Corra, Querida, Corra

Crítica – Corra, Querida, Corra

Sinopse (imdb): Uma mulher tenta chegar em casa viva depois que seu encontro às cegas se torna violento.

Recentemente surgiu um filme polêmico na Amazon Prime, mas que sei lá por que não entrou no meu radar na época do lançamento. Como tem polêmica envolvida, cabe um comentário levemente atrasado sobre o filme?

Em 2017, a gente teve Corra!, que era um filme de terror que trazia uma inteligente abordagem sobre o racismo. Agora este Corra, Querida, Corra (Run Sweetheart Run, no original) parece que quer algo semelhante, mas fazendo uma crítica ao machismo. Mas, se aquele era um bom filme e a crítica social era bem inserida, este novo filme falha nos dois aspectos.

Antes de tudo, preciso avisar que este é um daqueles filmes onde o melhor é você não saber muita coisa. A história toma rumos inesperados. Vou dividir meu texto, e vou comentar alguns spoilers leves mais à frente. Nada grave do tipo “final explicado”, mas, se você não viu e quiser a experiência completa, é melhor não ler.

Co-escrito e dirigido por Shana Feste, Corra, Querida, Corra começa bem. Somos apresentados à protagonista Cherie, que sofre por viver no meio de um mundo machista – vemos isso no seu trabalho, no ônibus, etc. Aí ela precisa ir a um jantar de negócios que acaba que vira um encontro romântico, e esse encontro dá errado e ela agora precisa correr pela sua vida.

A estrutura do filme a partir daí é com ela tentando ajuda, e ele aparecendo e matando quem tenta ajudar. Ok, repetitivo, mas funciona dentro do formato proposto. Além disso, a fotografia à noite é boa, e curti a trilha sonora com synth pop.

Teve uma coisa que achei uma boa sacada. O Ethan, em dois momentos, quebra a quarta parede e vira a câmera, pra gente não ver cenas de violência. Achei uma boa ideia, só achei que isso deveria ter acontecido pelo menos mais uma vez. Só duas vezes ficou estranho.

Claro que o filme se baseia nos dois atores principais. Ella Balinska, que estava no recente As Panteras e na série ruim Resident Evil, está ok para o que o filme pede; Pilou Asbæk (famoso como Euron Greyjoy de Game of Thrones, e que estava no recente Samaritano) é caricato mas caiu bem no papel de machista. A dinâmica entre os dois funciona bem. Também no elenco, Clark Gregg e Shohreh Aghdashloo.

Agora, vamos aos problemas? Preciso falar que aquele “jantar de negócios” do início do filme é um furo de roteiro que me incomodou profundamente. Cherie errou na agenda, e marcou um jantar de negócios na mesma noite que o chefe tinha aniversário de casamento. Isso não foi armado pelo chefe, foi um erro da Cherie. Ou seja, era pro chefe dela estar naquele jantar! Toda a trama do filme não deveria ter acontecido! E isso era muito fácil de corrigir, uma simples linha de diálogo do chefe dizendo “marquei dois compromissos pra hoje, preciso que você me represente em um deles.”

E o roteiro ainda tem alguns pontos aqui e ali que são bem forçados. Tipo quando a Cherie é presa, e a outra mulher que está na cela ao lado dela conhece até o tipo de bebida que o Ethan prepara. Ou o cachorro que salva a Cherie! De onde veio aquele cachorro???

Outra coisa: a crítica ao machismo estrutural é bem vinda, mas às vezes o filme precisava de um pouco mais de sutileza. Mais pra perto do fim, tem um diálogo completamente desnecessário onde a First Lady fala sobre o Ethan, e que a função dele era “manter os homens no poder, e agora que a balnça de poder virou, ele está ficando desesperado”. Sério?

Tenho mais um comentário, mas vamos ao aviso de spoilers.

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Lá pelo meio do filme a gente descobre que o Ethan não é apenas um machista, ele é um monstro. O filme não deixa claro o que ele é – não o vemos na forma monstro – mas desconfio que seja um vampiro, porque ele fareja sangue e precisa voltar pra casa antes do sol nascer. Heu achei essa ideia muito boa, o cara se revela um monstro de verdade. E aí a gente entende por que o filme não pode mostrar os atos de violência, porque a gente descobriria que ele é um monstro logo nos primeiros vinte minutos de filme.

FIM DOS SPOILERS!

Mas mesmo com alguns pontos positivos, o resultado final fica devendo. Pena, a ideia poderia ter dado certo.

Gemini: O Planeta Sombrio

Crítica – Gemini: O Planeta Sombrio

Sinopse (imdb): Um thriller de ficção-científica sobre uma missão espacial enviada para terraformar um planeta distante. No entanto, a missão encontra algo desconhecido que tem o seu próprio plano para o planeta.

Este Gemini: O Planeta Sombrio estava com nota 3,4 no imdb. Tudo indicava que seria ruim. Mas, gosto da mistura terror + ficção científica (cheguei a fazer um top 10!), então resolvi arriscar.

