A Pequena Loja dos Horrores
Antes de falar do filme certo, vou começar falando de algumas décadas antes…
Nos anos 50 e 60, um diretor chamado Roger Corman ficou famoso por fazer muitos filmes de terror de baixo orçamento. Eram vários por ano! Um dos casos é famoso: em 63, ao ter um “grande” orçamento para filmar O Corvo, baseado em Edgar Allan Poe, ele aproveitou partes do cenário e do elenco e fez outro filme, O Terror, em apenas 4 dias. Não satisfeito, ele filmou um prólogo como se fosse alguém contando uma história, e incluiu o que já tinha filmado, criando um terceiro filme! Perder dinheiro era algo que ele não sabia fazer!
Bem, no meio de tanta coisa, pouco se aproveitava. Roger Corman é considerado genial até hoje, mas a qualidade da maioria dos seus filmes é questionável…
Um de seus filmes, A Pequena Loja dos Horrores, mostrava uma planta carnívora alienígena que mudava a vida de um pacato funcionário de uma floricultura. Uma curiosidade sobre esse filme: um jovem Jack Nicholson fazia um pequeno papel como um paciente masoquista de dentista sádico!
Bem, anos se passaram, e criaram uma versão musical pra esse filme, no teatro Off-Broadway.
Até que (enfim!) chegamos a 1986, data de lançamento do filme do qual estou falando. Uma versão da peça de teatro que por sua vez era uma versão do filme de terror B!
A Pequena Loja dos Horrores de 1986, claro é um musical. Dirigido por Frank Oz, um dos criadores dos Muppets (e criador do boneco e da voz do Yoda!), conta a história de um funcionário de uma floricultura, um típico “loser”, que tem sua vida mudada, quando encontra uma planta diferente e especial. Aos poucos, descobre que a planta se alimenta de sangue, e que ela veio de outro planeta.
O elenco é perfeito! Rick Moranis era o perfeito “loser” dos anos 80, época que fez papéis semelhantes em Os Caçafantasmas, Querida, encolhi as crianças, S.O.S. – tem um louco solto no espaço, e vários outros. E não é que aqui ele até canta? Ellen Greene, como Audrey, foi “reaproveitada” do elenco do musical, e impressiona quando solta o vozeirão. Steve Martin está perfeito como o dentista sádico. Vincent Gardenia faz o dono da floricultura, e o filme ainda conta com participações de John Candy, James Belushi e Bill Murray. E, last but not the least, temos Levi Stubbs, a voz principal do grupo Four Tops, como a voz da planta!
A planta! Audrey 2, como é chamada, é um espetáculo à parte. Numa época sem efeitos computadorizados, a planta cresce, se movimenta, pula, fala e canta! Os movimentos labiais são perfeitos! Audrey 2 fez o filme concorrer ao Oscar de melhores efeitos especiais – na época se falava que era o “monstro de Hollywood” mais perfeito desde E.T.!
Outra coisa a ser destacada no filme é a direção de arte. O filme tem um maravilhoso visual kitsch. É exagerado de propósito – o filme é todo feito em estúdio, com cenários caricatos. Se formos analisar, o filme é extremamente bem feito, apesar de parecer extremamente vagabundo.
E, claro, as músicas são sensacionais. Recomendo esse filme para qualquer fã de cinema. Mesmo aqueles que não gostam de musicais.