Desespero Profundo

Crítica – Desespero Profundo

Sinopse (imdb): Personagens de diferentes origens são reunidos quando o avião em que viajavam cai no Oceano Pacífico. Segue-se uma luta de pesadelo pela sobrevivência, com o suprimento de ar se esgotando e os perigos se aproximando por todos os lados.

A sinopse lembra Sharknado. Mas a proposta aqui não tem nada a ver com o trash do SciFi. Não que seja um bom filme, mas aqui pelo menos tentaram fazer um filme sério.

(Sharknado me irrita não por ser um filme trash, mas sim por ser um filme preguiçoso. Além de todo o contexto ilógico de tubarões que voam em vez de serem carregados pelo tornado, ainda tem um monte de cenas mal feitas. Num take, chove torrencialmente; no take seguinte, as calçadas estão secas. Num take, venta muito; no seguinte, não tem vento. Num take, eles estão dentro de uma casa, e a água invade o primeiro andar, água suficiente para ter um tubarão nadando; no take seguinte, eles saem de casa, e está tudo seco em volta)

Mas aqui até que podia funcionar, se tivesse um roteiro e um elenco melhores. Vamulá.

Desespero Profundo é um “drama de sobrevivência”: um avião cai no mar, afunda, e alguns sobreviventes ficam presos numa bolha de ar. E eles precisam descobrir como sair com vida. Filmes assim podem ser muito bons, lembro de A Queda, de dois anos atrás, onde duas amigas ficam presas no alto de uma torre – e todo o filme é isso. Mas em A Queda o roteiro joga elementos aqui e ali e consegue manter a tensão ao longo de toda a duração do filme, e o espectador fica angustiado na beira da poltrona. Já o roteiro de Desespero Profundo causa sono em vez de tensão.

Desespero Profundo é chato. O roteiro é preguiçoso e não traz quase nada de novidades pra incrementar a história. E, pra piorar, todos os personagens são ruins, e todos os atores são igualmente ruins. Tem um tubarão nadando dentro do avião? Que eles morram pelo tubarão ou afogados, ninguém se importa com personagens assim!

Nem tudo é ruim. O acidente do avião, quando uma parte da turbina explode e despressuriza o avião, é bem feito. Ok, não é tão bem feito quanto o de A Sociedade da Neve, mas não faz feio lembrando que este é um filme de baixo orçamento. Se fosse um curta metragem usando esse acidente de avião, seria um filme bem melhor.

Mas é um longa. Mal escrito, mal desenvolvido e mal atuado. Vale mais rever A Queda.

Imaginário – Brinquedo Diabólico

Crítica – Imaginário – Brinquedo Diabólico

Sinopse (imdb): Uma mulher retorna com a família para a casa em que cresceu. Sua filha mais jovem logo fica apegada a um ursinho de pelúcia que ela encontra no porão. Apesar da interação parecer divertida, a situação não demora para se tornar sinistra.

E vamos para o novo terror da Blumhouse!

Dirigido e co-escrito por Jeff Wadlow (dos fracos Verdade ou Desafio e A Ilha da Fantasia) ,Imaginário – Brinquedo Diabólico (Imaginary, no original) começa bem. A protagonista é casada com um cara que tem duas filhas, uma criança e uma adolescente (que antagoniza com ela). A família se muda pra casa onde a protagonista passou a infância. Lá, a caçula encontra um ursinho de pelúcia que se torna o novo amigo imaginário dela. Claro que coisas estranhas vão acontecer, ligadas a esse amigo imaginário.

Lá pelo meio do filme rola um plot twist que me surpreendeu. Se estivesse vendo o filme em casa, heu ia voltar pra rever algumas cenas, rolou um clima meio Sexto Sentido. Mas…

Estava tudo indo bem, mas no terço final, parece que a produção se perdeu. São jogadas várias ideias e nenhuma deles é bem desenvolvida. Dois exemplos simples, pra não entrar em spoilers. Um deles é que às vezes vemos uma silhueta de uma criatura que supostamente deveria ser o “vilão do filme”, mas outras vezes vemos um urso monstruoso. O outro é quando somos levados a um mundo diferente, e o cenário parece aquele labirinto do Escher, que foi bem utilizado no filme Labirinto, de 1986. Inicialmente parece que exploraremos aquele labirinto com escadas onde a gravidade se porta de maneira diferente, mas acaba que toda a ação se passa num único corredor cheio de portas.