Como previsto, Gemini: O Planeta Sombrio (Project Gemini em inglês, Zvyozdniy razum no original russo) não é bom. O roteiro é péssimo. Tem várias coisas que não fazem sentido. Sem entrar em spoilers, uma coisa que acontece logo no início: eles constroem uma grande espaçonave usando tecnologia alienígena. Quando a nave chega ao destino, chegou no lugar errado. Aí resolvem culpar um dos tripulantes. Vem cá, um projeto deste porte, todos os cálculos de trajetória estão nas mãos de uma única pessoa?

O elenco também é bem ruim. Os atores são péssimos, alguns diálogos chegam a ser constrangedores de tão ruins. E pra piorar, o filme é dublado em inglês. Lembro de ser um problema recorrente, quando vi A Noiva, outro filme russo também dublado em inglês, comentei que a dublagem ruim piorava as atuações. Isso acontece de novo aqui.

Nem tudo é ruim. Gostei do visual, tanto da nave quanto do local da escavação. E outra coisa que gostei foi ter mostrado pouco da criatura. Lembro sempre do primeiro Alien: um monstro que você não sabe como é é mais assustador do que um monstro que aparece muito.

Mas é pouco. Vale mais rever algum filme daquela lista que citei acima. Gemini: O Planeta Sombrio estreia nos cinemas esta semana.

Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Crítica – Glass Onion: Um Mistério Knives Out

Sinopse (Netflix): O famoso detetive Benoit Blanc vai à Grécia para desvendar um mistério que envolve um bilionário e seu eclético círculo de amizades.

Em 2019, fomos apresentados a Entre Facas e Segredos, um divertido “whodoneit”, com elenco estelar e algumas boas reviravoltas no roteiro. Pra quem curtiu, temos agora outro filme com o mesmo detetive, o Benoit Blanc de Daniel Craig. Não é uma continuação, é apenas outra história com o mesmo personagem.

(Glossário: Whodunit é o estilo de história onde acontece um crime, a trama levanta vários suspeitos e o espectador é instigado a descobrir quem é o culpado.)

Escrito e dirigido pelo mesmo Rian Johnson do primeiro filme, Glass Onion: Um Mistério Knives Out (Glass Onion: A Knives Out Mystery, no original) leva Benoit Blanc para uma festa particular onde deveria acontecer um jogo, mas uma pessoa acaba morrendo e o espectador então precisa descobrir quem é culpado e qual é o motivo. E, assim como acontece no filme anterior, o roteiro (muito bem escrito, precisamos reconhecer) dá um monte de voltas, e nem sempre o que parece que estamos vendo é o que realmente estamos vendo.

(Gostei muito do roteiro de Glass Onion, mas preciso reconhecer que algumas coisas soam meio forçadas. Só vi o filme uma vez, mas desconfio que ao rever a gente deve encontrar algumas inconsistências aqui e ali. Nada grave, felizmente.)

Sim, o espectador vai pensar no jogo Detetive. E isso é citado no filme, vira uma piada no roteiro. Aliás, outra coisa boa a se falar do roteiro é que achei o humor muito bem dosado. Glass Onion não é uma comédia escrachada, mas tem algumas cenas bem engraçadas. E aquele personagem aleatório que está passeando pela ilha cria algumas cenas hilárias!

Ainda queria falar dos cenários. Glass Onion foi filmado num hotel chique na Grécia. O hotel é tão caro que os atores não puderam ficar hospedados lá! E o visual é muito bonito, coerente com uma casa de um bilionário com dinheiro sobrando. Ah, a cebola de vidro no topo da construção é cgi.

Como acontece no primeiro filme, o elenco também é muito bom. Além do já citado Daniel Craig, o elenco conta com Edward Norton, Kate Hudson, Dave Bautista, Janelle Monáe, Kathryn Hahn, Jessica Henwick, Leslie Odom Jor. e Madelyn Cline, e rápidas participações de Ethan Hawke e Hugh Grant. Além deles, vemos Stephen Sondheim, Angela Lansbury, Natasha Lyonne e Kareem Abdul-Jabbar num jogo de Among Us online. E a voz do “relógio” é do Joseph Gordon Levitt.

Por fim, queria falar do nome do filme. O primeiro filme se chama “Knives Out”, e foi traduzido com o nome galhofa “Entre Facas e Segredos”. Ok, estamos acostumados com nomes galhofa, tipo “Loucademia de Polícia” ou “Todo Mundo Quase Morto”, isso é algo comum no cinema aqui no Brasil. Aí lançaram um segundo filme “Glass Onion: A Knives Out Mystery”. Por que? Glass Onion, ok, mas aqui não tem nada de Knives Out – as facas são algo importante no primeiro filme, não são aqui. Mas, ok, fizeram essa lambança no título original. Aí vão traduzir aqui, e deveria ser “Cebola de Vidro: Entre Facas e Segredos 2”, ou algo parecido. Mas não, mantiveram partes do nome em inglês: “Glass Onion: um Mistério Knives Out”. Caramba, por que??? Era pra avisar ao público que esse filme tem a ver com aquele? Mas aqui no Brasil o primeiro filme não se chama “Knives Out”!!!

Expectativa 2023

Expectativa 2023

Existem dois caminhos para listarmos os filmes que temos expectativas. Um é o caminho mais fácil, é só a gente pensar em continuações e franquias. Claro que crio grandes expectativas pelos novos John Wick, Missão Impossível e Velozes e Furiosos. O mesmo posso dizer pelos filmes de super herói de 23, Homem Formiga, Guardiões da Galáxia e Aquaman. Também tem Maxxxine, que vai fechar a trilogia de X e Pearl. Soma aí Os Fabelmans, Babilônia e Oppenheimer, já temos 10, posso fechar a lista óbvia.

