Daisy Jones & The Six

Crítica – Daisy Jones & The Six

Sinopse (imdb): Siga o sucesso da banda de rock Daisy Jones e The Six através da cena musical de Los Angeles da década de 1970 em sua busca para se tornar um ícone global.

Há umas semanas, atrás me indicaram lá no grupo de apoiadores do Podcrastinadores uma nova série musical: Daisy Jones and The Six, da Amazon Prime, que mostra uma banda fictícia dos anos 70 que estava no auge do sucesso, quando algo aconteceu durante uma turnê e a banda se separou e nunca mais fizeram nada. Anos depois, eles estão sendo entrevistados (separadamente), para contar o que aconteceu. A série alterna momentos dessa entrevista com flashbacks, num formato que parece uma mistura de This is Spinal Tap com Quase Famosos.

A reconstituição de época está perfeita, e a parte musical é muito boa. A banda é inspirada no Fleetwood Mac, banda que conheço pouco. Tenho um grande elogio e um mimimi pra fazer sobre a parte musical. O elogio é que poucas vezes vi um filme ou série com músicos tão bem representados. Sou chato e presto atenção no ator interpretando um músico – ele não precisa tocar, mas precisa fingir bem que toca (caso do De Volta para o Futuro) (um ator interpretando um cirurgião não precisa fazer a cirurgia, apenas precisa convencer no seu fingimento). E, tirando um detalhe aqui, outro detalhe ali, aqui os atores estão excelentes! Inclusive, segundo o imdb, eles chegaram a fazer um show como se fossem uma banda de verdade, como laboratório! Digo mais: em mais de um momento ao longo da série, a gente vê uma música sendo executada num estúdio ou num palco, e o volume dos instrumentos varia conforme a câmera anda – o que aconteceria na vida real.

Agora, posso fazer um mimimi? Todos os atores convencem (inclusive Riley Keough quando toca violão meio sem jeito enquanto compõe – ela não domina o violão, mas toca os acordes pra apresentar a música para os companheiros de banda), menos a Suki Waterhouse como tecladista. Ok, um tecladista ou pianista pode interpretar bem sem mostrar as mãos, mas, teve uma cena em particular onde parece que ela está usando pick up de DJ, enquanto mexe em drawbars de um órgão Hammond!

A série é baseada no livro “Daisy Jones and The Six, Uma história de amor e música”, da escritora Taylor Jenkins Reid. Não li o livro, não sei se a série é fiel, mas tenho algumas críticas. A história da banda é muito boa, mas tem uma história paralela sobre a Simone, amiga da protagonista Daisy Jones, que tenta carreira como cantora disco. E essa história paralela é bem mais fraca que a história principal. Digo mais: o episódio onde Daisy vai pra Grécia e se casa é completamente dispensável. Podia ter um episódio a menos, e quando ela aparecesse com o marido, era só apresentá-lo.

Sobre o elenco, tem um problema recorrente em Hollywood, que é a idade dos atores. Sam Claffin tem 36 anos, e precisa convencer como um jovem recém saído da escola no início da banda. E como temos todo o elenco em diferentes épocas, esse problema acontece com todos. Mas, se a gente relevar esse detalhe, o elenco está bem.

Riley Keough é filha de Lisa Marie Presley e neta de Elvis Presley, e nunca tinha interpretado uma cantora (ela estava no filme The Runaways, mas interpretava a irmã da vocalista). Ela convence aqui como um dos dois principais nomes, e ela funciona bem ao lado de Sam Claffin, que também está bem. Sobre o resto da banda, tive um problema com Will Harrison e Josh Whitehouse, que fazem o guitarrista e o baixista, porque achei os personagens muito parecidos (só consegui diferenciar um do outro no décimo episódio!). Completam a banda Suki Waterhouse e Sebastian Chacon, o baterista, que é um dos melhores personagens. Um nome relativamente conhecido num papel menor é Timothy Olyphant, como um empresário que ajuda a banda. Ainda no elenco, Camila Morrone, Tom Wright e Nabiyah Be.

