Sorria

Crítica – Sorria

Sinopse (imdb): Após testemunhar um acidente traumático e bizarro envolvendo uma paciente, a Dra. Rose Cotter começa a vivenciar eventos assustadores que ela não consegue explicar.

Sorria (Smile, no original) está sendo vendido como “o filme mais assustador de todos os tempos da última semana”. O roteirista e diretor Parker Finn, estreante em longas, mostra ideias criativas na câmera, tem um bom ritmo, e, principalmente, consegue criar um bom clima de tensão. A trilha sonora, que usa muitos ruídos, também ajuda na construção do clima.

Sorria é cheio de jump scares, o que vai agradar boa parte do público. E vou te falar que teve um que me pegou, o da irmã no carro (que depois descobri que está no trailer…)!

Mas preciso dizer que não gostei muito da parte final, porque achei que mostra demais. Prefiro quando um filme de terror mostra pouco, prefiro ficar sem saber o que está acontecendo. Minha humilde opinião. Além disso, os efeitos especiais nessa parte final ficaram meio esquisitos.

Agora, a gente precisa admitir que nada aqui é novidade. Aliás, essas imagens de pessoas sorrindo lembram o fraco Verdade ou Desafio. E o desenrolar da história parece O Chamado ou  A Corrente do Mal.

No elenco, o papel principal é de Sosie Bacon, filha do Kevin Bacon e da Kyra Sedgwick (achei ela mais parecida com a mãe do que com o pai). Não conhecia a atriz, sei que ela fez seriados mas não vi nenhum. Gostei do trabalho dela, o filme todo é baseado na personagem. Também no elenco, Kyle Gallner, Jessie T Usher (The Boys) e Kal Penn (Harold & Kumar).

Com seus jump scares, Sorria vai agradar o público dos multiplexes.

Órfã 2: A Origem

Crítica – Órfã 2: A Origem

Sinopse (imdb): Leena foge de um asilo e viaja para a América usurpando a identidade da filha desaparecida de uma família. No entanto, a vida como “Esther” a coloca contra uma mãe que fará qualquer coisa para proteger sua família.

Sabe quando um filme tem um problema estrutural que te impede de “entrar” na história? E o caso aqui.

Vamos a uma breve recapitulação do primeiro filme, lançado em 2009 – e peço desculpas pelo spoiler, mas, caramba, já se passaram 13 anos! Em A Órfã uma família adota uma menina de 9 anos, e no fim do filme descobrimos que a menina não tinha 9 anos, é uma adulta de mais de 30, mas com uma doença hormonal que lhe dá a aparência de criança. Tem uma cena marcante onde a menina tira uma dentadura que serve para esconder seus feios e mal cuidados dentes de adulta! A personagem era adulta mas tinha aparência de criança, então claro que a atriz era criança – Isabelle Fuhrman tinha 11 anos durante as filmagens.

E aí vem o grande problema do filme. Não dá pra usar a mesma atriz. do primeiro filme. Isabelle Fuhrman tinha 23 durante as filmagens da continuação. Precisava de outra atriz!

A produção até se esforçou. Tem uma atriz criança para as cenas onde ela aparece de costas. Fizeram sapatos com salto plataforma pro elenco ficar mais alto que a protagonista. Mas, quando vemos a cara da Isabelle Fuhrman, vemos que é uma mulher adulta. Tem maquiagem, tem cgi, mas não tem como uma mulher de 23 anos virar uma menina de 9. Isso me tirava do filme a cada cena!

Mas, não é só isso. O roteiro tem umas forçadas de barra enormes. Esther sumiu e voltou anos depois. Ninguém pensa em teste de dna? Ou digitais? Ou, pelo menos verificar marcas de nascença? Mais: é uma menina de 9 anos (ou menos), e toca piano e também pinta – ninguém desconfia???

O filme anterior tinha um grande plot twist na parte final. Este tenta fazer parecido, no meio aparece um plot twist que admito que me pegou de surpresa. Mas, depois que passa o susto a gente começa a pensar e vê que não faz muito sentido. A personagem nunca tomaria aquele caminho.