Mas… Prefiro pegar o caminho mais difícil. Se for pra fazer uma lista óbvia, vai ser uma lista igual a várias outras que já estão por aí pela internet. Quero trazer algo diferente. Então vou evitar franquias e continuações (tem uma exceção, mas vou explicar no momento oportuno).

Também vou deixar de fora os citados Os Fabelmans, Babilônia e Oppenheimer, novos filmes do Spielberg, do Chazelle e do Nolan. Esses não são continuações nem franquias, mas são três filmes que estão sendo muito falados – os dois primeiros inclusive já têm críticas por aí, porque já foram exibidos em alguns países.

Um último comentário antes da lista: alguns dos filmes que estou procurando ainda não existem, são projetos, ou seja, não têm data para serem lançados, nem a certeza de que vão sair do papel. Da lista do ano passado, quatro não foram lançados. Killers of the Flower Moon (o novo Scorsese) e Next Goal Wins (o novo Taika Waititi) estão com previsão de lançamento em 2023; El cuarto pasajero, o novo Alex de la Iglesia, segundo o imdb foi lançado em outubro deste ano, mas não encontrei nada confirmando. Já Django Zorro continua com data de 2022 no imdb mas aparentemente foi cancelado ainda no papel. Ou seja, não garanto que veremos estes dez filmes que falarei agora.

(E esses 4 filmes que falei um ano atrás continuam na minha expectativa, mas não repetirei filmes na lista deste ano)

Vamos aos filmes? Desta vez não tem uma ordem…

Indiana Jones e o Chamado do Destino
O primeiro filme da minha lista quebra a regra que heu acabei de criar. Sim, é um filme que faz parte de uma franquia. Mas, vamulá, é o primeiro Indiana Jones desde 2008! Ok, o fato de não ter o Spielberg na direção é um sinal para pé atrás, mas, ver Harrison Ford de novo com Indiana Jones será emocionante!

Esquema de Risco – Operação Fortune
Filme do Guy Ritchie sempre entra no meu radar, principalmente quando ele está no terreno dos marginais descolados (quando ele fez Rei Arthur e Aladdin ele não deu muito certo). E olha o elenco: Jason Statham, Aubrey Plaza, Hugh Grant, Cary Elwes e Josh Hartnett! Este deve entrar em cartaz em breve, já vi o cartaz no Cinemark Botafogo.

O Urso do Pó Branco
Quando saiu o trailer deste O Urso do Pó Branco, recebi em diversos grupos, vários amigos meus se empolgaram com a premissa de um urso trincado em cocaína. O filme é dirigido pela Elizabeth Banks, que dirigiu Pitch Perfect 2 e aquele As Panteras mais recente com a Kristen Stewart. Pode ser divertido, mas recomendo pé atrás.

Winnie-the-Pooh: Blood and Honey
E, falando em pé atrás, este Winnie-the-Pooh: Blood and Honey pode ser muito bom e também pode ser muito ruim. A ideia de transformar o Ursinho Puf em um vilão de slasher é boa, mas precisamos saber qual será a abordagem do desconhecido diretor Rhys Waterfield.

Barbie
A princípio este Barbie entraria naquela lista de “pode até ser bom, mas não sou o público alvo”. Mas aí a gente vê que é dirigido pela Greta Gerwig (Ladybird, Adoráveis Mulheres) e escrito por Noah Baumbach (Frances Ha, História de um Casamento) e pensa que este filme tem algo a mais. Aí vê o elenco com Margot Robbie, Ryan Gosling, Hallen Mirren, Will Ferrell, Kate McKinnon, Simu Liu e Michael Cera e resolve dar uma chance.

Beau is Afraid
Ari Aster escreveu e dirigiu Hereditário e Midsommar. O terceiro longa escrito e dirigido por ele é este Beau is Afraid. Precisa de algo mais pra estar numa lista de expectativas?

Havoc
Desde que vi o primeiro The Raid, fico sempre de olho por onde anda o diretor Gareth Evans, sempre na expectativa de que ele finalmente faça The Raid 3. Depois da série Gangs of London, ele está de volta ao cinema com este filme Havoc, estrelado por Luis Guzmán, Tom Hardy, Timothy Olyphant e Forest Whitaker

Silent Night
Aqui a gente começa com os filmes que ainda nem têm imagem de poster no imdb. Silent Night é o novo filme do John Woo, o primeiro em seis anos, e tem Joel Kinnaman no papel principal. O “silent night” do título se refere ao natal e também ao fato de que o filme não terá nenhum diálogo.

Hypnotic
Novo projeto do Robert Rodriguez, com Ben Affleck, Alice Braga e William Fichtner no elenco. Ainda estão filmando, vamos torcer pra concluir logo.

The Running Man
Encerrando a lista, vou falar do novo projeto do Edgar Wright (Baby Driver, trilogia Cornetto), a refilmagem de The Running ManO Sobrevivente aqui no Brasil. Esse não tem nada no imdb, nem imagem, nem elenco. Será que sai em 2023? Será que sai um dia?