Resumindo: ideias são jogadas, mas não são desenvolvidas, a gente só vê ideias soltas e misturadas.

Tem outro problema. Sabe aquele tipo de personagem que é inserido na história só pra explicar pro espectador o que está acontecendo? Poizé, temos uma personagem assim, que entra na trama e é bem didática ao explicar tudo. O problema é que nada faz sentido. Ou seja, a gente tem uma personagem que usa tempo de tela tentando explicar uma coisa que não tem explicação. Seria melhor tirar essa personagem do filme!

Nem tudo é ruim. Como falei, o plot twist do meio do filme é muito bem bolado. Além disso, a trilha sonora de Bear McCreary sabe aproveitar a musiquinha que toca no ursinho de pelúcia, a gente ouve o tema em várias versões diferentes.

Mas aquele final bagunçado atrapalha tudo. Pena.

O Jogo da Morte

Crítica – O Jogo da Morte

Sinopse (imdb): A estudante Dana chora por sua irmã mais nova, uma criança outrora feliz que cometeu suicídio. Desesperada para saber o que aconteceu, ela explora a história online de sua irmã, descobrindo um jogo sinistro nas redes sociais.

Um amigo mandou o link deste O Jogo da Morte, uma “sessão de imprensa online” deste novo terror russo. Confesso que achei que ia ser bem ruim. Olha, não é que me surpreendeu? Não chega a ser um grande filme, mas é melhor do que muito lixo que chega todos os meses.

(Lembrando que terror russo me traz más lembranças, uns anos atrás tivemos alguns filmes de terror russos lançados aqui, todos eram bem fracos. Aliás, acho que o último filme russo que me empolgou foi o insano Hardcore Henry, mas o seu diretor, Ilya Naishuller, quase não dirige longas, e de lá pra cá so fez o também ótimo Anônimo (vi pelo imdb que ele esta fazendo um filme novo, com John Cena, Carla Gugino e Idris Elba, aguardemos!)).

O Jogo da Morte fala do jogo da Baleia Azul, onde jovens eram incentivados a cometer suicídio. A irmã da protagonista é vítima do jogo, então ela resolve entrar para tentar descobrir quem são os responsáveis.

O formato é aquela espécie de found footage que foi usado em Buscando e Desaparecida, filmes que se passam integralmente através de telas de computadores e celulares. (Não posso afirmar com certeza se todo o filme se passa através de telas, mas não reparei em nenhuma cena fora delas.) Ou seja, tudo aqui é construído através de chats, chamadas de vídeo redes sociais, youtube, etc.

Um detalhe importante para o entendimento do espectador: assim como em Desaparecida, tudo o que aparece escrito nas telas está em português. Lembrando que é um filme russo, isso é essencial, imagina ler tudo em russo e ficar procurando as legendas pro que está escrito?

O ritmo do filme é muito bom, reconheço que fiquei tenso em alguns momentos. Mas, por outro lado, a trama é muito previsível. Qualquer um acostumado com filmes de terror vai adivinhar o suposto plot twist do final.

No elenco, jovens atores russos desconhecidos, ninguém chama a atenção.

O Jogo da Morte não é nada revolucionário, não vai mudar a vida de ninguém. Mas é uma diversão melhor que boa parte dos filmes de terror que são lançados.

Slotherhouse

Crítica – Slotherhouse

Sinopse (imdb): Emily Young, uma veterana, quer ser eleita presidente de sua irmandade. Ela adota um lindo bicho-preguiça, achando que ele pode se tornar o novo mascote e ajudá-la a vencer, até que uma série de fatalidades acontece.

Assim que li o nome desse filme, já deu vontade de ver. Achei genial o trocadilho com “slaughterhouse” (matadouro em inglês)!

Sim, é um filme sobre uma preguiça assassina. Claro que não é um filme sério. A duvida é: é bom? Vamulá.

Logo de cara a gente vê que é uma galhofa. A preguiça é um boneco meio tosco, mas que é capaz de fazer coisas como dirigir um carro ou tirar selfies com o celular. Isso, claro, gera algumas boas piadas. Aliás, gostei da opção da preguiça ser um boneco. Muitas vezes optam por cgi, e quase sempre fica ruim. Aqui ficou toscamente engraçado.

Agora, se por um lado acertaram nas piadas com o boneco da preguiça, por outro lado erraram em segurar a mão nas cenas violentas. Temos um filme de terror com uma preguiça assassina e o filme quase não tem gore!

