Noite Infeliz

Crítica – Noite Infeliz

Sinopse (imdb): Quando um grupo de mercenários ataca a propriedade de uma família rica, o Papai Noel deve intervir para salvar o dia (e o Natal).

O tema “papai Noel badass” já me interessava. Mas quando soube que era produção da 87North, passou a ser um dos filmes aguardados do fim do ano!

Pra quem não se ligou no nome, 87North é a produtora fundada por David Leitch, e que está por trás de filmes como Anônimo, Trem Bala e Kate. Ou seja, estamos diante de uma galera que sabe fazer boas cenas de ação. Claro, isso não garante a qualidade do filme, mas pelo menos garante a qualidade das cenas de ação. E quem me conhece sabe que aprecio cenas de ação bem coreografadas e bem filmadas.

Outra coisa que falo sempre aqui é que precisamos entender a proposta do filme. Noite Infeliz (Violent Night, no original) não quer ser um grande filme, é sim uma boa diversão a partir de uma ideia maluca – um Papai Noel real, e bem diferente do que a gente imagina. O resultado é um um bom equilíbrio entre ótimas cenas de ação e sequências engraçadíssimas, com um ator protagonista inspirado, que quando acaba o filme a gente já fica com vontade de rever.

A direção é do norueguês Tommy Wirkola, um nome não muito conhecido, mas que heu acompanho desde Dead Snow, filme nórdico de zumbis lançado em 2009. Já em Hollywood, ele fez o divertido e meio trash João e Maria Caçadores de Bruxas em 2013, e já na era do streaming fez Onde Está Segunda em 2017. Currículo pequeno, mas já tem alguns bons títulos.

Um dos grandes trunfos de Noite Infeliz é não se levar a sério em momento algum – o filme é divertidíssimo! É claro que existem espaços para citações a outros filmes de Natal, como Duro de Matar e Esqueceram de Mim. Aproveito para comentar o “momento Esqueceram de Mim”. Certo momento, parece que o filme pega outra pegada no humor. Isso talvez incomode alguns espectadores, mas hei entendi que era uma homenagem ao filme do Macauley Culkin.

Outra coisa que precisa ser mencionada é a trilha sonora de Dominic Lewis. A trilha é orquestrada, parece um Alan Silvestri dos áureos tempos, e cheia de pequenas citações a temas clássicos de Natal. Há tempos que uma trilha sonora não me chamava tanto a atenção.

O roteiro não é perfeito, tem algumas situações bem forçadas. Mas… o próprio roteiro assume que são forçadas e manda a frase “é a mágica do Natal, não sei como funciona, mas funciona”. Assim, o roteiro não se preocupa com algumas incoerências. Mas, tenho uma crítica. O filme mostra alguns breves flashbacks do passado do Papai Noel, antes dele assumir o cargo. Mas não desenvolve esse plot. Ora, se você vai entrar no assunto, desenvolva. Ficar só na pincelada ficou estranho.

No elenco, todos os elogios possíveis a David Harbour, ótimo como esse Papai Noel politicamente incorreto. Ele bebe demais, ele parece ser um cara egoísta, mas mostra que lá no fundo é coerente com a mitologia do personagem. E Harbour ainda faz cenas de ação, tem uma cena num salão de jogos (a cena que termina com a estrela no olho) que tem um longo plano sequência! O vilão John Leguizamo também está bem. O terceiro nome conhecido do elenco é Beverly D’Angelo – será que seria uma citação implícita a Férias Frustradas de Natal, de 1989? No resto do elenco, ninguém relevante.

Noite Infeliz pode ficar junto de Gremlins e Duro de Matar como filmes para serem revistos a cada Natal!

Tubarão: Mar de Sangue

Crítica – Tubarão: Mar de Sangue

Sinopse (imdb): Um grupo de jovens está passando as férias no México. Depois de uma noite de muita curtição, os amigos furtam dois jetskis e os levam para o alto-mar, mas eles acabam batendo em um acidente terrível.

Já defendi aqui antes filmes que trazem premissas repetidas. Filmes que não trazem nenhuma novidade, mas que têm uma boa execução. É um feijão com arroz bem cozinhado e bem temperado – não é novidade, mas ainda assim é um prato saboroso. Por isso defendi o recente A Queda, o filme não traz nada de inovador, e mesmo assim é um ótimo entretenimento.

