Tubarão: Mar de Sangue

Crítica – Tubarão: Mar de Sangue

Sinopse (imdb): Um grupo de jovens está passando as férias no México. Depois de uma noite de muita curtição, os amigos furtam dois jetskis e os levam para o alto-mar, mas eles acabam batendo em um acidente terrível.

Já defendi aqui antes filmes que trazem premissas repetidas. Filmes que não trazem nenhuma novidade, mas que têm uma boa execução. É um feijão com arroz bem cozinhado e bem temperado – não é novidade, mas ainda assim é um prato saboroso. Por isso defendi o recente A Queda, o filme não traz nada de inovador, e mesmo assim é um ótimo entretenimento.

Pena que Tubarão: Mar de Sangue (Shark Bait, no original) não é.

A gente já viu essa história diversas vezes. Um grupo de jovens desmiolados, no último dia de férias, resolve roubar dois jet skis, acabam causando um acidente, e ficam à deriva sem ter como voltar.

Mas… Em primeiro lugar, nenhum dos personagens é bom. Já começa o filme sem o espectador se importar com nenhum deles. Que virem isca de tubarão, como o título original sugere!

E aí a gente precisa falar sobre decisões burras. Ok, entendo que o cinema é feito em cima de decisões burras de personagens, mas tem uma aqui que me tirou do sério. Um dos personagens resolve nadar para procurar um barco que ele acha que está perto. POR QUE NÃO NADAR ATÉ A PRAIA???

Aí vem outro problema. O nome do filme é “Tubarão Mar de Sangue”, o pôster tem um tubarão enorme, mas… quase não tem tubarão no filme! O tubarão demora a aparecer, e fica pouco tempo em tela!

Mas aí vem um agravante. Deve ter pouco tubarão porque usaram um cgi tosco tosco tosco. Parece feito por um app de celular, o tubarão aparece mas não faz ondas na água em volta. Não costumo reclamar se efeitos pobres, mas aqui ficou feio demais. Consegue ser pior que o Pinóquio! Era melhor usar um bonecão!

Qual é o resultado? Um filme com personagens ruins, que não causa tensão nem nem medo do tubarão, e que ainda tem um cgi muito tosco. Talvez agrade uma turma que vá ao cinema com a proposta de zoação. Mas se quiser um filme bem feito com premissa parecida, veja A Queda.

Pearl

Crítica – Pearl

Sinopse (imdb): Veja como Pearl se tornou a assassina feroz vista em “X”.

Poucos meses atrás tivemos X, bom slasher da A24, dirigido por Ti West. Na época já se falava sobre um prequel contando o passado da personagem Pearl. Olha lá, o filme já está pronto!

Pearl teve um caminho diferente da maior parte das continuações no cinema. Normalmente um filme é lançado, aí dependendo do sucesso, continuações são agendadas. Aqui não, Pearl foi filmado na mesma época que X. Como minha memória é ruim, gostei de ter um lançamento perto do outro (os dois filmes são de 2022).

Pelo que li, X foi filmado na Nova Zelândia, e a equipe ficou de quarentena por causa da pandemia. Assim como James Gunn aproveitou esse período de isolamento para escrever Peacemaker, Ti West e Mia Goth teriam aproveitado para escrever o roteiro de um prequel, para aproveitar equipe técnica e locações. Claro que lembrei de Roger Corman, que fazia essas economias para criar novos filmes vagabundos. Mas Pearl não tem cara de produção feita com “restos”, o resultado final ficou bom, parece um filme projetado do zero.

Mesmo diretor, mesma atriz, roteiro escrito por ambos. Mas são filmes diferentes. Pearl é bem mais lento, e a primeira morte demora bastante pra acontecer. Mas, se é lento como slasher, Pearl traz um excelente desenvolvimento de personagem. Poucas vezes na história do cinema a gente teve tanto foco na construção de um vilão.

Uma coisa curiosa: se X tem cara de filme feito nos anos 70, Pearl tem cara de produções dos anos 40/50 (inclusive nos créditos). E isso deixou o filme bem mais claro e colorido, coisa que não é muito comum em filmes de terror.

Achei a parte final muito boa. Mia Goth tem um longo monólogo que se não fosse o preconceito das premiações com terror provavelmente lhe indicaria a prêmios. E a cena final, o take final, quando começam a rolar os créditos mas a câmera continua gravando, é assustadoramente bonita.