Tem outro problema: heu aceito uma preguiça que sabe usar computador e dirigir carro. Isso faz parte da premissa absurda. Mas não dá pra aceitar que a preguiça saia matando um monte de gente e ninguém resolva ver o que aconteceu. A premissa absurda é relativa à preguiça, mas teoricamente as pessoas vivem numa sociedade normal, haveria alguma investigação policial.

(Nessa parte de forçadas do roteiro, também aceito “roteirices” como as garras da preguiça, que às vezes rasgam facilmente as costas de um, mas em outras ocasiões, mal conseguem arranhar o pescoço de outra. Ruim? Sim, mas é algo comum em filmes assim.)

No elenco, claro, ninguém conhecido – só reconheci um nome, Sydney Craven, que faz a antagonista Brianna, ela estava no terrível Olhos Famintos 4. Claro, as atuações vão de ruim a péssimo – tem uma amiga da protagonista que é tão caricata que passa de qualquer limite aceitável. Mas, dentro da proposta galhofa, as atuações ruins não chegam a atrapalhar.

No fim do filme, claro, uma cena pós créditos com gancho pra continuação. Que espero que tenha mais gore.

Baghead: A Bruxa dos Mortos

Crítica – Baghead: A Bruxa dos Mortos

Sinopse (imdb): Após o falecimento do pai, Iris herda um antigo bar que abriga uma entidade capaz de incorporar os mortos. Tentada a explorar os poderes da criatura e ajudar pessoas desesperadas em troca de dinheiro, Iris mergulha em um terreno perigoso.

Assim como aconteceu com o recente Mergulho Noturno, este Baghead: A Bruxa dos Mortos (Baghead, no original) também era um curta, e o diretor do curta, Alberto Corredor, ganhou a chance de transformá-lo em longa metragem. Até procurei o curta original no youtube, mas não encontrei…

Enfim, Baghead: A Bruxa dos Mortos não é tão ruim quanto Mergulho Noturno, mas infelizmente está longe de ser um bom filme. A ideia era boa, mas o desenvolvimento é ruim, e o filme tem uma das decisões burras mais burras dos últimos tempos.

Sei que boa parte do cinema de terror se baseia em decisões burras dos personagens. Mas a tal decisão burra daqui é difícil de aceitar. A menina não tinha contato com o pai, descobre que ele tem um pub caindo aos pedaços. Aí aparece um cara que quer pagar pra visitar o porão, e fala “dinheiro não é problema”. E ela diz que precisa do dinheiro pra recomeçar a vida. Por que ela não vendeu o pub pro cara? Win win, todos iam sair ganhando!!!

Apesar de ser algo óbvio, essa ideia não surge entre os personagens. Então o filme segue com a dinâmica de sempre. E aí rolou outro problema para mim: a protagonista vê que existe algo sobrenatural e aceita tudo muito rápido. Qualquer pessoa normal se faria um monte de questionamentos ao se deparar com algo sobrenatural “real” daquele jeito, mas para ela parecia apenas mais um dia qualquer.

Ou seja, decisões burras dos personagens, somado a uma protagonista que parece artificial…

Some-se a isso uma entidade / monstro que tinha potencial – é uma bruxa que sai de um buraco na parede para se transformar em um ente próximo falecido! – mas que tem um visual mal construído e não assusta (Em uma única cena, rápida, ela anda no teto. Não que seja novidade, já vimos isso em outros filmes, mas seria algo diferente. Mas não desenvolveram esse “sentido aranha”.)

Ainda rolam algumas tentativas de jump scares baratos. Mas, se tem uma coisa que posso elogiar é o clima da casa / pub. É pouco, mas pelo menos o “espectador de multiplex do fim de semana” pode ter uma hora e meia de distração.

Pena que é pouco. Essa premissa merecia um filme melhor.

Mergulho Noturno

Crítica – Mergulho Noturno

Sinopse (imdb): Um ex-jogador de beisebol se muda com a esposa e os dois filhos para uma nova casa. Ele acredita que a piscina do quintal pode ser uma diversão para as crianças, mas um segredo sombrio do passado da casa vai desencadear uma força malévola.

Hoje vou começar o texto de maneira diferente. Uma vez fui passar um fim de semana com amigos em uma casa na serra onde iríamos filmar um curta. O roteiro dava uns 15 minutos de história, mas, na empolgação, a gente saiu filmando mais um monte de cenas no improviso, e alguém perguntou “será que conseguimos fazer um longa?

