Caleidoscópio

Crítica – Caleidoscópio

Sinopse (Netflix): Um ladrão magistral e sua equipe querem roubar 7 bilhões de dólares. Mas, para o plano dar certo, eles terão que lidar com traições, ganâncias e muitas outras ameaças.

Surgiu na Netflix uma série com um novo formato: oito episódios, e você pode vê-los em qualquer ordem.

A princípio achei que era o “formato antigo”, série com episódios fechados, como era na época que a gente acompanhava Supernatural e CSI, que traziam um arco ao longo da temporada, mas a maioria dos episódios eram independentes uns dos outros – hoje é tudo “novelinha”, o que, na minha humilde opinião, é pior pra assistir. Mas não, Caleidoscópio (Kaleidoscope, no original) conta uma única história, e conseguiram roteirizar e editar de maneira que você não precisa ver em uma ordem específica. A produção diz que tanto faz a ordem, mas recomenda deixar o episódio “Branco” para o fim. Realmente, este episódio encerra bem a história.

E agora a grande dúvida: funcionou?

Vamos por partes. Antes de tudo, preciso falar que gostei da proposta. É legal ver algo diferente do óbvio, vai ter muita gente vendo e comentando a série justamente pela novidade. Digo mais: em termos de marketing, é uma boa a Netflix inovar assim, aposto como Caleidoscópio terá mais views do que se fosse um seriado no mesmo formato dos outros.

Porque o roteiro não tem nada de mais. A gente já viu vários filmes e séries de “heist”, e a história de Caleidoscópio não traz nenhuma novidade. É vou além: o roteiro tem algumas coisas bem forçadas, como o lance das abelhas, que ninguém explicou como e por que funciona.

Teve uma coisa que heu não gostei. Determinado momento da série o Leo fala que eles precisam ter confiança nos outros membros da equipe. E o Bob é marrento, violento e desagregador, ele é o oposto da confiança. Ele deveria ser expulso do time. Mas, a série explica por que ele continua na equipe. A explicação não me convenceu, mas existe uma explicação, então não podemos falar de falha de roteiro.

A produção é muito boa. Não sei qual foi o orçamento, mas temos a sensação de uma série cara, com vários cenários, alguns deles grandiosos. A fotografia, claro, usa cores diferentes para cada episódio. Também gostei da trilha sonora.

O elenco também está bem. Ok, achei estranha a maquiagem (ou cgi) que usaram pra rejuvenescer o Giancarlo Esposito e o Rufus Sewell no episódio que se passa 24 anos antes, mas, ok, aceito. Além dos dois, Caleidoscópio conta com Paz Vega, Rosaline Elbay, Jai Courtney, Tati Gabrielle e Peter Mark Kendall.

Espero que Caleidoscópio traga um bom retorno à Netflix, e que eles arrisque mais vezes com formatos diferentes!

Rambo: Até o Fim

Crítica – Rambo: Até o Fim

Sinopse (imdb): Rambo deve enfrentar seu passado e desenterrar suas implacáveis ​​habilidades de combate para se vingar em uma missão final.

Normalmente, começo a crítica de um filme desses falando “ninguém pediu, mas, olha lá, fulano voltou”. Mas, poxa, Sylvester Stallone já fez Mercenários, já fez um reboot de Rocky – um novo Rambo não é exatamente uma surpresa.

Dirigido por Adrian Grunberg (Plano de Fuga), Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood no original) é aquilo que se propõe: um filme previsível, violento e exagerado.

Não me lembro de detalhes de todos os outros filmes – só lembro que o primeiro é o único realmente bom da franquia (um veterano de guerra lutando pela sobrevivência é algo crível), então não vou nem comparar. Mas aqui temos uma fórmula meio óbvia: um cara quieto, na dele, ganha um motivo para entrar em uma violenta jornada de vingança. Claro que ele sozinho não ia conseguir tudo aquilo. Mas, caramba, ele é o Rambo! O histórico do personagem justifica todo o exagero.