O último episódio traz um plot twist que achei bem legal, mas não contarei por aqui porque não gosto de spoilers.

Cidade Invisível – segunda temporada

Crítica – Cidade Invisível – segunda temporada

Sinopse (wikipedia): Após um bom tempo ausente, Eric aparece em um santuário natural protegido por indígenas e procurado por garimpeiros, perto de Belém do Pará. Ele descobre que sua filha, Luna, e a Cuca estavam morando na região com o objetivo de trazê-lo de volta à vida. Embora queira retornar imediatamente para o Rio de Janeiro com Luna, Eric percebe que a menina tem uma missão maior a cumprir na região. Ao mesmo tempo, ao tentar protegê-la, ele se torna uma ameaça para o delicado balanço entre natureza e as entidades.

Não escondo de ninguém que sou fã de folclore nacional, inclusive fiz um curta de câmera encontrada com o Boitatá em 2012. Claro que gostei de Fábulas Negras, e claro que gostei da primeira temporada de Cidade Invisível. E agora temos a segunda temporada, em um lugar diferente, e com entidades diferentes!

Comecei a temporada empolgado, cheguei a gravar uma dica pro Instagram do Podcrastinadores, mas, preciso reconhecer que não gostei da conclusão da temporada. Mas, vamos por partes, vou trazer os elogios e depois falo por alto do que não gostei (pra não dar spoilers).

Uma coisa que achei bem legal foi trocarem a ambientação da série. Se a primeira temporada se passava no Rio de Janeiro, agora a trama está no Pará, onde uma entidade misteriosa quer achar uma reserva de ouro escondida por mágica. E se antes a gente tinha o Saci, a Iara, o Boto e o Curupira, agora temos contato com outros seres fantásticos do folclore brasileiro, como um lobisomem, a Matinta Pereira, e tem até uma mula sem cabeça!

Um parágrafo à parte pra falar da Matinta Pereira, interpretada pela Letícia Spiller. A Matinta é uma personagem misteriosa e assustadora; e a Letícia Spiller, irreconhecível, está ótima! E os efeitos especiais do personagem são discretos e eficientes.

Já que entrei no elenco… São poucos os nomes da primeira temporada que voltam aqui. Marco Pigossi e Alessandra Negrini estão de volta como Eric e a Cuca; Luna, a filha do Eric, trocou a atriz, agora é interpretada por Manu Diegues. Julia Konrad também reaparece aqui, mas só em poucas cenas. Além da Letícia Spiller, temos outra atriz conhecida, Simone Spoladore. Não gostei do ator mirim Tomás de França, que faz o Bento, achei ele bem ruim. Também no elenco, Zahy Guajajara, Tatsu Carvalho, Mestre Sebá e Rodrigo dos Santos.

São só cinco episódios, e assim como acontece na primeira temporada, a história fecha mas abre uma porta para uma possível nova temporada. Não gostei do fim, não entendi por que todo mundo precisava ir para o Marangatu, achei tudo muito forçado. Não chegou a estragar a boa experiência que a série proporcionava até então, mas quando um filme / série termina mal, perde pontos na avaliação.

Sobre o gancho: um dos últimos frames da temporada traz de volta um personagem da primeira temporada. Por que? Como? Bem, este é aquele tipo de gancho que, se tiver uma terceira temporada, será explicado. Mas se deixarem pra lá, ok, não atrapalha.

Nada de Novo no Front

Crítica – Nada de Novo no Front

Sinopse (imdb): As terríveis experiências e angústias de um jovem soldado alemão na frente ocidental durante a Primeira Guerra Mundial

O grande vencedor do Oscar 2023 foi Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, com sete prêmios, incluindo melhor filme, diretor e roteiro. Mas, com quatro estatuetas, o alemão Nada de Novo no Front não deve ter saído triste da cerimônia.

