Lobisomem na Noite

Crítica – Lobisomem na Noite

Sinopse (Disney+): Em uma noite escura e sombria, uma cabala de monstros emerge das sombras e se reúne no templo de Bloodstone após a sua morte. Em um estranho e macabro memorial à vida de seu líder, os participantes são lançados em uma misteriosa e mortal competição por uma poderosa relíquia – uma caçada que acabará por colocá-los cara a cara com um monstro perigoso.

Recebi uma mensagem de um amigo sobre um novo Marvel, fui ver direto sem ler absolutamente nada do que se tratava. Olha, que surpresa boa!

Inicialmente achei que seria o primeiro episódio de uma nova série – caramba, tem muita coisa pra ver, estou acompanhando Andor, She-Hulk, Anéis de Poder, estou atrasado com House of the Dragon, acabou de estrear O Clube da Meia Noite, e ainda me recomendaram Dahmer. E ainda preciso ver filmes pra produzir conteúdo pro site! Precisamos de uma nova greve de roteiristas…

Mas, não, Lobisomem na Noite não é uma nova série, é um especial de Halloween. Um filme média metragem, de 54 minutos, que, a princípio, não terá continuação. Taí, gostei da proposta. Só achei um pouco cedo pra Halloween, será que não seria melhor mais perto do fim do mês?

Antes de tudo, preciso falar que Lobisomem na Noite não tem NADA de super heróis. Ok, algum leitor das HQs pode até dizer “mas o personagem tal aparece no gibi” – mas, pra mim, o que vale é o que está na tela, tanto nos filmes quanto nas séries. E nada aqui se conecta a nenhum dos filmes ou séries. Se vai se conectar no futuro? Provavelmente. Mas, por enquanto é algo independente.

Lobisomem na Noite (Werewolf by Night, no original) é uma grande homenagem a filmes clássicos de terror, como Drácula, Frankenstein, A Múmia, etc. Reconheço que não sou um grande conhecedor dessa fase, mas a gente pode sentir o clima. Não só o fato de ser em preto e branco, como os enquadramentos, cenários, trilha sonora, tudo lembra filmes daquela época. Tem até aquelas “marcas de cigarro”, aquelas bolas pretas que aparecem no canto da tela pra avisar pro projecionista que é a hora de trocar de projetor (se você é novo, talvez nunca tenha visto isso, mas até os anos 80 ou 90 era bem comum, tinha em todos os filmes que passavam no cinema).

Quando vi, desconfiei de uma coisa que confirmei depois no imdb: aproveitaram o P&B para “esconder” o sangue. Tem algumas cenas bem violentas, com muito sangue jorrando, mas vemos muito pouco porque o sangue não é vermelho.

Quando acabou o filme, uma agradável surpresa. A direção é de Michael Giacchino, ele mesmo, o compositor das trilhas sonoras de metade dos blockbusters que a gente viu nos últimos anos – só este ano, ele fez Batman, Jurassic World, Lightyear e Thor. O cara que já mostrou que é um grande compositor, ele já tinha trabalhado em trilhas que originalmente eram de outros compositores – tipo quando fez as trilhas dos Jurassic World (que nos filmes anteriores eram do John Williams) ou dos novos Star Trek (trabalhando em cima da trilha original de Jerry Goldsmith). Como diretor, ao fazer uma homenagem aos clássicos do terror, gostei de ver que ele mostra o mesmo carinho que ele tem para trabalhar em cima de outras trilhas. Já quero ver mais filmes dirigidos por ele!

Tenho uma crítica com relação ao nome. O filme se chama “Lobisomem na noite”. E tratam isso como se fosse um grande mistério a ser revelado num plot twist. Ora, se você vai ver um filme chamado “Lobisomem”, você sabe que o personagem central vai virar lobisomem! Que plot twist fajuto!

Mas não reclamo porque adorei a transformação. Vemos o olhar de medo da outra personagem, enquanto vemos suas sombras se transformando. Ficou muito bom!

Outra coisa que achei bem legal: a vinheta da Marvel foi alterada. Começa normal, mas aí é como se uma garra de lobisomem rasgasse (me lembrou o poster de Um Grito de Horror), aí fica preto e branco e o tom muda para menor. Muito legal!