Em breve teremos um terceiro filme, Maxxxine, mas ainda não sei nada sobre ele. Que Ti West e Mia Goth mantenham a qualidade!

Barbarian / Noites Brutais

Crítica – Barbarian / Noites Brutais

Sinopse (imdb): Uma mulher que aluga uma acomodação no Airbnb descobre que a casa onde ela está não é nada do que parecia.

Alguns filmes são fáceis de comentar, quando acaba o filme já tenho formatado na minha cabeça metade do que vou escrever aqui. Outros são bem difíceis, como este Noites Brutais / Barbarian. Este é daquele tipo de filme que o quanto menos você souber informações, melhor será sua experiência. Então vou me policiar para escrever um texto aqui com o maior cuidado possível. Sem spoilers!

Noites Brutais / Barbarian foi escrito e dirigido por Zach Cregger, um nome pouco conhecido, que já tinha alguma experiência como ator e diretor em programas de tv – de comédia. Aparentemente é um nome novo no terror. Um nome a ser anotado!

O roteiro de Noites Brutais / Barbarian passeia por caminhos bem diferentes – por isso é bom não saber muita informação antes. O filme toma rumos que me surpreenderam. E gosto quando um filme me surpreende.

Uma coisa que podemos falar sem risco de spoiler é que Cregger sabe muito bem como posicionar e movimentar sua câmera pela casa. O uso da iluminação também é bem feito. O filme constrói muito bem a tensão. Durante uma hora e quarenta minutos o espectador fica na beirada da poltrona.

Ouvi uma crítica sobre a segunda parte, porque traz outro clima. Ok, entendo a crítica, mas discordo, porque pra mim foi legal a mudança. Um filme todo no mesmo clima ia ser legal? Ia. Mas, como falei, gosto de surpresas. E, tecnicamente falando, o filme é bem eficiente nessas mudanças. Muda até o aspect ratio da tela.

De quebra Noites Brutais / Barbarian ainda traz espaço para discussões sociais, tanto pelo lado financeiro (a parte da cidade onde o filme se passa foi arruinada pela crise financeira) tanto pela parte da posição da mulher – ela deve aceitar entrar numa casa onde já tem um homem desconhecido?

Sobre o elenco, não quero entrar em detalhes por causa de spoilers. Os principais papéis são de Georgina Campbell, Bill Skarsgård, Justin Long e Richard Brake. Todos estão bem.

A boa notícia é que Noites Brutais / Barbarian entrou no catálogo do Star+, então ficou fácil para assistir. Não leia nada e vá ver o filme!

A Luz do Demônio

Crítica – A Luz do Demônio

Sinopse (imdb): Uma freira se prepara para realizar um exorcismo e fica cara a cara com uma força demoníaca com laços misteriosos com seu passado.

Antes de tudo preciso dizer que sempre vou apoiar lançamentos no cinema. Ver um filme na sala escura é sempre uma experiência melhor do que ver em casa pelo streaming.

Dito isso, preciso confessar que não entendi a escolha deste A Luz do Demônio para ser um grande lançamento da Paris Filmes, com direito a sessão de imprensa presencial e ações de marketing espalhadas ao longo do próximo fim de semana. A Luz do Demônio não é ruim, mas é um filme bem genérico. E não custa lembrar: tem outros filmes melhores de terror sem distribuição nos cinemas (como Barbarian, que foi direto pro Star+; ou Pearl, que até onde sei ainda não tem previsão de lançamento aqui no Brasil)

Enfim, vamos ao filme. Dirigido por Daniel Stamm (O Último Exorcismo), A Luz do Demônio (Prey for the Devil, no original) se diferencia de outros filmes de exorcismo ao colocar uma mulher como protagonista. Ok, sei que hoje é “modinha”, vários filmes estão usando o protagonismo feminino (e não tenho absolutamente nada a reclamar sobre isso), mas reconheço que às vezes fica forçado. Mas aqui foi uma boa, porque o filme aproveita pra cutucar o machismo da Igreja Católica, que não deixa mulheres praticarem exorcismo.

Fora isso, a gente já viu todo o resto. As cenas de exorcismo copiam os clichês de todos os outros filmes do gênero, incluindo as mesmas maquiagens e contorcionismos. Zero novidades, e o pior: A Luz do Demônio não causa medo.