O Oscar de melhor filme internacional já era algo previsível, afinal, Nada de Novo no Front também estava concorrendo à estatueta principal, ou seja, para a Academia, já era melhor que os outros quatro postulantes ao prêmio. Mas Nada de Novo no Front acabou levando também os Oscars de melhor trilha sonora, melhor fotografia e melhor design de produção – e ainda estava indicado em outras cinco categorias: filme, roteiro adaptado, cabelo e maquiagem, som e efeitos especiais

Esta é a terceira adaptação do livro homônimo escrito em 1929 por Erich Maria Remarque. Existe um filme feito em 1930 (poucos anos depois do fim da guerra), que ganhou aqui o nome Sem Novidade no Front; e um outro feito para a TV em 1979, que ganhou aqui o nome Adeus À Inocência – o primeiro é considerado um grande clássico, o segundo é dispensável. Não vi nenhum dos dois, não posso comparar.

A gente já teve muitos bons filmes de guerra. Mas uma coisa que diferencia Nada de Novo no Front da maioria é o ponto de vista heroico do vencedor (como em O Resgate do Soldado Ryan, Dunkirk, Até o Último Homem, 1917). Aqui não tem nada de heroísmo, e temos o ponto de vista do derrotado.

Logo no início do filme vemos os personagens empolgados com a ideia de “vamos lutar pelo nosso país”, mas logo eles caem na realidade das trincheiras imundas cheias de lama e ratos. Se o cara não morrer de tiro, vai morrer de alguma doença que vai pegar naquelas condições.

Depois de ver o filme, fui pesquisar e descobri que a Primeira Guerra Mundial foi a primeira vez que usaram armamentos como metralhadoras, granadas, lança chamas e tanques de guerra. Enquanto isso, os oficiais ficavam no luxo dos palácios, mandando diariamente milhares de soldados para a morte.

E não tem como não sentir raiva ao fim do filme, com a postura arrogante e inútil do oficial alemão.

Além de ser um filme que faz a gente pensar, Nada de Novo no Front também é tecnicamente muito bem feito. Não à toa, ganhou os Oscars de melhor fotografia e melhor design de produção. Nada de Novo no Front não levou o Oscar de maquiagem, mas chama a atenção nesta categoria. Como eles vivem na lama, temos vários estágios de sujeira nos rostos e nos corpos dos soldados. A trilha sonora com poucas notas também chama a atenção.

No elenco, o único nome que hei já conhecia é Daniel Brühl, que está eficiente como sempre. O protagonista Felix Kammerer, em seu primeiro e único filme até agora, está muito bem.

Agora deu vontade de ver o filme de 1930…

Super Mario Bros. – O Filme

Crítica – Super Mario Bros. – O Filme

Sinopse (imdb): Um encanador chamado Mario viaja por um labirinto subterrâneo com seu irmão, Luigi, tentando salvar uma princesa capturada

Sempre comento aqui que não jogo videogames, mas, nesse caso, joguei. Claro que não conheço todas as versões, mas conheço o suficiente pra saber que era uma ideia arriscada – e não estou falando da versão de trinta anos atrás com o Bob Hoskins. O problema é que o universo do jogo é muito maluco. Fica difícil criar uma história coerente quando você está num local onde comer um cogumelo faz você crescer – dentre muitas outras coisas completamente nonsense. E o roteiro aqui conseguiu essa tarefa. Não só o filme flui apesar desse lore louco, como ainda é repleto de easter eggs.

O visual não traz nada de revolucionário, mas pelo menos é extremamente bem feito – às vezes parece que são bonecos reais. Além disso, o filme é bem colorido, com cenários malucos e coerentes com os mundos apresentados no videogame. Ah, claro, o filme é muito engraçado, algumas piadas são muito boas (é uma produção da Illumination, eles têm tradição de filmes bem engraçados).

A trilha sonora de Brian Tyler é excelente! O tema do jogo é super famoso, e a trilha orquestrada usa trechos do tema ao longo de todo o filme.