Top 10: Melhores Filmes de 2022

Top 10: Melhores Filmes de 2022

Depois da lista dos piores, vamos aos dez melhores?

Antes, quero deixar uma menção honrosa pra dois filmes que são de 2021 mas só vi este ano, No Ritmo do Coração e A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas, dois filmes excelentes que merecem estar em qualquer lista de melhores. Mas hoje vou falar só de filmes lançados em 2022.

Também queria deixar uma menção honrosa pra Speak no Evil. Gostei muito, mas como é um filme extremamente desconfortável, é complicado para recomendar para alguém, por isso prefiro deixar de fora da lista.

(Uma coisa curiosa que acabei de checar: na lista do ano passado tinham três filmes de super heróis entre os quatro primeiros lugares. Este ano só tem dois, e ganharam posições mais abaixo…)

Vamos aos filmes?

10-Eduardo e Mônica
Baseado em uma das mais icônicas músicas do rock brasileiro dos anos 80, Eduardo e Mônica virou uma deliciosa comédia romântica estrelada por Alice Braga e Gabriel Leone. Os trechos da música entram naturalmente no roteiro, que trouxe a trama para a Brasília dos anos 80, com uma reconstituição de época é muito bem feita. Filme pra ver e rever e sair do cinema com um sorriso no rosto.

9-Barbarian / Noites Brutais
Este é daquele tipo de filme que é bom ver sem saber muitas informações. Barbarian / Noites Brutais passeia por caminhos inesperados – por isso é bom não saber muita informação antes. O filme toma rumos que me surpreenderam. E gosto quando um filme me surpreende. O diretor Zach Cregger sabe muito bem como posicionar e movimentar sua câmera pela casa. O filme constrói muito bem a tensão. Durante uma hora e quarenta minutos o espectador fica na beirada da poltrona.

8-Batman
O novo Batman é um belo espetáculo visual. A fotografia é um espetáculo, muitas cenas escuras, muitas cenas com chuva, muito contra luz; a cenografia também enche os olhos – Gotham é uma cidade suja e decadente. Também gostei de como os vilões aparecem mais reais – o Pinguim parece mais um líder mafioso do que um freak; e o Charada é um louco com seguidores pela internet. Robert Pattinson não é muito bom como Bruce Wayne, mas é um ótimo Batman

7-Top Gun Maverick
Top Gun Maverick é um dos marcos da volta aos cinemas depois de dois anos onde o streaming reinou. Cinemão como antigamente. As sequências de ação aérea são fantásticas – segundo o que foi informado, não existe cgi nem tela verde nas sequências aéreas, eram aviões reais fazendo aquilo tudo. Tom Cruise mostra que ainda é “o cara”.

6-Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura
Filme da Marvel com zumbi tem que ter lugar na lista! Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura é um “filme da Marvel”, mas também tem várias coisas que são a cara do diretor Sam Raimi, como ângulos e movimentos de câmera e alguns elementos de terror – tem até uma mão saindo de uma cova. E tem um duelo usando música que é sensacional!

5-Turma da Mônica Lições
Turma da Mônica Lições foi o único filme que vi este ano onde me vi envolvido a ponto de esquecer o lado crítico – a cada easter egg que aparecia na tela heu voltava à infância. O filme é mágico, e traz uma mensagem que é possível crescer sem deixar de ser criança, e isso é a minha cara. Fiz 50 anos ano passado, mas ainda não sei quando serei adulto. Quero ver o terceiro filme!

4-Tico e Teco e os Defensores da Lei
Tico e Teco e os Defensores da Lei segue a linha de Uma Cilada Para Roger Rabbit: mistura filme live action com personagens animados, e traz centenas de referências e easter eggs de outros filmes e desenhos. Além disso, mistura estilos diferentes de animação, a ponto de ter os dois protagonistas desenhados de maneira diferente. E ainda tem uma boa história!

3-O Homem do Norte
Novo filme de Robert Eggers, O Homem do Norte é talvez o melhor épico viking já apresentado nos cinemas. Muito violento e extremamente bem filmado, traz um visual belíssimo, com vários planos abertos onde dá pra pausar e colocar num quadro. E ainda traz um ótimo elenco: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy e Willem Dafoe.

2-Tudo em Todo Lugar ao mesmo Tempo
A melhor surpresa do ano. Tudo em todo lugar ao mesmo tempo usa o conceito de multiverso de maneira insana. Algumas sequências têm poucos segundos e conseguem mostrar diversos cenários e figurinos misturados. E a edição deve ter dado um trabalho hercúleo organizar todas aquelas imagens misturadas de forma que ainda fizessem algum sentido. Só não ficou em primeiro lugar porque é longo demais e fica cansativo na segunda metade.

1-Pinóquio por Guillermo Del Toro
Poucos meses depois da insossa versão da Disney, este Pinóquio por Guillermo Del Toro altera vários elementos da história classica, em um stop motion onde cada detalhe de cenário, cada detalhe de movimentação de bonequinho, tudo é perfeito. São planos longos, muitas vezes com a câmera em movimento. Um dos melhores longas de stop motion da história!

Top 10: Piores Filmes de 2022

Top 10 Piores Filmes de 2022

Até 2020, heu só fazia listas de melhores do ano. Mas me pediram uma de piores ano passado, então resolvi manter a tradição.