Quando reunimos o material pra edição, ficou claro que não dava pra fazer um longa. Jogamos fora várias cenas e fechamos o curta em 15 minutos mesmo.

Por que estou falando isso? Porque um curta com uma boa ideia é algo bem diferente de um longa. O Night Swim original é um curta de 3 minutos e 54 segundos, onde um minuto são os créditos. E alguém achou que seria uma boa ideia chamar Bryce McGuire, o diretor e roteirista do curta, pra transformar sua ideia em um longa. Mas… É uma ideia de apenas 3 minutos, é difícil esticar isso em um longa de uma hora e 38 minutos!

Isso gera o primeiro problema: Mergulho Noturno (Night Swim, no original) é um filme chato, com muita encheção de linguiça onde nada acontece e a trama se arrasta.

Mas calma que ainda pode piorar. Uma ideia para se esticar uma trama é explorar a mitologia. No curta, apenas vemos uma mulher nadando numa piscina e desaparecendo. Num longa, podemos explorar o que aconteceu com essa piscina pra transformá-la em uma piscina assassina. E o filme começa a mostrar uma lenda “temagami”, ou algo parecido, que liga a piscina a poços de desejos. Mas apenas apresenta a ideia, o desenvolvimento dessa lenda foi completamente tosco. Um exemplo simples: conversei com alguns críticos depois da sessão de imprensa, ninguém entendeu se a maldição estava no local ou na água.

Ou seja, a gente tem um filme arrastado, com uma ideia mal desenvolvida. O que sobra? Jump scares óbvios. Sério que tem gente que acha que colocar alguns jump scares vai salvar um filme ruim?

E, pra piorar, os “monstros” que aparecem na piscina são muito toscos. Sou da filosofia usada no primeiro Alien: o que você não vê assusta mais do que o que está na sua frente. Se a gente não visse nenhuma criatura, o filme ia ser mais assustador. Do jeito que está, mais fácil provocar risos que sustos.

Pena, porque o elenco é bom. Os papeis principais são de Wyatt Russell, filho do Kurt Russell e da Goldie Hawn e irmão da Kate Hudson, e que foi o novo Capitão América na série do Falcão e o Soldado Invernal; e Kerry Condon, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por Os Banshees de Inisherin, filme ruim mas com boas atuações. Mas, num filme tão fraco, tanto faz se o ator é bom ou não.

É, o cinema de terror em 2024 começou mal. Rubber o Pneu Assassino é melhor do que este filme da piscina assassina.

Suitable Flesh

Crítica – Suitable Flesh

Sinopse (imdb): Uma psiquiatra fica obcecada por um jovem cliente com múltiplas personalidades.

Filme novo baseado em HP Lovecraft!

Antes do filme, um breve parágrafo pra contextualizar. HP Lovecraft é um dos grandes nomes da literatura clássica de terror, mas suas histórias devem ser difíceis de se adaptar. Anos atrás fiz aqui no heuvi um top 10 de adaptações de Lovecraft, e constatei que não deve existir material para um top 20. Provavelmente os filmes mais conhecidos baseados na sua obra são Re-Animator (1985) e From Beyond (1986), ambos dirigidos por Stuart Gordon e estrelados por Jeffrey Combs e Barbara Crampton. Este Suitable Flesh é uma espécie de homenagem ao diretor Gordon, falecido em 2020.

(Gordon ainda dirigiu outros dois filmes menos conhecidos baseados em Lovecraft, Dagon, de 2001, e Sonhos na Casa das Bruxas, telefilme que estava na série Mestres do Terror.)

Dirigido pelo desconhecido Joe Lynch, Suitable Flesh parece um filme B dos anos 80 / 90, com toques eróticos, bem no estilo dos filmes dirigidos por Gordon. O roteiro é de Dennis Paoli, também roteirista das quatro adaptações citadas. Mas, um detalhe curioso: tem ar de filme B, mas não é comédia. A galhofa aqui tem um clima mais sério.

Suitable Flesh é a adaptação do conto “The Thing on the Doorstep”, de 1937. O legal aqui é que existe um demônio ou entidade que fica trocando de corpo, então boa parte do elenco tem momentos onde está vivendo outra personalidade. E na parte do gore, tirando uma cena aqui e outra ali, não tem muitas cenas graficamente fortes.

