Obi-Wan Kenobi

Crítica – Obi Wan Kenobi (episódios 1 e 2)

Sinopse (imdb): Spin-off da saga Guerra das Estrelas, centrada em Obi-Wan Kenobi.

Diferente de Mandalorian e Boba Fett, que tinham como protagonistas personagens novos ou secundários, Obi Wan Kenobi traz alguns dos personagens centrais da saga: é o momento entre os episódios 3 e 4, onde Obi Wan vai para Tatooine para proteger Luke Skywalker criança (pra quem não se lembra de detalhes dos filmes, tem um resumo antes do primeiro episódio). E um dos trunfos da série é a volta de Ewan McGregor ao papel de Obi Wan (ok, a gente já sabe que também vai ter Hayden Christensen, mas esse nunca teve outro filme ou papel marcante além de Star Wars, enquanto McGregor tem uma carreira cheia de filmes marcantes).

Um ponto positivo aqui é que todos os seis episódios têm a mesma diretora, Deborah Chow. Sei que ela dirigiu dois episódios de Mandalorian, mas não conheço o trabalho dela. Mas acho positivo toda a série ser dirigida por apenas uma pessoa.

Como fã de Star Wars, uma coisa que acho muito legal (e que também tinha em Mandalorian e Boba Fett) é ver rotinas que aconteciam muito tempo atrás em uma galáxia muito muito distante. Vemos Obi Wan trabalhando numa espécie de açougue, vemos que existe um comércio clandestino de drogas, vemos um ex clone trooper que virou mendigo (interpretado pelo mesmo Temuera Morrison, afinal, eram clones!).

A primeira cena do primeiro episódio mostra jovens jedis sendo atacados pela Ordem 66, numa sequência bem emocionante. E logo depois temos uma cena que lembra Bastardos Inglórios, onde um inquisidor à procura de um jedi fugitivo interroga um comerciante. A série começa excelente!

Quero comentar sobre o meio e sobre o fim, mas vamos aos avisos de spoilers:

SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!

Pela sinopse e pelo trailer, a gente achava que a série seria sobre o Obi Wan protegendo o pequeno Luke Skywalker. Luke até aparece, mas de longe, numa cena muito rápida, que até está no trailer. Mas, surpresa! Temos a pequena Leia Organa! Somos apresentados a uma Leia de dez anos de idade, uma menina esperta, inteligente e desafiadora. A personagem é ótima, e a atriz Vivien Lyra Blair está muito bem!

Gostei do personagem Haja Estree, do Kumail Nanjiani – Star Wars sempre teve muito maniqueísmo, o bem é 100% bem e o mal é 100% mal, gosto quando vemos personagens de moral duvidosa.

A princípio não gostei da Third Sister, achei que ela, com aquela insubordinação, seria punida pelo Inquisidor. Mas no fim descobrimos que existe algo por trás, que liga ela ao Darth Vader, então passei a aceitar a sua postura.

Sobre a cena final do segundo episódio, conversando com amigos, ouvi duas interpretações. A Third Sister fala para Obi Wan que Anakin ainda está vivo. Amigos meus acharam que Obi Wan se surpreendeu ao saber que Anakin virara Vader, mas, se não me engano, ele já sabia disso desde o ep. 3. A minha interpretação foi outra: Obi Wan já sabia que Anakin era Vader, sua surpresa foi por saber que ele ainda estava vivo – a última vez que ele tinha visto Anakin foi em Mustafar, quando Anakin estava queimado, à beira da morte.

Por fim, sei que está rolando uma discussão sobre o Inquisidor, porque o personagem aparece em Rebels, e vemos sua morte neste episódio. Mas, como não lembro de Rebels, não sei se é o mesmo personagem ou um parecido – e não podemos esquecer que em Star Wars, alguns personagens morrem e voltam depois.

FIM DOS SPOILERS!

Alguns comentários sobre o elenco. Ewan McGregor está excelente, talvez esta seja uma de suas melhores interpretações. Me surpreendi com Vivien Lyra Blair, ela estava em Pequenos Grandes Heróis, num papel importante, mas numa interpretação fuén. Também gostei do já citado Kumail Nanjiani, tomara que seu papel tenha mais importância. Hayden Christensen vai voltar, mas ainda não podemos julgar sua participação. Outro que volta é Jimmy Smits, que estava na trilogia prequel como Bail Organa. Achei curioso ver que os inquisidores são atores relativamente conhecidos, tem o Rupert Friend (o Assassino 47), o Sung Kang (o Han de Velozes e Furiosos) e Rya Kihlstedt (que já vi em alguns filmes mas sempre em papeis secundários). Joel Edgerton está bem como o tio Owen, não sabemos se ele terá uma participação maior. Não gostei de Moses Ingram, que faz a vilã Reva, achei caricata demais, mas pode melhorar com o decorrer da série. E achei uma surpresa divertida ver Flea, do Red Hot Chili Peppers, como o sequestrador.