No elenco, Gael Garcia Bernal e Laura Donnelly são os principais. Se este filme se conectar ao MCU, deve ser com um deles (ou ambos).

No fim, fica a sensação de que poderia ter sido um longa. Gostei do clima, gostei dos personagens, pena que acabou rápido. Pelo menos é melhor do que uma série longa.

Amsterdam

Crítica – Amsterdam

Sinopse (imdb): Na década de 1930, três amigos testemunham um assassinato, são incriminados e descobrem uma das tramas mais ultrajantes da história americana.

Antes de falar do filme, preciso falar da sessão de imprensa. Normalmente, críticos e jornalistas têm acesso a uma sessão antes da estreia, pra dar tempo de produzir conteúdo. E normalmente essa sessão acontece alguns dias antes. Mas, não sei por que, Amsterdam teve uma sessão quase um mês antes da estreia. Pior: sessão foi sem legendas! Pra que exibir um filme com tanto tempo de antecedência?

Enfim, estreia esta semana, então agora é hora do texto. Vamos ao filme?

A primeira coisa que chama a atenção aqui é o elenco. Afinal não é sempre que temos Margot Robbie, Christian Bale, John David Washington, Robert DeNiro, Rami Malek, Anya Taylor-Joy, Zoe Saldaña, Michael Shannon, Mike Myers, Chris Rock, Taylor Swift, Timothy Olyphant e Andrea Riseborough. É tanta gente legal passando pela tela que o espectador até se distrai e esquece as falhas.

Além do elenco, a reconstituição de época também é muito boa, assim como a fotografia de Emmanuel Lubezki (que ganhou três vezes seguidas o Oscar de fotografia, por Gravidade, Birdman e O Regresso). Amsterdam é um filme bonito. E as maquiagens também são muito boas, os dois atores principais tiveram graves ferimentos de guerra.

Mas, dito isso, achei o filme meio vazio.

Diria que o problema é o roteiro, escrito pelo diretor David O Russell, que não lançava nenhum filme desde Joy, de 2015. E, olha só, fui reler o que escrevi sobre Joy na época, vou copiar um trecho aqui: “Mais um filme meia boca do superestimado David O. Russell… A história de uma mulher que inventou um esfregão daria um bom filme? Talvez. Mas precisaria de um bom roteiro, já que a história em si é besta. E isso não acontece aqui. Joy: O Nome do Sucesso tem uma cena boa aqui, outra acolá. Mas no geral, é um filme bobo.”

Ou seja, O. Russell continua o mesmo. Mas, péra, posso catar um trecho do que escrevi em 2013 sobre Trapaça, seu filme anterior? “Sabe quando um filme tem um monte de coisas legais, mas simplesmente não funciona? Tem a Amy Adams linda e com decotes generosíssimos, bons atores com boas caracterizações, figurinos bem cuidados, boa ambientação de época, boa trilha sonora? Mas, apesar de tudo isso, parece que o filme não “dá liga”.

(E isso porque achei O Lado Bom da Vida um filme bem fuén…)

Pior é que depois que vi Amsterdam, fui catar informações pela internet e descobri que David O. Russell já teve problemas nos bastidores com alguns de seus atores, como George Clooney e Amy Adams. Mas, não sei por quais motivos, os filmes dele sempre geram indicações ao Oscar, sete atores diferentes já foram indicados por filmes com ele: Jennifer Lawrence (três vezes), Christian Bale (duas vezes), Amy Adams (duas vezes), Bradley Cooper (duas vezes), Melissa Leo, Robert De Niro e Jacki Weaver. Mais: ele é o único diretor que já teve dois filmes consecutivos com indicações para os quatro Oscars de atuação (O Lado Bom da Vida e Trapaça). Deve ser por isso que ele consegue tal elenco.

E, pra fechar, falando do elenco deste Amsterdam. São três papeis centrais, Margot Robbie, Christian Bale e John David Washington. Mas o único destaque é para Bale, que está ótimo com suas cicatrizes e seu olho de vidro. Os outros dois estão apenas no piloto automático. E o resto do elenco mal dá pra julgar, alguns deles aparecem em uma ou duas cenas!

Por fim, mais uma vez, longo demais (acho que comentei isso em todas as críticas sobre os filmes do diretor), são duas horas e quatorze minutos que chegam a cansar.

