Pânico na Neve

Pânico na Neve

Confesso que não dei bola quando este Pânico na Neve (Frozen, no original) passou nos cinemas. Não me pareceu que seria grandes coisas. Agora que vi, retiro o que disse: é um “pequeno” bom filme.

Por vários azares combinados, três amigos ficam presos à noite em um teleférico, a uma altura perigosa para pular. Quando eles constatam que foram esquecidos pelo resort, eles precisam decidir se tentam sair do teleférico ou enfrentar o frio – e talvez congelarem até a morte.

Pânico na Neve corria um risco grande, afinal, boa parte do filme se baseia nos diálogos dos três únicos personagens, presos em um único cenário onde não podem se mover. Mas o filme soube escapar das armadilhas. Não vou adiantar muitas coisas aqui por causa de spoilers, mas o roteiro consegue usar vários elementos diferentes para manter a tensão do início ao fim.

A produção, independente, é espartana. Basicamente só vemos os três atores na tela, e as filmagens foram feitas usando um teleférico de verdade, com altura real e neve real. Os atores, claro, não são nomes muito conhecidos. Shawn Ashmore foi Iceman, um mutante coadjuvante nos dois primeiros X-Men; Emma Bell ganhou, pouco depois, um papel na boa série The Walking Dead; Kevin Zegers esteve no também independente Transamerica.

Pânico na Neve fez sucesso no festival independente Sundance, mas foi mal no circuito convencional. Pena, Pânico na Neve não é um filmaço, daqueles que se tornam “obrigatórios”, mas merecia melhor sorte no circuito…

Hunger

Hunger

Outro dia, meu amigo Luis Syren postou no Facebook comentários sobre dezenas de filmes. Aproveitei para pegar algumas sugestões. Este Hunger é uma delas.

Cinco pessoas, desconhecidas entre si, acordam em uma espécie de porão, sem saber por que estão lá. Como provisões, apenas água. E, junto da água, um bisturi para cortar pele e carne humana. Eles logo descobrem que são o objeto de um sádico estudo para testar os limites de sobrevivência enquanto a fome aumenta.

A ideia é boa – o quão longe você iria pela sua própria sobrevivência? Inicialmente parece que vai ser uma cópia de Jogos Mortais, onde pessoas também acordam dentro de armadilhas. Mas o desenvolvimento dos dois filmes é completamente diferente – aqui em Hunger o ritmo é mais lento, já que não existe uma saída para o “jogo”.

Dirigido pelo desconhecido Steven Hentges, Hunger não traz nenhum nome famoso no elenco – talvez Lori Heuring, coadjuvante em alguns filmes famosos. Mas todos funcionam ok.

Teve um detalhe técnico que me incomodou um pouco. Estamos falando de pessoas deixadas para morrer de fome, certo? 30 dias sem comer, e sem nenhum cuidado, nada além de água. Caramba, as pessoas deveriam estar muito mais magras e acabadas no fim do filme! Será que não dava pra se fazer algo neste sentido usando maquiagem e cgi? Digo mais: falando de maquiagem: acredito que, depois de um mês sem banho e sem cuidados, as pessoas deveriam estar bem mais sujas, com barbas, cabelos e unhas  bagunçados…

Achei o fim um pouco forçado, não sei se depois de tantos dias sem comer aquilo seria possível. Mesmo assim, foi interessante, vale a pena. Um filme desses não se recomenda pra qualquer um, claro. Mas os apreciadores do gênero vão gostar.

O Pagamento Final

O Pagamento Final

Outro dia, numa comunidade do orkut, me sugeriram um texto sobre este O Pagamento Final, clássico mais ou menos recente (de 1993) de Brian De Palma. Heu já tinha o dvd em casa, e estava esperando uma desculpa pra rever o filme…

Carlito Brigante, um ex-traficante portorriquenho que acabou de sair da prisão, briga para ficar longe das drogas e da violência, enquanto todos por perto parece que querem trazê-lo de volta ao submundo do crime.

O Pagamento Final (Carlito’s Way, no original) é uma aula de cinema. O diretor Brian De Palma estava inspirado, são várias as sequências antológicas, onde ele exibe uma exímia técnica com a câmera na mão. Fica até difícil escolher um trecho favorito – heu citaria como exemplo dessa habilidade técnica toda a sequência da estação de trem.