A parte final é ainda pior. Durante todo o filme a protagonista tem contato com um demônio, e quando finalmente rola o confronto, a solução é bem fuen. E são sequências muito escuras, quase não dá pra ver nada (e olha que vi no cinema, imagina quem vai ver em casa na TV ou no computador!)

No elenco, o papel principal é de Jacqueline Byers, que lembra uma Targaryen com aquele cabelo mal pintado de amarelo. Virgínia Madsen, veterana de filmes de terror, tem um papel menor, que é completamente dispensável (parece que o roteiro já estava pronto, aí conseguiram a atriz, então criaram algumas cenas para incluí-la). Também no elenco, Colin Salmon, Christian Navarro, Nicholas Ralph, Ben Cross e Posy Taylor.

Ainda queria falar do nome original. No imdb está como “Prey for the Devil”, mas no filme estava escrito “The Devil’s Light”. Não entendi por que dois títulos. E também não entendi o que seria uma “luz do demônio”.

A Luz do Demônio estreia nos cinemas nesta quinta. Deve agradar o menos exigentes. Mas fica a tristeza de saber que tinha coisa melhor pra passar na tela grande.

Terrifier 2

Crítica – Terrifier 2

Sinopse (imdb): Depois de uma entidade sinistra o ressuscitar, Art, o palhaço, está de volta no condado de Miles, onde busca caçar uma adolescente e seu irmão mais novo durante o Halloween.

Heu não ia escrever sobre Terrifier 2. Primeiro porque é a continuação de um filme que não vi o primeiro. Além disso, já sabia que o principal propósito aqui era torture porn, e não tenho nada contra isso, mas tenho outras coisas mais legais pra ver.

Mas aí vi que tinha um monte de gente boa comentando… Ok, bora ver qualé.

Terrifier 2 é um projeto do diretor / roteirista / editor / maquiador / técnico em efeitos especiais Damien Leone. Parece que ele criou um financiamento coletivo pra poder fazer seu novo filme de maneira independente. E olha, para filme independente, o resultado até que ficou bom. Terrifier 2 não faz feio ao lado dos slashers lançados pelos grande estúdios.

Terrifier 2 chamou a atenção com o marketing de ter feito pessoas passarem mal em salas de cinema. Sim, é compreensível, porque as cenas de violência gráfica são muito fortes. É provavelmente o filme mais gore do ano.

Heu não conhecia o palhaço Art, mas sei que ele já apareceu algumas vezes nas telas. Antes do primeiro Terrifier, ele esteve em alguns curtas. Mas, posso afirmar: não precisa ver os filmes anteriores pra entender o que se passa aqui.

Já comentei aqui mais de uma vez que a gente precisa entender o objetivo dos realizadores. O objetivo de Terrifier 2 é mostrar violência gráfica, é mostrar gore. Nesse aspecto, o filme não decepciona. São várias cenas visualmente bem fortes (o que explica a galera passando mal nos cinemas). Tem uma sequência em particular onde o palhaço Art faz uma longa tortura numa vítima. E os efeitos práticos de maquiagem são muito bem feitos! Se alguém for procurar o filme atrás de torture porn, dificilmente ficará decepcionado.

Outro ponto positivo é o palhaço Art. Temos muitos filmes slasher, mas por outro lado a gente tem uma galeria de alguns poucos “vilões” icônicos. Leatherface e Michael Myers são dos anos 70; Jason Vorhees, Freddy Kruger, Pinhead e Chucky são dos anos 80. Anos 90 teve o Ghostface e o Pennywise, e acho que o último que surgiu foi o Jigsaw em 2004. Já estava na hora de termos um novo vilão slasher pop. E posso dizer que vi na semana passada um garotinho provavelmente indo pra uma festa de halloween na creche, que estava usando uma máscara de Art! O Art é pop!

Agora, nem tudo é elogio. As atuações são bem ruins – principalmente o garoto irmão da protagonista. E o filme é longo demais, duas horas e dezoito minutos, não me lembro de ter visto algum slasher tão longo. Podia fácil cortar mais de meia hora!

Enfim, boa opção para quem gosta de gore e violência gráfica. Quem não curte, procure outras opções.