No fim, fica aquela sensação de potencial desperdiçado. Pena.

Speak no Evil

Crítica – Speak no Evil

Sinopse (imdb): Uma família dinamarquesa visita uma família holandesa que conheceu nas férias. O que era suposto ser um fim de semana idílico começa lentamente a desmoronar-se à medida que os dinamarqueses tentam ser educados diante do desagradável.

No meio de um monte de lançamentos meia boca de terror, como quem não quer nada chega um título dinamarquês que é um soco no estômago.

Dirigido por Christian Tafdrup, Speak no Evil é um terror psicológico daqueles de causar incômodo no espectador. Quando acabou o filme me sentia mal, me lembrei de outro filme europeu, o austríaco Funny Games.

Como diz na sinopse do imdb, “os dinamarqueses tentam ser educados diante do desagradável“. Essa é a tônica do filme: o desconforto frente a situações incômodas. Se você é um hóspede, até onde você consegue aguentar ao ver o seu anfitrião tendo atitudes erradas?

Gostei muito da construção dos personagens e das situações que eles vivem. Os dinamarqueses se sentem incomodados com os holandeses “sem noção”, mas não sabem como sair de situações constrangedoras. O diretor usa muitos planos longos, isso ajuda a manter o desconforto.

A fotografia é muito boa, teve uma cena que gostei, onde os dois homens vão para um lugar deserto para gritar e desestressar. E a trilha sonora mostra como paisagens tranquilas podem ser momentos tensos.

No elenco, não conhecia nenhum dos quatro principais, Morten Burian, Sidsel Siem Koch, Fedja van Huêt e Karina Smulders. Gostei dos quatro e das interações entre eles.

Teve um detalhe na parte final que me incomodou. Vou colocar o aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Duas coisas sobre a parte final:

– Achei o casal dinamarquês muito apático. Não esboçam reação nem tentam fugir. E os holandeses nem estavam armados!

– O plano dos holandeses tinha brechas para possíveis falhas. E se as famílias dissessem para onde estariam indo passar férias? E se as crianças escrevessem recados pedindo socorro?

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com essas críticas, gostei muito do final. Só é complicado pra recomendar, porque não é qualquer um que curte um final tão pesado.

Infelizmente Speak no Evil ainda não tem previsão de lançamento no Brasil. Tomara que alguma distribuidora se empolgue e traga o filme!

Morte Morte Morte

Crítica – Morte Morte Morte

Sinopse (imdb): Quando um grupo de ricos de 20 e poucos planeja uma festa de furacão numa remota mansão familiar, um jogo de festa torna-se mortal neste olhar fresco e engraçado sobre traições, amigos falsos e uma festa que correu muito, muito mal.

Filme novo de terror da A24. A gente lembra de Midsommar, A Bruxa, Saint Maude, The Green Knight, etc. Você pode gostar ou não dos filmes, mas uma coisa é inegável: são filmes diferentes do óbvio.

Mesmo sem querer, a gente acaba criando uma expectativa. Mas Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, no original) não é tão fora da caixinha quanto outros filmes da mesma produtora. Vejam bem, até gostei de Morte Morte Morte, só achei ele “normal”.

Dirigido por Halina Reijn, Morte Morte Morte lembra Pânico: um whodoneit dentro de um slasher. Assassinatos vão acontecendo, e o espectador precisa juntar as peças do quebra cabeça pra descobrir quem é o culpado e qual é a sua motivação.

Morte Morte Morte tem dois problemas. Um deles é que todos os personagens são desagradáveis. Todos são jovens ricos, drogados, mimados e egoístas. Ou seja, não tem como simpatizar com ninguém. Se o personagem morrer, ninguém se importa. Ok, acredito que foi proposital, para fazer uma crítica à geração Z e todas as futilidades que envolvem esse mundinho. Como crítica pode funcionar, mas como narrativa cinematográfica, traz problemas.

O outro problema, na minha humilde opinião, foi uma falha no roteiro. Faltam elementos ao whodoneit. A gente é levado a pensar que um deles é o assassino, mas o filme não desenvolve as pistas sobre quem poderia ser. Ou seja, temos um quebra cabeça mas não temos as peças.

Mesmo assim, achei bom o ritmo do filme (são 1h34min de duração). E gostei da solução sobre quem é o assassino.