De Palma já tinha mostrado esse cuidado no visual das suas produções nos anos anteriores, em filmes como Vestida Para Matar (1980), Um Tiro na Noite (81), Dublê de Corpo (84) ou Os Intocáveis (87). Nos anos 90 ele fez menos filmes memoráveis, mas acho que ainda podemos citar Síndrome de Caim (92) e Missão Impossível (96) como bons exemplos.

Aqui ele abusa. A câmera passeia pelos atores em longos planos-sequência ao longo de todo o filme, e vários ângulos inusitados são usados. E isso porque nem estou falando da bem cuidada reconstituição de época, nem da excelente trilha sonora, repleta de clássicos da era da discoteca.

O elenco é liderado por um também inspirado Al Pacino, que convence como o ex-traficante arrependido. Sean Penn, com visual diferente, de cabelos enrolados, também está ótimo, e Penelope Ann Miller nunca esteve tão bonita. O elenco ainda traz Luiz Guzman e John Leguizamo. Tem mais: hoje Viggo Mortensen é uma estrela; nessa época, ele ainda era coadjuvante – ele é Lalin, o paraplégico.

De Palma anda meio sumido – seu último filme foi Redacted, de 2007, nunca lançado por aqui. O Pagamento Final não foi seu último filme memorável, ele ainda fez Femme Fatale em 2002, outro filme que é uma aula de cinema. Nós, fãs de cinema, esperamos que ele volte aos bons tempos, com vários filmaços por década!

Cisne Negro

Cisne Negro

Nina Sayers (Natalie Portman), uma obcecada bailarina, ganha o papel principal na montagem de Lago dos Cisnes, de Tchaikovisky. Nina é perfeita para o papel da delicada Cisne Branca, mas tem problemas para compor a personagem de sua irmã gêmea, a malvada Cisne Negra.

Vou falar sobre um pé atrás que tenho (ou tinha) com o diretor Darren Aronofsky. Vi seus dois primeiros filmes na mesma época, Pi e Réquiem Para um Sonho. Não são ruins, mas são “cabeça” demais, e confesso que não gostei, achei ambos bem chatos. Fiquei tão traumatizado que ainda não vi Fonte da Vida e O Lutador

Mas Aronofsky acertou a mão desta vez, Cisne Negro é muito bom. Aronofsky foi muito eficiente ao mostrar toda a paranoia que envolve Nina, usando a trilha sonora aliada a rápidos movimentos de câmera. E o clima do filme começa a mudar mais pra perto do fim, o filme vira quase um terror! Aliás, gostei de como o filme resolveu a dubiedade de Nina, entre a graça e suavidade da rainha Cisne Branca e a sensualidade agressiva da Cisne Negra.

Natalie Portman está sensacional. Se heu for apostar em apenas um Oscar para 2011, é o de melhor atriz para ela. Portman encarna com perfeição toda a obsessão e loucura que a personagem pede.

Digo mais: todo o elenco está inspirado, o filme não é só de Portman. Mila Kunis está excelente como a bailarina antagonista, sensual e imperfeita, ideal para o cisne negro. Idem sobre Vincent Cassel, Barbara Hershey e Winona Ryder.

(Me senti velho. Lembro de Winona Ryder com quatorze ou quinze anos em Inocência do Primeiro Amor. E agora ela faz uma bailarina veterana, se aposentando…)

Preciso falar da famosa e polêmica cena de sexo lésbico. A cena é sensacional, e já circulou por toda a internet. Sem mostrar nada de nudez, a cena consegue ser mais erótica que muito filme pornô! Mas é só uma cena, o filme não toma esse caminho GLS!

Sobre os eficientes e quase invisíveis efeitos especiais, tenho dúvidas sobre o quanto as meninas dançam de verdade. Vemos de perto, muito perto, a montagem do balé. Portman e Kunis têm formação de balé clássico?

Enfim, grande filme, deve ganhar várias indicações ao Oscar 2011. A estreia nacional só vai rolar em fevereiro, mas Cisne Negro já está disponível nos sites de torrent.

Altitude

Altitude

Cinco jovens amigos alugam um pequeno avião para ir a um show em outra cidade – uma das meninas sabe pilotar. Mas uma falha técnica leva o avião a uma altura perigosa, onde talvez algo ainda mais perigoso os espere.

Baseado numa interessante premissa, o curto e despretensioso Altitude tem algumas virtudes, mas poderia ser bem melhor.