Pena que Tubarão: Mar de Sangue (Shark Bait, no original) não é.

A gente já viu essa história diversas vezes. Um grupo de jovens desmiolados, no último dia de férias, resolve roubar dois jet skis, acabam causando um acidente, e ficam à deriva sem ter como voltar.

Mas… Em primeiro lugar, nenhum dos personagens é bom. Já começa o filme sem o espectador se importar com nenhum deles. Que virem isca de tubarão, como o título original sugere!

E aí a gente precisa falar sobre decisões burras. Ok, entendo que o cinema é feito em cima de decisões burras de personagens, mas tem uma aqui que me tirou do sério. Um dos personagens resolve nadar para procurar um barco que ele acha que está perto. POR QUE NÃO NADAR ATÉ A PRAIA???

Aí vem outro problema. O nome do filme é “Tubarão Mar de Sangue”, o pôster tem um tubarão enorme, mas… quase não tem tubarão no filme! O tubarão demora a aparecer, e fica pouco tempo em tela!

Mas aí vem um agravante. Deve ter pouco tubarão porque usaram um cgi tosco tosco tosco. Parece feito por um app de celular, o tubarão aparece mas não faz ondas na água em volta. Não costumo reclamar se efeitos pobres, mas aqui ficou feio demais. Consegue ser pior que o Pinóquio! Era melhor usar um bonecão!

Qual é o resultado? Um filme com personagens ruins, que não causa tensão nem nem medo do tubarão, e que ainda tem um cgi muito tosco. Talvez agrade uma turma que vá ao cinema com a proposta de zoação. Mas se quiser um filme bem feito com premissa parecida, veja A Queda.

Desencantada

Crítica – Desencantada

Sinopse (imdb): Dez anos depois de “e eles viveram felizes para sempre”, Giselle questiona sua felicidade, abalando a vida de todos ao seu redor, tanto no mundo real quanto na Andalasia.

Encantada, de 2007, era uma divertida brincadeira com os clichês de histórias de princesas clássicas – tipo, se uma princesa conversa com os animais nas florestas; quando essa princesa está em Nova York, quais são os animais disponíveis? Ela conversa com pombos, ratos e baratas!

15 anos depois, temos a continuação: o que acontece depois do “felizes para sempre” (a sinopse fala dez anos, mas deve ser até menos – a atriz que faz a enteada Morgan tinha 9 anos na época do filme, e a personagem ainda é adolescente neste novo filme). Com a chegada de um bebê, a família resolve se mudar para o subúrbio. E acaba que um acidente torna este subúrbio em um conto de fadas.

Se o primeiro filme fazia piadas com uma princesa no mundo real, a piada agora é que como ela é madrasta ela tem que ser vilã. E graças ao talento e inspiração da Amy Adams, isso gera algumas cenas bem legais. E aproveito o gancho pra falar do plot das duas vilãs. Para que a personagem da Maya Rudolph? Se você tira essa personagem, o filme não perde nada. Seria melhor só o plot da mocinha virando vilã.

A direção é de Adam Shankman, o mesmo dos geniais Hairspray e Rock of Ages. Alguns números musicais são bem legais, mas não sei se este será um filme a ser lembrado em sua filmografia. A trilha sonora do Alan Menken é boa, mas não tem nenhuma música memorável, quando acaba o filme na tem nenhuma música grudada na cabeça. Mas preciso dizer que curti a música das duas vilãs.

Ainda na parte musical: a voz da Idina Menzel é impressionante! Todo o elenco canta bem, mas a voz da Idina é um degrau acima. Quando ela começa a cantar, dá até arrepio!

No elenco, assim como aconteceu no primeiro filme, o nome é Amy Adams, que sabe muito bem equilibrar a dualidade da sua personagem. Patrick Dempsey, James Marsden e Idina Menzel reprisam seus papéis (Patrick Dempsey às vezes parece perdido, podiam ter escrito cenas melhores para ele). De novidade, temos Gabriella Baldacchino como a nova Morgan, e a já citada Maya Rudolph.

Ouvi um comentário que compara esse Desencantada com produções que rolavam muito décadas atrás, quando um filme “de cinema” fazia sucesso, era lançada uma continuação com qualidade inferior, direto para o mercado de VHS/DVD. Ok, entendo que este não é tão genial quanto o primeiro filme, mas, ora, é uma continuação, a proposta era repetir o que tinha dado certo em Encantada. Enfim, tem gente que não curtiu por ser inferior, mas heu me diverti.

Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Crítica – Guardiões da Galáxia Especial de Festas

Sinopse (Disney+): Com a missão de tornar o Natal inesquecível para Quill, os Guardiões vão à Terra em busca do presente perfeito.

James Gunn é “o cara”. Se antes já era impressionante o fato dele ter saído da Troma (sua estreia foi o roteiro de Tromeu & Julieta) e chegar na Marvel, agora ele está ligado a projetos simultâneos na Marvel e na DC!

Guardiões da Galáxia Especial de Festas (The Guardians of the Galaxy Holiday Special, no original) é uma divertidíssima brincadeira. Gunn aproveitou as filmagens de Guardiões 3 e juntou o elenco para filmar um especial de natal, independente dos filmes, de pouco mais de quarenta minutos. Pretensão zero, diversão nota 10.

O filme segue uma ideia maluca (e coerente com tudo o que o diretor já tinha feito com os Guardiões): tirando Peter Quill, todos são alienígenas e não sabem o que é o Natal. Então Mantis e Drax resolvem vir até a Terra para trazer um presente para Quill: o Kevin Bacon! Sim, afinal rolou uma piada no primeiro ou segundo Guardiões onde Quill fala que Kevin Bacon foi um herói que salvou uma cidade com a dança.

Uma coisa bem legal dessa fase atual da Marvel é que cabem experimentações em formatos diferentes. Depois de uma sitcom de uma advogada Hulk e de um filme sério com homenagem ao Pantera Negra, agora tem espaço para uma bobagem divertida.

Em sua incursão pela DC, em Esquadrão Suicida e na série Peacemaker, James Gunn usou muita violência gráfica, mas aqui em Guardiões da Galáxia Especial de Festas o clima é família, mantendo a linha dos filmes dos Guardiões. Outra característica constante em seus filmes, a trilha sonora é importante, e a música de Natal que toca no início é sensacional. Não achei informações no imdb, mas desconfio que seja a banda Old 97’s caracterizada interpretando a música no filme.

O elenco é fantástico. Mesmo sendo uma produção simples, direto para o streaming, Guardiões da Galáxia Especial de Festas traz de volta quase todo o elenco dos filmes (só Zoe Saldana não está aqui). Os principais são Pom Klementieff e Dave Bautista (que estão ótimos em sua incursão pela Terra), e temos também Chris Pratt, Karen Gillan, Michael Rooker, Bradley Cooper, Vin Diesel e Sean Gunn. De novidade, Maria Bakalova faz a voz do cachorro Cosmo, ela deve estar no próximo filme. Claro, Kevin Bacon também tem uma grande participação, e sua esposa Kyra Sedgwick é quem fala ao telefone com ele.

Por fim, não me lembro de personagens da DC sendo citados no MCU. E aqui falam do Batman! Olha, se alguém for fazer um crossover Marvel x DC nos cinemas, acho que já temos a pessoa certa para tocar o projeto!

Mundo Estranho

Crítica – Mundo Estranho

Sinopse (imdb): Os lendários Clades são uma família de exploradores cujas diferenças ameaçaram derrubar sua última e mais crucial missão.

O longa de animação, Mundo Estranho (Strange World, no original) é o novo lançamento da Disney nos cinemas. Sim, nos cinemas – depois de lançar alguns títulos direto no streaming, este vai para o circuito e só chega no Disney+ no fim de dezembro. Quais os critérios pra decidir? Pinóquio foi ruim, ok, mas tinha Tom Hanks e Robert Zemeckis, será que não merecia a tela grande? Sei lá…

Mundo Estranho se vende como uma aventura em um local com visuais fantásticos. Realmente, esse “mundo estranho” tem um visual bem legal, com montanhas com patas, rios de peixes voadores, e seres com tentáculo saindo da boca. O visual realmente impressiona. Mas… É basicamente isso, o filme podia explorar muito mais essas paisagens e seres fantásticos, mas parece que tudo o que tem no filme a gente já tinha visto no trailer.