Hellraiser 2022

Hellraiser 2022

Sinopse (imdb): Uma versão do clássico de terror de Clive Barker de 1987, onde uma jovem lutando contra o vício toma posse de uma antiga caixa de quebra-cabeça, sem saber que seu objetivo é convocar os Cenobitas.

Na Hollywood atual cheia de remakes e reboots, até que demorou pra chegar o novo Hellraiser – que já estava sendo anunciado há anos.

Mas, antes do filme, posso falar um pouco da franquia?

O primeiro Hellraiser, de 1987, foi marcante por vários motivos. Não só é um filme muito bom até hoje (apesar de alguns efeitos especiais que perderam a validade), como marcou a estreia de Clive Barker nos cinemas. Barker era um promissor escritor de terror, elogiado pelo próprio Stephen King (que, tirando algumas exceções, não tinha muito sucesso nos cinemas) – mas, com o tempo, vimos que Barker não viraria um grande nome no cinema nem na literatura (seus filmes frequentemente usam universos paralelos ligados à dor e ao sadomasoquismo, como Nightbreed, O Último Trem e Livro de Sangue). Até hoje ele é lembrado apenas pelo seu primeiro filme.

Pra mim, Hellraiser ainda foi marcante por outro motivo. O cinema de terror na época era muita galhofa, muitos títulos eram divertidos. Ok, admito que gosto de filmes assim, mas também gosto de um terror sério de vez em quando. E eram raros os filmes de terror sérios no fim dos anos 80. Me lembro de poucos: A Maldição dos Mortos Vivos (Wes Craven), Comando Assassino (George A Romero), O Príncipe das Sombras (John Carpenter) – e este Hellraiser.

Mas aí vieram as continuações – problema comum na época. Cada continuação era pior que o antecessor. Talvez seja ok até o terceiro filme, mas, pelo que chequei agora pelo imdb, foi até o décimo filme! E os novos filmes eram cada vez piores, até o ponto que heu, que era fã da franquia, abandonei. Devo ter visto até o sexto ou sétimo, aí desisti.
Normalmente não curto reboots e remakes, mas neste caso de Hellraiser entendo que era algo necessário…

Dirigido por David Bruckner (A Casa Sombria), este novo Hellraiser (que tem o mesmo nome do original) não é uma continuação, porque o Pinhead tem uma mudança significativa (daqui a pouco volto nisso); nem uma refilmagem, porque a história é diferente da original. Trata-se de um reboot, o que significa que devem estar pensando numa nova franquia.

Hellraiser tem alguns pontos positivos e outros negativos. Vamulá. Tem uma coisa que me incomodou, mas pode ser um head canon meu. Uma coisa que heu sempre gostei foi o cubo – queria ter um enfeitando minha sala. E, na minha memória, era quase sempre um cubo. Mas aqui a parada toma diversas formas, quase nunca é um cubo. Mas, ok, de repente já era assim e heu tinha me esquecido.

Uma coisa que gostei foi quando uma pessoa vai encontrar os cenobitas, que parte do cenário começa a se mexer como se fosse o cubo – ou seja, a pessoa já está “dentro” do cubo. Não me lembro disso nos outros filmes, achei que foi uma ideia visual que ficou boa.

Sobre o Pinhead, tem gente criticando na internet. Antes era o Doug Bradley (se não me engano, ele foi o Pinhead em oito dos dez filmes), e agora foi trocado por uma atriz, Jamie Clayton. Sim, mudaram o gênero do Pinhead. Mas… Dois comentários: 1- Os cenobitas são demônios que são ligados à dor e à tortura. Tanto faz se é um homem ou uma mulher, nunca teve nenhuma sexualização em cima dos cenobitas. Então, por mim, não faz diferença qual é o gênero. 2- A atriz é boa! Sua caracterização de Pinhead ficou boa! Tanto o visual, quanto a voz, gostei da Pinhead.

Dito isso, preciso dizer que não curti a nova versão. Sei lá, o antigo me trazia uma sensação de sujeira, de perversão sexual, e este novo parece limpo e estéril. Mesmo nas cenas onde tem sangue e gore, o filme não incomoda. Parece que os novos realizadores não entraram na onda sadomasoquista proposta pelos filmes antigos.

