Quem Somos Nós?

Quem Somos Nós?

Documentário sobre filosofia quântica. Se heu entendi bem, é mais ou menos assim: você decide qual caminho tomar na sua vida, por isso não existe destino.Você faz o seu próprio destino baseado em pequenas decisões que toma ao longo de cada dia, e pode mudar este destino se mudar as decisões.

Quem Somos Nós tem alguns problemas. O pior deles é que toda essa nova filosofia nos é empurrada como se fosse uma verdade absoluta. Não existe um questionamento: “ei, será que este caminho diferente é melhor ou pior do que eu já conheço?”. Não, os entrevistados mostram convicção em suas crenças. Como exemplo disso vou citar o questionamento sobre o que acontece depois da morte. Ora, como é que os entrevistados podem afirmar com tanta certeza algo que absolutamente ninguém sabe a resposta? Acho que seria uma abordagem melhor se eles fizessem uma suposição “será que o nosso ponto de vista está certo?

(Aliás, peço permissão para fazer um comentário. Mas antes, aviso de SPOILER!
Aquele trecho que fala que os índios não conseguiam ver as caravelas porque nunca tinham visto nada parecido, na minha humilde opinião, é uma das maiores bobagens que já ouvi na minha vida! Se isso for verdade, e se alguém tiver alguma prova, por favor me envie!
FIM DO SPOILER!)

Outro problema, este menor, é que passamos o filme inteiro ouvindo depoimentos de pessoas que não sabemos quem são. Só no fim do filme, durante os créditos, é que sabemos que o tal fulano era phd na universidade tal e o tal siclano era mestre em tal coisa. Acho que seus depoimentos teriam maior credibilidade se soubéssemos logo de cara quem são.

Apesar disso, o documentário é interessante, desde que não o levemos muito a sério. Faz a gente pensar “e se eu tivesse tomado outro caminho na minha vida?” Não sei vocês, mas heu constantemente me pego “viajando” em realidades paralelas…

E assim o filme segue. É um documentário, mas temos uma parte dramatizada. A atriz surda muda Marlee Matlin (The L Word), acompanhada de alguns menos famosos, interpreta algumas possíveis situações onde seus padrões são colocados em xeque. Isso ajuda o filme a ficar mais dinâmico e fluir melhor.

Preciso citar o divertido trecho em animação que rola na parte final do filme. É sem dúvida o melhor de Quem Somos Nós!

Enfim, seguindo a filosofia proposta pelo filme, que tal amanhã você pegar outro caminho ao sair de casa?

Contatos de Quarto Grau

Contatos de Quarto Grau

No início do filme, a atriz Milla Jovovich aparece na tela, fora de sua personagem, para explicar que veremos uma dramatização feita a partir de gravações reais, feitas pela psicóloga dra. Abbey Tyler, na cidade de Nome, no Alasca.

Gostei deste novo estilo de narrativa, usando atores de verdade para dramatizar personagens supostamente reais. É um pouco diferente do “reality cinema”, tão em voga atualmente, estilo “Bruxa de Blair” – “encontramos uma câmera e nela estava gravado isso que vamos ver agora!”, que, só nos últimos três anos, já nos deu “[REC]” (07), “Diário dos Mortos” (07), “Cloverfield” (08) e “Atividade Paranormal” (09) –  isso porque não estou falando de “Quarentena“, refilmagem de “[REC]”.

Só que, hoje, em 2010, vejo dois problemas para um filme assim. Um deles é o citado no parágrafo acima: depois de tantos outros usando este artifício de “realidade”, não é mais novidade e não engana mais ninguém. E o outro problema é que já existem sites na internet desmentindo todas as supostas verdades de “Contatos de Quarto Grau”…

Mesmo assim, é só a gente “comprar a ideia” que o filme funciona. Afinal, quem vai ao cinema ver o Super Homem acredita que ele voa, né?

Dito isso, o filme é muito eficiente, independente de ser verdade ou não. Algumas cenas de tensão são realmente muito boas, e o uso da tela dividida com imagens de arquivo de um dos lados funciona muito bem.