O elenco é melhor do que o esperado, Suitable Flesh tem três nomes “médios”. Heather Graham estrela o filme e, aos cinquenta e três anos de idade, ainda arrisca uma breve cena de nudez parcial. Barbara Crampton, ela mesma, dos filmes do Stuart Gordon, tem um papel importante e ainda é uma das produtoras (e continua linda aos sessenta e seis anos de idade). E Jonathan Schaech, que estava em vários filmes nos anos 90, mas sempre vou me lembrar dele em The Wonders, faz o marido da Heather Graham. Completa o elenco principal Judah Lewis, de A Babá. Só faltou o Jeffrey Combs, não sei qual foi o motivo pra ele não estar aqui.

Agora, precisa entrar na onda do filme. Porque é um filme divertido, mas ao mesmo tempo é exagerado, e tem um pé no trash. Quem curtia o estilo dos filmes do Gordon vai se divertir. Mas acho que boa parte do público de hoje em dia vai torcer o nariz.

A Maldição do Queen Mary

Crítica – A Maldição do Queen Mary

Sinopse (imdb): Quando Anne, seu marido e o filho Lukas embarcam no icônico Queen Mary, uma série de eventos aterrorizantes entrelaçam a família com o passado sombrio do navio.

Tem tanta coisa errada com esse A Maldição do Queen Mary que nem sei por onde começar. Acho que posso começar dizendo que esta é uma história de um navio real, e que só descobri isso quando fui pesquisar sobre o filme, depois de ter assistido.

A Maldição do Queen Mary conta duas histórias, em duas linhas temporais. Um delas é no passado, sobre uma família, onde um cara surta e sai matando todo mundo. Não sei se existe algum motivo pro cara surtar, me parece que foi algo aleatório, se foi explicado, heu não captei. A outra história se passa nos dias atuais, onde uma mulher quer criar um tour virtual para conhecer o navio, e quando ela visita a embarcação o filho dela some. O problema de ter duas linhas temporais se alternando é que você fica imaginando quando elas vão se conectar – e não, as histórias não se conectam em momento nenhum. Se existe alguma conexão é outra falha da narrativa porque heu também não pesquei isso.

Pra piorar, nenhuma das duas histórias é boa. São histórias chatas, que se arrastam. Comentei aqui outro dia sobre Isolamento Mortal, que coloquei na TV pra ver a cara do filme, e a trama me pegou de maneira que heu não quis pausar o filme. Aqui, rola o efeito oposto…

Nada faz sentido. Por exemplo, tem um número musical de sapateado, que não só não tem nada a ver com o resto do filme, como não agrega nada à história. Ou uma cena onde quebram uma parede e parece que o capitão do navio sente como se estivesse sendo atacado. Ou uma criança deficiente de 8 anos de idade que sai sozinha tirando fotos no navio. Ou uma mãe cujo filho desapareceu, por que ela iria querer passar uma noite no navio? A lista é grande…

Mas, pior do que não fazer sentido, é ser um filme chato e confuso com mais de duas horas. Chegar ao fim de A Maldição do Queen Mary é uma tarefa difícil!

Pra não dizer que achei tudo ruim, gostei da cena cena do cara surtado atacando com o machado. Também gostei da parte final com a personagem andando pelos corredores e a luz alternando pra gente saber que a linha temporal mudou, foi uma boa sacada. Mas, a essa altura, A Maldição do Queen Mary já tinha perdido o espectador.

Desnecessário.

Feriado Sangrento

Crítica – Feriado Sangrento

Sinopse (imdb): Depois que um tumulto em uma liquidação acaba em tragédia, um assassino misterioso fantasiado de peregrino aterroriza a cidade de Plymouth em Massachusetts, cidade berço do feriado americano de Ação de Graças.

Antes de falar sobre o filme, aquele comentário que infelizmente tem sido mais recorrente do que deveria ser. A crítica está atrasada porque Feriado Sangrento não teve sessão de imprensa. Cheguei a entrar em contato com a assessoria, disseram que ia ser exibido na CCXP, ou seja, quem não foi pra CCXP não viu antes da estreia…

Enfim, vamos ao filme. Feriado Sangrento, ou Thanksgiving, no original, na verdade era um trailer fake do projeto Grindhouse. Pra quem não se lembra, em 2007 Quentin Tarantino e Robert Rodriguez criaram um projeto que emularia sessões de cinemas vagabundos dos anos 70. Tarantino fez À Prova de Morte; Rodriguez, Planeta Terror, e a ideia era exibir uma sessão dupla com alguns trailers de filmes que não existem.

A ideia não deu certo, quase nenhum cinema exibiu a sessão dupla, e os dois filmes acabaram sendo lançados individualmente. Mas os trailers estão por aí, inclusive o trailer de Thanksgiving está no youtube.