Lembrando que todos os 10 filmes foram comentados ao longo do ano. Vou deixar os links.

10-Águas Profundas
Águas Profundas está aqui mais pelas pessoas envolvidas do que pelo filme em si. Primeiro filme do Adrian Lyne depois de 20 anos sem filmar, e estrelado por Ana de Armas e Ben Affleck. E o filme é fraco, e o final é péssimo. Adrian Lyne deveria ter continuado na aposentadoria.

9-Moonfall
Heu queria gostar de Moonfall. A premissa é boa: a Lua está se aproximando e vai cair na Terra. E o filme até começa bem. Mas o roteiro se perde com umas maluquices que não fazem o menor sentido, e em vez de voltar ao rumo, vira uma grande sucessão de erros.

8-Titanic 666
É quase injustiça colocar Titanic 666 aqui, afinal a gente já sabia que seria ruim. Mas é ainda pior do que parecia. Roteiro ruim, atores muito ruins e efeitos especiais inacreditavelmente ruins. Deu pena do Jamie Bamber, heu gostava dele em BSG, preferia ter continuado sem vê-lo em ação do que num filme tão ruim.

7-Morbius
A gente sabe que filme da Marvel de fora do MCU costuma ser zoado, como foi Venom ano passado. Este Morbius é uma super produção estrelada por grandes atores, e ainda assim é tudo muito desleixado. O roteiro tem tantos furos que se a gente parar pra listar, não acaba hoje. E ainda tem efeitos especiais de segunda linha.

6-Pinóquio
Uma nova parceria entre Robert Zemeckis e Tom Hanks deveria ser sinal de boa qualidade. Mas não adianta nada se Pinóquio traz uma história requentada e com efeitos especiais tão ruins que parecem saídos de uma produção dos anos 90 com lançamento direto para home vídeo. E o Pinóquio do Del Toro só serviu pra gente lembrar como esse foi ruim.

5-Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City
Heu era fã da franquia Resident Evil, mas tudo foi ficando cada vez pior a cada novo filme. Aí anunciaram um reboot na franquia, e aparece este Resident Evil: Bem-vindo a Raccoon City, que tem efeitos especiais toscos, atores ruins e um roteiro que não faz o menor sentido.

4-Halloween Ends
O Halloween anterior já tinha sido bem ruim, e a expectativa para este era zero. E mesmo assim o filme surpreendeu – negativamente. Halloween Ends se propõe a dar um fim para a história de Michael Myers, e o roteiro esquece do Michael Myers durante metade do filme. Vi no cinema com um amigo, e a partir de um certo ponto a gente começou a rir do filme, como se estivéssemos vendo uma comédia.

3-The Munsters
Diferente do habitual de Rob Zombie, que sempre usa uma estética suja e violenta, com personagens desagradáveis em tela, The Munsters é colorido e alegre, exagerado e caricato, desde cenários e atuações até maquiagem e efeitos especiais. E também é chato, muito chato. Ah, saudades de quando Rob Zombie fazia filmes ruins e divertidos. The Munsters é só ruim.

2-Skinamarink
Entendo que temos uma proposta diferente. Mas é uma proposta picareta. E um resultado final bem ruim. Skinamarink é um filme onde NADA acontece. Simplesmente isso. Imagens aleatórias ao longo de uma hora e quarenta, e só. E tem gente que disse que sentiu medo. De que???

1-Olhos Famintos Renascimento
Difícil tirar de Olhos Famintos Renascimento o posto de pior filme do ano. Nada se salva, nem direção, nem produção, nem elenco, nem parte técnica. E os efeitos de chroma key são de outro mundo! São tantos erros que fica até difícil de contar E se alguém duvida, veja a cena dos carros de polícia. Sério, gente, aquilo estava no filme oficial.

Fome de Viver

Crítica – Fome de Viver

Sinopse (imdb): Um triângulo amoroso se desenvolve entre uma vampira bonita, mas perigosa, seu companheiro violoncelista e uma gerontologista.

Hoje é dia de revisitar um dos melhores filmes do Tony Scott e um dos maiores cults de vampiros dos anos 80: Fome de Viver.

Mas antes do filme, posso falar do diretor? Lembro de uma piadinha maldosa que rolava nos anos 80 se referindo a Tony Scott como “o irmão menos talentoso do Ridley Scott”. Isso é porque enquanto Ridley era famoso por Alien, Blade Runner e A Lenda, Tony fazia filmes como Top Gun, Um Tira da Pesada 2 e Dias de Trovão. Mas acho isso maldade, Tony simplesmente usou um caminho mais pop.

Tem uma história boa envolvendo um tal de Quentin Tarantino. Tarantino escreveu e dirigiu Cães de Aluguel em 1992, e depois teve dois roteiros oferecidos para outros diretores. Um foi Assassinos por Natureza, dirigido por Oliver Stone. Na época rolaram boatos de que Stone e Tarantino teriam brigado, e Tarantino teria pedido pra tirar o nome dos créditos. Hoje Tarantino é um nome gigante, mas, na época, parecia muita audácia de um jovem quase estreante que estava comprando briga com um veterano que já tinha 3 Oscars (roteiro por Expresso da Meia Noite e direção por Platoon e Nascido em 4 de Julho). Mas o tempo passou e vimos que aquele jovem quase estreante tinha boas cartas na mão.