Os méritos estão no clima claustrofóbico conseguido pelo diretor estreante em longas Kaare Andrews. Quase todo o filme se passa dentro do pequeno avião, e o diretor conseguiu um bom trabalho neste pequeno cenário.

Mas o filme tem um defeito grave: os cinco personagens são muito mal escritos! Uma patricinha mandona que acha que sabe tudo de avião mas faz um monte de besteiras, um suposto namorado cheio de mistérios, uma menina que só quer saber de reclamar e filmar tudo, o mais detestável de todos os boçais que praticam “bullying” em filmes e um meio nerd, meio músico, meio alpinista, meio ninguém descobriu o que ele é na verdade. Assim, dá até vontade de torcer pro avião cair logo…

A bonitinha Jessica Lowndes lidera o elenco de rostos desconhecidos, interpretando a jovem piloto. Ninguém se destaca nem pra bem nem pra mal; apenas Jake Weary, que está insuportável, mas acho que era o papel que pedia.

O filme traz uma virada de roteiro no terço final, direcionando a trama para algo sobrenatural. Isso não é spoiler, afinal, está no cartaz do filme! Mas, na minha humilde opinião, o filme não precisava disso, poderia continuar com as relações humanas sendo postas a limites, como estava indo razoavelmente bem até então.

Não gostei do fim, achei forçado. Mas pelo menos não é óbvio…

Stuck – Em Rota de Colisão

Stuck – Em Rota de Colisão

Sabe quando um filme é simples e eficiente? É o caso deste filme de 2008.

Uma enfermeira, prestes a ganhar uma promoção no hospital onde trabalha, acidentalmente atropela um homem, e, sem saber o que fazer, leva o carro para casa, com o homem atravessado no pára-brisa. A partir daí, uma série de decisões erradas criam um efeito cascata.

Baseado em fatos reais, o filme foi dirigido por Stuart Gordon, especialista em terror (e talvez o cara que mais tenha feito filmes baseados em HP Lovecraft na história do cinema). Mas Stuck – Em Rota de Colisão não é terror, está entre o suspense, o drama e o humor negro.

Me questiono se a escolha de Mena Suvari foi a melhor opção para o papel principal. Ela está bem, não me entendam errado. Mas ela, loura de olhos azuis, não me parece ter o physique du role ideal para o papel. Bem, independente disso, ela faz um bom trabalho como a enfermeira que se perde em decisões erradas. E, para os fãs de Mena: tem cena de nudez!

O outro ator está perfeito. Stephen Rea consegue dar credibilidade ao cara que estava no lugar errado, na hora errada.

Com um roteiro enxuto, Stuck – Em Rota de Colisão não é uma obra prima, mas vale o aluguel / download.

Enterrado Vivo

Enterrado Vivo

Um filme com apenas um ator e apenas um cenário apertado? É uma ideia arriscada, porém interessante.

Motorista de caminhão trabalhando no Iraque, Paul Conroy (Ryan Reynolds) acorda dentro de um caixão, sem saber como nem por que está lá. Acompanhado de um celular e de um isqueiro, ele tenta descobrir o que aconteceu.

A ideia era arriscada, mas o resultado ficou muito bom. Enterrado Vivo (Buried, no original) tem drama e tensão bem dosados num enxuto roteiro de uma hora e meia – em tempo real.

O filme já começa bem, com créditos iniciais num estilo que lembra grandes filmes clássicos de suspense, com direito a uma música-tema forte – coisa incomum hoje em dia.

A partir daí, tudo acontece dentro do exíguo espaço do caixão. E digo uma coisa: deve ter sido difícil filmar Enterrado Vivo. O diretor espanhol Rodrigo Cortés conseguiu muitos ângulos diferentes, tudo sem sair de dentro do caixão.

Li no imbd que essa ideia surgiu porque o roteirista Chris Sparling tinha problemas para conseguir vender roteiros com locações caras. Este problema não acontece aqui, todo o set de filmagem cabe dentro de um quarto…

Ryan Reynolds, que em breve estará nas telas como o protagonista de Lanterna Verde, o novo blockbuster baseado em quadrinhos, também merece elogios. Usualmente caricato, aqui ele convence ao alternar entre o nervosismo e o desespero, passando por uma montanha russa de sentimentos, incluindo a ironia que o acompanha em quase todos os seus papéis. Este não me parece ser o estilo de filme que ganha prêmios, senão, diria que Reynolds era um forte candidato.