(Outros dois trailers fakes também viraram longas metragens, Machete e Hobo With a Shotgun.)

Anos se passaram, e agora Eli Roth, que tinha feito aquele trailer, agora finalmente apresenta o longa!

Algumas das cenas do trailer estão no longa, mas a proposta é um pouco diferente. No trailer tudo tinha cara de anos 70, e Feriado Sangrento não só se passa nos dias de hoje, como lives de redes sociais são parte intrínseca da trama.

Feriado Sangrento não é um grande filme, é apenas um slasher eficiente. Mas, em tempos de lançamentos ruins no circuito como O Jogo da Invocação e A Maldição do Queen Mary, ser “apenas um slasher eficiente” num cenário desses é uma boa notícia. Temos boas mortes, um clima tenso até o fim do filme, e um whodunit que funciona.

Talvez Eli Roth seja mais conhecido por ter sido um dos atores principais de Bastardos Inglórios, mas a gente não pode esquecer que um dos seus primeiros filmes como diretor foi O Albergue. Ou seja, o cara manja dos paranauês de filmar um bom gore. E isso tem aqui em uma quantidade razoável: são algumas mortes bem criativas – apesar de algumas delas estarem no trailer fake.

E preciso falar do whodunit. Assim como Pânico, este é um slasher com whodunit – a gente tem alguns personagens suspeitos, precisamos descobrir qual deles é o assassino e qual foi o motivo. E, admito: não pesquei quem era.

No elenco, pouca gente conhecida. Patrick Dempsey tem um papel importante, mas secundário; Gina Gershon faz quase uma ponta. A final girl da vez é Nell Verlaque, não conhecia, ela funciona pro que o filme pede.

Como falei antes, Feriado Sangrento não é um grande filme, mas é bem feito, divertido, e serve ao seu propósito: um bom slasher que vai agradar o público que for ao cinema.

Agora, dos cinco trailers fakes do Grindhouse, faltam dois. Será que veremos os longas Don’t, do Edgar Wright, ou Werewolf Women of the S.S., do Rob Zombie?

O Malvado: Horror no Natal

Crítica – O Malvado: Horror no Natal

Sinopse (imdb): Em uma pacata cidade montanhosa, Cindy tem seus pais assassinados e seu Natal roubado por uma figura verde sedenta de sangue em um traje de Papai Noel. Mas quando a criatura começa a aterrorizar a cidade, Cindy procura matar o monstro.

E se o Grinch fosse uma história de terror?

Dirigido pelo desconhecido Steven LaMorte, O Malvado: Horror no Natal (The Mean One, no original) tem um pé fortemente fincado no trash. Muita coisa não tem muita lógica – como por exemplo a cidade passar 20 anos sem nenhuma visita de forasteiros com espírito natalino. Mas, no clima certo, o espectador pode se divertir.

A proposta aqui é: num flashback, Cindy, a menina da história original, encontra e abraça o Grinch. Sua mãe, assustada, o ataca, mas acaba tropeçando e morrendo na queda. Cindy fica traumatizada e se muda da cidade. Anos depois ela volta decidida e dar um encerramento para essa história e seguir em frente, mas acaba reencontrando o monstro. E, claro, ninguém na cidade dá ouvidos a ela.

Falei que tem um pé no trash porque todo o clima do filme é na galhofa. Nenhuma aparição do Grinch vai causar medo, e as mortes geram mais gargalhadas do que repulsa. É terror, mas vai gerar mais risadas do que assustar.

O Malvado: Horror no Natal mostra muitas mortes, e a maior parte usa efeitos de maquiagem e props. Mas, em pelo menos três momentos, temos sangue em cgi (duas vezes por causa de tiros, uma vez quando uma pessoa é triturada num moedor de carne). Ficou muito claro que um efeito prático tosco funciona muito melhor que um cgi tosco! Ainda nesse assunto, a maquiagem do Grinch é bem feita.

Pra quem não sabe, o Grinch é um personagem criado pelo Dr. Seuss. Ao longo do filme rolam algumas referências, como um cartaz escrito “Horton” ou um personagem que se chama “Zeus”, mas fala que chamam ele de “Doctor”. Outra coisa legal é ter uma narração em off em rimas, como acontece na história original.

O Malvado: Horror no Natal não é bom. Mas, como falei, pode agradar se você estiver com amigos que entrarem no espírito da galhofa.