Além disso, o filme é escuro (problema recorrente em produções com poucos recursos, pra esconder efeitos especiais deficientes); e os personagens são fracos – a gente deveria torcer pela protagonista, mas a protagonista aqui tem zero carisma.

E pra piorar, o roteiro é muito previsível. Qualquer um acostumado com filmes de terror vai conseguir adivinhar até a ordem dos acontecimentos.

Ou seja, não é ruim, mas está longe de ser bom. É apenas mais um terror genérico. E pior é que deve ter continuações…

Halloween Ends

Crítica – Halloween Ends

Sinopse (imdb): A saga de Michael Myers e Laurie Strode chega a um fim arrepiante.

É, tem mais um Halloween. Ninguém mais se importa, mas avisaram que vinha mais um, pra fechar a história.

Estou com preguiça, então vou copiar dois parágrafos do meu texto do ano passado sobre o Halloween anterior:

Halloween me lembra o cantor Roberto Carlos. Ele tem um monte de músicas boas no início da carreira. Mas fez tanta coisa ruim depois que ninguém mais queria saber quando ele lançava um disco novo.
Este é o décimo segundo Halloween. O primeiro filme foi em 1978. Aí teve continuações em 81, 82, 88, 89, e, em 95 era pra ser o sexto e último. Mas alguns anos depois a Jamie Lee Curtis voltou pra mais dois, um em 98 e outro em 2002. Em 2007 e 2009 teve um remake, feito pelo Rob Zombie. Até que em 2018, o diretor David Gordon Green disse “esqueçam tudo isso, a partir de agora só vale o primeiro”. Sim, o décimo primeiro filme ignora os nove que vieram antes.”

Mas, como disse no início, este novo filme já estava anunciado. Então vamos a ele.

Mais uma vez dirigido por David Gordon Green, este Halloween Ends é o fim da saga do Michael Myers. Pelo menos por enquanto, até alguém daqui a alguns anos resolver mais uma vez ressuscitar a franquia.

Não, o filme não é bom. É ainda pior que os dois anteriores do mesmo diretor, porque tudo demora muito a acontecer, e boa parte do filme não é focada no personagem central, Michael Myers.

Queria falar mal, mas preciso entrar no terreno dos spoilers. Nada grave, quem quiser pode continuar.

]SPOILERS!!!
SPOILERS!!!
SPOILERS!!!

Duas coisas me incomodaram bastante. Uma delas é que achei muito forçado o romance da Allyson com o Corey. Ela é uma mulher experiente, viu a mãe morrer, viu amigos morrerem, ela não é uma garotinha ingênua que vai se apaixonar pelo primeiro zé mané que aparecer. NADA no filme traz argumentos sólidos para justificar esse romance avassalador.

A outra é ainda pior. Corey tem um bom desenvolvimento, acompanhamos uma boa construção de vilão – um trauma no passado, uma mãe opressora, sofre bullying, não tem amigos, etc. Boa parte do filme ignora o Michael Myers e foca neste novo vilão – o que seria uma boa saída para o filme. Mas, lá pro terço final, parece que alguém se lembrou “xi, era pra ser o Michael Myers e não esse garoto!” e de repente o filme muda de rumo. E aí temos um filme do Michael Myers onde em pelo menos metade do filme ele nem aparece. E, claro, temos menos mortes – um slasher com poucas mortes.

FIM DOS SPOILERS!

No elenco, temos a volta de Jamie Lee Curtis, Will Patton e Andy Matichack, que estavam nos filmes anteriores. Judy Greer só aparece em fotos. Rohan Campbell faz o “semivilão” Corey.

Agora acabou. Ufa! Até alguém resolver voltar com um novo reboot, remake, etc…

Lobisomem na Noite

Crítica – Lobisomem na Noite

Sinopse (Disney+): Em uma noite escura e sombria, uma cabala de monstros emerge das sombras e se reúne no templo de Bloodstone após a sua morte. Em um estranho e macabro memorial à vida de seu líder, os participantes são lançados em uma misteriosa e mortal competição por uma poderosa relíquia – uma caçada que acabará por colocá-los cara a cara com um monstro perigoso.

Recebi uma mensagem de um amigo sobre um novo Marvel, fui ver direto sem ler absolutamente nada do que se tratava. Olha, que surpresa boa!