Não gostei dos personagens. É um excesso de “daddy issues”, o cara tem problemas com o pai e também tem problemas com o filho, e o filme foca demais nesses problemas. É tanto “daddy issues” que a mãe foi jogada pra escanteio, inventaram que ela é piloto pra ela ter alguma função na trama. E acaba que como ninguém se importa com os protagonistas, o único personagem que conquista alguma simpatia do público é o Splat, bichinho que claramente foi criado com a intenção de vender bonequinho, adaptado à geração slime.

É animação de Disney, mas não é musical. Tem uma única música, dentro de um contexto. Ah, e não tem cena pós créditos.

A parte final traz um plot twist que achei bem legal. Não vou entrar em detalhes, claro. Mas digo que me lembrei de dois filmes que trazem semelhanças no conceito, um de 1966, outro de 1987.

Está rolando uma polêmica na Internet porque o protagonista é gay. Acho isso uma grande bobagem, qual é o problema do garoto ser gay? Sério que em 2022 isso ainda incomoda alguém? Agora, dito isso, o filme podia ter feito uma piada com o avô. Um cara mais velho, de outra geração, até podia achar estranho, mas o filme não usou essa piada.

No fim, fica a sensação de que poderia ter sido melhor. E a dúvida de quando vão lançar o boneco do Splat nas lojas.

RIPD 2

Crítica – R.I.P.D.2

Sinopse (imdb): Situado no oeste americano de 1876, R.I.P.D.2: Rise of the Damed é uma sequência de R.I.P.D. de 2013. O xerife Roy Pulsipher não está muito feliz por se encontrar morto após um tiroteio com uma notória gangue fora da lei, mas ele tem uma segunda chance de retornar à Terra depois de ser recrutado pelo R.I.P.D. (Departamento Descanse em Paz.). Mas vingar seu próprio assassinato pode ter que ficar em segundo plano para salvar o mundo quando um portal para o inferno é aberto na antiga cidade mineira de Red Creek, ameaçando não apenas os habitantes locais… mas toda a própria humanidade.

Em 2013 foi lançado o primeiro RIPD, que parecia uma versão de MIB mas com fantasmas no lugar de alienígenas. Heu achei o filme bem divertido na época, mas ele flopou nas bilheterias, e parecia que a franquia estava morta (sem trocadilhos). Aí do nada aparece esta continuação, sem ninguém conhecido no elenco. Bora ver qualé.

Primeiro uma boa notícia pra quem não viu o primeiro ou viu só na época mas não se lembra: essa história é completamente independente daquela. Tem até uma cena explicando como as coisas funcionam no tal Departamento. Ou seja, não precisa (re)ver o primeiro.

O problema é que o filme dirigido pelo pouco conhecido Paul Leyden é genérico demais. A gente já viu dezenas de filmes iguais. Não tem nada que nos conecte aos mocinhos Roy e Jeanne, e o plano do vilão é rocambolesco e não faz o menor sentido. Acho que a única coisa que me surpreendeu foi uma revelação sobre a personagem Jeanne que acontece perto do fim.

Os efeitos especiais seguem a linha do “genérico para produção de baixo orçamento”. E a sequência final com o plano rocambolesco é péssima, nada faz sentido – e num cenário desses, efeitos especiais genéricos ficam em evidência.

Teve uma coisa que não funcionou. Quando um vivo vê um agente do RIPD, vê uma pessoa diferente, que seria o seu avatar (isso já acontecia no primeiro filme). Roy, homem branco, é visto como se fosse uma mulher negra. Aliás, Jeanne também, são duas mulheres negras. A princípio achei forçado por ser uma história no velho oeste, mas existe uma justificativa dentro do filme – se a justificativa é boa ou não, aí é com cada um, mas existe uma justificativa. Mas aí vem o meu problema com isso: faltou direção de atores. Se dois atores vão interpretar o mesmo papel, eles precisam atuar como se fossem a mesma pessoa. E não teve nada que me indicasse que fosse assim. Só pra dar um exemplo: acabou o filme, vejo as duas mulheres negras e não sei quem é o Roy e quem é a Jeanne. E vou além: o diretor podia ter colocado algumas gags aproveitando uma mulher no corpo de um homem.

