Som da Liberdade

Crítica – Som da Liberdade

Sinopse (imdb): Um ex-agente especial do Governo Americano embarca em uma missão arriscada para resgatar crianças vítimas de tráfico infantil na Colômbia.

Vamos ao novo filme polêmico? Como sempre, vou falar antes só sobre o filme e no fim do texto comento a polêmica.

Dirigido por Alejandro Monteverde, Som da Liberdade (Sound of Freedom no original) é um drama que traz um grave problema que é pouco falado: tráfico de crianças e pedofilia. O tema é tabu e incômodo. E por isso mesmo achei uma boa ideia ser abordado num filme em cartaz nos cinemas.

Som da Liberdade se baseia na história real de Tim Ballard, que era um policial que caçava pedófilos. Até que um dia caiu a ficha: ele prende o pedófilo, mas não consegue ajudar a criança que foi sequestrada e abusada. Ele então resolve ir para a Colômbia para montar uma nega operação onde vai ao mesmo tempo capturar pedófilos e libertar crianças. E, aparentemente, essa parte foi de verdade, porque vemos nos créditos imagens supostamente da operação real.

Essa parte da operação é muito boa. Pena que a parte final do filme, na minha humilde opinião, é bem mais fraca. O filme entra num “momento Rambo” que destoa do resto do filme. Se antes era tudo crível, pé no chão, essa parte na floresta parece filme de super herói. O cara vai sozinho pra floresta e enfrenta um grupo numeroso e experiente. Não combina com o personagem apresentando anteriormente.

Mesmo assim, Som da Liberdade passa uma mensagem forte. Pena que, na minha humilde opinião, às vezes o filme força a mão no sentimentalismo. Tipo, a gente já sabe que o cara sente falta da filha todas as vezes que vê a cama vazia, o filme não precisa repetir isso várias vezes, e depois ainda mostrar o cara indo pra cama da filha. Como mensagem, ok; como cinema, foi excessivo. E, pra piorar, alguns diálogos são bem ruins e soam muito artificiais.

Algumas atuações são boas. Jim Caviezel se entrega ao papel, e está muito bem. Bill Camp, que faz o “Vampiro”, personagem que é mais ou menos um “braço direito” do protagonista na Colômbia, também está muito bem. Mira Sorvino tem um papel importante, mas aparece pouco, deve ter filmado tudo em uma única diária. Agora, os antagonistas, que fazem os pedófilos, são caricatos demais.

Sobre a polêmica. Parece que o Tim Ballard da vida real é um cara polêmico e tem muita gente que não gosta dele. Ou seja, é um filme “com torcida”: as pessoas que não gostam dele simplesmente falam mal mesmo sem ver o filme. Porque, dentro do filme, não tem absolutamente nada que contribua para a polarização.

Tem outra coisa, mas acho que entra no território das fake news. Som da Liberdade era da Fox, mas quando a Fox foi comprada pela Disney, o projeto foi engavetado – assim como outros projetos. Mas aí tem gente dizendo que a Disney recusou o filme porque apoia a pedofilia. Muita teoria da conspiração…

No meio dos créditos aparece o Jim Caviezel pedindo pra todos divulgarem o filme e convidarem amigos, para espalhar a mensagem. Ele chega a sugerir que o espectador compre um novo ingresso e dê pra alguém. Lembrei daquele filme brasileiro religioso que a igreja comprou vários ingressos e distribuiu…

Rota de Fuga

Crítica – Rota de Fuga

E, finalmente, um filme estrelado pela dupla Stallone & Schwarzenegger!

Um especialista em fugas de prisão, que ganha a vida testando possíveis falhas de segurança em presídios, é levado para uma prisão secreta e super segura, e agora precisará de todo o seu know-how para escapar de lá.

Desde os anos 80 e 90, todo fã de filmes de ação se perguntava por que Stallone e Schwarzenegger não trabalhavam juntos. O máximo que a gente teve foi uma imagem de Stallone em O Último Grande Heroi e uma citação a Schwarzenegger em um diálogo de O Demolidor. E o pior é que a gente sabia que eles eram amigos, a gente via fotos deles nos restaurantes Planet Hollywood (franquia dos dois junto com Bruce Willis). Até que em 2010 vimos Os Mercenários, onde os dois apareciam juntos pela primeira vez, em uma breve cena. Na continuação Mercenários 2, de 2012, a interação é maior, mas ainda era apenas em parte do filme. Agora sim, temos, juntos, os dois maiores nomes do cinema de ação dos anos 80 e 90!

Rota de Fuga (Escape Plan, no original), foi dirigido pelo sueco Mikael Håfström, que já nos apresentou filmes legais como 1408 e outros maomeno como O Ritual. Aqui ele acertou a mão. O roteiro de Rota de Fuga deixa as piadinhas e referências aos Rambos e Exterminadores de lado (piadinhas que cabem muito bem na franquia Mercenários), temos um filme mais sério, e com um ritmo muito bom. E aquela cena, onde Schwarza pega a metralhadora de grande calibre e coloca no braço, e vemos um close nos seus olhos, em câmera lenta, é um clichê muito legal! Pra completar, o cenário também ajuda – a prisão onde se passa quase todo o filme é um espetáculo.

Os dois atores-ícones estão bem. Stallone e Schwarzza têm idades e portes físicos compatíveis, e, principalmente, têm boa química juntos. E Jim Caviezel e Vincent D’Onofrio estão excelentes como o diretor do presídio e o parceiro cheio de TOC. Ainda no elenco, Amy Ryan, Sam Neill, Vinnie Jones e Faran Tahir.

Resumindo: um bom filme pipoca. E a prova que Stallone e Schwarzenegger ainda são grandes nomes no cinema de ação.

Por fim, queria comentar que os tempos estão mudando, e a terceira idade não é o que era anos atrás – felizmente! Duas semanas atrás vi o Black Sabbath na Apoteose. Três sessentões fizeram um show sensacional para um público onde quase todos eram mais novos – Ozzy e Gezzer Butler estão com 64 anos; Tony Iommi, com 65. E agora vemos um filme de ação com direito a tudo o que o estilo pede, estrelado por dois senhores de 67 (Stallone) e 66 anos (Schwarzenegger). Quero uma terceira idade assim quando for a minha vez!