Sinopse (imdb): Os moradores de um rancho de criação de cavalos no interior da Califórnia testemunham uma descoberta misteriosa e assustadora.
Jordan Peele era ator de comédia, aí resolveu escrever e dirigir Corra!, que é quase uma unanimidade no cinema, não apenas no nicho do cinema fantástico (ganhou o Oscar de melhor roteiro original e concorreu a melhor filme, melhor diretor e melhor ator). Claro que isso abriu portas para um segundo filme, e veio Nós, inferior a Corra!, mas mesmo assim bem legal, com toques de Twilight Zone e uma interpretação sensacional da Lupita Nyong’o.
Seu terceiro filme como diretor, Não! Não Olhe! tem seus méritos. A ambientação é muito boa, Peele consegue criar um bom clima de tensão na segunda metade do filme, que às vezes tem cara de ser dirigido pelo Shyamalan. A fotografia e a trilha sonora também são destaques.
Peele veio da comédia, então Não! Não Olhe!, assim como seus filmes anteriores, tem piadas aqui e ali. Nada muito escrachado.
Agora, achei o ritmo do filme bem ruim, principalmente na primeira metade – quando deu mais ou menos uma hora de filme (olhei no relógio), ainda não tinha acontecido nada que me prendesse à trama. E também tem o roteiro cheio de tosqueiras, mas pra isso precisaremos entrar nos spoilers.
SPOILERS!
SPOILERS!
SPOILERS!
Tem uma coisa que me incomoda, que é quando um filme estabelece uma regra e não cumpre a própria regra estabelecida – e mais uma vez, isso me lembrou Shyamalan, que gosta de criar regras malucas dentro de seus filmes. OJ diz que ninguém pode olhar pra cima porque isso é o que faz o monstro atacar. Ora, o monstro pegou uma estátua de um cavalo! “Ah, mas a estátua tinha olhos olhando para cima” Mas o balão no fim não tinha olhos olhando para cima. E os cavalos abduzidos também não olhavam para cima. Isso fora um monte de objetos que foram puxados, tipo o telhado da casa.
Ainda seguindo nas regras criadas, temos as bandeirinhas. Dizem que as bandeirinhas fizeram mal ao monstro, e por isso, bandeirinhas o afastam. Taí, gostei dessa sacada, quando ele vai atacar OJ, sobem bandeirinhas e o monstro desiste. Legal. Mas… A cena final, com o balão, tem um monte de bandeirinhas penduradas!!!
Claro que precisamos falar do macaco. Tem um macaco na cena inicial, cena esta que volta no meio do filme. Mas o macaco é parte do passado de um personagem secundário. Pra que o macaco???
Por fim vou falar de uma crítica que é comum em filmes por aí, que é a conveniência do roteiro. Quando o monstro está perto, toda a energia vai embora. mas, qual é o alcance da falta de energia? Porque quando o monstro está lá na nuvem, a quilômetros de distância, a energia vai embora. Mas no fim, quando o monstro tá pertinho, é só virar pro outro lado que a moto já funciona de novo. Parece que a falta de energia vai até onde o roteiro precisar.
Ah, cabe mais uma só? Não sei se é uma falha do filme ou não prestei atenção em alguma coisa, mas, o que fez a moto capotar? Porque se a moto desligou, ela ia perder a velocidade e parar, não ia dar uma cambalhota!
FIM DOS SPOILERS!
Enfim, Não! Não Olhe! não é um filme de todo ruim. Mas é inferior a Nós, que por suas vez era inferior a Corra!. E, desculpe a insistência, mas vou citar o Shyamalan de novo. Seu primeiro filme, O Sexto Sentido, é outra unanimidade. E depois foi ladeira abaixo, até um patamar bem inferior, onde ele está agora. Será que Peele seguirá o mesmo caminho?