O filme demora um pouco pra engrenar, mas compensa nas cenas de violência gráfica – são algumas sequências de embrulhar o estômago dos mais fracos. E é impossível não lembrar de Esqueceram de Mim na parte final. Mas mesmo assim, o resultado deixa a desejar. Admiro o trabalho e a carreira do Stallone, mas este Rambo: Até o Fim parece ter como único objetivo pagar as contas.

Tem gente por aí reclamando da violência gratuita. Essas pessoas devem ter começado a ver filmes anteontem. Violência gratuita sempre foi uma das características da franquia. Um filme do Rambo sem violência seria algo completamente sem sentido.

No elenco, o único nome digno de nota além de Stallone é Paz Vega, num papel secundário.

Durante os créditos finais, passam algumas cenas dos outros filmes da franquia, numa bonita homenagem, que vai deixar coroas machões de olhos marejados.

Resumindo: deve agradar os fãs, mas não deixa de ser um filme desnecessário.

The Spirit

the_spirit_poster141

The Spirit

Algumas pessoas conseguem uma boa desenvoltura em diferentes artes. Outras não. O músico Rob Zombie se revelou um excelente diretor de cinema (Rejeitados pelo Diabo, Halloween); por outro lado, o badalado Caetano Veloso dirigiu um filme nos anos 80 e hoje em dia quer que todos esqueçam aquela bomba, de tão ruim que é…

Frank Miller, infelizmente, está no grupo dos que não deveriam se aventurar em outra arte…

Frank Miller é um quadrinista conceituadíssimo. Dentre suas obras, estão as famosas graphic novels 300 e Sin City (por coincidência, 2 bons exemplos de boas adaptações cinematográficas de quadrinhos), além do cultuadíssimo O Cavaleiro das Trevas . Aí, em 1990, resolveu responder ao canto da sereia hollywoodiana e escreveu o roteiro ruim de Robocop 2, e depois o roteiro pior ainda de Robocop 3.

Traumatizado com Hollywood, ele declarou que nunca mais ia trabalhar com cinema. Até que Robert Rodriguez o convenceu que era possível transformar Sin City em um filme. Rodriguez e Miller assinam juntos a direção do fantástico Sin City.

Aí Miller resolveu andar sozinho de novo em Hollywood. E fez esse The Spirit, baseado nos clássicos quadrinhos de Will Eisner. The Spirit conta a história do ex-policial e galã Denny Colt, que voltou à vida depois de morto, e agora age como um quase super-herói.

Bem, infelizmente não funciona. E sabe por que? Porque o filme não se decide entre a farsa e o filme sério. Hoje em dia estamos acostumados a ver super-heróis mais humanizados, dentro de contextos mais reais. E enquanto The Spirit tem um pouco disso,  acontecem cenas onde é tudo tão escrachado e tão exagerado que parece um desenho animado. A primeira luta entre o Spirit e o vilão Octopus (Samuel L Jackson) é tão ridícula que se caísse uma bigorna na cabeça de um deles talvez a gente achasse normal…

300 foi escrito por Frank Miller, mas filmado por Zack Snyder; Sin City foi dirigido por Miller, mas com Robert Rodriguez ao seu lado. Sozinho, Miller não conseguiu encontrar o tom certo para o seu filme. Tudo é caricato demais, às vezes parece um filme dos Trapalhões…

Apesar disso, nem tudo se perde no filme. O visual é bem legal, com vários efeitos de computador bem colocados. As cores são saturadas, exageradas como numa história em quadrinhos, muito branco e preto com detalhes vermelhos – inclusive, nos cinemas as legendas são amarelas, se fossem brancas muito ia se perder!

Outra coisa digna de nota é o elenco feminino. Eva Mendes, Scarlett Johansson, Sarah Paulson, Paz Vega, Jaime King e Stana Katic, cada uma mais bonita que a outra. Nisso Miller acertou!

O fim do filme indica que teremos continuações. Tomara que da próxima vez consigam um diretor com talento pra cinema!