Tem um outro problema, mas esse só acontece no original, aqui no Brasil “consertaram”. O nome original é “Orphan First Kill”, mas quando começa o filme, ela está presa num hospital psiquiátrico justamente porque já matou. O “first kill” já aconteceu antes do filme! Aqui no Brasil, pelo menos o título é “A Origem”, menos mal.

A direção é de William Brent Bell, que já fez alguns filmes de terror esquecíveis, e, se depender deste A Órfã 2: A Origem vai continuar na mesma. No elenco, Além de Isabelle Fuhrman, o único nome conhecido é Julia Stiles, que já teve uma carreira mais relevante.

Ouvi boatos sobre um terceiro filme. Seriously?

Dupla Jornada

Crítica – Jornada Dupla

Sinopse (imdb): Um caçador de vampiros tem uma semana para conseguir dinheiro para pagar as despesas da filha. E ele vai lutar com unhas e dentes para garantir o sustento da família.

Novo filme de vampiros da Netflix, Jornada Dupla (Day Shift, no original) é o filme de estreia do diretor J.J. Perry. Estreia como diretor, mas Perry tem uma longa carreira como dublê. E aí a gente vê que Jornada Dupla foi produzido pela 87Eleven / 87 North, produtora fundada por David Leitch, e que esteve por trás de filmes como todos os John Wick, além de Atômica, Anônimo, Trem Bala, Kate… Ou seja, estamos diante de uma galera que sabe fazer boas cenas de ação.

O filme tem pelo menos três sequências de ação muito boas: a perseguição de carros, o momento quando invadem o covil dos vilões na parte final, e quando se unem a outros caçadores de vampiros para invadir a casa onde tem uma “colmeia” – essa, na minha humilde opinião, é a melhor parte do filme.

Agora, se as cenas de ação são boas, o roteiro deixa a desejar.

O roteiro é cheio de problemas. Mas antes, vou deixar um elogio. É filme de vampiros, né? Tem várias citações a outros filmes de vampiros. Citam a saga Crepúsculo; falam do Brad Pitt em Entrevista com o Vampiro; citam a “rave de sangue” de Blade; e a frase “That’s what I love about LA: all the damn vampires” é uma referência à cena final de Garotos Perdidos, quando o Grandpa fala “One thing about living in Santa Carla I never could stomach is all the damn vampires.”

Feito o elogio, vamos aos problemas. Vou citar pelo menos três. Primeiro, algumas coisas não fazem sentido, tipo um vampiro perder a cabeça mas continuar “vivo”. Em outras cenas, vampiros morrem quando são decapitados, por que esse não morreu?
Além disso, o roteiro entra em assuntos que não são concluídos, tipo quando entram na casa e o personagem do Dave Franco fala que são vampiros de estilos diferentes que nunca estariam juntos. Pra que serve saber que existem vampiros diferentes se o filme não usa isso?

Por fim, toda a sequência final é cheia de clichês. Faça uma lista de clichês de filmes de ação, e pode ir ticando a cada um: tem o personagem que estava sumido que reaparece como uma solução deus ex machina, tem um personagem que fica pra trás e se sacrifica pelos outros, tem um vilão que manda o chefe dos capangas para pegar personagens importantes, tem um vilão que tem tudo em mãos e mesmo assim não executa o planejado…

No elenco, Jamie Foxx e Dave Franco funcionam bem na dinâmica da dupla improvável (outro clichê…). Também no elenco, Snoop Dogg, Natasha Liu Bordizzo, Meagan Goog, Karla Souza, Scott Adkins e Peter Stormare.

Achei bem divertido. Mas, precisa de paciência pra relevar o fim.

 

Gêmeo Maligno

Crítica – Gêmeo Maligno

Sinopse (imdb): Uma mãe tem que enfrentar uma verdade insuportável sobre seu filho gêmeo sobrevivente.