O elenco do primeiro filme tinha Jeff Bridges, Ryan Reynolds, Kevin Bacon e Mary Louise Parker. Já nesta continuação, a única pessoa que heu já conhecia era o vilão Richard Brake (que esteve aqui no heuvi recentemente, em The Munsters e Barbarian). O elenco não é bom, mas serve para o que filme precisa: Jeffrey Donovan, Penelope Mitchell, Rachel Adedeji, Evlyne Oyedokun e Jake Choi.

No fim, fica aquele gostinho de Sessão da Tarde. Você pode até se divertir, mas vai esquecer do filme algumas horas depois.

Enola Holmes 2

Crítica – Enola Holmes 2

Sinopse (imdb): Em seu primeiro caso oficial como detetive, Enola precisa encontrar uma menina desaparecida. Para isso, ela contará com a ajuda dos amigos e do irmão, Sherlock.

Para a surpresa de ninguém, dois anos depois, chega a continuação de Enola Holmes, mais uma vez lançado pela Netflix. Se o primeiro filme foi baseado no primeiro de uma série de seis livros, claro que já existiam planos para continuações.

Dirigido pelo mesmo Harry Bradbeer do primeiro filme, Enola Holmes 2 segue a mesma linha de aventura infanto juvenil. Muita correria, algum humor, tudo baseado no enorme carisma da Millie Bobby Brown. Gostei de vê-la novamente como Enola, na última temporada de Stranger Things ela foi uma das piores coisas.

Enola Holmes 2 traz uma coisa bem legal: a introdução de um personagem real na história. Sarah Chapman existiu de verdade, foi uma das líderes da greve das “garotas dos fósforos”. Gosto quando um filme de ficção usa personagens reais no meio da trama.

Uma coisa me incomodou, que foi a grande quantidade de vezes que Enola quebra a quarta parede. Ok, é um recurso que ajuda a atrair a simpatia do público, mas acho que foi usado excessivamente. E olha só que curioso, no meu texto de dois anos atrás comentei a mesma coisa: “o recurso da quebra da quarta parede me cansou. Ok, isso ajuda a aproximar a personagem do público, e cai bem numa produção infantojuvenil. Mas aqui é o tempo todo! Na minha humilde opinião, podiam ter cortado algumas dessas cenas.”

Nem tudo funciona. Algumas sequências são bobinhas demais. Achei a fuga da prisão péssima, tanto na parte como ela sai da prisão, quanto na parte onde enfrenta os guardas. E pior: isso não traz nenhuma consequência para ela? Isso sem contar em falhas de roteiro, como a partitura que ela guardou e ainda estava com ela – depois da fuga da prisão.

No elenco, Millie Bobby Brown mostra mais uma vez que é uma estrela em ascensão. Ela carrega fácil o filme. Henry Cavill, Louis Partridge e Helena Bonham Carter voltam aos seus papeis – não gostei da Helena Bonham Carter, está caricata acima do aceitável. De novidade tem o David Thewlis, que também está caricato.

Teve uma parte no final que achei bem ruim, mas é um spoiler grande, então vou colocar avisos de spoiler.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

No fim do filme a gente descobre que Moriarty agora é uma mulher negra. Na Londres de 1888. Não tenho nada contra mudança de gênero ou etnia, mas tenho muita coisa contra incoerência. Moriarty era um professor de matemática que virou um gênio do crime. Se esse filme fosse que nem o Sherlock Holmes do Benedict Cumberbatch, que se passa nos dias de hoje, ok, seria mais fácil de aceitar uma mulher como Moriarty. Mas em 1888???
Vejam bem: não sou contra mudanças, desde que sejam bem feitas. No Battlestar Galactica de 1978, Starbuck era homem. Na versão de 2004, virou mulher. E não conheço um único fã de BSG que reclame dessa mudança. A nova Starbuck era um personagem ótimo, interpretada por uma atriz ótima, e naquele contexto, a mudança de gênero funcionava bem. Mas, na Londres de 1888, ficou forçado demais.
E, aproveitando que estamos numa área de spoilers, aquele final com o início da greve ficou bem ruim. Sarah Chapman diz “quem vem comigo?” e ninguém se manifesta. Aí alguém começa a bater o pé no chão, e em menos de um minuto, TODA a fábrica está ao lado dela. Ficou ruim…

FIM DOS SPOILERS!

Enola Holmes 2 é um pouco longo demais, chega a cansar. Tem uma cena pós créditos indicando que teremos um terceiro filme, tomara que deem uma enxugada no roteiro.