Os personagens são bons. Não sei se a Peach teve alguma atualização em algum jogo – na época que heu jogava ela era literalmente uma “donzela em perigo”, coisa que não funciona mais nos dias de hoje. Agora Peach tem um bom protagonismo. O Luigi também tem um papel importante, não é só “escada” para o Mario como no jogo. Dentre os personagens secundários, adorei a estrelinha azul que está presa, acho que ela é do Super Mario Galaxy.

(A sessão de imprensa foi com cópia dublada. A dublagem é boa, mas preferia ter visto ouvindo as vozes de Chris Pratt, Anya Taylor-Joy, Jack Black, Seth Rogen, Charlie Day e Keegan-Michael Key.

Por fim, não é Marvel, mas tem duas cenas pós créditos, uma no início e outra lá no finzinho.

Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Crítica – Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes

Sinopse (imdb): Um charmoso ladrão lidera um improvável bando de aventureiros, que embarcam em uma jornada épica para recuperar uma relíquia perdida, mas as coisas dão perigosamente errado quando eles entram em conflito com as pessoas erradas.

Antes de tudo, preciso falar que nunca joguei nenhum RPG. Conversando com amigos que jogaram, descobri que esta é uma informação importante!

Em 2000 fizeram uma adaptação do jogo D&D, no filme Dungeons & Dragons – A Aventura Começa Agora. Provavelmente vi na época (não tinham tantos filmes lançados por ano, era mais fácil ver todos os lançamentos), mas não me lembro de absolutamente nada – nem se realmente vi o filme. Mas sei que foi um fracasso comercial. E provavelmente o grande sucesso de O Senhor dos Anéis nos anos seguintes ajudou a afundar possíveis novas adaptações com cara de filme de aventura da sessão da tarde.

Demorou, mas finalmente chegou aos cinemas a nova adaptação. Desta vez com orçamento de gente grande e com alguns grandes nomes no elenco. E o resultado foi positivo, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes está bem longe de um épico como Senhor dos Anéis, mas é uma divertida aventura despretensiosa. Dificilmente o espectador vai sair decepcionado do cinema.

O roteiro e a direção são da dupla John Francis Daley e Jonathan Goldstein (A Noite do Jogo, Férias Frustradas e roteiristas de Homem-Aranha: De Volta ao Lar). Pelo passado dos diretores a gente já desconfia qual vai ser o clima do filme. Sim, Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes não chega a ser uma comédia, mas tem vários momentos bem engraçados.

Achei algumas saídas de roteiro meio forçadas, tipo quando eles não têm como seguir em frente e, do nada, descobrem que têm um cajado mágico que abre portais. Mas, uma amiga que joga RPG disse que essas coisas acontecem nos jogos, que às vezes surgem soluções absurdas e isso é algo comum pra quem está acostumado a jogar.

Quem me conhece sabe que curto planos sequência. Tem um aqui que é bem legal, que é quando a Doric está fugindo e virando diferentes bichos. Ok, entendo que boa parte da cena é cgi (se bobear, mais da metade), mas, mesmo assim, valorizo.

Outra coisa que gostei foi o visual quando o Simon coloca o elmo. Tudo em volta começa a se desmanchar. Taí, não me lembro desse visual em nenhum outro filme. Hoje em dia é raro a gente ver algo realmente novo, então parabéns à produção do filme. Pena que é uma cena curtinha, heu ia gostar de ver mais desse visual.

Os três principais nomes do elenco, Chris Pine, Michelle Rodriguez e Hugh Grant, têm papéis que são a cara dos atores. Por um lado, isso é bom, porque eles estão muito bem nos papéis; por outro, a gente meio que adivinha o que vai ver só quando vê quem é o ator. Também no elenco, Sophia Lillis, Justice Smith, Regé-Jean Page, Daisy Head e Chloe Coleman.