O outro roteiro era Amor À Queima Roupa, que foi dirigido por Tony Scott. Não ouvi falar de nenhum problema entre os dois. Pelo contrário, o que se falou na época é que ficaram amigos. Tanto que o filme seguinte de Scott, Maré Vermelha, teve colaboração do Tarantino. O roteiro estaria sério demais, então Tarantino teria sido chamado escrever algumas cenas para quebrar a sisudez. Sendo assim, temos algumas cenas um pouco “diferentes”, como aquela onde tem uma citação a Star Trek, ou outra onde rola uma discussão sobre o Surfista Prateado.

Infelizmente Tony Scott faleceu em 2012, aos 68 anos de idade.

Vamos ao filme? Baseado no livro homônimo de Whitley Strieber, Fome de Viver (The Hunger, no original) é um filme de vampiros um pouco diferente. A palavra “vampiro” não é dita em nenhum momento do filme, os vampiros não têm dentes caninos pontiagudos, e eles andam de dia (me lembrei de Quando Chega a Escuridão (1987), da Kathryn Bigelow, outro filme que traz vampiros “diferentes”).

Mesmo revendo hoje, quase quarenta anos depois, o visual do filme ainda é bem legal. A fotografia abusa do contra-luz,várias cenas têm cara de videoclipes – e, coincidência ou não, o filme abre com uma participação da banda Bauhaus com a música Bela Lugosi’s Dead. Achei boa a maquiagem do envelhecimento. Uma coisa que não gostei são os takes em câmera lenta, mas não sei se isso é falha ou se foi estilo do diretor.

(Assim como o irmão Ridley, Tony Scott veio da propaganda, então seus filmes sempre foram estilosos.)

Os vampiros aqui não têm presas, eles usam um colar com um pingente com o símbolo egípcio Ankh, e dentro do pingente tem uma lâmina.

Duas coisas que reparei durante o filme, e confirmei depois lendo a sessão de trívia do imdb. A primeira é um comentário “de músico”. Tem uma cena onde vemos um número musical, Bowie está no violoncelo, Deneuve está ao piano e temos uma outra personagem no violino. Bowie aparece tocando, vemos os seus dedos, ele realmente está tocando – talvez até o som que ouvimos não seja tocado por ele, mas ele, que é músico, aprendeu a tocar violoncelo para o filme. Já Deneuve ao piano finge bem mal…

O outro comentário é sobre as cenas de nudez. Susan Sarandon aparece nua, mas tive a impressão de que Catherine Deneuve tinha usado dublê de corpo – e isso foi confirmado no imdb.

No elenco, o filme fica basicamente em cima dos três principais: Catherine Deneuve, David Bowie e Susan Sarandon. Tem uma breve participação de um ainda desconhecido Willem Dafoe em uma cena.

Por imposição do estúdio, o fim tem espaço para continuações (algo comum em filmes de terror), mas nunca fizeram um segundo filme. Foi feita uma série homônima em 1997, mas não tem nenhuma conexão com a história deste filme (apesar de usar David Bowie como apresentador).

Fome de Viver não foi bem sucedido nas bilheterias, então Tony Scott desistiu de fazer cinema e voltou a fazer comerciais. Até que dois anos depois Jerry Bruckheimer e Don Simpson o convenceram a fazer Top Gun, que viria a ser o maior sucesso comercial de 1986. A partir daí, Scott não largou mais o cinema.

O Menu

Crítica – O Menu

Sinopse (imdb): Um jovem casal viaja para uma ilha remota para comer em um restaurante exclusivo onde o chef preparou um cardápio farto, com algumas surpresas chocantes.

Parece que este O Menu (The Menu, no original) foi um dos títulos badalados no último Festival do Rio. Mas, como comentei no texto sobre Império da Luz, não dei bola para o Festival do Rio este ano, e quase deixei O Menu passar.

Dirigido pelo pouco conhecido Mark Mylod (que dirigiu episódios de Game of Thrones, Shameless e Succession), O Menu é daquele tipo de filme onde quase tudo acontece no mesmo cenário, com todos os personagens presentes – quase uma peça de teatro filmada.

O roteiro de Seth Reiss e Will Tracy é eficiente ao equilibrar a trama entre vários personagens. Claro, o foco maior fica nos três principais, mas tem espaço para conhecermos um pouco de cada um dos outros convidados do jantar. E o modo como o jantar é apresentado é uma boa crítica à gourmetização extrema. Aliás, vi alguns críticos incomodados, acho que a carapuça serviu e eles entenderam que seria “cinema” no lugar de “comida”.

Mas o melhor está nas atuações, principalmente de Ralph Fiennes e Anya Taylor-Joy. Fiennes tem uma das melhores atuações da sua carreira como o chef obcecado pela perfeição. E Anya mais uma vez mostra que é um nome a ser acompanhado. Nicholas Hoult tem o terceiro papel principal, mas seu personagem é mais besta. Entre os vários nomes menores do resto do elenco, olha lá, tem o John Leguizamo!

Tenho um comentário sobre o fim, mas é um spoiler brabo, então vou colocar o aviso de spoilers.