Inicialmente achei que seria o primeiro episódio de uma nova série – caramba, tem muita coisa pra ver, estou acompanhando Andor, She-Hulk, Anéis de Poder, estou atrasado com House of the Dragon, acabou de estrear O Clube da Meia Noite, e ainda me recomendaram Dahmer. E ainda preciso ver filmes pra produzir conteúdo pro site! Precisamos de uma nova greve de roteiristas…

Mas, não, Lobisomem na Noite não é uma nova série, é um especial de Halloween. Um filme média metragem, de 54 minutos, que, a princípio, não terá continuação. Taí, gostei da proposta. Só achei um pouco cedo pra Halloween, será que não seria melhor mais perto do fim do mês?

Antes de tudo, preciso falar que Lobisomem na Noite não tem NADA de super heróis. Ok, algum leitor das HQs pode até dizer “mas o personagem tal aparece no gibi” – mas, pra mim, o que vale é o que está na tela, tanto nos filmes quanto nas séries. E nada aqui se conecta a nenhum dos filmes ou séries. Se vai se conectar no futuro? Provavelmente. Mas, por enquanto é algo independente.

Lobisomem na Noite (Werewolf by Night, no original) é uma grande homenagem a filmes clássicos de terror, como Drácula, Frankenstein, A Múmia, etc. Reconheço que não sou um grande conhecedor dessa fase, mas a gente pode sentir o clima. Não só o fato de ser em preto e branco, como os enquadramentos, cenários, trilha sonora, tudo lembra filmes daquela época. Tem até aquelas “marcas de cigarro”, aquelas bolas pretas que aparecem no canto da tela pra avisar pro projecionista que é a hora de trocar de projetor (se você é novo, talvez nunca tenha visto isso, mas até os anos 80 ou 90 era bem comum, tinha em todos os filmes que passavam no cinema).

Quando vi, desconfiei de uma coisa que confirmei depois no imdb: aproveitaram o P&B para “esconder” o sangue. Tem algumas cenas bem violentas, com muito sangue jorrando, mas vemos muito pouco porque o sangue não é vermelho.

Quando acabou o filme, uma agradável surpresa. A direção é de Michael Giacchino, ele mesmo, o compositor das trilhas sonoras de metade dos blockbusters que a gente viu nos últimos anos – só este ano, ele fez Batman, Jurassic World, Lightyear e Thor. O cara que já mostrou que é um grande compositor, ele já tinha trabalhado em trilhas que originalmente eram de outros compositores – tipo quando fez as trilhas dos Jurassic World (que nos filmes anteriores eram do John Williams) ou dos novos Star Trek (trabalhando em cima da trilha original de Jerry Goldsmith). Como diretor, ao fazer uma homenagem aos clássicos do terror, gostei de ver que ele mostra o mesmo carinho que ele tem para trabalhar em cima de outras trilhas. Já quero ver mais filmes dirigidos por ele!

Tenho uma crítica com relação ao nome. O filme se chama “Lobisomem na noite”. E tratam isso como se fosse um grande mistério a ser revelado num plot twist. Ora, se você vai ver um filme chamado “Lobisomem”, você sabe que o personagem central vai virar lobisomem! Que plot twist fajuto!

Mas não reclamo porque adorei a transformação. Vemos o olhar de medo da outra personagem, enquanto vemos suas sombras se transformando. Ficou muito bom!

Outra coisa que achei bem legal: a vinheta da Marvel foi alterada. Começa normal, mas aí é como se uma garra de lobisomem rasgasse (me lembrou o poster de Um Grito de Horror), aí fica preto e branco e o tom muda para menor. Muito legal!

No elenco, Gael Garcia Bernal e Laura Donnelly são os principais. Se este filme se conectar ao MCU, deve ser com um deles (ou ambos).

No fim, fica a sensação de que poderia ter sido um longa. Gostei do clima, gostei dos personagens, pena que acabou rápido. Pelo menos é melhor do que uma série longa.

Speak no Evil

Crítica – Speak no Evil

Sinopse (imdb): Uma família dinamarquesa visita uma família holandesa que conheceu nas férias. O que era suposto ser um fim de semana idílico começa lentamente a desmoronar-se à medida que os dinamarqueses tentam ser educados diante do desagradável.