Existe um cameo na parte final que muitos brasileiros vão ficar com coração quentinho, mas não falo mais por causa de spoilers…

Por fim, queria falar mal do título brasileiro Se o título original é “Dungeons & Dragons: Honra Entre Ladrões”, por que diabos trocar “ladrões” por “rebeldes”? Principalmente porque, no filme, eles são ladrões!!!

A Primeira Comunhão

Crítica – A Primeira Comunhão

Sinopse (imdb): Sara tenta se encaixar com os outros adolescentes na pequena cidade na província de /. Eles saem uma noite para uma boate, a caminho de casa se deparam com uma menina segurando uma boneca, vestida para sua primeira comunhão.

Bora pra outro terror espanhol?

Comentei no texto sobre 13 Exorcismos que curto o cinema fantástico espanhol, que nos trouxe alguns filmes muito bons nas últimas décadas. Dirigido por Víctor Garcia, este A Primeira Comunhão (La niña de la comunión, no original) não entra nessa lista de “muito bons”, mas pelo menos não faz feio como alguns recentes títulos de terror lançados nos cinemas.

O filme se passa nos fim dos anos 80 (não me lembro se isso é dito no filme, peguei a informação no imdb). A ambientação de época é boa, e isso faz diferença no filme (porque se as pessoas tivessem celulares e internet como hoje em dia, não sei se a história funcionaria).

A Primeira Comunhão é cheio de jump scares. Mas, por outro lado, falha na criação da tensão. Um filme de terror precisa causar medo e tensão no espectador, e isso não acontece aqui.

Gostei de uma coisa, que foi o modo como A Primeira Comunhão mostrou o ponto de vista das pessoas atacadas pela entidade – elas ficam paralisadas no “mundo real”, mas dentro de suas cabeças são levadas a um local assustador. Ok, provavelmente isso já foi feito em outros filmes (não me lembro), mas, ideia nova ou não, funcionou aqui.

Por outro lado, algumas coisas do filme ficaram mal desenvolvidas, como por exemplo o padre, que dá a entender que ele já sabia há anos sobre o que estava acontecendo. Mas o padre sai do filme e não volta para concluir seu arco.

O elenco é ok. Carla Campra e Aina Quiñones funcionam bem como as amigas que enfrentam um mal desconhecido.

No finzinho tem um plot twist desnecessário, que me pareceu ser uma porta aberta para continuações, coisa comum no cinema de terror.

No fim, fica um gosto de filme genérico. Não é um grande filme, mas vai agradar os menos exigentes.

Winnie-The-Pooh: Blood and Honey

Crítica – Winnie-The-Pooh: Blood and Honey

Sinopse (imdb): Depois de serem abandonados por Christopher, que foi para a faculdade, Pooh e Leitão matam qualquer um que se atreva a se aventurar na Bosque dos 100 Acres.

Antes de tudo, preciso desabafar um mimimi aqui. Aqui no Brasil, sempre foi “ursinho Puff”, mas de um tempo pra cá resolveram mudar para “Pooh” por razões mercadológicas. Aí o Puff virou Pooh, a Sininho virou Tinkerbell, o Caco virou Kermitt… Mas, me digam, por que o Cebolinha tem que virar Jimmy Five quando sai do Brasil? Se é pra manter o nome original, que seja Cebolinha no mundo todo!

Mas chega de mimimi e vamos ao filme.

Escrito, produzido e dirigido por Rhys Frake-Waterfield, Winnie-The-Pooh: Blood and Honey traz uma boa ideia. Descobriram que os direitos de imagem do Ursinho Pooh caíram em domínio público. Então, por que não fazer um terror slasher com o personagem? Ok, boa ideia, mas, precisava ser um filme tão ruim?