Weird – The Al Yankovic Story

Crítica – Weird – The Al Yankovic Story

Sinopse (imdb): Explora todas as facetas da vida de Yankovic, desde sua ascensão meteórica à fama com sucessos iniciais como ‘Eat It’ e ‘Like a Surgeon’ até seus tórridos casos amorosos de celebridades e estilo de vida notoriamente depravado.

Recentemente a gente tem tido várias boas cinebiografias musicais. Será que tem espaço para uma cinebiografia de um nome menos conhecido, como Weird Al Yankovic?

Antes do filme, um breve comentário sobre quem é Weird Al Yankovic – pelo menos pra mim. Nos anos 80, heu curtia muito Eat It, uma versão de Beat It, que tinha piadas tanto na letra quanto no videoclipe (duas mãos no frango, gordo entalado no bueiro). Na mesma época, tinha outra, Like a Surgeon, versão de Like a Virgin, onde o Weird Al ficava imitando as caras e bocas da Madonna – ela estava numa gôndola em Veneza enquanto ele estava numa maca de hospital. Achava isso muito divertido, mas não me lembro de outras músicas dele chegando por aqui – nem em áudio, nem em vídeo. No início dos anos 90 lembro de ter ouvido Smells Like Nirvana, e isso foi tudo o que conheci do Weird Al. Parece que lá nos EUA ele faz mais sucesso, mas aqui não foi muito além disso.

Agora vamos ao filme… Que não é exatamente uma cinebiografia, e sim uma “cinebiografia paródia”. Quando a gente vê um Bohemian Rhapsody ou um Rocketman, a gente se pergunta se aquilo realmente aconteceu daquele jeito ou se mudaram algo em prol da narrativa cinematográfica. Agora, quando a gente vê Weird – The Al Yankovic Story, a gente se pergunta se algo do filme é real ou se tudo foi inventado!

Preciso confessar que essa fuga total da realidade me atrapalhou. A cada evento que aparecia na tela, ficava na dúvida sobre se era real ou não, e isso me impediu de curtir o filme. Porque alguns são realmente absurdos e é claro que não são reais (como toda a parte do Pablo Escobar), mas tem muita coisa ali que poderia ser verdade.

Mas, vamos à análise do filme. A ideia surgiu em 2010, quando o site Funny or Die criou um trailer fake de uma cinebiografia do Weird Al Yankovic, dirigido por Eric Appel e com Aaron Paul, Olivia Wilde, Mary Steenburgen e Patton Oswalt no elenco. Anos se passaram, e o mesmo diretor Eric Appel traz o longa, escrito a quatro mãos por ele e pelo próprio Weird Al.

O papel principal ficou com Daniel Radcliffe, que faz um bom trabalho como o Weird Al – ele aprendeu a tocar acordeon para fazer o filme, mas não canta, a voz nas músicas é a do próprio Weird Al. Sempre tive a impressão do Weird Al original ser um cara alto, e Radcliffe aparenta ser o menor do elenco (fui ver no google, Weird Al tem 1,83 e Radcliffe tem 1,65). Isso seria um problema se o filme fosse sério, mas deve ter entrado nas piadas.

Aproveito pra falar do elenco principal. Além de Radcliffe, dois personagens merecem ser citados: o Dr. Demento do Rainn Wilson e a Madonna da Evan Rachel Wood. Nunca tinha ouvido falar de Dr Demento, achei o papel caricato mas acho que foi proposital; não gostei da Madonna da Evan Rachel Wood, ainda mais caricata que o Dr Demento, e ela não ficou nem um pouco parecida com a Madonna original.

Weird – The Al Yankovic Story tem algumas boas piadas. Gostei da parte onde ninguém sabe quem é John Deacon. Por outro lado, algumas partes são bem sem graça. E achei muito forçada a parte onde o pai revela que também tocava acordeon.

O filme é cheio de easter eggs de atores e de personagens. Tem uma cena de uma festa onde a gente vê dois membros do Devo, Frank Zappa, Salvador Dali, Andy Warhol, Pee Wee Herman, David Bowie, Wolfman Jack, John Deacon, Divine, Elton John, Elvira, Alice Cooper, Grace Jones e me parece ser a Kate Pierson dos B-52’s. Na parte final vemos Coolio e Prince na plateia, ambos estão descontentes (Coolio não gostou da paródia feita com a música dele; Prince nunca permitiu paródias); e ainda vemos a Cyndi Lauper ao lado do Dr Demento.