Bom filme, estréia em breve nos cinemas brasileiros (hoje rolou a sessão pra imprensa). Só não é recomendado aos claustrofóbícos…

O Enviado

O Enviado

No dia seguinte ao seu aniversário de 8 anos, Adam morre num acidente. Um estranho médico cientista propõe aos seus pais uma experiência que desafia a lei e a ética: um clone, uma cópia exata do menino falecido.

Dirigido em 2004 por Nick Hamm (que logo antes tinha feito O Buraco), O Enviado traz uma premissa boa, o tema clonagem é muito interessante. Mas o desenvolvimento da trama deixou muito a desejar!

A primeira parte do filme funciona bem. O clone Adam é uma cópia exata do Adam original, até completar 8 anos de idade. A partir daí, começa a virar um ser sinistro. E é aí que o filme escorrega, tentando criar uma explicação completamente inverossímel sobre um outro DNA inserido no embrião. Era melhor ter seguido pelo caminho sobrenatural, pessoas desafiando Deus e tendo que aguentar as conseqüências…

O elenco é até legal. Greg Kinnear fora indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante seis anos antes, por Melhor é Impossível. Rebecca Romijn estava em alta, nos anos anteriores ela fez Femme Fatale, os dois primeiros X-Men, Rollerball e O Justiceiro. E o médico é ninguém menos que Robert De Niro, oras!

Mas não tem bom elenco que segure um roteiro fraco. E a prova está nos extras do dvd: são apresentados quatro finais diferentes do “oficial”! Aparentemente, os realizadores realmente se perderam!

No fim, O Enviado nem é ruim. Mas também não é bom. Tem coisa melhor por aí.

p.s.: Na internet, rolam umas cenas de nudez da Rebecca Romijn neste filme. Mas não tem nada no dvd brasileiro…

Caso 39

Caso 39

A assistente social Emily (Renée Zellweger) luta para salvar a menina Lilith (Jodele Ferland) de supostos abusos de seus pais. O que Emily não sabe é que talvez o problema não sejam os pais de Lilith…

Caso 39 é um interessante suspense / terror, mas perdeu pontos porque, apesar de concluído antes, só foi lançado depois de A Órfã, filme diferente, mas dentro do tema “criança do mal”. Jodele Ferland é muito boa, mas Isabelle Fuhrman, de A Órfã, é mais assustadora…

Comparações à parte, o elenco aqui funciona bem. Além de Zellweger e Ferland, o filme dirigido pelo alemão Christian Alvart (de Pandorum) conta com Ian McShane, Bradley Cooper e Callum Keith Rennie.

Caso 39 demorou alguns anos para ser lançado. Parece que o trailer indicava outro caminho, onde Lilith seria uma vítima de algo maligno. Estranho, já que o próprio nome da personagem já nos dá a pista que tem algo de errado. Mas isso a gente só vai saber se um dia lançarem a outra versão…

No fim, o resultado não foi ruim, mas deu a impressão que poderia ter sido melhor.

p.s.: Pra encerrar, quero mostrar um poster bizarro que achei na internet!

Não só rola um photoshop muito mal feito, como ainda escreveram “Alguns casos, nunca deve ser aberto”. ARGH!

Open House

Open House

Um filme com a Caprica Six (Tricia Helfer), de BSG, e a Sookie Stackhouse (Anna Paquin), de True Blood? Opa! Vamos ver qualé!

Que grande decepção…

A trama, rasa como um pires, fala de um casal de desequilibrados que ocupa casas que estão à venda e assassina quem aparecer no caminho.

Parece pouco, e é. E parece inconsistente, e também é. Então, quer dizer que se pessoas começarem a desaparecer, ninguém vai procurar? E de que o tal casal vive?

Bem, pelo menos a Tricia Helfer aparece durante todo o filme. Porque a Anna Paquin aparece rapidamente em uma cena e não volta…

Vendo os créditos, descobrimos que o filme foi escrito e dirigido por um tal de Andrew Paquin. Segundo o imdb, é irmão da Anna, e aí a gente entende que ela ajudou… Pena que, aparentemente, o talento não é hereditário…

Aliás, é bom falar: o cartaz vende o filme como se fosse estrelado por Paquin e seu namorado Stephen Moyer (ambos protagonistas de True Blood), mas ele aparece pouco e ela quase não aparece. Por outro lado, Rachel Blanchard tem um grande papel e nem está no cartaz…

Recomendado somente aos fãs radicais da Tricia Helfer…