SPOILERS!

Entendi a ideia do chef, uma espécie de vingança pessoal misturada com suicídio. Mas não consigo entender por que seus funcionários embarcariam nesse suicídio coletivo. Eles já trabalhavam num sistema quase escravo, era a chance de liberdade. Não achei muito lógico.

FIM DOS SPOILERS!

Mesmo não gostando do final, O Menu ainda é uma boa opção de suspense/terror diferente do óbvio.

Pinóquio por Guillermo Del Toro

Crítica – Pinóquio por Guillermo Del Toro

Sinopse (imdb): Uma versão mais sombria do clássico conto de fadas infantil, onde um boneco de madeira se transforma em um menino vivo de verdade.

Quem diria que poucos meses depois daquele desastroso Pinóquio da Disney a gente teria outro Pinóquio, desta vez digno de constar em uma lista de melhores do ano?

Sou muito fã de stop motion. Tenho uma teoria de que como é um estilo muito mais difícil que outras animações, só quem é muito apaixonado por cinema trabalha fazendo longas em stop motion. Sendo assim, temos muitos exemplos de bons filmes usando essa técnica, como O Estranho Mundo de Jack, Noiva Cadáver e Frankenweenie do Tim Burton, O Fantástico Sr. Raposo e Ilha dos Cachorros do Wes Anderson, os filmes da Laika como Coraline, Paranorman e Kubo, ou os filmes da Aardman como Wallace & Gromit e Shaun o Carneiro (que são mais infantis, mas mesmo assim são bem divertidos).

(Ok, admito que não gostei de Anomalisa. Chaaaato…)

Assim como vários dos filmes citados aí em cima, este Pinóquio é infantil e ao mesmo tempo não é. Temos a história do boneco que ganha vida, mas ao mesmo tempo tem uma pegada de filme de terror. Guillermo Del Toro tem uma característica não muito comum hoje em dia: ele é um dos poucos “autores” da Hollywood contemporânea. Seus filmes têm a cara do diretor: A Espinha do Diabo, Hellboy, O Labirinto do Fauno, A Forma da Água, O Beco do PesadeloPinóquio é coerente com sua filmografia.

(Ok, admito que Círculo de Fogo destoa da lista)

Mas, antes de tudo, precisamos lembrar que Del Toro não estava sozinho aqui, o filme é codirigido por Mark Gustafson. Heu procurei informações pela internet mas não achei, então vou dizer aqui o que acho que aconteceu. Del Toro anunciou que queria fazer uma versão de Pinóquio em 2008. De lá pra cá, ele dirigiu Círculo de Fogo, A Colina Escarlate, A Forma da Água e O Beco do Pesadelo – além de videogames, séries de tv, e ainda escreveu roteiro de vários filmes (incluindo a trilogia O Hobbit). O que me parece que aconteceu foi que ele deve ter combinado com Gustafson algo do tipo “você vai tocando o projeto e a gente vai se falando, estarei por perto pro filme continuar com a minha cara”. Será que foi assim?

Finalmente, vamos ao filme? Confesso que não conheço a história original, só conheço a da Disney. Muita coisa aqui é diferente, mas não sei se foi o Del Toro que mudou ou se foi a Disney na adaptação da década de 40. Independente disso, o visual aqui é bem legal: o Pinóquio é um boneco de madeira, não quer ser um menino com cara de menino. E o grilo não ganhou feições humanas, um visual antropomórfico como é o comum em produções assim, ele continua sendo um grilo.

Aliás, a gente precisa reconhecer que o visual de todo o filme é um espetáculo. Cada detalhe de cenário, cada detalhe de movimentação de bonequinho, tudo é perfeito! São planos longos, muitas vezes com a câmera em movimento! Imagina a loucura de você sincronizar o movimento da câmera junto com o movimento dos bonecos, tirando 24 fotos a cada segundo? Falei aqui semana passada de Avatar, e digo que o visual de Pinóquio é ainda mais impressionante.

(Pinóquio tem uma hora e cinquenta e sete minutos. Voltei na Netflix pra ver, o filme para mais ou menos em uma hora e cinquenta (quando já estão rolando os créditos mas o Grilo ainda está cantando e dançando). Se forem 24 fotos por segundo, ao longo de uma hora e cinquenta minutos, são 158.400 fotos!!!)

Pinóquio trata de alguns temas bem adultos. Um deles é a morte. Logo no início a gente vê que Geppetto perdeu o filho. Quem me conhece sabe, esse é um tema delicado pra mim, nesse momento quase pausei o filme. Mas segui em frente e posso dizer que esse tema é abordado de uma maneira bonita e delicada (lembrei de Festa no Céu, produção do Del Toro, que também lida com a morte).

Além de morte, o filme também fala de guerra, de preconceito e outros temas adultos – o Geppetto está bêbado quando constrói o boneco! Mas o Pinóquio, inocente, que está descobrindo tudo no mundo, é um personagem tão cativante, que traz leveza a todos os temas mais pesados.

O filme tem músicas compostas por Alexandre Desplat. Normalmente sou fã das músicas dos filmes, mas desta vez preciso admitir que nenhuma delas entrou na minha cabeça. Não são ruins, apenas não são marcantes.