Serão seis episódios, quarta que vem tem mais um, já estou ansioso!

Pequenos Grandes Heróis

Crítica – Pequenos Grandes Heróis

Sinopse (imdb): Quando invasores alienígenas capturam os super-heróis da Terra, seus filhos devem aprender a trabalhar juntos para salvar seus pais e o planeta.

Antes de falar do filme, preciso falar do diretor Robert Rodriguez. Ele é um raro caso que consegue ter duas carreiras paralelas, fazendo filmes infantis e também filmes para adultos. O cara fez Sin City, Alita, Prova Final, Machete, e teve uma parceria com Tarantino em pelo menos três filmes (Grande Hotel, Grindhouse e Drink no Inferno). E ao mesmo tempo fez Shark Boy e Lava Girl, A Pedra Mágica e toda a série Pequenos Espiões (acho que são 4 filmes). Não me lembro de outro caso que transita entre universos tão diferentes – talvez George Miller, que dirigiu os quatro Mad Max e também Babe o Porquinho e Happy Feet. Enfim, sou muito fã da carreira adulta do Robert Rodriguez, e admiro muito essa sua versatilidade.

(Tem outra informação sobre o Robert Rodriguez, mas que não tem muito a ver com o filme de hoje, mas vamulá. O cara escreve, produz e dirige os próprios filmes. Até aí, você encontra um monte de gente que faz o mesmo. Mas… o Robert Rodriguez também edita, faz efeitos especiais, trabalha na trilha sonora, opera a câmera… O cara faz de tudo num set de filmagem e na pós produção dos seus filmes. Admiro muito isso!)

Mas, vamos ao Pequenos Grandes Heróis (We Can Be Heroes, no original). É uma continuação de Shark Boy e Lava Girl, mas não precisa (re)ver o original, porque a trama segue independente daquele filme. O Shark Boy (interpretado por outro ator) e a Lava Girl (interpretada pela mesma Taylor Dooley do filme de 15 anos atrás) até aparecem, mas são coadjuvantes. A filha deles, a Guppy, é uma das principais.

(Aliás, talvez seja melhor nem lembrar do filme anterior. Porque tudo naquele filme era obra da imaginação de um outro personagem. Ou seja, será que esse “universo expandido” também está na imaginação do mesmo personagem? E será que ele ainda é criança? Deixa quieto…)

O foco fica nas crianças. Os adultos são sequestrados, e as crianças precisam se unir e organizar o novo time de mini-heróis – e alguns ainda não conseguem controlar os seus poderes.

Sim, é um filme bobinho. Mas, caramba, é um filme infantil!

Vi algumas críticas reclamando que o filme é bobo. Mas, pela idade do pessoal que comentou, me parece que eram crianças na época do Sharkboy e Lava Girl, e, hoje, adultos, não se tocaram que Pequenos Grandes Heróis não foi feito para eles, e sim para as crianças de hoje em dia.

Robert Rodriguez deu uma entrevista dizendo que quando faz um filme para crianças, não quer nada subliminar para os adultos. Ou seja, não espere camadas como um longa da Pixar. Pequenos Grandes Heróis é para crianças!

Pensando por aí, o filme até pode funcionar. Os mini-heróis não são personagens muito complexos, o filme é colorido, divertido e traz uma mensagem positiva. Mas… Hoje em dia, em tempos de Soul, Pequenos Grandes Heróis vai decepcionar muita gente.

Ainda preciso falar dos efeitos especiais. Sim, são toscos. Pô, Robert Rodriguez, você consegue efeitos melhores que isso! Agora, isso é coerente como o “lavagirlverse”. O primeiro filme também tinha efeitos beeem ruinzinhos. Mesmo assim, preciso dizer que gostei do efeito dos monstros criados pela vilã na batalha final. Efeito simples, mas eficiente.

Sobre o elenco, o principal adulto é Pedro Pascal, badaladíssimo por Mandalorian e Mulher Maravilha 84. Mas… Ele pouco aparece, a filha dele é que é a protagonista. Mas tem um caso pior, porque pelo menos o Pedro Pascal tem alguma importância na trama. Um dos heróis que tem menos espaço é o Christian Slater! Caramba! Que momento desvalorizado na carreira! Ainda no elenco dos adultos, Priyanka Chopra, Boyd Holbrook, Adriana Barraza e Christopher McDonald. Dentre as crianças, nenhum nome conhecido. E nenhum nome daqueles que a gente pensa “uau, vou anotar o nome desse garoto / garota, ele arrebentou, vamos ver como será o futuro”. Sim, o elenco infantil é bem maomeno.

Por fim, preciso falar que achei o final do filme bem ruim. Digo mais: vi com meu filho de 9 anos, e ele também falou que o final do filme não faz sentido.

Pena. Continuo gostando do Robert Rodriguez, mas prefiro sua carreira de filmes para adultos.