Durante o filme, é explicado que o quarto grau do título se refere a abdução (o “terceiro grau” do filme clássico de Steven Spielberg seria o contato físico). Este “Contatos de Quarto Grau” trata disso: os relatos são de pessoas que foram abduzidas por alienígenas!

No elenco, além da já citada Milla, temos Elias Koteas, Will Patton e Hakeem Kae-Kazim. E o diretor Olatunde Osunsamni também aparece, entrevistando a dra. Abbey “real”.

Enfim, um bom filme sobre alienígenas. Apesar de não mostrar nenhum na tela!

It Might Get Loud

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It Might Get Loud

Que tal colocar três guitar heroes de gerações diferentes, juntos, cada um com uma guitarra na mão? É basicamente isso o que acontece neste documentário It Might Get Loud, que está na programação do Festival do Rio 2009.

Ano passado, o diretor Davis Guggeinheim reuniu Jimmy Page (então com 64 anos), The Edge (com 47 anos) e Jack White (com 33 anos) e filmou o encontro. E ainda vemos entrevistas e peculiaridades sobre cada um dos três, entremeando este encontro.

O resultado é muito interessante. Não só temos acesso a imagens raras, e até engraçadas (num programa de tv, um “James” Page novinho declara ao entrevistador que não quer ser músico e na verdade será um biólogo!), como conhecemos um pouco da intimidade de cada um dos três.

Não é todo dia que vemos Jimmy Page, empolgado, tocando uma air guitar. Nem todo dia que vemos um The Edge ainda adolescente, de mullets, com roupas new wave. Nem todo dia que vemos Jack White construindo uma guitarra com uma garrafa vazia de coca-cola.

O filme tem um problema: Jimmy Page tem muito mais estrada que os outros dois, e The Edge, por sua vez, tem muito mais estrada do que Jack White. Como o diretor optou por dividir igualmente o tempo e a atenção entre os três, White é “engolido” – pelo menos Edge tem ao seu lado quase trinta anos de efeitos de guitarra, o que acaba se tornando algo interessante de se conhecer de perto – uma das cenas resume isso. Todos tocam juntos, é claro; todos tocam músicas uns dos outros. Mas quando Jimmy Page puxa o riff de Whole Lotta Love, The Edge ficou num silêncio respeitoso, enquanto White para de tocar e ainda afasta sua guitarra do corpo.

Mesmo assim, White não faz feio. Aliás, tenho que reconhecer que foram três boas escolhas. Assim como tenho que reconhecer que é um bom documentário, apesar de ser sobre guitarristas – heu toco teclado!

Rolling Stones – Shine a Light

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Rolling Stones – Shine a Light

Que tal uma das maiores bandas da história filmada por um dos maiores diretores da história? Interessante, não?

Em Shine a Light, o diretor Martin Scorsese (Taxi Driver, Touro Indomável, Gangues de Nova York e mais uma penca de filmes bons) filmou shows realizados em 29 de outubro e 1º de novembro de 2006, no Beacon Theatre, em Nova York. E nos mostra isso num dos melhores documentários da história do rock’n’roll.

Por que este é considerado um dos melhores documentários da história? Porque é um filme do Scorsese antes de ser um filme dos Stones. Então, em vez do glamour que se espera, vemos a banda “nua e crua”, de perto, muito perto.

De um tempo pra cá, a idéia de “show dos Rolling Stones” se associou a tudo mega, tudo gigantesco. Já vi muitos shows no Maracanã, mas o único que posso dizer que a banda não ficou “pequena” foi quando os Stones tocaram lá, nos anos 90. (Também vi o show da Apoteose, mas dispensei o da praia de Copacabana – heu não sou vip e não teria condições de ver nada no meio da multidão de um milhão de pessoas.)