O elenco é impressionante. Pinóquio e Geppetto não são dublados por nomes muito conhecidos, mas o filme conta com Ewan McGregor, Christoph Waltz, Tilda Swinton, Ron Perlman, John Turturro, Finn Wolfhard, Tim Blake Nelson e Cate Blanchett. Detalhe: Cate Blanchett trabalhou com Del Toro em Beco do Pesadelo e disse que queria participar do Pinóquio, mas todos os personagens importantes já tinham elenco escalado. Então ela entrou fazendo a voz do macaco Spazzatura! Imagina a moral do Del Toro, usar uma atriz do porte da Cate Blanchett num papel onde ela não tem diálogos!

Heu poderia continuar aqui falando, mas chega. Se você ainda não viu, Veja! Ainda este mês este filme volta aqui no heuvi na lista dos dez melhores do ano.

Avatar: O Caminho da Água

Crítica – Avatar: O Caminho da Água

Sinopse (imdb): Jake Sully vive com sua nova família na lua extrassolar Pandora. Uma vez que uma ameaça familiar retorna para terminar o que foi iniciado anteriormente, Jake deve trabalhar com Neytiri e o exército da raça Na’vi para proteger sua casa.

Finalmente, 13 anos depois, estreou a aguardada e atrasada continuação de Avatar! Não me lembro de nenhuma outra continuação tantas vezes adiada como essa!

Antes do filme, um pequeno parênteses sobre os números do primeiro Avatar. Foi um enorme sucesso, disso ninguém duvida, mas os números me intrigam. Vários sucessos de bilheteria vieram nos anos seguintes, mas apenas um conseguiu alcançar e ultrapassar Avatar, que foi o Vingadores Ultimato. E me lembro do frisson geral em cima de Vingadores ser muito maior do que na época do Avatar. Como Avatar chegou àqueles números na bilheteria é uma coisa que me intriga..

Mas, vamos ao novo filme. Claro que o que chama a atenção em Avatar: O Caminho da Água são os efeitos especiais, afinal James Cameron disse que adiou tudo porque esperava tecnologia para filmar o que ele imaginava. E realmente os efeitos são impressionantes. Além das cenas na floresta, agora vemos uma outra espécie de Na’vi, que vivem na água, ou seja, temos muitas cenas subaquáticas. E os efeitos são sensacionais, enchem os olhos.

Estive na Disney em 2018, tinha uma nova atração com o tema “Avatar”. Foi uma das melhores atrações que vi naquela viagem, com uma riqueza enorme de detalhes. É, este novo Avatar parece um brinquedo da Disney…

Agora, preciso confessar que teve uma coisa que me incomodou. O padrão do cinema é de 24 quadros por segundo, sempre foi assim. E Avatar: O Caminho da Água usa outro “frame rate”, não sei se é 48 ou 60 quadros por segundo. Isso não é um demérito, a imagem não fica pior. Mas, a imagem fica diferente, não passa a sensação de estarmos vendo um filme de cinema. Às vezes parece que estamos vendo algo feito para a TV.

Se os efeitos são merecedores de todos os elogios, o mesmo não podemos dizer sobre o roteiro. Algumas partes do filme parecem meio desconexas, como por exemplo uma cena onde os personagens perguntam onde está a Kiri, e a vemos no fundo do mar brincando com os peixes, e logo depois ela já está de volta ao grupo. Ou a desnecessária cena do Lo’ak reencontrando o tulkun (uma espécie de baleia) depois de discutir com todos sobre o caráter do bicho.

Além do mais, o filme é longo demais. São pouco mais de três horas, e boa parte do miolo do filme podia ser cortado. Ok, a gente entende que James Cameron deve estar empolgado querendo mostrar mais e mais do seu novo mundo, mas alguém devia ter dito a ele que estava demais. O filme cansa.

Sobre elenco, é curioso saber que a galera filmou tudo, mas ninguém aparece na tela. Fico me perguntando o que deve ser captura de movimento e o que deve ser cgi. Tipo, a Kate Winslet bateu o recorde de maior tempo debaixo d’água em uma filmagem (o recorde era de Tom Cruise em Missão Impossível Nação Secreta), ela ficou 7 minutos e 15 segundos sem respirar em uma cena. Mas… Não vemos a Kate Winslet na tela!

Já que falamos do elenco, Avatar: O Caminho da Água traz de volta Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang – mas quase o filme todo em versões “avatar”, Sigourney Weaver aparece como ela mesma em duas cenas, e Stephen Lang em uma.

Foram anunciadas várias continuações, a ideia é ir até o Avatar 5. Mas parece que James Cameron estava filmando o 3 junto com este 2, ou seja, não deve demorar tanto tempo pra ser lançado.

Por fim, queria fazer um comentário sobre a sessão para críticos que teve aqui no Rio. Demonstrando total falta de profissionalismo, a assessoria de imprensa da Disney não responde críticos que não estejam no seu mailing – heu já tinha mandado e-mails em outras duas ocasiões e fui ignorado. Ou seja, teve uma sessão para críticos e para vips na segunda feira, mas heu não fui convidado então não fui. Mas… Essa sessão foi interrompida com uma hora de filme, por algum problema burocrático, e todos ficaram sem ver o filme. Será que é feio se heu disser “bem feito”?