Crítica – Rebel Moon – Parte 2: A Marcadora de Cicatrizes
Sinopse (imdb): Kora e os guerreiros sobreviventes se preparam para defender Veldt, seu novo lar, ao lado de seu povo contra o Realm. Os guerreiros enfrentam seus passados, revelando suas motivações antes que as forças do Realm ataquem.
Em 1991, Pauline Kael, crítica do The New York Times, ao se aposentar, declarou que estava aliviada de não precisar ver mais nenhum filme do Oliver Stone. Quando vi que a Netflix tinha lançado a segunda parte de Rebel Moon, lembrei da Pauline Kael. Porque se não fosse o heuvi, heu não veria o novo Zack Snyder.
Como falei no meu texto anterior Rebel Moon Parte 1 não é exatamente ruim, mas é fraco, parece um fan film escrito por um adolescente que acabou de ver, pela primeira vez, Guerra nas Estrelas e Mercenários das Galáxias. Pelo menos é um filme bonito, mas só isso. Um fan filme vazio e bonito.
Mas, chega, né? Pra que fazer um segundo filme se você não tem história que justifique isso?
Parece que Zack Snyder não conhece esse conceito, e assim temos mais um Rebel Moon. E pior, ele quer mais, no fim do texto volto a esse assunto.
Rebel Moon Parte 2 se resume a duas partes. Primeiro “o vilãozão vai atacar, precisamos nos preparar”, depois tem o “ataque do vilãozão contra os fazendeiros ajudados pelos mercenários recrutados no primeiro filme”. Só. Não tem nada que mereça um destaque. Não tem uma trama cativante, nenhum personagem interessante ou carismático, nenhuma cena memorável, nada. Apenas um filme genérico. Tecnicamente bem feito, mas genérico.
E com MUITA câmera lenta, como era de se esperar. Tem tanta câmera lenta que banalizou o efeito. Se ele queria que a câmera lenta simbolizasse algo, esse símbolo se diluiu, porque todo o filme e em câmera lenta. Mas, vou repetir uma coisa que falei no outro texto: “Reclamar de câmera lenta em filme do Zack Snyder é a mesma coisa que reclamar de lens flare em filme do JJ Abrams, ou de closes nos pés das atrizes em filme do Tarantino, ou de tudo estar simétrico em filme do Wes Anderson. Faz parte do pacote.”
Agora, preciso criticar algumas coisas. Tem uma cena em particular que achei tão ruim que posso criticá-la em três camadas. É quando o Djimon Hounsou fala sobre seu passado e pede pra cada um fazer o mesmo. Em primeiro lugar, é uma cena ruim porque deveria estar no primeiro filme, que era o recrutamento da galera. Este segundo filme já era pra ser a ação, não precisa voltar para motivações. Mas, ok, seguimos, até o segundo problema: um personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí depois outro personagem fala “o vilãozão malvadão matou minha família e meus amigos e destruiu o meu mundo”, aí um terceiro fala “o vilãozão malvadão…” CHEGA! Se as histórias são iguais, pra que repetir? Ou seja, é uma cena sem propósito e desnecessária. Mas, tem uma terceira camada: a cena podia ser sem propósito e desnecessária se fosse boa. Mas a cena é chaaaata. Nessa cena, juro, quase avancei o filme.
Heu ainda queria reclamar de duas coisas. Uma delas é que tem uma das cenas mais sem sentido que vi nos últimos tempos: a heroína organiza o plano, diz pra todos os fazendeiros enfrentarem o vilãozão, mas na hora de executar o plano ela desiste. Oi?!?!?!?
A outra é sobre o duelo de sabres de luz. Sim, tem sabres de luz aqui, falei que é um Star Wars genérico. Sr. Snyder, mocinhos não usam sabres vermelhos! Você errou na cor dos sabres!
Agora, se Rebel Moon Parte 2 fosse apenas uma cópia genérica e despretensiosa de Star Wars, heu até aceitava. Mas não, tem algo bem pior: é um projeto pretensioso. Primeiro, Zack Snyder disse que quer fazer mais vários filmes neste universo – tem um gancho pra Parte 3, apesar de NINGUÉM querer mais um filme. E ainda tem outro problema, tão grave quanto o anterior: Snyder disse que essas versões não são boas, porque ele vai lançar versões estendidas. Cara, na boa, ninguém quer ver um terceiro filme, e ninguém quer ver uma versão estendida!
Espero, sinceramente, que não tenha um terceiro filme. Pelo menos enquanto heu ainda escrever aqui no heuvi.