Tem filmes maomeno que terminam mal, e a gente termina o filme com sensação ruim. Este Gêmeo Maligno é o contrário, um filme maomeno, mas que termina bem, e isso funciona como se fosse um upgrade.

Apesar de parecer um filme americano, Gêmeo Maligno é uma produção finlandesa, filmada na Estônia. A direção é de Taneli Mustonen, vi no imdb que ele já fez outros filmes, admito que não conheço nenhum.

A história é meio arrastada. Uma família traumatizada pela perda de uma criança precisa reconstruir a vida em outro país. A gente já viu isso outras vezes, e em filmes melhores.

O meio de Gêmeo Maligno é bem confuso, o filme parece que não decide o que quer ser. Às vezes parece ir pra um caminho de filme de possessão demoníaca, outras vezes parece ser uma copia barata de Midsommar. E chega a cansar, quando estava lá pra dois terços de filme heu já estava meio de saco cheio. Mas a parte final traz um bom plot twist – admito que me pegou de surpresa, não imaginava que o filme iria por esse caminho. E adorei a cena final.

O único nome conhecido é Teresa Palmer (Quando as Luzes se Apagam), que está apenas ok. Barbara Marten, que faz a “velha louca”, tem um bom potencial, mas achei ela desperdiçada.

Mesmo assim, preciso reconhecer que Gêmeo Maligno não é um grande filme. A gente pensa no fim e repensa algumas cenas do meio. Não revi, mas algumas cenas parece que não se encaixam bem nessa nova ótica.

Pelo menos podemos ficar com o “copo meio cheio”. O plot twist salva.

 

O Telefone Preto

Crítica – O Telefone Preto

Sinopse (imdb): Após ter sido raptado por um assassino de crianças e trancado num porão à prova de som, um menino de 13 anos começa a receber chamadas num telefone desligado das vítimas anteriores do assassino.

O diretor Scott Derrickson tinha feito alguns bons filmes de terror, aí foi pra Marvel fazer o primeiro Doutor Estranho, que não tem nada de terror. Ele ia dirigir o segundo Doutor Estranho, mas acabou substituído por Sam Raimi – que conseguiu finalmente trazer uma pegada de terror para a Marvel. Derickson voltou ao seu habitat natural, com este O Telefone Preto (The Black Phone, no original).

O Telefone Preto é adaptação do conto homônimo escrito por Joe Hill, filho do Stephen King. E o espectador atento pode achar referências à obra de King aqui e ali, como a cartola que Ethan Hawke usa (como a Rose the Hat em Doutor Sono) ou a capa de chuva amarela (como Georgie em It).

Uma das melhores coisas aqui é a ambientação. Tanto a ambientação de época (o filme se passa no fim dos anos 70) quanto o clima de tensão e desespero vivido pelos personagens – a gente sente a angústia do garoto preso no porão. E gostei dos efeitos dos garotos falando ao telefone. Efeitos simples e eficientes.

O Telefone Preto é uma mistura de “filme de sequestro de criança” com “filme sobrenatural”. Rolam alguns jump scares aqui e ali, mas o forte do filme não é isso, e sim a tensão vivida pelo personagem. E vou te falar que teve um momento onde quase pulei da poltrona!

Ethan Hawke está muito bem, num papel onde ele quase não mostra o rosto. Quase todo o tempo ele está usando máscaras que cobrem partes de seu rosto. E mesmo sem mostrar o rosto, o trabalho de Hawke é impressionante! E as máscaras são outro ponto forte do filme. Assustadoras, foram confeccionadas por ninguém menos que Tom Savini!

Gostei dos garotos. Mason Thames, o principal, aparece sozinho em várias cenas, um papel difícil, mas que ele consegue cativar o espectador – ficaremos de olho nesse rapaz! A menina Madeleine McGraw também está bem, em um papel que poderia facilmente virar a “menininha chata”.