O roteiro é MUITO ruim. Um exemplo: tem um prólogo, primeira coisa do filme, que explica o que aconteceu com Pooh e seus amigos quando Christopher Robin foi embora. Fala que eles são animais da floresta, que passaram fome porque Christopher Robin parou de levar comida pra eles. Sim, animais da floresta passam fome porque uma criança deixa de levar comida. Por isso viram assassinos, e precisam matar o Ió para comê-lo. Por que não procurar outros alimentos na floresta??? Mas calma que o pior ainda está por vir. O prólogo cita Pooh, Leitão, Ió, Corujão e Coelho (onde estão Tigrão, Can e Guru?). Ió morreu. Ok. Onde estão Corujão e Coelho no resto do filme? Pra que apresentar personagens que não vão aparecer?

Voltemos ao filme. Cabe um elogio? Gostei da trilha sonora, e gostei da ambientação, tem umas cenas noturnas com uma névoa iluminada, tem cara de filme slasher dos anos 80. O gore é apenas ok, não tem nenhuma cena que chame a atenção. Por outro lado, as máscaras do Pooh e do Leitão são muito toscas. Tem uma cena onde um personagem fala “não parecem humanos!” Caramba, parecem sim, parecem humanos que compraram máscaras de Halloween no Mercadão de Madureira.

Winnie-The-Pooh: Blood and Honey é curto, tem menos de uma hora e meia, e mesmo assim se arrasta. Os personagens são rasos e ninguém se importa com eles. E os vilões têm zero carisma. Tanto faz ter uma máscara tosca de urso. Terrifier não é um grande filme, mas traz um bom vilão. Não é o caso aqui.

Não tem cena pós créditos, mas no fim dos créditos tem a frase “Winnie the Pooh will be back”, ou seja, o diretor pretende fazer uma continuação. O que determina isso é o sucesso comercial do filme. Então, o melhor é evitar o filme!

Tudo Por Uma Esmeralda

Crítica – Tudo Por Uma Esmeralda

Sinopse (imdb): Uma romancista parte para a Colômbia para resgatar sua irmã sequestrada e logo se vê no meio de uma perigosa caça do tesouro com um mercenário.

Uma breve contextualização. Lançado em 1981, Caçadores da Arca Perdida foi um grande marco para o cinema de aventura. Claro que isso gerou um monte de filmes tentando pegar carona no sucesso. Podemos citar alguns bons filmes, vindo de grandes estúdios, como este Tudo Por Uma Esmeralda (1984) e sua continuação A Joia do Nilo (85), ou, na minha humilde opinião, um degrau abaixo, As Minas do Rei Salomão (85) e Allan Quatermain e a Cidade do Ouro Perdido (86). Mas tem vários bem vagabundos, como O Tesouro das Quatro Coroas (83), Sky Pirates (86), Caçadores de Tesouro (Jungle Raiders) (85) ou The Further Adventures of Tennessee Buck (88) – nunca vi nenhum desses quatro, nem me lembro se foram lançados no Brasil. Mas me lembro do lançamento de Os Aventureiros do Fogo (86), com Chuck Norris; e um dos meus maiores guilty pleasures, As Aventuras de Gwendoline na Cidade Perdida (84), uma mistura de Indiana Jones com Barbarella.

A direção é de Robert Zemeckis, que no ano seguinte faria um dos melhores e mais cultuados filmes de toda a década de 80, um tal de De Volta Para o Futuro, e que ainda dirigiria Roger Rabbit e ganharia o Oscar por Forrest Gump. A trilha é de Alan Silvestri, que passou a acompanhar os filmes dirigidos por Zemeckis (e que faria a excelente trilha de De Volta Para o Futuro).

A primeira imagem do filme é “A Michael Douglas production”, e a gente pensa “ué, o Michael Douglas era produtor? Bem, ele produzia filmes desde 1975, e, olha só, ganhou um Oscar como produtor em 76, por Um Estranho no Ninho. Michael Douglas tem uma carreira muito mais relevante como ator, mas não podemos ignorar seus feitos como produtor. E parece que ele não queria atuar aqui, ganhou o papel porque nomes como Clint Eastwood, Jack Nicholson, Christopher Reeve e Sylvester Stallone recusaram o papel principal.