No meio de um monte de lançamentos meia boca de terror, como quem não quer nada chega um título dinamarquês que é um soco no estômago.

Dirigido por Christian Tafdrup, Speak no Evil é um terror psicológico daqueles de causar incômodo no espectador. Quando acabou o filme me sentia mal, me lembrei de outro filme europeu, o austríaco Funny Games.

Como diz na sinopse do imdb, “os dinamarqueses tentam ser educados diante do desagradável“. Essa é a tônica do filme: o desconforto frente a situações incômodas. Se você é um hóspede, até onde você consegue aguentar ao ver o seu anfitrião tendo atitudes erradas?

Gostei muito da construção dos personagens e das situações que eles vivem. Os dinamarqueses se sentem incomodados com os holandeses “sem noção”, mas não sabem como sair de situações constrangedoras. O diretor usa muitos planos longos, isso ajuda a manter o desconforto.

A fotografia é muito boa, teve uma cena que gostei, onde os dois homens vão para um lugar deserto para gritar e desestressar. E a trilha sonora mostra como paisagens tranquilas podem ser momentos tensos.

No elenco, não conhecia nenhum dos quatro principais, Morten Burian, Sidsel Siem Koch, Fedja van Huêt e Karina Smulders. Gostei dos quatro e das interações entre eles.

Teve um detalhe na parte final que me incomodou. Vou colocar o aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Duas coisas sobre a parte final:

– Achei o casal dinamarquês muito apático. Não esboçam reação nem tentam fugir. E os holandeses nem estavam armados!

– O plano dos holandeses tinha brechas para possíveis falhas. E se as famílias dissessem para onde estariam indo passar férias? E se as crianças escrevessem recados pedindo socorro?

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo com essas críticas, gostei muito do final. Só é complicado pra recomendar, porque não é qualquer um que curte um final tão pesado.

Infelizmente Speak no Evil ainda não tem previsão de lançamento no Brasil. Tomara que alguma distribuidora se empolgue e traga o filme!

Morte Morte Morte

Crítica – Morte Morte Morte

Sinopse (imdb): Quando um grupo de ricos de 20 e poucos planeja uma festa de furacão numa remota mansão familiar, um jogo de festa torna-se mortal neste olhar fresco e engraçado sobre traições, amigos falsos e uma festa que correu muito, muito mal.

Filme novo de terror da A24. A gente lembra de Midsommar, A Bruxa, Saint Maude, The Green Knight, etc. Você pode gostar ou não dos filmes, mas uma coisa é inegável: são filmes diferentes do óbvio.

Mesmo sem querer, a gente acaba criando uma expectativa. Mas Morte Morte Morte (Bodies Bodies Bodies, no original) não é tão fora da caixinha quanto outros filmes da mesma produtora. Vejam bem, até gostei de Morte Morte Morte, só achei ele “normal”.

Dirigido por Halina Reijn, Morte Morte Morte lembra Pânico: um whodoneit dentro de um slasher. Assassinatos vão acontecendo, e o espectador precisa juntar as peças do quebra cabeça pra descobrir quem é o culpado e qual é a sua motivação.

Morte Morte Morte tem dois problemas. Um deles é que todos os personagens são desagradáveis. Todos são jovens ricos, drogados, mimados e egoístas. Ou seja, não tem como simpatizar com ninguém. Se o personagem morrer, ninguém se importa. Ok, acredito que foi proposital, para fazer uma crítica à geração Z e todas as futilidades que envolvem esse mundinho. Como crítica pode funcionar, mas como narrativa cinematográfica, traz problemas.

O outro problema, na minha humilde opinião, foi uma falha no roteiro. Faltam elementos ao whodoneit. A gente é levado a pensar que um deles é o assassino, mas o filme não desenvolve as pistas sobre quem poderia ser. Ou seja, temos um quebra cabeça mas não temos as peças.

Mesmo assim, achei bom o ritmo do filme (são 1h34min de duração). E gostei da solução sobre quem é o assassino.

No elenco, heu só conhecia dois nomes, Maria Bakalova, de Borat 2; e Lee Pace, de O Hobbit. Não gostei do elenco, mas é pelo motivo já dito antes, os personagens são antipáticos. Talvez até sejam bons atores, aguardemos outros filmes.

Morte Morte Morte estreia nos cinemas dia 6 de outubro.