No elenco, heu só conhecia dois nomes, Maria Bakalova, de Borat 2; e Lee Pace, de O Hobbit. Não gostei do elenco, mas é pelo motivo já dito antes, os personagens são antipáticos. Talvez até sejam bons atores, aguardemos outros filmes.

Morte Morte Morte estreia nos cinemas dia 6 de outubro.

Sorria

Crítica – Sorria

Sinopse (imdb): Após testemunhar um acidente traumático e bizarro envolvendo uma paciente, a Dra. Rose Cotter começa a vivenciar eventos assustadores que ela não consegue explicar.

Sorria (Smile, no original) está sendo vendido como “o filme mais assustador de todos os tempos da última semana”. O roteirista e diretor Parker Finn, estreante em longas, mostra ideias criativas na câmera, tem um bom ritmo, e, principalmente, consegue criar um bom clima de tensão. A trilha sonora, que usa muitos ruídos, também ajuda na construção do clima.

Sorria é cheio de jump scares, o que vai agradar boa parte do público. E vou te falar que teve um que me pegou, o da irmã no carro (que depois descobri que está no trailer…)!

Mas preciso dizer que não gostei muito da parte final, porque achei que mostra demais. Prefiro quando um filme de terror mostra pouco, prefiro ficar sem saber o que está acontecendo. Minha humilde opinião. Além disso, os efeitos especiais nessa parte final ficaram meio esquisitos.

Agora, a gente precisa admitir que nada aqui é novidade. Aliás, essas imagens de pessoas sorrindo lembram o fraco Verdade ou Desafio. E o desenrolar da história parece O Chamado ou  A Corrente do Mal.

No elenco, o papel principal é de Sosie Bacon, filha do Kevin Bacon e da Kyra Sedgwick (achei ela mais parecida com a mãe do que com o pai). Não conhecia a atriz, sei que ela fez seriados mas não vi nenhum. Gostei do trabalho dela, o filme todo é baseado na personagem. Também no elenco, Kyle Gallner, Jessie T Usher (The Boys) e Kal Penn (Harold & Kumar).

Com seus jump scares, Sorria vai agradar o público dos multiplexes.

Andor

Crítica – Andor

Sinopse (Disney+): Muito antes da missão de garantir os planos da Estrela da Morte fazer dele um herói da Rebelião, um imprudente Cassian Andor procura informações sobre seu passado. Essa obsessão o leva aos bairros decadentes de um mundo onde um encontro com as autoridades faz dele um criminoso procurado. Sua tentativa de se esconder no planeta Ferrix traz seus problemas para casa.

Antes de falar da série, preciso avisar que, diferentemente da maioria dos atuais fãs de Star Wars, Rogue One não é um dos meus favoritos. Dos cinco filmes novos, prefiro o ep 7. Rogue One é bom, muito bom, mas acho a primeira metade muito lenta. A segunda metade é excelente e o fim é sensacional, mas a primeira metade me fez tirá-lo do topo da lista. Por isso, uma série derivada do filme não era algo tão aguardado por mim.

Dito isso, preciso admitir o meu lado fanboy e dizer que fico feliz com todo e qualquer novo produto Star Wars! Bora pra série!

Andor terá 12 episódios (e segundo o imdb, depois teremos mais uma temporada com mais 12 episódios). A Disney+ liberou os três primeiros, e hoje vou comentar aqui essa introdução. Dependendo de como a série se desenrolar, volto a falar depois quando acabar a temporada.

Uma coisa que heu gosto muito é ver outras rotinas nessa galáxia muito muito distante que a gente tanto gosta. Conhecemos planetas novos, chega de ficar em Tatooine o tempo todo! E aqui a gente vê coisas que realmente não vemos nos outros filmes – acho que foi a primeira vez que alguém faz sexo em Star Wars (ok, não vemos a cena de sexo, mas o casal dormiu junto!). Também temos referências a prostituição, bebidas alcoólicas e até a café.

Algumas pessoas se esquecem que Star Wars aconteceu “a long time ago”, o que vemos neste universo não é o futuro do planeta Terra. Então, temos espaço para planetas diferentes com povos em diferentes estágios de civilização – aqui a gente conhece um povo que parecem indígenas, mas que moram num planeta por onde passou algo grande (provavelmente o planeta foi usado para mineração). Gostei de ver um povo completamente à parte do que acontece na galáxia.