Tudo por uma Esmeralda é uma típica aventura com cara de Sessão da Tarde. Muita correria em cenários exóticos, com algumas sequências bem forçadas – mas coerentes com a proposta.

Revendo hoje em dia, a química entre Michael Douglas e Kathleen Turner ainda funciona. Ok, é um tipo de casal que ficou desatualizado, as mulheres hoje são personagens mais fortes, mas, tendo a época em mente, gostei do casal. Por outro lado, achei o Danny De Vito caricato demais. Esse “perdeu a validade”. Sobre o resto do elenco, só reconheci um nome, Alfonso Arau, diretor de Como Água para Chocolate (92) e Caminhando nas Nuvens (95), que está numa das sequências mais divertidas do filme.

O filme fez tanto sucesso que logo veio uma continuação, A Joia do Nilo, estrelado pelos mesmos três principais, lançado em 1985 dirigido por Lewis Teague. O trio ainda faria A Guerra dos Roses em 1989, mas este não é uma continuação, é uma história independente. O sucesso do filme deu moral pro diretor Robert Zemeckis para seguir com seu projeto pessoal, De Volta Para o Futuro.

Uma nota triste: o roteiro é de Diane Thomas, que trabalhava como garçonete, e um dia convenceu um cliente sobre o seu roteiro. O cliente era Michael Douglas, que deu a ela um Porsche de presente pelo sucesso do filme. E ela faleceu num acidente com o Porsche. Tudo por uma Esmeralda foi seu único roteiro.

Tudo por uma Esmeralda foi indicado ao Oscar de melhor edição e ganhou Globo de Ouro de melhor filme (musical ou comédia) e melhor atriz pra Kathleen Turner.

O Urso do Pó Branco

Crítica – O Urso do Pó Branco

Sinopse (Filme B): A história real sobre a queda do avião de um traficante de drogas, que estava carregado com um lote de cocaína que acabou sendo consumido por um urso de mais de 220kg. Após consumir a droga, o animal parte para a violência, com uma fúria movida a coca, em busca por novas presas e sede de sangue. Em paralelo, um grupo excêntrico de policiais, criminosos, turistas e adolescentes, estão a caminho ou já no território de uma floresta da Georgia.

Antes de tudo, um breve esclarecimento. O filme se diz “inspirado numa história real”, mas a história real é bem diferente. Em 1985, um traficante jogou vários pacotes de cocaína de um avião e depois pulou de paraquedas com 36 kg presos no seu corpo. O paraquedas não funcionou direito, provavelmente por causa do peso extra, e o traficante morreu. 40 kg da droga caíram numa floresta, e um urso comeu, e morreu logo depois de overdose. Ou seja, a história do urso com cocaína é até real, mas ele não matou ninguém! Fora o traficante e o urso, não houve nenhuma outra casualidade neste evento. Mesmo assim, a história correu o mundo e virou uma lenda urbana. Um shopping center em Kentucky fez uma estátua do “Pablo Escobear”!

Dito isso, vamos ao filme?

Heu queria gostar de O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear, no original). Na sexta 14 de abril vamos fazer uma sessão exclusiva dos Podcrastinadores e amigos, será uma grande festa. Pena que o filme é fraco.

Dirigido pela atriz Elisabeth Banks, O Urso do Pó Branco tem pelo menos dois grandes problemas. Um deles é que temos um grande elenco, com vários núcleos de personagens, cada um com seu drama, e sobra pouco tempo para o urso do título. Um filme de uma hora e trinta e cinco minutos precisava de menos gente pra ter mais do urso, que virou coadjuvante no próprio filme.

O outro problema é que o filme não se decide sobre o que quer ser. Às vezes parece ser uma comédia de humor negro; às vezes parece ser um filme de terror de monstro. Às vezes parece até ser um drama! Não tenho nada contra misturar estilos, mas tem que saber fazer, aqui ficou estranho.