Tenho um comentário sobre o fim, mas antes preciso do aviso de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

O filme tem um final feliz, o garoto é resgatado. Mas, na minha cabeça, acho que um final melhor seria com o garoto saindo da casa e encontrando os outros fantasmas, aí descobriria que estava morto, ao lado deles, e veria o Grabber enterrando o seu corpo.
Mas, é o meu head canon. O fim de O Telefone Preto não é ruim.

Nem tudo é perfeito, achei que o vilão poderia ser melhor desenvolvido. E, quando a gente vê que o filme foi produzido pela Blumhouse, a gente logo pensa em uma possível nova franquia. Será que veremos novamente o “The Grabber”?

Men

Crítica – Men

Sinopse (imdb): Uma jovem vai de férias sozinha para o interior da Inglaterra após a morte de seu ex-marido.

Uns dias atrás falei aqui de Crimes do Futuro, um filme esquisitão de terror, né? Poizé, este Men é ainda mais esquisito!

Produção da A24, Men é o novo filme de Alex Garland, que escreveu o livro A Praia, que depois foi adaptado por Danny Boyle, e que depois escreveu os roteiros de Extermínio e Sunshine (ambos dirigidos por Boyle), e que depois dirigiu os filmes Ex Machina (que gostei muito) e Aniquilação (que detestei muito).

E agora temos Men, que certamente vai dividir opiniões. Men não é um filme fácil, principalmente na parte final cheia de simbolismos. Dava pra fazer um vídeo com “final explicado”, mas não sei se entendi o suficiente para explicar… O fato é: o filme deixa lacunas em aberto para a interpretação de cada espectador.

Não tenho nada contra filmes que deixam coisas em aberto. É uma experiência diferente, você tem que sentir o filme e sentir o que o filme te passa. Mas o problema é que um filme assim anda numa linha muito tênue. Em alguns casos, funciona para mim, em outros casos não. Men não funcionou.

Mas, não chamaria o filme de “ruim”. Longe disso, tem muita coisa boa aí. O início do filme é bem legal, a ambientação naquela casa no meio do nada é muito boa, e tem uma cena fantástica em um túnel – tanto pela parte visual quanto pelo áudio (ela quase compõe parte da trilha sonora usando os ecos do túnel). Não à toa, o poster do filme foi tirado desta cena.

A narrativa flui bem, a trama é entrecortada com flashbacks explicando o que aconteceu com o marido da protagonista. Isso até mais ou menos dois terços do filme, depois a gente entra numa viagem de imagens e sons, e essa parte é que vai atrair uns e vai afastar outros.

Ah, é bom avisar: o filme tem uma boa dose de imagens fortes. Os efeitos especiais nessas cenas são muito bons!

Quero falar um pouco da minha interpretação, talvez seja spoiler, então vou colocar aqui um aviso.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

A protagonista Harper precisa encarar a culpa que seu falecido ex marido colocou na cabeça dela. Assim que ela chega na casa, ela come uma maçã, que simboliza o pecado que ela sente. Quase todos os personagens masculinos são interpretados pelo mesmo ator Rory Kinnear – e preciso admitir que só reparei isso na reta final do filme (sou um péssimo fisionomista). Pra mim, são diferentes versões do mesmo fantasma que Harper está enfrentando. Quando ela corta o braço dele, e depois quebra o pé dele atropelando, a gente vê que são os mesmos ferimentos de quando o marido caiu do prédio, confirmando que era sempre a mesma pessoa. E no fim, quando vemos vários homens “nascendo” com os mesmos problemas na mão e pé, a gente vê que não adianta ser uma nova pessoa porque continuam com as mesmas falhas.

FIM DOS SPOILERS

Sobre o elenco, o filme inteiro Fica em cima da protagonista Jessie Buckley e do multi homem Rory Kinnear. Ambos estão bem.

Men tem previsão de chegar no Brasil em setembro. Não sei se vai para os cinemas ou para o streaming. Outros filmes de terror da A24 tiveram boa performance nos cinemas, como A Bruxa ou Midsommar. Mas este acho que é um pouco mais hermético, não sei se vai agradar. Aguardemos!