Já no elenco… Lin-Manuel Miranda faz o médico da cena inicial; Thomas Lennon faz o vendedor de acordeon. Patton Oswalt, que estava no trailer fake, aparece na plateia do primeiro show. Na festa, Conan O’Brian faz o Andy Warhol, Jack Black faz o Wolfman Jack, e John Deacon é interpretado por David Dastmalchian, o Bolinha de Esquadrão Suicida. Por fim, Weird Al Yankovic faz o produtor musical Tony Scotti.

Weird – The Al Yankovic Story não tem cenas pós créditos, mas rolam umas piadinhas com a música que está tocando. Vale ficar até o fim!

No fim, fica aquela sensação de que se o filme tivesse escolhido um lado – ou a cinebiografia real, ou a galhofa total – o resultado seria melhor. Achei bem decepcionante.

Star Wars: Histórias dos Jedi

Crítica – Star Wars: Histórias dos Jedi

Sinopse (Disney+): Um evento em 6 episódios que apresentam histórias sobre os Jedi numa era antes da que conhecemos. Uma jornada pela vida de dois Jedi distintos: Ahsoka Tano e Conde Dookan. Eles serão testados enquanto tomam decisões que determinarão os destinos deles.

Hoje em dia a gente tem muitas opções tanto no cinema quanto no streaming. Muitas opções, pouco tempo. Nesse cenário, fico feliz quando vejo uma série curtinha como essa Histórias dos Jedi (Tales of the Jedi, no original). São 6 episódios de aproximadamente 15 minutos cada. Em uma hora e meia a gente mata toda a temporada! (Melhor que isso só a série do Groot, que eram 5 episódios de 3 minutos cada…)

Agora, preciso avisar que Histórias dos Jedi não é para todos. Não é uma história fechada, são historinhas soltas, que se encaixariam em diferentes pontos da saga. Ou seja, uma pessoa leiga em Star Wars vai ficar perdida.

São seis episódios, três com a Ahsoka, três com o Dooku. Curiosamente, o primeiro é da Ahsoka, depois são os três do Dooku, e fecha com mais dois da Ahsoka. Não vou entrar em detalhes sobre cada episódio, vou fazer apenas alguns comentários por alto, ok?

O primeiro episódio mostra o nascimento da Ahsoka, e ela começa a se mostrar “force sensistive” ainda bebê. Episódio meio besta.

Os três do Dooku mostram uma coisa que gosto de ver no universo de Star Wars. Os filmes clássicos são muito maniqueístas, o bem contra o mal, a luz contra a escuridão, tudo é muito binário. Mas o mundo real tem os tais “tons de cinza”, nada é 100% de um lado ou do outro. Então gosto quando mostram que certas questões são mais complexas do que uma luta do “lado bom” contra o “lado mau”. Vemos o Dooku ainda Jedi, lidando com questões políticas onde existem interesses. A gente consegue entender parte da motivação do Dooku. Não, ele não vira “mocinho”, a série não o transforma em um herói, mas mostra que ele tinha motivações para ir contra o Conselho Jedi. Gosto de ver situações e personagens assim dentro deste universo!

O quarto episódio tem um momento que me arrepiou. Sem spoilers, é o momento que usa o tema da Força.

Meu episódio favorito foi o quinto, que mostra o treinamento da Ahsoka. Seu mestre, Anakin, resolveu dificultar os treinos para melhorar as habilidades da padawan. E essa parte do treino foi muito legal! O episódio termina sem fim, na hora não entendi, mas um amigo me explicou que o que acontece depois é uma parte de Clone Wars onde as pessoas se perguntam “como a Ahsoka saiu viva disso?” Pois bem, aqui está a resposta!

O sexto mostra que a Ahsoka estava no enterro da Amidala, e pra onde ela foi depois. Não tem tanta ação quanto o anterior, mas tem um belo duelo.

Gostei muito de Histórias dos Jedi, aguardo ansiosamente por outra temporada. Pena que sei que não é um material para indicar para qualquer um.