Sobre os personagens, até agora o único que já conhecemos é o protagonista Cassian Andor, ainda acho cedo para comentar sobre os outros – inclusive tem personagem que aparece no trailer que ainda não apareceu na série. Por enquanto, posso dizer que gostei do antagonista.

Lembro que um dos personagens mais carismáticos de Rogue One era o robô K2S0. Andor mantém a tradição e traz um bom robô, o B2EMO, um robô gago e meio depressivo que me lembrou o Marvin de Guia do Mochileiro das Galáxias.

Tecnicamente falando, a série é muito boa. Em tempos de She Hulk e Pinóquio, aqui não tem nenhum cgi ruim saltando aos olhos. Ok, tem muita cena escura, e a gente sabe que cena escura normalmente é pra esconder falhas no cgi, mas, mesmo assim, não achei ruim, achei um recurso válido. A parte sonora da série também é bem construída, tem uma sequência muito boa no terceiro episódio com as pessoas batendo no metal, numa crescente que serve pra aumentar a tensão.

Li em algum lugar que aqui, diferente das últimas séries Star Wars / Disney, foram usadas locações em vez de só estúdio. Parece que eles agora usam um novo estúdio que projeta imagens ao fundo durante as filmagens, e isso por um lado é bem legal mas por outro lado gera cenas “apertadas”, como critiquei em Obi Wan. Aqui são locações, o que ficou bem melhor – imagina o planeta dos Kenari se fosse dentro de um estúdio?

O terceiro episódio usa bem os flashbacks. São duas linhas temporais misturadas de maneira inteligente. E ainda temos algumas soluções inventivas usadas pelos personagens. Se os dois primeiros episódios foram lentos, esse terceiro já mostrou que a série pode mostrar algo a mais.

Tá rolando um mimimi sobre o trailer vender um produto diferente do que foi anunciado. Ok, reconheço que isso é verdade, o trailer tem stormtroopers, tie fighters, aparece o Saw Gerrera, aparece a Mon Mothma, e por enquanto não vimos nada disso. Aliás, a série por enquanto nem parece Star Wars, não tem nada nesses primeiro episódios que conecte ao que a gente já conhece (a não ser o personagem título). Vai ter gente reclamando que “não é Star Wars!”

Ouvi amigos comentando que o ritmo é lento. Concordo. São três episódios de aproximadamente 40 minutos cada, ou seja, é quase um “longa metragem que deu origem à série”. Precisava? Acho que não, podiam ser apenas dois episódios na minha humilde opinião. Mas, se a gente lembrar que Rogue One tem um ritmo diferente dos outros filmes, parece mais um drama de guerra do que uma aventura espacial, Andor está coerente com a proposta.

Aguardemos os próximos. Que o desenvolvimento seja mais para Mandalorian e menos para Obi Wan.

Emily the Criminal

Crítica – Emily the Criminal

Sinopse (imdb): Sem sorte e sobrecarregada de dívidas, Emily é envolvida em um golpe de cartão de crédito que a leva para o submundo do crime de Los Angeles, levando a consequências mortais.

Quando vi o cartaz, pensei que era mais um filme de ação girl power. Mas não, Emily the Criminal é um drama focado nos problemas de uma mulher com problemas financeiras, e que toma algumas decisões erradas na vida.

Exibido no último Sundance, o filme escrito é dirigido pelo estreante John Patton Ford tem mesmo cara de filme independente. Câmera constantemente na mão, focando sempre na personagem título. E aqui a gente tem que falar do que talvez seja o maior mérito de Emily the Criminal: sua protagonista Aubrey Plaza (que também é produtora).

Não me lembro de outra atuação tão marcante de Aubrey Plaza. Mas aqui ela está ótima – o que é essencial para o formato proposto, afinal a gente precisa se preocupar com a personagem. E Aubrey traz uma Emily sofrida e guerreira, que levou porrada da vida, está devendo um crédito estudantil, e não consegue um bom emprego por causa de uma condenação criminal no passado. Quando ela resolve tomar o caminho do crime, a gente acaba entendendo que era a sua melhor chance. E todo o problema passado pela personagem ainda pode gerar um bom comentário social.

