Os personagens bem construídos e o roteiro com diálogos divertidos devem ter ajudado o trabalho dos atores.

O resultado final não vai agradar a todos, porque muitos cinéfilos que apreciam o cinema nacional não aceitam o cinema pop; por outro lado, fãs de blockbusters muitas vezes têm preconceito com filmes feitos aqui no Brasil. Mas acho que quem curte o estilo e for ao cinema sem preconceitos não vai se decepcionar.

Parabéns a Afonso Poyart pelo seu início de carreira. Continue assim!

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Os 3

Crítica – Os 3

Camila (Juliana Schalch), Cazé (Gabriel Godoy) e Rafael (Victor Mendes), estudantes recém chegados em São Paulo, vão morar juntos e viram amigos inseparáveis. Com o fim da faculdade e a iminente separação do trio, surge uma proposta para transformar a vida deles em uma espécie de mistura de reality show com site de vendas on line.

Os 3 foi dirigido por Nando Olival, que antes fez Domésticas ao lado de Fernando Meirelles. O melhor aqui é a química entre o trio principal. Apesar de usar atores desconhecidos, o elenco foi muito bem escolhido. Os atores viraram amigos na vida real, e isso transparece na tela.

O roteiro não é perfeito, algumas situações soaram forçadas, me pareceu que não tinham muita história pra contar. E ainda achei desnecessária a inclusão da outra menina no “reality show”. O que salva é realmente o trio principal.

Mas tem uma coisa que me incomodou um pouco. Spoilers leves abaixo!

SPOILERS!

SPOILERS!

SPOILERS!

Se Rafael gostava tanto de Camila a ponto de se afastar, na minha humilde opinião, não teria muito sentido ele querer de volta a companhia de Cazé…

FIM DOS SPOILERS!

Felzmente, isso não atrapalha o resultado final. Leve e despretensioso, Os 3 consegue ser uma boa diversão.

Amanhã Nunca Mais

Crítica – Amanhã Nunca Mais

Walter (Lázaro Ramos) é um cara pacato, aquele tipo de cara que não sabe dizer não, e por isso, é usado de capacho pelas pessoas próximas. No dia da festa de aniversário de sua filha, ele tem que pegar o bolo, mas muitos imprevistos estarão no seu caminho.

Amanhã Nunca Mais segue a linha de Depois de Horas, de Scorsese, onde o destino prega inacreditáveis peças consecutivas com o personagem de Griffin Dunne. A pessoa errada no lugar errado, várias vezes seguidas Nas mãos certas, isso pode gerar uma boa comédia. Felizmente, podemos constatar que isso acontece com o filme do diretor estreante Tadeu Jungle.

Vindo da publicidade, Jungle imprime um estilo ágil aos desencontros sofridos por Walter. O roteiro e a edição ajudam. Amanhã Nunca Mais é um filme curtinho, outra coisa boa, não precisa encher linguiça.

Antes de começar a sessão, Jungle falou para o plateia do cine Odeon que desde o início do projeto o nome de Lázaro Ramos foi pensado para o papel principal. Realmente, um inspirado e carismático Lázaro faz um bom trabalho com seu inseguro Walter. Também gostei de Maria Luiza Mendonça e Milhem Cortaz, ambos exagerados, mas nunca acima do tom; e de Fernanda Machado, contida na dose certa.

Boa diversão despretensiosa, deve estrear no circuito em breve.

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O Homem do Futuro

Crítica – O Homem do Futuro

Legal! Uma comédia / ficção científica nacional! E bem feita!

Zero (Wagner Moura) é um brilhante cientista, traumatizado por ter sido humilhado por sua namorada 20 anos antes. Prestes a descobrir uma nova forma de energia, Zero acidentalmente volta ao passado e agora tem a chance de consertar o rumo da sua vida.

O novo filme de Claudio Torres é ainda melhor que o anterior, A Mulher Invisível, que já era legal. O roteiro acerta nas idas e vindas no tempo, o timing de comédia é muito bom e não apela para o pastelão baixaria (como de vez em quando em comédias nacionais), e os efeitos especiais são simples e bem feitos. E o elenco está ótimo. Taí, este é um bom caminho para a comédia nacional.

Wagner Moura é sensacional. Ele consegue construir três personagens diferentes – um jovem deslumbrado, um adulto amargurado e um adulto bem resolvido – e convence com os três. O cara merece a boa fase: além de ter mandado bem em VIPs, o seu Tropa de Elite 2 é o representante nacional no Oscar 2011. E ele ainda estará em breve ao lado de Matt Damon, Jodie Foster e William Fichtner em Elysium, novo filme de Neill Blomkamp (Distrito 9).

E o filme não é só de Moura. Alinne Moraes, Fernando Ceylão, Maria Luísa Mendonça e Gabriel Braga Nunes também estão muito bem com diferentes personagens nas diferentes realidades temporais. Outro dos acertos de O Homem do Futuro é na parte de maquiagens e caracterizações.

Agora vamos a um papo nerd. Quem não curtir discussões sobre teorias de viagens no tempo, pule pro parágrafo seguinte.

As teorias mais usadas nos filmes de viagem no tempo são: ou a linha temporal é alterável, como em De Volta Para o Futuro – se você mudar o seu passado, o seu presente pode não acontecer; ou a linha temporal é única, como em O Exterminador do Futuro – o cara vai voltar ao passado, e aquilo tudo vai acontecer da mesma forma. Bem, a princípio Homem do Futuro segue a primeira teoria – Zero volta e cria uma realidade paralela (como acontece em De Volta Para o Futuro 2). Mas aí rola um problema: o evento que marcou toda a sua vida só tem sentido depois das idas e vindas no tempo – Helena só agiria daquele jeito por causa das viagens. Então, é usada a segunda teoria! Bem, em defesa do filme, a gente pode dizer que são teorias usadas no cinema, porque na verdade viagens no tempo não existem…

Bem, O Homem do Futuro não é um filme feito apenas para nerds. A plateia “convencional” vai curtir uma boa comédia romântica com um pé na ficção científica. Que venham outras produções nacionais com a mesma qualidade!

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