Mas aqui vemos tudo de perto. Conseguimos literalmente ver todas as rugas de cada um dos quatro Stones: Mick Jagger (vocal), Keith Richards (guitarra), Charlie Watts (bateria) e Ronnie Wood (guitarra). Vemos todas as poses e caretas de Keith Richards – digam o que quiserem dele, o cara inventou boa parte do que conhecemos como “guitarrista de rock”. Também vemos um Mick Jagger de 65 anos de idade rebolando no palco como se fosse uma garotinha – e, mais uma vez, digam o que quiserem, mas o cara é um frontman perfeito, como poucos na história, e nunca – NUNCA – seus rebolados parecem forçados.

(nota explicativa: Ronnie Wood é o único que não é da formação original, desde os anos 60. Brian Jones, o guitarrista da primeira formação ao lado de Keith Richards, morreu em 69, e foi substituído por Mick Taylor, que ficou até 74, quando finalmente entrou Wood. O baixista Bill Wyman se aposentou em 93. Desde então o baixo é tocado por Daryl Jones, mas este nunca foi efetivado membro da banda, apenas músico contratado.)

Vemos tão de perto que acontece algo raro: o som que ouvimos, aparentemente, não foi mixado. Quando a câmera está perto de um dos músicos, ouvimos o seu instrumento mais alto, como se estivéssemos perto do retorno do palco! Isso às vezes bagunça o áudio, e muitas vezes não ouvimos direito os outros instrumentos. Mas não deixa de ser interessante…

Entre as músicas, vemos trechos de entrevistas de outras épocas. E aí está um dos poucos defeitos do filme: custava colocar as datas destas entrevistas? É legal ver um Mick Jagger novinho, ainda nos anos 60, dizendo que talvez eles ainda tivessem pique pra tocar por talvez mais uns dois anos. Acho que todas as imagens de arquivo deveriam dizer pelo menos o ano!

Mesmo assim, vale o ingresso / locação / download. E bom filme / show!

Todos os meus fracassos sexuais

Todos os meus fracassos sexuais

Outro dia falei aqui a minha opinião sobre documentários. Acho que são basicamente coisas sem graça. Quando o assunto nos interessa, podemos até gostar. Mas quando é outro assunto, a gente deixa pra lá. Confesso que não costumo dar muita bola pra documentários.

Todos os meus fracassos sexuais é um documentário que prova a minha teoria. É muito legal, muito engraçado. Mas por que? Porque Chris Waitt é um personagem pronto: é um “loser” total!

A idéia do documentário é boa: Chris Waitt resolve entrevistar ex-namoradas pra descobrir o que houve de errado com a sua vida. E o diretor Chris Waitt mostra um personagem Chris Waitt patético.  O cara é errado em tudo: largado, desempregado, desinteressado, bagunceiro… Tem até problemas de disfunção erétil! E este personagem dentro das situações cria momentos realmente hilários, como a cena do viagra ou a cena do sado-masoquismo (apesar de ser uma cena, digamos, “dolorosa”, quando assistida por meninos…).

Divertido. Apesar de não saber se tudo foi verdade ou se alguma coisa foi encenada…

O dia-a-dia do pornô

O dia-a-dia do pornô

Não sou muito fã de documentários. Não consigo achar muita graça, cinematograficamente falando. Em filmes “normais”, a gente analisa se as tramas são bem escritas, como estão os atores e os cenários, presta atenção nos efeitos especiais… E nos documentários, não tem nada disso. Por isso, só consigo achar interessante um documentário sobre um assunto que também acho interessante. Fora isso, dispenso este estilo.

Este documentário parecia legal: mostrar o dia-a-dia por trás das câmeras de pessoas envolvidas na indústria pornô. E ainda teve mais: presença do diretor, explicando que estávamos vendo a estréia mundial do filme (antes tinha passado uma vez no Festival de Montreal, mas estava inacabado)!

E é isso: interessante, mas não muito mais que isso… Vemos atrizes, atores, diretores, distribuidores, agentes… Alguns depoimentos são interessantes, outros nem tanto… Acho que a única coisa que realmente achei bem legal foi quando apareceu John Stagliano, “o” Buttman, e abaixo do nome dele estava “The Legend”. Respeito ao mestre!