Samaritano

Crítica – Samaritano

Sinopse (imdb): Um menino descobre que um super-herói que se pensava estar desaparecido pode ainda estar por aí.

A ideia era boa. Um ex super-herói aposentado, interpretado por um Stallone septuagenário – casting perfeito, um super herói velho teria um porte físico desses. Mas Samaritano (Samaritan, no original), dirigido por Julius Avery (Operação Overlord), tem problemas. Vou primeiro falar deles, depois falo sobre o que funcionou.

Pra começar, essa história é batida. Todo mundo já viu outros filmes sobre um cara que foi importante, aí aconteceu um problema e ele passou a viver uma vida reclusa, até que um jovem vizinho descobre quem ele é, e aí o filme mostra a relação entre os dois, até que fatores externos forçam a volta do aposentado à ação.

Mas até aí, por mim ok, não me incomodo de ver histórias recicladas. Já o roteiro…

O roteiro tem umas coisas que me incomodaram. Por exemplo, vou falar do vilão interpretado por Pilou Asbæk (o Euron Greyjoy de Game of Thrones). Ele ser caricato e unidimensional é de menos. O problema é que ele é um cara normal que encontra uma arma super poderosa. Mas ele enfrenta um cara com super poderes! A super arma lhe daria pontos extras numa luta, mas, no mano a mano, não tem como encarar um super. Além disso, a ascensão dele foi muito rápida, de repente o cara tem um exército à disposição?

São várias cenas de ação, mas nenhuma chama muito a atenção. Acho que fiquei mal acostumado pelos filmes da 87Eleven. Pelo menos não são cenas ruins. Como Stallone passa quase o filme todo de capuz, facilita a troca por um dublê.

E os efeitos especiais? Já comentei antes, costumo relevar efeitos ruins, mas tem alguns aqui onde o cgi simplesmente não desce. Tem uma cena onde uma metralhadora atirando parece efeito de aplicativo de celular!

Agora, por outro lado, Samaritano tem acertos. Como falei no início, Sylvester Stallone é o cara certo para um filme desses. Depois de uma ponta em Guardiões da Galáxia e um papel onde só usa a voz em Esquadrão Suicida, Stallone ganha o seu super herói protagonista, e ele tem carisma e também porte físico para trazer audiência. Quem curtiu o último Rambo deve gostar de Samaritano: mais uma vez, um coroa badass fazendo “badassices”.

Outra coisa boa é um plot twist que tem na parte final, que inclusive explica certas inconsistências no roteiro. E o final passa longe do politicamente correto, coerente com o que o público de um filme do “velho Rambo” espera.

Ah, gostei da sequência inicial, parece uma animação em rotoscopia com cores fortes, que traz um flashback explicando a história dos personagens. Ficou bonito, mas é curtinho.

Enfim, Samaritano não é um grande filme, mas deve agradar os fãs do Stallone.

Operação Overlord

Crítica – Operação Overlord

Sinopse (catálogo do Festival do Rio): Com apenas algumas horas até o Dia D, uma equipe de paraquedistas americanos invadiu a França ocupada pelos nazistas para realizar uma missão crucial. Com a tarefa de destruir um transmissor de rádio no alto de uma igreja fortificada, os soldados desesperados juntam forças com um jovem aldeão francês para penetrar nas muralhas e derrubar a torre. Mas, em um misterioso laboratório nazista sob a igreja, alguns soldados estão frente a frente com inimigos nunca antes vistos.

Dirigido pelo pouco conhecido Julius Avery, Operação Overlord (Overlord, no original) é uma interessante mistura entre filme de guerra e de terror. Se o diretor é desconhecido, o filme tem um produtor badalado: JJ Abrams – o que criou um boato de que este seria parte do universo Cloverfield (felizmente, boato infundado, o último, Cloverfield Paradox, é tão fraquinho…). Foi curioso ver um videozinho curto com a dupla apresentando o filme antes da sessão, eles pareciam estar meio desconfortáveis…

Operação Overlord não perde tempo com introduções – estamos num avião, no dia D, indo para a Normandia. O filme sabe muito bem construir essa tensão, essa primeira parte é um bom filme de guerra. As cenas iniciais são são estilo Resgate do Soldado Ryan, vemos uma enorme quantidade de navios e aviões no meio da batalha.

Foi uma boa sacada relacionar a “parte terror” às experiências genéticas praticadas por cientistas nazistas. Todos sabemos que essas experiências realmente aconteceram, então, não a mudança de estilo não foi gratuita.

O roteiro dá algumas escorregadas (tipo nenhum nazista ouvir tiros no sótão da asa), mas nada muito grave. Operação Overlord tem boas cenas de ação e alguns bons efeitos de maquiagem (gostei do vilãozão). No elenco, ninguém conhecido, mas ninguém compromete: Jovan Adepo, Wyatt Russell, Mathilde Ollivier, Pilou Asbæk e John Magaro.

Operação Overlord não é um “novo clássico”, mas vai divertir quem estiver na pilha. E em breve entra em circuito.

p.s.: Devem ter gostado do diretor Julius Avery, ele já foi anunciado como o diretor da refilmagem de Flash Gordon, o clássico incompreendido da ficção científica oitentista.