Mas, mesmo com esses problemas, O Urso do Pó Branco não é de todo ruim. O gore é bem feito, são algumas cenas com partes de corpos voando pela tela. E tem uma cena de morte com tiro na cabeça que ri alto. E ainda tem a famosa cena da ambulância.

(Tem uma cena corajosa, envolvendo crianças e consumo de cocaína. Sei lá, achei que essa cena cruzou a linha. Mas reconheço a coragem).

Os efeitos especiais são ok. Em algumas poucas cenas o cgi não está muito bom, mas no geral, funciona.

O Urso do Pó Branco é um tipo de filme que não abre espaço pra grandes atuações. Keri Russell e Alden Ehrenreich fazem o feijão com arroz. Já Ray Liotta está mal, caricato demais. Pena, é um de seus últimos papéis. Também no elenco, O’Shea Jackson Jr., Isiah Whitlock Jr., Brooklynn Prince, Christian Convery, Margo Martindale e Jesse Tyler Ferguson.

Mesmo com o resultado final fraco, ainda acredito que a sessão dia 14/04 será divertida. Se você for do Rio, apareça!

65 – Ameaça Pré-Histórica

Crítica – 65 – Ameaça Pré-Histórica

Sinopse (imdb): Um astronauta cai em um planeta misterioso apenas para descobrir que não está sozinho.

Tudo indicava que, apesar de boas promessas, 65 – Ameaça Pré-Histórica (65, no original) seria ruim. Vamos por partes.

Primeiro o que prometia ser positivo. Em primeiro lugar, gosto do tema – ficção científica com dinossauros! Também gosto do protagonista Adam Driver. Por fim, o filme foi dirigido pela dupla de roteiristas de Um Lugar Silencioso. Ou seja, haviam indícios de que teríamos um bom filme.

Mas… O filme não teve sessão de imprensa, e quando isso acontece, normalmente é porque estão escondendo uma bomba. E depois, lendo o imbd, descobri que não foi algo local (às vezes sessões de imprensa não acontecem no Rio de Janeiro, mas acontecem em São Paulo) – nem nos EUA fizeram sessões de imprensa! Além disso, a divulgação do filme estava muito ruim. A distribuidora simplesmente não acreditou no potencial do filme e só jogou no circuito.

Mas, como falei, gosto do tema, fui ao cinema ver. E confirmei: infelizmente, é realmente ruim.

Uma hora e meia de filme, e mesmo assim o filme não decola. O ritmo é péssimo, alterna momentos onde o filme se arrasta, com momentos onde tudo é muito corrido. E tem algumas coisas que me deram raiva, onde não existe consequência para os personagens. Tipo, o cara cai do alto de uma árvore e machuca o ombro, e segundos depois ele já está com o ombro 100%. Ou em outra cena, onde vemos a menina passando mal porque tem um bicho dentro da boca dela, e segundos depois ela já está 100%. Se é pra não gerar nenhum problema, por que os personagens passam por isso?

Uma coisa deu muita raiva. Estamos diante de aparelhos super tecnológicos. E o cara é o piloto de uma nave com pessoas que falam outras línguas. Como assim não tinha nada pra ajudar a comunicação?

Sou otimista, e consegui salvar algumas coisas. Tem uma boa cena, onde um T-Rex está escondido pela falta de iluminação. E tem uma luta entre o Adam Driver e um dinossauro que a gente vê através de um pequeno holograma que ele usa pra localização. Salvam o filme? Claro que não. Mas são duas boas cenas. Ah, os dinossauros não são ruins, o cgi é aceitável.

O elenco tem basicamente três atores, sendo que uma aparece em flashbacks. Ou seja, dois atores ao longo do filme. Adam Driver é um grande ator e ele não consegue estar ruim. Mas a dúvida é: o que diabos ele está fazendo num filme desses???

No fim, fica aquela sensação de uma hora e meia perdida, e de uma boa ideia desperdiçada. Tinha potencial, ah, tinha…