Crítica – Napoleão
Sinopse (imdb): O filme oferece uma visão pessoal das origens de Napoleão e de sua ascensão rápida e implacável ao império, vista através do prisma de seu relacionamento viciante e muitas vezes volátil com sua esposa e verdadeiro amor, Josephine.
Novo épico dirigido por Ridley Scott, grande diretor, de Alien, Blade Runner, Perdido em Marte, e que já nos entregou outros épicos como Gladiador e Cruzada. Recentemente Scott fez o bom Último Duelo e o fraco Casa Gucci, e isso já me dizia o que esperar de Napoleão: um filme bonito, mas meio chato.
Sei que vou me contradizer agora, mas preciso reconhecer isso. Sempre defendi filmes curtos. Acredito que o mais enxuto é sempre melhor. Mas… Este Napoleão dos cinemas tem duas horas e trinta e oito minutos, e Ridley Scott disse que tem uma versão de quatro horas que será lançada em breve na Apple TV. E teve coisa mal contada aqui, que acredito que pode ser melhor desenvolvida numa versão mais longa. Um exemplo: depois de anos tentando gerar um herdeiro, Napoleão se separa e casa de novo, e sua segunda esposa lhe dá um filho. E acho que essa segunda esposa só aparece em uma única cena! Ou seja, neste caso em particular, a versão longa deve ser melhor estruturada. Aqui teve muita coisa atropelada.
Soube de outro problema, mas esse não é da área que heu entendo. Existem críticas de que o filme não respeita fatos históricos. Scott foi criticado com relação a supostos erros na História, mas a sua resposta aos historiadores foi “Excuse me, mate, were you there? No? Well, shut the fuck up then.” (“Desculpe, amigo, você estava lá? Não? Bem, então cale a boca.”). Bem, não acho que esse seja o melhor modo de se encarar a História. Se ele queria fazer algo do jeito dele, devia fazer como o Tarantino e assumir que aquilo não é real.
Teve outro problema, e esse me incomodou: a idade do ator principal. Joaquin Phoenix é um grande ator (não é seu melhor trabalho, daqui a pouco volto nisso), mas, aos 49 anos de idade, precisaria de uma maquiagem forte ou de um rejuvenescimento digital para interpretar um Napoleão de vinte e poucos anos no início do filme – vemos datas na tela, Napoleão se casou com menos de 30, e foi coroado imperador aos 35. E Phoenix passa o filme inteiro com a mesma cara. Zero maquiagem para mudar a idade.
Por outro lado, as cenas de batalha são ótimas. Duas delas, Austerlitz e Waterloo, são grandiosas e muito bem filmadas. Aos 85 anos (ele faz 86 mês que vem!), Ridley Scott mostra que ainda manja dos paranauês quando o assunto filmar batalhas épicas.
Aliás, toda a produção merece elogios quanto à reconstituição de época. A cenografia é perfeita e a fotografia é belíssima.
Sobre as atuações, esse é um filme onde basicamente só dois atores têm espaço para grandes papéis. Joaquin Phoenix não está mal, mas também não está bem. Ele parece repetir outras atuações, o seu Napoleão parece ser uma colagem de outros personagens de outros filmes. Felizmente, nada grave, é um grande ator e não chega a atrapalhar o filme. Vanessa Kirby tem o outro papel importante, Josephine, a esposa do Napoleão, e também está ok.
No fim, vale pelas batalhas e pela reconstituição de época. Mas a bagunça no roteiro dá vontade de aguardar a versão mais longa.