Femme Fatale

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Femme Fatale

Tem muita gente burocrática trabalhando no cinema. Mas, pra nossa sorte cinéfila, tem uma meia dúzia que realmente faz arte. Brian de Palma é um desses caras.

Seu currículo é impressionante: Os Intocáveis, Dublê de Corpo, Scarface, Carrie, A Estranha, O Pagamento Final, Um Tiro na Noite, Vestida Para Matar… e ainda tem mais um monte de coisas boas! Não é à toa que tem gente por aí que o compara a Alfred Hitchcock…

Bem, em 2002, depois de um dos poucos filmes fracos de seu currículo – Missão Marte, De Palma nos deu essa pequena obra prima: Femme Fatale.

A trama é rocambolesca, como todo bom filme “depalmiano”. Rebecca Romijn-Stamos interpreta uma ladra de jóias que ganha uma chance de deixar o passado para trás, até ser fotografada pelo papparazzo Antonio Banderas. (Aliás, a modelo que está com a jóia no início do filme é a Rie Rasmussen!)

Mas, calma! Nada é tão simples!

Cada detalhe do roteiro tem uma explicação. Ao fim do filme, com uma espetacular virada de rumo, descobrimos que nem tudo é o que parece… Dá vontade de rever o filme – o que heu fiz! E assim pude constatar várias coisas que a princípio passam desapercebidas…

E não é só o roteiro que é bem feito. De Palma mostra que  fazer cinema pode ser uma tarefa próxima a de um artesão. Muita câmera lenta, ângulos não usuais, telas divididas, flashbacks… Algumas cenas são belíssimas!

Outro ponto forte do filme é a atriz Rebecca Romijn-Stamos. Dona de uma beleza estonteante, ela realmente entrou no clima sexy exigido pelo filme – mulheres fatais, diamantes, sexo e assassinato fazem parte da trama. Inclusive, em um dos extras, ela explica a cena do mergulho, onde, totalmente nua, teve que mergulhar diversas vezes, até conseguirem o resultado da câmera lenta mostrado nas telas.

Filmaço. Pra se ver e rever. E dizer “é verdade, eu não tinha reparado!”

Eu Sei Quem Me Matou

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Eu Sei Quem Me Matou

Filme fraco, mas tão fraquinho… Sabe quando você lê pela internet que um filme é ruinzinho, mas não acredita? Às vezes vale a pena acreditar…

Lindsay Lohan interpreta Aubrey, uma jovem “certinha”: vive numa boa casa, boa família, um namorado apaixonado, estuda piano e ainda escreve contos. Um dia ela é sequestrada, drogada e torturada. E, quando é encontrada, alguns dias depois, sem partes do braço e da perna, diz que seu nome é Dakota, é uma stripper filha de uma junkie, e que nunca ouviu falar de Aubrey nem de ninguém dos seus amigos e familiares.

A idéia nem é tão ruim. Talvez, se o roteiro fosse bem escrito, e o filme não tivesse tantos clichês mal utilizados, não fosse tão ruim. E o fim do filme acho que não convence ninguém…

Vou dar um exemplo de clichê: a idéia das cores saturadas – azul para Aubrey e vermelho para Dakota – ficou óbvia, previsível e sem graça…

Este filme é o recordista de prêmios “Framboesa de Ouro” – uma espécie de Oscar ao contrário, escolhendo os piores filmes do ano – ganhou 8 em 2008, batendo o recorde anterior de 7 prêmios que Showgirls teve!

Alguns ainda vão pensar “Lindsay Lohan como stripper talvez valha a pena…” Nem isso, a atriz bem comportada de Sexta Feira Muito Louca e do novo Herbie está vestida o tempo todo (bem comportada diante das câmeras, ela tem uma certa fama ruim longe das mesmas…).

Resumindo: use uma hora e meia com algo mais útil, como jogar paciência no computador, por exemplo…

Fim dos Tempos

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Fim dos Tempos

Inexplicavelmente, pessoas nas grandes cidades perdem a vontade de viver e começam a cometer suicídio em massa. A princípio se pensa em atentados terroristas, mas logo se descobre que a natureza está se vingando dos maus-tratos.

Algum tempo, um trailer como o do Fim dos Tempos, seguido da informação “do mesmo diretor de O Sexto Sentido” poderia ser uma boa promessa. O trailer é muito legal, e ainda por cima o cartaz nos remete a Contatos Imediatos do Terceiro Grau.

Mas… Depois do Sexto Sentido, veio Corpo Fechado, que é muito legal, mas apenas copia a idéia do filme anterior. E depois veio Sinais, que é um bom filme, mas com um fim péssimo. E depois tivemos A Vila, que poderia ser um episódio de Twilight Zone, mas não se sustentava como filme longa metragem. E depois veio Dama na Água, que é ruim, muito ruim, mas tão ruim que não vale nem como filme trash.

E aí ficamos com pé atrás: será que o cara conseguiu se recuperar?

Bem, infelizmente, não. O filme é bem fraquinho… Só não é tão ruim quanto o Dama na Água, afinal, se leva menos a sério. (O principal problema do Dama na Água é que o filme é pretensioso e se propõe a ser um filme sério! Se se assumisse trash, talvez fosse divertido…)

M Night Shyamalan, depois do fracasso de seu último filme, prometia aqui uma volta por cima. Mas agora fica uma dúvida no ar: será que ele é um bom diretor vivendo maus momentos, ou apenas um diretor tosco que teve apenas uma grande idéia para um grande filme – O Sexto Sentido?