(Impossível não ficar com raiva na cena da entrevista de emprego, quando a personagem da Gina Gershon propõe seis meses de trabalho sem remuneração.)

Aproveito pra falar do elenco. O filme é todo em cima da Aubrey Plaza. Os coadjuvantes mais presentes são Theo Rossi e Megalyn Echikunwoke. Gina Gershon só aparece em uma cena.

O roteiro não é perfeito, algumas situações ficam meio forçadas, tipo quando dois caras grandes a ameaçam e ela simplesmente vai embora. Mas a atuação de Plaza sustenta mesmo essas pequenas inconsistências.

Emily the Criminal ainda não tem previsão de lançamento no Brasil, mas torço pra que chegue logo!

Floresta de Sangue

Crítica – Floresta de Sangue

Sinopse (Netflix): Um vigarista e uma equipe de filmagem entram na vida de duas jovens com profundas cicatrizes. Mas nada é o que parece ser.

Um amigo mandou uma mensagem com um link que dizia “Perturbador e brutal, filme da Netflix para quem tem coração forte prende o espectador do início ao fim”. Fui ver, era um filme do Sion Sono. Opa, furou a fila!

Mas… Preciso dizer que não gostei desse. Floresta de Sangue (Ai-naki mori de sakebe, no original) é maluco, como todos os filmes do diretor, mas diferente dos outros que vi, não é divertido (esse é o sexto filme do Sion Sono que tem crítica aqui no site). Sono usa muitos elementos fora da caixinha em seus filmes, como a tartaruga gigante de Love and Peace, ou as gangues cantando rap em Tokyo Tribe, ou mesmo o Nicolas Cage sem um testículo em Prisioners of the Ghostland, elementos malucos mas ao mesmo tempo divertidos. Floresta de Sangue também tem suas doideiras, mas tem um clima pesado e me deu uma bad trip. Principalmente quando acaba o filme e a gente vê que aquilo foi baseado numa história real!

Mas, Floresta de Sangue não é ruim. Vamulá.

Conheço o estilo do Sion Sono, sei que não devemos esperar nada convencional num de seus filmes. Aqui a gente tem colegiais japonesas lésbicas em um pacto suicida, um assassino serial misterioso, um violento charlatão que cria uma seita e ainda muita metalinguagem com uma equipe que quer filmar tudo, e isso tudo numa trama não linear, que ainda traz um momento musical e vários momentos de tortura física e psicológica, além de bastante gore. São mais de duas horas de filme, numa mistureba que vai afastar boa parte do público.

Tecnicamente falando, o filme é muito bem feito. Sono traz alguns detalhes bem legais. Gostei muito de uma cena onde ele usa o silêncio pra mostrar um delírio da Mitsuko.

O filme é um pouco longo demais, são duas horas e trinta e um minutos. E com tanta mistura de temas e estilos ao longo do filme, Floresta de Sangue se torna um filme cansativo. (Me parece que existe uma outra versão na Netflix, a mesma história como série com sete episódios, me pareceu uma versão estendida do filme. Mas não chequei este outro formato).

Sobre o elenco, acho complicado falar, porque as atuações no cinema oriental são muito intensas, tudo muito gritado, muito exagerado, comentei isso outro dia quando falei de Bala na Cabeça. Não curto o estilo, mas sei que é algo comum, então não vou criticar. No elenco, Kippei Shîna, Kyoko Hinami, Eri Kamataki e Shinnosuke Mitsushima – nenhum nome conhecido aqui no Brasil.

Como falei, Floresta de Sangue não é ruim. Mas saber que isso foi inspirado em uma história que realmente aconteceu não me fez bem. Fiquei imaginando a seita da vida real…

Não se preocupe, Querida

Crítica – Não se preocupe, Querida

Sinopse (imdb): Uma dona de casa dos anos 1950 que mora com o marido em uma comunidade experimental utópica começa a se preocupar com a possibilidade de sua empresa estar escondendo segredos perturbadores.

Um tempo atrás me falaram de um filme dirigido pela Olivia Wilde que seria numa onda meio Mulheres Perfeitas, uma sociedade perfeitinha mas com algum mistério por trás. Acabei me esquecendo desse filme, até que veio o email com o convite para a sessão de imprensa de Não se preocupe, Querida (Don’t Worry Darling, no original). Era esse o filme!