Fresh

Crtítica – Fresh

Sinopse (imdb): Os horrores dos encontros modernos, vistos através da batalha desafiante de uma jovem mulher para sobreviver aos apetites do seu novo namorado.

Apareceu um tempo atrás no Star+ um filme meio terror, meio cult, que acho que foi muito mal lançado por aqui. O filme fala sobre consumo de carne humana – espero que isso não seja spoiler!

Fresh é o longa de estreia da diretora Mimi Cave. Achei curioso porque o último filme que vi sobre canibalismo também tinha sido filme de estreia de outra diretora mulher, Raw, da Julia Ducournau.

Fresh começa como uma comédia romântica. Mas, aos 33 minutos de projeção, entram os créditos “iniciais” e temos uma radical mudança de rumo da trama.

Apesar do tema canibalismo, Fresh não tem muito gore. Mesmo assim, algumas cenas são bastante desconfortáveis – não é qualquer filme que tem uma pessoa abrindo a geladeira e tirando um pedaço de carne – com uma tatuagem.

Os dois atores principais estão muito bem. Sebastian Stan e Daisy Edgar-Jones são bons atores, têm boa química juntos e a dinâmica entre os personagens funciona muito bem. Pena que não podemos dizer o mesmo sobre o resto do elenco. Senti uma falha no desenvolvimento dos personagens secundários. Um exemplo claro é a esposa do Steve. O filme dá indícios de que ela é uma vítima, mas também a coloca como vilã. Outro caso é o amigo da Mollie, um personagem meio inútil na trama.

Fresh não é um filmaço, mesmo assim curti. Deveria ter uma distribuição melhor.

A Médium

Crítica – A Médium

Sinopse (imdb): Uma história assustadora sobre a herança de um xamã na região de Isan, na Tailândia. O que pode estar a possuir um membro da família pode não ser a Deusa que eles dizem ser.

O tailandês Banjong Pisanthanakun é o mesmo diretor de Espíritos: A Morte Está ao seu Lado, um filme de 2004 que surpreendeu positivamente boa parte dos espectadores brasileiros – lembro de ter visto no cinema e ter levado sustos de jump scares, coisa que normalmente não acontece comigo.

Guardei o nome do cara, mas ele faz poucos filmes – pelo imdb, o último filme dele foi um drama/ romance de 2016. Claro que um novo filme de terror dele é algo aguardado.

E finalmente, temos A Médium (The Medium, no original), filme que tem pontos positivos e negativos. Vamulá.

Duas coisas me atrapalharam muito: o fato de ser mais um found footage, e o fato da sessão de imprensa online ser com a cópia dublada. Não curto found footage. Acho que é um formato que já deu o que tinha que dar. Gostei de REC, gostei de Caçador de Trolls, mas chega – acho que nem vi todos os Atividade Paranormal. Tudo soa artificial demais. Em vários momentos do filme, o câmera largaria a câmera – ou pra ajudar, ou pra sair correndo. Se o objetivo do found footage era pra parecer algo mais próximo da realidade, no meu caso o efeito foi o oposto. E, ok, entendo o apelo para se dublar um filme falado numa língua exótica, mas, para mim, isso tornou a experiência ainda mais artificial.

Pena, porque algumas das ideias do filme são bem legais.

Uma coisa bacana da gente ver um filme fora do eixo hollywoodiano é que a gente vê coisas fora do óbvio. A Médium tem possessão, mas não tem um padre numa cama ao lado de uma jovem com cara de Regan d’O Exorcista. A Médium tem uma protagonista que não vai até o fim do filme. Além disso, a gente tem contato com religiões bem diferentes das que a gente vê no cinema normalmente.

Aliás, é bom avisar: talvez pelo fato do filme ser tailandês e lá ter gente que come cachorro (ou talvez seja só pra chocar), mas tem uma cena envolvendo um cachorro que dá vontade de parar o filme nesse momento. Se você for um amante dos animais, é a hora de ir ao banheiro.

