Crítica – Aumenta que É Rock’n’roll
Sinopse (imdb): O filme acompanha a história da Rádio Fluminense, primeira rádio rock’n’roll FM do Brasil no início dos anos 1980. Criada por Luis Antonio Mello, a rádio fez história e conquistou muitos ouvintes desde sua criação em 1982.
Vamos a mais um dos filmes da minha lista de expectativas pra 2024!
Antes, uma contextualização pra galera mais nova: a rádio Fluminense foi muito importante para o rock nacional dos anos 80. Era a única rádio rock do Rio de Janeiro, e várias bandas mandavam fitas demo pra lá, antes de terem discos lançados por gravadoras. Bandas então iniciantes, mas que virariam nomes gigantes, como Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. A rádio sempre foi alternativa, sempre foi “pequena”, mas foi fundamental para o início daquele que foi um dos maiores movimentos da música brasileira.
Dirigido por Tomas Portella (Isolados, Operações Especiais), Aumenta que é Rock’n’roll conta a história da rádio Fluminense, também chamada de “Maldita”, uma pequena rádio de Niterói que foi muito importante para o rock brasileiro dos anos 80. O filme e baseado no livro “A Onda Maldita”, escrito por Luis Antonio Mello – li o livro na época da faculdade, anos 90, mas não me lembro de quase nada.
Aumenta que é Rock’n’roll é quase uma cinebiografia de Luis Antonio Mello, o criador da rádio. Depois de um prólogo meio desnecessário mostrando o protagonista adolescente, o filme pula pra 1982, época que Luis Antonio criou o projeto de uma rádio com uma proposta diferente e acabou ganhando carta branca em uma antiga rádio caindo aos pedaços. O filme segue até o Rock in Rio, em janeiro de 1985.
Aparecem algumas “participações especiais”. Tem uma cena onde vemos o Cazuza – ele não fala o nome, mas fica claro. Evandro Mesquita é um vulto, de longe, mas reconhecemos a voz (desconfio que a voz seja do próprio Evandro). E temos atores interpretando os Paralamas do Sucesso e a Legião Urbana. Só não entendi por que não citam o Celso Blues Boy, já que sua música aparece duas vezes e dá título ao filme.
Aumenta que é Rock’n’roll é leve e divertido, e tem algumas sequências muito boas, como a promoção das formigas (que realmente aconteceu). A relação entre os dois personagens principais, interpretados por Johnny Massaro e Marina Provenzzano, também é bem construída, assim como a boa reconstituição de época. A trilha sonora, tanto nacional quanto internacional, também é boa. Mas… Quero fazer dois mimimis. Entendo a opção da produção do filme, mas preciso deixar o meu mimimi registrado.
O primeiro é sobre várias liberdades históricas tomadas ao longo do filme, como por exemplo mostrar que já tinha uma fita demo da Legião Urbana na gaveta no dia que ouviram pela primeira vez Você Não Soube me Amar, da Blitz (música que foi lançada num compacto em julho de 1982, enquanto a Legião Urbana começou em agosto); ou a inclusão, na trilha sonora, de músicas lançadas depois do período histórico retratado no filme (como Homem Primata, dos Titãs, que foi lançada em 1986, ou Que que País é Esse, da Legião, lançada em 87, ou uma breve aparição da Plebe Rude, que só lançou disco em 86). Mas, entendo a opção de colocar músicas famosas na trilha, o resultado, apesar de incorreto, ficou empolgante.
(Ainda tem os shows do Rock in Rio na ordem errada. A Blitz não tocou antes do Barão Vermelho em nenhum dos dias!)
O segundo mimimi é mais mimimi que o primeiro, mas esse não perdoo. Vemos a Legião Urbana tocando em um show. Por duas vezes a câmera dá um close no baterista e o que ele está fazendo é completamente diferente do que estamos ouvindo! Entendo alterar algumas datas para o filme fluir melhor, mas, músico tocando fora de sincronia é mais difícil de aceitar.
Mimimis à parte, gostei muito do resultado final. A gente sai do cinema empolgado! Ouvi uma pessoa dizendo que “a gente sai do cinema com vontade de ouvir rock”. Mas, ué, todos os dias tenho vontade de ouvir rock…