The Amazing Bulk

Crítica – The Amazing Bulk

Sinopse (imdb): Henry ‘Hank’ Howard trabalha como cientista em um laboratório militar, tentando criar uma fórmula sobre-humana, mas com pouco sucesso. Ele também está apaixonado pela filha de seu chefe, um general. Em um esforço para ganhar sua aprovação para se casar com sua filha, Henry testa a fórmula em si mesmo, inadvertidamente se transformando em um monstro roxo e deixando-o à mercê daqueles que desejam explorar seu poder recém-descoberto.

Lembro de um dia, antes da pandemia, que estava conversando com o Otávio Ugá sobre o quadro “Os peores filmes do mundo” no canal dele. Otávio me falou que queria fazer um vídeo sobre este The Amazing Bulk mas que não encontrava o filme. Na época tentei ajudá-lo, mas não consegui, e acabei me esquecendo da existência deste filme.

Até que vi que o Otávio fez o vídeo dele. Aí lembrei, opa, bora ver – mesmo já sabendo que este é um dos piores filmes jamais feitos!

Existem filmes ruins. Existem filmes muito ruins. E existe uma categoria que transcende qualquer padrão de ruindade possível. Uma categoria onde existem títulos como The Room, Cinderela Baiana, Birdemic, Manos The Hands of Fate – e também este The Amazing Bulk.

O filme dirigido e editado por Lewis Schoenbrun é tão tosco que nem sei por onde começar. The Amazing Bulk foi inteiramente filmado em tela verde num chroma key bem mal recortado. E todos os cenários digitais parecem gráficos de videogame dos anos 90.

Os efeitos do monstro roxo pelado, o tal do Bulk, são primários. Qualquer tutorial de efeitos especiais básicos já deve trazer um resultado melhor. Ok, o filme foi feito dez anos atrás, mas não justifica algo tão desleixado.

As atuações, claro, são péssimas. O vilão é tão caricato que seria recusado em um teatrinho infantil de shopping vagabundo. Mas atuações ruins eram esperadas num projeto desses. E os capangas dele, nem sei o que falar, não tem figurino, não tem sentido no roteiro, não tem sentido em nada no mundo. Agora, pior que atuações ruins, são diálogos captados sem o menor cuidado. Em uma mesma cena, num mesmo diálogo, tem áudios com ecos diferentes.

Claro, ninguém conhecido no elenco. Mas, já comentei sobre a minha memória bizarra para guardar nomes ligados ao cinema… A prostituta que morre no início do filme teve um papel pequeno em Californication. Como me lembro disso? Sei lá…

Outra coisa muito tosca é que temos várias cenas com os atores correndo parados. O pano verde do fundo devia ser muito pequeno, ficou muito ruim. E isso porque não estou falando dos bichos desenhados! Caramba, que ideia péssima!

Roteiro: sim é um roteiro ruim, isso já era previsto. Mas tem coisas que não fazem o menor sentido, como por exemplo a relação entre os personagens principais. Ele quer pedir a mão dela em casamento mas tem problemas com isso – mas eles já tiveram um relacionamento e ela fala em ter filhos com ele! Sério que ninguém leu o roteiro antes de filmar?

Ainda no roteiro: é um filme curto, tem uma hora e quinze minutos. E mesmo assim, tem uma sequência looonga, chatíssima, com efeitos que ficam indo e vindo, o que será que deve ter acontecido ao diretor/editor quando fez aquelas sequências de satélites acoplando e desacoplando?

E já que falei da edição, vou copiar um trecho do imdb sobre os cenários digitais: “O diretor encontrou muitos dos planos de fundo em sites de imagens gratuitas, que estão listados nos créditos do filme. Ele fez o filme em torno do que tinha, o que levou a cenas em adegas e campos habitados por duendes.” Parece que na parte final o diretor/editor deve ter pensado “ei, sobraram umas imagens, mas não se encaixam com nada, mas mesmo assim vamos colocar qualquer coisa!” Tem uma longa corrida do monstro roxo pelado por vários cenários aleatórios. Não que o resto do filme faça sentido, mas esse final é surreal.

Por fim, queria entender o uso de um monte de músicas clássicas na trilha sonora. Será que são grátis? A trilha tem vários clássicos famosos. E se eles não gastaram nos cenários digitais, será que gastaram na trilha, ou será que é tudo piratão?

Dava pra falar mais, mas chega. Preciso de um tempo pra limpar o sistema!