O filme é longo, duas horas e dez minutos, e achei que teve vários momentos dispensáveis. Agora, a meia hora final é de arrepiar. O ritmo é alucinante, muitas coisas acontecem, e a gente quase esquece o início lento.

No elenco, ninguém conhecido por aqui. Mas preciso dizer que gostei muito da Narilya Gulmongkolpech, que fica realmente assustadora quando é possuída – muito mais assustadora do que as Regans genéricas de Hollywood. Pelo imdb esse é seu único filme até agora (além de duas séries). Tomara que ela faça mais filmes!

No final, ficou aquele gosto ruim na boca. A Médium tinha várias boas ideias, mas um found footage dublado me tirou do filme. Mesmo assim, a experiência foi positiva. Que venham mais filmes de terror de países exóticos!

 

Terror nos bastidores

Crítica – Terror nos bastidores

Sinopse (imdb): Uma jovem que chora a perda de sua mãe, uma famosa “scream queen” dos anos 80, é flagrada dentro do filme mais famoso de sua mãe. Reunidas, as mulheres devem lutar contra o assassino maníaco do filme.

Me recomendaram este filme em 2015, mas me enganei e vi um quase homônimo do mesmo ano, “Final Girl“. E acabei esquecendo de catar este. Até que finalmente resolvi ver. E posso dizer: que surpresa legal!

Quem me conhece sabe que gosto de filmes que não se levam à sério. E é o caso aqui em Terror nos Bastidores. Se a gente parar pra pensar, nada aqui faz sentido. É mesmo assim o resultado ficou bem divertido.

Ok precisamos reconhecer que a ideia não é original. O Último Grande Herói usa a mesma premissa de pessoas reais dentro de um filme, e aproveita para brincar com os clichês dos filmes de ação. Mas não me lembro de ter visto isso com filmes de terror.

(A Rosa Púrpura do Cairo, de 1985, tem uma premissa parecida, mas lá é um personagem de um filme que sai das telas para o mundo real. O Último Grande Herói é de 1993, e tem a mesma premissa: uma pessoa do mundo real entra no filme.)

Dirigido pelo desconhecido Todd Strauss-Schulson, Terror nos Bastidores (The Final Girls, no original) é uma divertida brincadeira com os clichês do terror slasher. Um grupo de jovens entra num filme slasher dos anos 80, uma cópia / homenagem a Sexta Feira 13, e precisam enfrentar todas as convenções presentes naqueles filmes, como a regra de quem fizer sexo será o próximo a morrer.

E não é só isso. Como são pessoas reais dentro de um filme, elas vivem situações curiosas como os flashbacks ou a câmera lenta. Boas sacadas, que geram cenas bem engraçadas!

Li algumas críticas por ser uma mistura de comédia com terror, mas isso nunca me incomodou. Agora, preciso dizer que, na parte do terror, podia ter um pouco mais de sangue.

No elenco, a principal é Taissa Farmiga – irmã da Vera Farmiga, 21 anos mais nova, que era bem desconhecida na época e que hoje também é conhecida por ter feito A Freira. Outros nomes mais conhecidos eram Malin Akerman, que na época já tinha estrelado filmes como Watchmen e Rock of Ages; e Nina Dobrev, da série The Vampire Diaries. Também no elenco, Thomas Middleditch, Adam Devine, Alia Shawkat e Alexander Ludwig.

(E pra aumentar a confusão sobre os filmes quase homônimos, Alexander Ludwig também estava no Final Girl, lançado no mesmo ano de 2015.)

Gostei muito do final do filme. Pena que não posso comentar porque é um spoiler, mas achei uma ideia muito boa.

Por fim, preciso falar do nome. “The Final Girls” não é um nome perfeito, mas tem a ver com a proposta do filme. Agora, o título nacional “Terror nos Bastidores” é péssimo não tem nada a ver! Não tem bastidores de nada!

Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Crítica – Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura

Sinopse (google): O aguardado filme trata da jornada do Doutor Estranho rumo ao desconhecido. Além de receber ajuda de novos aliados místicos e outros já conhecidos do público, o personagem atravessa as realidades alternativas incompreensíveis e perigosas do Multiverso para enfrentar um novo e misterioso adversário.

Finalmente estreou o aguardado Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura, que tinha deixado fãs em polvorosa com o trailer. Mas, para mim, a dúvida era outra: daria certo um filme do MCU dirigido por Sam Raimi?

Sou muito fã do Sam Raimi, e a gente precisa reconhecer que ele é um nome importante quando o assunto é “filme de super herói”. Se hoje a gente tem vários filmes de super herói por ano, a gente tem que lembrar que o primeiro Homem Aranha de 2002, dirigido por ele, (ao lado do primeiro X-Men de 2000, dirigido por Bryan Singer) são filmes que dizem “quando a gente chegou aqui, tudo isso era mato!”.

Mas a gente sabe que no MCU nem sempre o diretor tem espaço criativo. Um bom exemplo é com o primeiro filme do Doutor Estranho, dirigido por Scott Derrickson, que praticamente só tinha feito terror até então (O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade, Livrai-nos do Mal). Alguns casos a gente sente o diretor, como o James Gunn em Guardiões da Galáxia ou o Taika Waititi em Thor Ragnarok, mas quase sempre os filmes do MCU têm cara de “filme de produtor”.

Felizmente Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem um bom equilíbrio. Continua sendo um “filme da Marvel”, mas tem várias coisas que são a cara do diretor: ângulos de câmera, alguns movimentos de câmera, alguns elementos de terror – tem até uma mão saindo de uma cova, lembrando o poster de Evil Dead! Só faltou o travelling pela floresta…

(Acho que este deve ser um filme mais violento da Marvel. Tem uma morte bem violenta, e ainda tem alguns jump scares!)

Aliás, é bom lembrar, este é se não me engano o 28º filme do MCU. Se antes os filmes eram independentes, agora precisam de “pré requisitos”. Para ver este Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura nem precisa ver o primeiro Doutor Estranho antes, mas precisa saber o que aconteceu com a série Wandavision.

Já que falamos de Wandavision, bora falar do elenco. É um filme do Doutor Estranho, ninguém vai discutir que ele é o principal aqui. Mas a Wanda quase divide o protagonismo com ele. E se todos sabem que o Benedict Cumberbatch é um grande ator e seu Stephen Strange é um ótimo personagem, aqui em Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura tem outro personagem que rouba a cena. Elizabeth Olsen está sensacional, e sua Wanda é uma das melhores coisas do MCU. É que Doutor Estranho não tem perfil de premiação para atuação, senão diria que a Elizabeth Olsen deveria ser indicada ao Oscar. Fechando o elenco principal, a novata Xochitl Gomez está bem como a nova personagem America Chavez, que deve ter importância no futuro do MCU. Também no elenco, Benedict Wong, Chiwetel Ejiofor e Rachel MacAdams, e mais uns nomes que não vale a pena mencionar por motivos de spoiler. Ah, claro, é Sam Raimi, tem participação especial do Bruce Campbell, num papel bem bobo, mas, como é o Bruce Campbell, heu ri alto.

Sim, tem uma cena no meio do filme onde tem algumas participações especiais que vão explodir a cabeça dos fãs. Não vou entrar em detalhes por causa de spoilers, mas posso dizer que achei a cena muito boa e a conclusão dela também.

O ritmo do filme é alucinante (e isso não é um trocadilho com Uma Noite Alucinante do mesmo diretor). O filme já começa a 100 km/h, e são poucos os momentos mais calmos para respirar. E tem um duelo usando música que é SEN-SA-CIO-NAL!!!

Claro, é Marvel, tem duas cenas pós créditos. A primeira com um gancho para uma continuação, que não tenho ideia do que seja, mas tem a Charlize Theron, então quero muito ver. E lá no fim dos créditos uma piadinha.

A Marvel continua em forma! Aguardemos o novo Thor!