As cenas são paupérrimas. Os diálogos são fracos, as atuações são fracas… Pouca coisa se salva no filme, talvez a trilha sonora de James Newton Howard.

O elenco todo está ruim. Mark Wahlberg interpreta Elliot Moore, um professor que traça teorias enquanto foge do inexplicado. Talvez se ele se assumisse um pouco mais vagabundo, fosse melhor. Afinal, existe até um monólogo dele com uma planta de plástico! Completam o elenco John Leguizamo e Zoey Deschanel, além da garotinha Ashlyn Sanchez.

Fica a dica: veja pensando que é um filme trash. Talvez você se divirta…

Dublê de Corpo

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Dublê de Corpo

Ao filmar Vestida para Matar, em 1980, Brian de Palma precisou usar uma dublê de corpo para as cenas de Angie Dickinson. Daí veio a idéia para o filme Dublê de Corpo, lançado em 84.

Jake, um ator desempregado – que faz o papel de um vampiro num filme B, mas como tem claustrofobia, não consegue ficar dentro do caixão – é despejado da casa da namorada. Sem trabalho e sem ter onde morar, consegue ficar de favor numa mansão de uma amigo de um amigo. E melhor, num clima hitchcockiano, ele observa através de uma luneta uma vizinha que faz strip tease todos os dias.

Isso é só o começo de uma trama rocambolesca bem ao estilo do Brian de Palma, que também nos deu Um Tiro na Noite, Scarface, Os Intocáveis, O Pagamento Final, Olhos de Serpente, Femme Fatale, e, mais recentemente, Dália Negra. Como diz o cartaz: “Não acredite em tudo o que vê!”

Apesar do visual do filme estar um pouco datado, a trama continua “redondinha”. O elenco, encabeçado por Craig Wasson, é quase todo de rostos pouco conhecidos – a exceção é Melanie Griffith, num papel chave importantíssimo.

Tenho um trauma terrível relacionado a esse filme. Vi no cinema no fim dos anos 80, achei sensacional, e quando a Globo anunciou que ia passar, programei o videocassete para gravar e rever. Heu nunca devia ter feito isso, foi uma das maiores decepções da minha vida! Não só o filme estava completamente cortado (o trecho onde Jake vai participar de um filme pornô, com a música Relax no fundo, parecia um videoclip), como, na cena inicial, foi tirado um pedaço do filme e incluído um pedaço de outro filme!!! Quando Jake chega em casa, vai até o quarto e vê a sua namorada transando com outro, em vez disso tinha uma mulher deitada coberta por um lençol!!! Nunca soube de falta de respeito igual depois do fim da ditadura!!!

Os Estranhos

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Os Estranhos

Um jovem casal é cercado numa casa por estranhos e violentos vizinhos mascarados. É, a idéia pode parecer interessante. Além do mais porque a atriz principal é a Liv Tyler, ou seja, o filme não deve ser totalmente vagabundo.

Queria heu que todos os atores fossem desconhecidos… Aí a gente desconfiaria mais do filme…

O desenvolvimento da trama não é ruim. O diretor sabe criar um interessante clima de tensão ao longo da pequena duração do filme (pouco menos de uma hora e meia). Depois de um episódio frustrante, um casal de namorados vai passar a noite numa casa isolada. E, no meio da madrugada, os tais estranhos mascarados começam a cercar a casa e aterrorizar o casal.

SPOILERS ABAIXO!!!

SPOILERS ABAIXO!!!

O grande problema do filme é que ficamos o tempo todo construindo uma expectativa de que algo interessante acontecerá. Quem são esses mascarados? Por que eles estão com as máscaras? Qual o motivo que os leva a fazer isso? Qual é o grande “por que” do filme?

Acaba o filme e  isso não é explicado. Perdemos uma hora e meia acreditando que a história terá um fim decente, uma explicação pra tudo isso… e nada.

E aí a gente começa a pensar na quantidade de furos do roteiro. Os mascarados que se movem na velocidade da luz. Pessoas que abrem a porta às 4 da madrugada num lugar deserto. Amigos que chegam em casa e, ao encontrar tudo revirado, não gritam os nomes das pessoas. E por aí vai.

Dispensável…

O Nevoeiro

O Nevoeiro

Demorou, mas finalmente The Mist foi lançado por aqui. Não sei por que demorou tanto, afinal, acredito que seria fácil de se vender “do mesmo diretor e roteirista de Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, o mais novo filme baseado em Stephen King”!

Uma cidade pequena, à beria de um lago, é açoitada por ventos fortes à noite. Na manhã seguinte, David Drayton (Thomas Jane), um artista local, vai até o supermercado com seu filho. E uma névoa envolve a cidade – e existe algo misterioso dentro da névoa.

O suspense é muito bem montado – não sabemos o que há dentro da névoa! E começa um clima claustrofóbico dentro do supermercado, onde o medo do desconhecido começa a mudar as pessoas.

Uma coisa muito interessante aqui é o foco nos personagens presos no supermercado., e não no que está na névoa. Marcia Gay Harden interpreta Mrs Carmody, uma religiosa que aos poucos começa a exacerbar o seu fanatismo – e conquistar “fiéis”, afinal, ninguém sabe o que está acontecendo lá fora…

E assim, o suspense toma conta do filme. Boas interpretações, boa fotografia, e o talento do diretor e roteirista Frank Darabont são essenciais para criar esse clima.

Não gostei muito do fim, acho que poderia ser diferente. Mas não estraga a beleza do filme.