Fui ver sem saber de mais nada. Só depois que descobri que teve um monte de barracos nos bastidores Florence Pugh teria brigado com a Olivia Wilde, Harry Styles teria cuspido no Chris Pine… Mas, esse é um site de cinema e não de fofocas, vou falar do filme, quem quiser bastidores procure em outro lugar.

O complicado de falar sobre um filme destes é que existe um grande mistério por trás de tudo o que acontece. O desafio é fazer uma crítica sem spoilers. Vou me segurar!
Não se preocupe, Querida é o segundo longa dirigido por Olivia Wilde (ela dirigiu alguns curtas e alguns videoclipes). Ela consegue criar um bom clima de tensão e mistério – o que diabos está acontecendo naquele lugar? E o visual meio artificial daquela cidade criada ajuda nessa estranheza.

O elenco está muito bem. Segundo o imdb, Olivia Wilde pretendia estrelar, mas quando viu Midsommar mudou de ideia e convidou a Florence Pugh, que está ótima no papel principal (Olivia ficou com um papel secundário). Também no elenco, Chris Pine, Harry Styles e Gemma Chan – todos estão bem.

(Se a gente lembrar que a Olivia Wilde fez DC Liga dos Super Pets e o Harry Styles estava na cena pós créditos de Eternos, são 3 Marvel contra 2 DC…)

Adorei a trilha sonora, que parece que usa vozes sussurradas como instrumentos musicais. Se o filme é tenso e esquisito, fica ainda mais tenso e esquisito quando usa uma trilha tensa e esquisita. E tem uma cena que ficou engraçada, principalmente para o público brasileiro, envolvendo a música Desafinado, quando um cara dança de modo completamente sem nexo com a música.

O roteiro de Katie Silberman, Carey Van Dyke e Shane Van Dyke não é perfeito, o filme tem algumas facilitações meio forçadas, tipo o médico esquecer uma pasta com documentos confidenciais. Mesmo assim, gostei do ritmo frenético da parte final, e gostei de como terminou o filme.

O filme é um pouco longo, mas mesmo assim gostei do resultado final. Não se preocupe, Querida estreia dia 22 nos cinemas, e já quero rever!

A Queda

Crítica – A Queda

Sinopse (imdb): As melhores amigas Becky e Hunter arriscam tudo quando sobem ao topo de uma torre de rádio de dois mil pés.

Escrito e dirigido pelo pouco conhecido Scott Mann (Vingança Entre Assassinos), A Queda (Fall, no original) é um eficiente filme “pequeno”.

Ok, precisamos reconhecer que a gente já viu outros filmes com a mesma proposta – 127 Horas, Águas Rasas, Pânico na Neve, etc. E um detalhe no terço final me lembrou Vidas À Deriva.

Mas, vou repetir o que falei semana passada quando falei de Ingresso para o Paraíso. A gente tem que pensar qual é o objetivo do filme. A Queda tem duas amigas que ficam presas no alto de uma torre, o filme é basicamente isso. Acompanhamos a tensão que elas passam e todos os perrengues pra tentar sair vivas dessa situação. Elas estão em uma torre a 2 mil pés, o que dá mais de 600 metros de altura.

E olha, vou te falar. Sou burro velho de cinema, e me vi tenso, na beirada da poltrona, com medo do que podia acontecer com elas! Ou seja, o objetivo foi alcançado!

Essa torre B67 não existe na vida real, ela foi inspirada na KXTV/KOVR radio tower. Não sei como é a torre real, mas essa do filme, velha, enferrujada, realmente assusta. Foi uma ótima escolha!

No elenco, uma coisa curiosa. Tem um nome relativamente grande para chamar a atenção, Jeffrey Dean Morgan. Mas ele quase não aparece. O filme fica quase o tempo todo focado nas duas amigas interpretadas por Grace Caroline Currey e Virginia Gardner, que funcionam bem para o que o filme pede.

(Um amigo comentou que elas são muito magrinhas, mas logo na cena inicial a gente vê que são experientes em escalada, então achei que convencem mesmo sendo magras.)

Falei e repito. A Queda não é um grande filme. Mas gostei tanto que quero rever!